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No inverno da alma
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E-book59 páginas26 minutos

No inverno da alma

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Sobre este e-book

Quem nunca passou por um inverno na alma? Quem nunca vivenciou acontecimentos capazes de desordenar os afetos e revirar de ponta-cabeça as mais enraizadas convicções? Às vezes esse inverno é desencadeado por uma enfermidade, uma frustração, a perda de um ente querido... Neste livro, os escritos em prosa e verso são envoltos de uma atmosfera de frio e sombra próprios das almas que chovem. Mas também os invernos devem guardar em si orvalhos de esperança: vento que dispersa a desolação, chuva que prepara o reflorescer.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de fev. de 2022
ISBN9786553550582
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    No inverno da alma - Helitânia dos Santos Pereira

    VENTO

    Contos, crônicas e versos hibernais

    TOQUE DE RECOLHER

    Se fez silêncio, e o menino chora lá dentro. Não há ouvidos que o escutem, nem olhos que o vejam. Na casa escura, bem fechada, nada dá indícios da presença de um pobre menino solitário, todo machucado, que, quando consegue recobrar alguma força, geme de temor.

    Quem o libertará? quem saberá o que se passa em recinto fechado, distante de todos os demais recantos?

    O silêncio de fora faz o menino contorcer de dor. Não há pés que o procurem nem mãos que o encontrem, tudo é deserto.

    Não se sabe por quanto tempo, mas... enquanto se fizer silêncio, ficará o menino lá, solitário, a gritar de pavor.

    ÔNUS

    Ninguém sabia que ele acordara de sonhos intranquilos e saíra a ermo, desejando que o vento levasse consigo os resquícios da noite mal vivida.

    Ninguém viu o seu desconsolo à mesa, diante do calendário,

    nem sabe que ainda há culpa de quando a vida lhe doeu mais intensamente;

    Ninguém sente as suas dores.

    Todos apontam a sua falta de sorriso.

    DOS PÁSSAROS QUE FALTAM

    Saíra cedo para caçar passarinhos. Era essa sua atividade habitual. Tinha certa habilidade, de modo que contava já um número considerável de bonitos sabiás no seu pequenino pomar particular. Os sabiás eram seus pássaros prediletos. Por muito tempo dedicou-se somente à caça dessa espécie. Andava agora desejoso de um pássaro de penas azuis. Não era uma espécie rara, pois muitos o tinham pela redondeza, mas ele nunca conseguira aprisionar um pássaro azul.

    Animou-se todo, naquela manhã de sol, quando um deles pousou no seu alçapão. Reuniu os amigos todos para mostrar-lhes a novidade. O coração do menino pulou de alegria com a possibilidade daquela caça inédita. Enquanto o pássaro estava ali, pousado, fazia ele mil conjecturas de como narraria a façanha para os seus afetos. Pensou em como seria completo, agora, com um pássaro azul junto aos seus sabiás. Os amigos todos juntaram-se na torcida por aquele feito inédito do dedicado cuidador de passarinhos. A perspectiva animou a todos, que, interiormente, já comemoravam a caçada do dia. O passarinho pulou daqui, pulou dali, perscrutou o espaço, deixou-se ficar um pouco mais em cima do alçapão. Coisas de passarinhos. Toda caçada começa assim.

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