Formação continuada na educação infantil: Outros olhares sobre as crianças e as infâncias
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Sobre este e-book
As autoras, ao realizarem uma imersão na realidade de um centro municipal de Educação Infantil, aproximaram-se das vozes e movimentos dos seus atores, incluindo ainda seus desejos, dúvidas e expectativas. E por meio de um diálogo entre a realidade pesquisada e as representações simbólicas do papel do professor, em filmes, trazem propostas para ampliar e aprofundar os olhares, a cada dia, para as infâncias e crianças que se encontram aos cuidados dos educadores.
O objetivo principal da obra está em propor uma mudança na prática desse segmento da educação. Todo o estudo, tanto no campo do registro como da pesquisa, preocupou-se em favorecer a aproximação entre a teoria e a prática e a formação de professores pesquisadores da própria sala de aula. Formação essa que é um direito de quem cuida e educa seres humanos no espaço da escola, que visa a tomada de consciência e a transformação que perpassa desde a concepção desse espaço educativo até a relação com as diversas infâncias e as distintas crianças ali presentes.
A leitura deste livro convida o leitor a ser participante de cada questionamento e de cada reflexão aqui realizados.
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Formação continuada na educação infantil - Evelise Maria Labatut Portilho
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
AGRADECIMENTOS
Este livro é fruto de um esforço coletivo, exigiu parcerias fundamentais.
Mais uma vez a Rede Municipal de Ensino de Curitiba abriu suas portas nos apresentando uma realidade rica em vida e desafios.
Agradecemos às professoras, educadoras, crianças, famílias, aos funcionários e à direção do CMEI pela oportunidade que nos deram de conhecer, estudar, rever concepções e acreditar que sempre é possível encontrar novos caminhos para o ensino e a aprendizagem.
À Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) que, por meio do suporte técnico e sua estrutura física, viabilizou a realização das tarefas, a organização e a preparação do material.
À Clínica Síntese, nosso obrigada pelo espaço cedido às reuniões, saindo da sua rotina nas noites de quarta-feira.
Ao CNPQ e à Fundação Araucária, que por meio do apoio financeiro oportunizaram a aquisição de materiais necessários à execução da pesquisa.
Ao Prof° Miguel Zabalza, que carinhosamente atendeu ao nosso convite para prefaciar este livro e com maestria apresenta aspectos importantes a serem refletidos por aqueles que se dedicam à Educação Infantil.
Como toda construção em grupo, esta também, que ora apresentamos, traz as marcas das várias mãos, dos diferentes movimentos que tivemos de empreender na direção de construir uma obra que fosse um todo, apesar da multiplicidade. Durante a elaboração da pesquisa muitas pessoas conviveram, estudaram, discutiram, analisaram e reelaboraram suas aprendizagens de maneira colaborativa. E mais do que nunca é importante lembrarmos e agradecermos a todos que, de uma forma ou outra, fazem parte desta obra, desta história.
A equipe inicial: Arlete Serafini Zagonel, Evelise Maria Labatut Portilho, Isabel Cristina Hierro Parolin, Laura Monte Serrat Barbosa, Simone Carlberg e Sonia Maria Gomes de Sá Küster.
Pesquisadores: Ana Regina Caminha Braga, Andressa Francine Paes Ribeiro, Carla Tosatto, Giovani de Paula Batista, Giovanna Beatriz Kalva Medina, Hilda Maria Zanetti Heller de Mattos, Julia Cristina Bazani Banas, Juliana Boff Aramayo Cruz, Larissa Maria Volcov Alves, Maria Beatriz de Castro Silva Bruce, Maria Cecília Giovanella, Maria Gabriela Zgoda Cordeiro Afonso, Marta Debortoli Moscheto, Silvia Rosemari Peringer Martinez e Thalita Folmann da Silva.
Colaboradores: Layza Karla Miliorini, Kátia Beltrami, Renata Gueno e Ricardo Tescarolo.
APRESENTAÇÃO
O livro que apresentamos tem origem no movimento realizado pelo grupo de pesquisa Aprendizagem e Conhecimento na Ação Educativa vinculado ao Programa Stricto Sensu em Educação da PUCPR, que há mais de dez anos, estuda, discute, reflete e atua com crianças, jovens, adultos e seu processo de aprendizagem, assim como a formação de professores.
A primeira pesquisa deste grupo teve como objetivo entender as estratégias de aprendizagem que as crianças da 1ª série (hoje 2° ano) do Ensino Fundamental utilizavam na oralidade, escrita e leitura. Dentre os dados descritos e interpretados, um nos chamou muita atenção: as estratégias de aprendizagem das crianças da 1ª série não variavam, independentemente da escolaridade anterior (creche, centro de Educação Infantil, particular ou pública, ou não escolaridade). Esse fato nos levou a querer conhecer mais e melhor o segmento da Educação Infantil, mas com o olhar agora voltado para o professor e a formação continuada. Como resultado dessa primeira experiência grupal, publicamos o livro Alfabetização. Aprendizagem e Conhecimento na Formação Docente.
Na segunda pesquisa realizada pelo grupo buscamos identificar o papel profissional e social da professora de Educação Infantil e sua percepção pessoal como educadora na construção do conhecimento, para transformar, qualitativamente, a relação educativa entre professor e aluno.
