O impacto dos ômegas 3 e 6 na periodontia: da patogênese à terapia adjunta com suplementação alimentar
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O impacto dos ômegas 3 e 6 na periodontia - Gisele Lago Martinez
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
INTRODUÇÃO
1. REVISÃO DA LITERATURA
1.1 DOENÇA PERIODONTAL
1.1.1 ETIOPATOGENIA DA DOENÇA PERIODONTAL
1.1.2 CONTROLADORES DOS CHECKPOINTS DA INFLAMAÇÃO
1.1.2.1 MEDIADORES LIPÍDICOS: EICOSANOIDES
1.1.2.2 MEDIADORES LIPÍDICOS: ESPECIALIZADOS NA PRÓ-RESOLUÇÃO
1.2 ÁCIDOS GRAXOS
1.2.1 METABOLISMO DOS AGPIS
1.2.2 NÍVEL DOS AGPIS NA DIETA E NO ORGANISMO
1.2.3 PROPORÇÃO DOS AGPIS NA DIETA E NO ORGANISMO
1.2.4 RELAÇÃO DOS AGPIS COM A FISIOPATOLOGIA
1.2.5 RELAÇÃO DOS AGPIS COM A PERIODONTIA
1.2.5.1 TERAPIA À BASE DE AGPIS-CL E RVE1
2. OBJETIVO
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 SELEÇÃO DOS INDIVÍDUOS
3.2 AVALIAÇÃO CLÍNICA
3.3 COLETA DE MATERIAL BIOLÓGICO SANGUÍNEO
3.4 ANÁLISE LABORATORIAL
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
4. RESULTADOS
4.1 DADOS CLÍNICOS
4.2 NÍVEIS SÉRICOS DOS AGPIS-CL
4.3 CORRELAÇÕES DOS PARÂMETROS CLÍNICOS COM OS NÍVEIS SÉRICOS DOS AGPIS-CL
4.4 PARÂMETROS BIOLÓGICOS SANGUÍNEOS
5. DISCUSSÃO
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANEXO – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 GRUPO DO ESTUDO
3.2 QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR E ESTADO NUTRICIONAL
3.3 COLETA SANGUÍNEA E ANÁLISE LABORATORIAL
3.4 MEDIDAS E SELEÇÃO DOS SÍTIOS PERIODONTAIS
3.5 DENSIDADE E ALTURA ÓPTICA ALVEOLAR
3.6 COLETA DO FLUIDO GENGIVAL E IMUNOENSAIO
3.7 INTERVENÇÃO COM ÔMEGA-3 E PROCEDIMENTOS DO ESTUDO
3.8 MANUSEIO DOS DADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA
4. RESULTADOS
4.1 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DEMOGRÁFICAS DOS PACIENTES COM GENGIVITE E PERIODONTITE
4.2 ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS DE CADEIA LONGA E PARÂMETROS SANGUÍNEOS BIOLÓGICOS DOS PACIENTES COM GENGIVITE E PERIODONTITE
4.3 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E ÓPTICAS DOS SÍTIOS CONTROLE-GENGIVITE, CONTROLE-PERIODONTITE E DESTRUÍDO
4.4 CITOCINAS NO FLUIDO GENGIVAL DOS SÍTIOS CONTROLE-GENGIVITE, CONTROLE-PERIODONTITE E DESTRUÍDO
4.5 CITOCINAS NO FLUIDO GENGIVAL DOS SÍTIOS COM E SEM DESMINERALIZAÇÃO ÓPTICA CONTROLE-PERIODONTITE E DESTRUÍDO
4.6 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E ÓPTICA DOS PACIENTES COM PERIODONTITE DOS GRUPOS DE INTERVENÇÃO
4.7 MUDANÇAS DOS NÍVEIS SÉRICOS DOS AGPI-CL DOS PACIENTES COM PERIODONTITE DOS GRUPOS DE INTERVENÇÃO
4.8 MUDANÇAS CLÍNICAS E ÓPTICA DOS SÍTIOS CONTROLE-PERIODONTITE E DESTRUÍDO DOS PACIENTES COM PERIODONTITE DOS GRUPOS DE INTERVENÇÃO
4.9 MUDANÇAS DO NÍVEL DE CITOCINAS NO FLUIDO GENGIVAL DOS SÍTIOS CONTROLE-PERIODONTITE E DESTRUÍDO DOS PACIENTES COM PERIODONTITE DOS GRUPOS DE INTERVENÇÃO
5. DISCUSSÃO
6. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
INTRODUÇÃO
A doença periodontal ocorre devido a uma combinação da presença de bactérias periodontopatogênicas e altos níveis de citocinas pró-inflamatórias, sendo dividida em gengivite e periodontite. A gengivite é uma condição reversível a qual pode ou não evoluir para periodontite, dependendo de vários fatores relacionados com a sua resposta imune e fatores ambientais (1). A excessiva produção de citocinas inflamatórias, eicosanoides derivados do ácido araquidônico (AA), e outros agentes inflamatórios (por exemplo, espécies reativas de oxigênio - EROs - e moléculas de adesão) podem ser cruciais para o curso da inflamação e, portanto, ativar a destruição do tecido periodontal (2).
Ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e -6 (AGPIs n-3 e n-6) podem funcionar como importantes moduladores inflamatórios e também têm um forte efeito nos processos inflamatórios pró-resolução (3-6). A razão para tal efeito é desconhecida, todavia um aumento da expressão de ciclooxigenase (COX) e lipoxigenase (LOX) pode afetar a produção de alguns eicosanoides, lipoxinas, resolvinas e outros derivados oxidados (3,7). Os Ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (AGPIs-CL) mais importantes são os derivados do n-3: ácido docosahexaenoico (DHA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosapentaenoico (DPA); e o derivado do n-6 ácido araquidônico (AA).
O nível dos ácidos graxos (AGs) do soro (ou plasma) se estabeleceu como um válido marcador bioquímico na análise do estado fisiológico destes (8-9). Várias doenças inflamatórias crônicas medem os níveis plasmáticos dos AGPIs, no entanto, os resultados são controversos e de difícil interpretação. Maruyama et al. (10) mostraram que pacientes com síndrome metabólica (SM) apresentam ambos os AGPIs-CL, AA e EPA, mais baixos se comparados ao controle, contudo a diferença não foi significante. Assim como, Novgorodtseva et al. (11) observaram EPA em nível mais baixo em indivíduos com SM, todavia, o AA foi mais alto, porém todos sem atingir significância estatística. Já Klein-Platat et al. (12) demonstraram que adolescentes com peso normal tanto AGPIs-CL n-3 (EPA e DHA) quanto n-6 (AA) apresentaram níveis superiores em adolescentes obesos com e sem SM, mas apenas DHA foi significativo, e não houve diferença entre os indivíduos obesos com e sem SM. Semelhante à SM, estudos na doença cardiovascular (DCV) também possuem resultados controversos. Harris et al. (13) evidenciaram que ambos os n-3 (EPA e DHA) e n-6 (AA) foram cerca de 8% inferiores em doentes quando comparados aos controles, mas sem alcançar significância estatística. Sun et al. (14) encontraram maior nível plasmático do AGPI-CL n-3 no grupo controle do que no infarto do miocárdio. Finalmente, Lee et al. (15) acharam níveis de EPA e DHA mais elevados em pacientes sobreviventes do que em pacientes não sobreviventes após o infarto agudo do miocárdio, porém o AA não foi avaliado. Juntos, esses estudos mostram que ainda é necessário investigar a real participação dos AGPIs em doenças crônicas.
Em relação à doença periodontal, apenas dois estudos investigaram os níveis plasmáticos dos AGPIs-CL n-3 e n-6. Requirand et al. (16) mostraram que o nível de AA foi maior em pacientes com perda óssea do que no grupo controle, enquanto o inverso foi observado com EPA. Contudo, não há qualquer registro sobre o estado clínico da inflamação periodontal, nem qualquer informação sobre o tratamento periodontal anterior. Recentemente, Ramirez-Tortosa et al. (17) revelaram níveis significativamente mais alto do AA com periodontie comparados aos controles, DHA foi mais alto, porém, sem alcançar significancia. Contudo, não há nenhuma menção sobre o nível de EPA, principal concorrente enzimático do AA. EPA é muito importante para a inflamação, devido à sua relação com a produção de eicosanoides e resolvinas (3,7). Este vem sendo citado como um AGPI-CL com efeito anti-inflamatório, por isso, ganhou notoriedade para sua utilização na terapia periodontal, principalmente, na forma de suplementação. Sendo assim, torna-se importante mensurar os níveis séricos dos AGPIs n-3 e n-6 em pacientes que apresentem inflamação clínica com e sem destruição tecidual periodontal.
Baseado no que foi citado acima, nosso objetivo foi analisar os níveis séricos dos ácido docosahexaenoico (DHA), ácido eicosapentaenoico (EPA), ácido docosapentaenóico (DPA) e ácido araquidônico (AA) em pacientes com periodontite crônica generalizada e compará-los aos indivíduos com gengivite.
1. REVISÃO DA LITERATURA
1.1 DOENÇA PERIODONTAL
A doença periodontal (DP) manifesta-se como consequência de interações entre o biofilme bacteriano e a resposta imunológica do hospedeiro (18), com variações individuais na expressão do perfil da doença, podendo também ser influenciada por fatores extrínsecos (por exemplo, tabagismo) e sistêmicos (por exemplo, diabetes melittus) (19-20). A DP apresenta-se dividida em gengivite e periodontite.
A periodontite é uma inflamação crônica e destrutiva que leva à perda dos tecidos de sustentação dos dentes e, eventualmente, à perda dentária. O ligamento periodontal e o tecido ósseo são destruídos, principalmente, por uma resposta imune-inflamatória à presença de bactérias, em especial Gram - negativas, no sulco gengival. A resposta do hospedeiro à infecção é importante, pois determina a extensão e severidade da periodontite (21). Segundo a classificação da Academia Americana de Periodontia (AAP) de 1999, a periodontite apresenta-se dividida em duas entidades principais: a periodontite agressiva e a periodontite crônica (22). Ambas levam a uma perda progressiva dos tecidos de suportes dos dentes. As respostas inflamatórias e imunológicas na periodontite são uma continuidade da resposta normal do hospedeiro à infecção que eventualmente torna-se patológica, quando a homeostase é perdida.
Em indivíduos que não apresentam esta resposta diferenciada, a inflamação periodontal pode permanecer como uma gengivite, ou seja, ocorre inflamação na gengiva marginal sem que haja destruição tecidual. A gengivite é uma condição reversível, refletindo diretamente a interrelação com o acúmulo de biofilme bacteriano, e pode ou não progredir