Epistemólogos do século XX e suas contribuições para o Ensino de Ciências
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Epistemólogos do século XX e suas contribuições para o Ensino de Ciências - Anderson Ellwanger
1. KARL POPPER
O autor aborda em sua obra Conjecturas e refutações - O progresso do conhecimento científico
, sugestões que podem explicar a origem da ignorância e do conhecimento.
A união dos hábitos, a tradição e os preconceitos, que sustentam a ignorância são denominados pelo autor como a teoria da conspiração: na qual a ignorância se deve à ação de uma força sinistra, origem de influências impuras e maléficas que pervertem nossa mente e nos impõem o hábito de resistir ao conhecimento.
Em relação as fontes do conhecimento, Popper indaga sob quais seriam as suas origens, para tanto apresenta dez tópicos sob os quais ampara sua tese, esses podem ser resumidos em:
1- Não há fontes últimas do conhecimento. Sempre é possível o conhecimento ser ampliado e purificado.
2- A verdadeira questão epistemológica não tem a ver com fontes e sim com a veracidade das afirmativas, ou seja, sua concordância com os fatos.
3- Um procedimento típico consiste em examinar se nossas teorias são coerentes com as observações que fizemos.
4- A fonte mais importante do conhecimento é a tradição. A maior parte do que sabemos aprendemos pelo exemplo, pelo que ouvimos, pela leitura de livros e críticas que fizemos.
5- Sem a tradição o conhecimento seria impossível, no entanto, todo conhecimento tradicional está aberto ao exame crítico e, poderá ser abandonado.
6- O conhecimento não parte do nada, nem da observação. Embora algumas vezes façamos observações, o conhecimento progride pelo poder de modificar teorias precedentes.
7- Não há um critério da verdade a nossa disposição, mas temos acesso a critérios que podem nos levar a reconhecer o erro e a falsidade.
8- A observação e a razão não são autoridades, não são seguras, uma vez que podem nos induzir ao erro. Sua importância reside no fato de que nos ajudam no exame crítico de conjecturas ousadas.
9- Não tem sentido procurar um nível de precisão maior do que o problema enfrentado exige. Os problemas relativos ao significado das palavras não têm importância. Estas só têm importância com instrumento para formulação de teorias.
10-Toda solução dada a um problema levanta novos problemas, principalmente quando o problema original é profundo e a solução apresentada é corajosa.
Então de maneira objetiva Popper destaca que o que devemos fazer é abandonar a ideia das fontes últimas do conhecimento, admitindo que todo conhecimento é humano, que se mescla com nossos erros, preconceitos, sonhos e esperanças; o que podemos fazer é buscar a verdade, mesmo que ela em alguns casos esteja fora do nosso alcance.
A busca pelo conhecimento está amparada na ciência. Esta linha de pensamento permite questionamentos do tipo: Quando pode uma teoria ser classificada como científica? Existe um critério para classificar uma teoria como científica?
Para estes questionamentos o autor apresenta algumas sugestões de aferição para uma certa teoria científica:
1- É fácil obter confirmações ou verificações para quase toda teoria, desde que esta seja procurada.
2- As confirmações só devem ser consideradas se resultarem de predições arriscadas.
3- Toda teoria científica boa
proíbe certos acontecimentos. Quanto mais proibir, melhor ela é.
4- A teoria que não for refutada por qualquer acontecimento concebível não é científica.
5- Todo teste genuíno de uma teoria é uma tentativa de refutá-la. Algumas teorias são mais testáveis e, portanto, correm maiores riscos.
6- Evidências confirmadoras não devem ser consideradas se não resultarem de testes genuínos da teoria.
7- Algumas teorias genuinamente testáveis, quando se revelam falsas, continuam a ser sustentadas com suposições ad hoc, escapando da refutação, mas abalando seu caráter científico.
Desta forma pode-se observar que o critério de demarcação está em traçar uma linha divisória entre os sistemas de afirmações das ciências empíricas e as de caráter religioso ou metafísico, a partir do critério da testabilidade ou refutabilidade, nas teorias científicas, os sistemas de assertivas devem ser capazes de entrar em conflito com as observações possíveis.
As teorias científicas perpassaram pelo processo indutivo apresentado por Francis Bacon, porém Popper apresenta fortes argumentos para refutá-la, sugerindo a substituição da teoria da indução pela ideia de que, ao invés de esperar passivamente que as repetições nos imponham as regularidades, procuramos de modo ativo impor regularidades ao mundo, identificando similaridades e as interpretando em termos de leis que inventamos.
Embasado neste argumento o autor se propõe a destacar pontos de vista sobre o conhecimento humano, os quais pode-se detalhar da seguinte forma:
1- A explicação pelas essências. O cientista procura uma teoria verdadeira, que descreva o mundo e explique os fatos observáveis e tudo que o cientista pode fazer