Este livro é um dos resultados dessa investigação, que abarca os temas trabalhados na formação continuada de professoras e educadoras de um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) e os dados obtidos dos momentos vividos junto a essa realidade.
Todos os capítulos apresentam a indicação e a reflexão de um ou mais filmes sobre crianças e infâncias, uma forma de aproximar a arte da ciência.
No primeiro capítulo deste livro o leitor encontra a História da Pesquisa, o desenho do programa de formação continuada de professores, com os objetivos, instrumentos e metodologia adotados. Os dados obtidos são apresentados no decorrer dos capítulos seguintes, respeitando as especificidades dos temas estudados.
No segundo capítulo – Olhares, saberes e práticas sobre infâncias e crianças – as autoras Carla, Laura, Gabriela e Silvia propõem-se a identificar e problematizar as concepções que as professoras da escola pesquisada possuem sobre as crianças e as infâncias, e durante o texto interpretam como essas concepções se relacionam com a prática desenvolvida.
O tema Gênero na Educação Infantil: um novo caminho para a formação de professores é abordado no capítulo 3, em um trabalho realizado a duas mãos: Laura, com sua experiência na formação de professores e psicopedagogos, e Hilda, com a vivência da escola, discorrem sobre a busca da profissional de hoje – para além das ideias iluministas.
O capítulo 4 apresenta o texto As relações educativas: entre o educar e o cuidar, em que Isabel e Evelise afirmam que o aspecto relacional dinamiza as aprendizagens, propiciando o clima favorável ou desfavorável ao desafio de aprender e ensinar.
Evelise, Maria Cecília e Thalita escrevem no capítulo 5 sobre Aprender e ensinar na diversidade, que trata da maneira singular de como resolvemos os desafios que aparecem na hora de aprender e as características que traduzem o nosso estilo de aprendizagem e ensino.
Representação social: quem é a professora de Educação Infantil? é o assunto do capítulo 6, no qual Andressa, Giovanna e Júlia relatam as falas das professoras e educadoras participantes do curso de formação continuada, com vistas a apresentar a maneira de pensar e interpretar a realidade cotidiana em que vivem e trabalham.
O capítulo 7 inicia com uma indagação – O ambiente educativo. É possível torná-lo extraordinário? – na qual Arlete, Simone, Beatriz e Marta nos apresentam um espaço de Educação Infantil repleto de significados, assim como refletem sobre a integração dos aspectos físicos, filosóficos, científicos e práticos desse ambiente.
Para conhecer como as crianças da pesquisa pensam com relação ao que fazem, Evelise e Laura escrevem o capítulo 8 – Um olhar metacognitivo para a aprendizagem das crianças pequenas – apresentando conceitos e reflexões construídos a partir do contato direto com as crianças de 3 a 5 anos.
Para fechar as nossas reflexões, no capítulo 9 – Caminhos para continuar – Laura discorre sobre os filmes apresentados nos capítulos e relaciona-os com a prática de sala de aula, em um momento de aproximação ao professor da Educação Infantil.
Nesta segunda edição revisamos o texto objetivando mais clareza e adequação. A estrutura como um todo permanece, uma vez que o reflexo da primeira edição foi positivo. Portanto, vale a pena ler este livro! Não necessariamente em sequência, mas para você conhecer mais uma maneira de pesquisar, tendo como princípio norteador o olhar e a escuta para o grupo e suas interrelações.
Boa leitura!
Evelise Maria Labatut Portilho
PREFÁCIO
Quando as pessoas que amam profundamente a infância escrevem livros sobre Educação Infantil, nota-se rapidamente que a força das convicções vai normalmente além da neutralidade dos dados de evidências empíricas. Não é um relatório técnico que atende às expectativas intelectuais, mas um manifesto de intenções e compromissos assumidos. É difícil ser neutro e descritivo quando se fala de crianças pequenas e, ainda mais, quando se refere a boas práticas em sua educação e cuidado.
No entanto, o envolvimento pessoal e emocional dos profissionais e pesquisadores no trabalho que desenvolvem não deve ser um obstáculo para o olhar crítico e propositivo sobre o que fazemos, sempre na busca de objetivos de qualidade e compromisso. Tampouco pode supor um mero exercício intencional em que as crenças escondem as evidências e os dados que se acumulam sobre a importância da Educação Infantil (PASCAL; BERTRAM, 1996).
Duas perguntas cruciais Christopher Ball fez em seu relatório Start Right (1994, p. 6): A Educação Infantil é importante? Sua resposta foi clara: a Educação Infantil possui um grande potencial social de desenvolvimento, proporcionando benefícios sociais e educacionais, em especial, para os sujeitos mais desfavorecidos. Até se atreveu a perceber os benefícios econômicos que a Educação Infantil traz: $ 7,16 para cada dólar investido. E se esse ponto já é, em si mesmo, valioso, mais interessante é para nós a seguinte pergunta: Quando é que podemos falar de uma boa Educação Infantil? A essa questão crucial Ball responde com 7 condições: (a) quando o cuidado e a educação estão bem integrados; (b) quando não há um só responsável pelos serviços; (c) quando os objetivos de desenvolvimento são para