Uso da cannabis no controle da dor

De Pharmacology University

A dor é um dos principais motivos de consulta em centros de saúde no mundo todo, é um sintoma desagradável que se desenvolve a partir de uma resposta neurológica a um estímulo físico ou químico; que representa um dano real ou potencial aos tecidos e pode limitar vários aspectos da vida de quem os sofre, deteriorando principalmente a sua qualidade de vida.

A busca do homem pelo alívio da dor é quase tão antiga quanto sua própria existência, os antigos xamãs, os primeiros médicos da história, dedicaram parte dos seus estudos e experiências para aliviar esse sintoma, testando várias plantas e realizando procedimentos cirúrgicos rudimentares e com risco de vida, uma infinidade de práticas cujo objetivo era apenas aliviar a dor em todas as suas formas e intensidades. Um dos achados mais marcantes em termos da medicina antiga, é a descoberta das propriedades analgésicas da planta de cannabis. Essa observação foi feita há pelo menos 6.000 anos e é válida ainda hoje.
O aumento da liberação de restrições legais ao uso e à pesquisa da cannabis tem permitido a exploração científica de suas propriedades, principalmente aplicadas na medicina, saúde e bem-estar, isso levou à existência de estudos que exploraram a eficácia do tratamento com canabinoides para a dor, tanto como coadjuvante de outros analgésicos, quanto como monoterapia, ou seja, individual. Os resultados desses estudos são promissores para o futuro da cannabis medicinal dirigida a pacientes com doenças dolorosas crônicas, como artrite reumatoide, fibromialgia ou dor neuropática, avaliando que os efeitos adversos são consideravelmente menores e que existem várias formas de administração, muitos dos quais são minimamente invasivos, confortáveis e fáceis de usar.

Neste livro, exploramos os efeitos da cannabis para o alívio da dor. Explicando sobre a dor e qual a sua função no corpo, para então investigar o papel do sistema endocanabinoide no sistema nervoso, responsável pela transmissão da dor, como base científica para os achados descritos ao longo do texto. Aqui, serão abordados os aspectos destacados dos estudos que analisam o uso de cannabis e seus derivados para o tratamento da dor, as propriedades dos canabinoides aplicadas ao controle da mesma a partir de uma visão científica. Adicionalmente se relatam depoimentos de pacientes com diversos problemas de saúde onde um dos sintomas mais comuns é a dor; conhecendo assim as experiências de melhora na qualidade de vida dessas pessoas graças ao uso da planta. Por fim, são estudadas algumas receitas caseiras à base de cannabis, que podem ser benéficas para o controle de certos tipos de dor, bem como algumas condições em que o uso da planta pode ser contra-indicado.

• Idioma: Português
• Editora: Pharmacology University
• Data de lançamento: 1 de dez. de 2021
• ISBN: 9781005429621

Pharmacology University

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SUMÁRIO

1 Cannabis e dor

2 Aplicações da cannabis no tratamento da dor

3 Vias de administração de cannabis para controle da dor e efeitos adversos

Sobre o autor

Referências bibliográficas

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CANNABIS E DOR

Introdução

A dor é uma resposta sensorial localizada e subjetiva de intensidade variável, que é desconfortável ou desagradável para quem sofre. Isso ocorre devido à estimulação das terminações nervosas sensitivas na área afetada e sua percepção pode se manifestar de diferentes formas, chegando a limitar ou impedir as atividades da vida diária. A Associação para o Estudo da Dor define a dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou descrita como sendo causada por uma lesão real ou potencial do tecido.

A dor é um mecanismo de defesa. A verdadeira função da dor é detectar e localizar os processos que danificam as estruturas do corpo. No entanto, o mecanismo nem sempre funciona adequadamente, de modo que a dor pode ocorrer sem patologia ou lesão orgânica, ou pode ter intensidades que não se correlacionam com a intensidade do estímulo que a produz. Desta forma, em decorrência da alteração do mecanismo de dor, pode ocorrer o seguinte:

Hiperalgesia: Resposta exageradamente alta a um estímulo doloroso não muito intenso. Também pode ser entendido como aumento da percepção da dor ou desproporção entre estímulo e resposta em termos de dor.

Hipoalgesia: Resposta sensorial diminuída a um estímulo normalmente doloroso.

Dor neuropática: Dor de origem neurológica, que é desencadeada na ausência de um estímulo doloroso.

A existência de dor prolongada ou crônica representa um prejuízo à qualidade de vida, que pode estar associada direta ou indiretamente ao agravamento de distúrbios psicológicos ou psiquiátricos como depressão, ansiedade, distúrbios do sono e até mesmo alterações do sistema imunológico ou doenças da pele.

A busca do homem pelo alívio da dor é tão antiga quanto sua própria existência. Os xamãs, os primeiros médicos nas tribos humanas, praticavam vários procedimentos para aliviar diferentes tipos de dor, como a trepanação para aliviar dores de cabeça pós-traumáticas ou durante doenças neurológicas. A trepanação consiste na abertura de um orifício no crânio para aliviar a pressão em seu interior e continua a ser praticada até hoje por algumas culturas indígenas em sociedades não civilizadas. Você acha isso muito extremo? A realidade é que os primeiros médicos não estavam tão errados.

Atualmente, no campo da neurocirurgia, praticam-se procedimentos como a craniectomia descompressiva, cirurgia por meio da qual uma parte do crânio é retirada para permitir a drenagem de fluidos,