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Traga-me de Volta: Para Sempre, #1
Traga-me de Volta: Para Sempre, #1
Traga-me de Volta: Para Sempre, #1
E-book438 páginas6 horas

Traga-me de Volta: Para Sempre, #1

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Sobre este e-book

Mãe solteira, Claire Abby é a cola que une seu pai e sua filha, prestes a entrar na faculdade, então quando sua carreira jornalística entra em queda livre, ela tem que ressuscitá-la. Agora, a maior entrevista de sua carreira depende de convencer um homem, reconhecidamente discreto, a contar seus segredos. Se ao menos ele não fosse um dos homens mais sexys que existe...  

Christopher Penman, alto, com o maxilar definido, não é apenas um britânico famoso. Ele foi a celebridade favorita de Claire quando ela era adolescente. Pessoalmente, ele era tudo que ela temia — injustamente lindo, extremamente charmoso e completamente irritante. Claire não tinha escolhas a não ser fazer as perguntas difíceis, aquelas que ele evitava há uma década, porém, Chris não vai falar...  Ele vai flertar.

Antes que Claire consiga endireitar seus pensamentos, uma amizade improvável se forma. Então tem um beijo… Um convite… E, por fim, noites sobre as quais Claire sonhou um dia. Mas, quando eles se aproximam, ela percebe que a dor de Chris é mais profunda. Quando a triste história dele se repetir, será que Claire arriscará seu próprio futuro — e coração — para salvar seu amor com o homem que ela jamais poderia esquecer.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de mar. de 2022
ISBN9781667429212
Traga-me de Volta: Para Sempre, #1
Autor

Karen Booth

Karen Booth is a Midwestern girl transplanted in the South, raised on '80s music and way too many readings of “Forever” by Judy Blume. Married to her real-life Jake Ryan, she has two amazing kids with epic hair, a very bratty cat, and loves getting up before dawn to write romance. With plenty of sparks.

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    Traga-me de Volta - Karen Booth

    Para Steve, Emily e Ryan.

    Com vocês, meu mundo é um lugar lindo.

    7 de março de 1986

    Querido Diário,

    Scott, da casa ao lado, me deu uma carona para casa da escola hoje, porque eu perdi o ônibus novamente. (Eu sei, eu sei. Grande surpresa.) Eu estava meio empolgada, já que ele tem um carro próprio, mas ele foi um babaca quando chegamos na minha casa. Ele me perguntou sobre o Banks Forest, que ele sabe que eu amo, porque todo mundo sabe que eles são minha banda favorita. Eu contei que mal posso esperar para ver o show deles e, então, ele colocou a mão no meu peito. Eu disse que ele era nojento e ele ficou todo bravo e alegou que eu não deveria me vestir como a Madonna se não quisesse que os garotos tocassem nos meus seios. Ele é um idiota. Não me visto como a Madonna desde o nono ano.

    Falando em Banks Forest, (quando não estou?), reorganizei meus pôsteres do BF depois da escola. Percebi que se eu colocar o melhor pôster de Christopher Penman (o de tamanho médio, sem camisa) na parede ao lado do meu armário, parece que ele está deitado ao meu lado na cama, se eu deitar de lado e cerrar meu olho esquerdo. Que gatinho. Eu olho para ele e só quero morrer. Por que ele não pode estudar na minha escola? Isso não seria incrível? Se ele fosse um veterano, mas ainda assim um astro do rock super famoso e fosse meu namorado. As garotas malvadas me odiariam ainda mais do que já odeiam. Minha vida seria perfeita. Eu me pergunto se há alguma maneira de eu conhecer Christopher. Deve haver alguma razão para que ele e eu existamos no planeta Terra ao mesmo tempo. Só não parece que isso teria sido totalmente aleatório.

    Bjos

    Claire

    P.S. Apenas 27 dias até o Banks Forest ao vivo e eu verei Christopher Penman em carne e osso! Estaremos no mesmo lugar, respirando o mesmo ar.

    Capítulo Um

    Vinte e dois anos depois

    Depois de uma corrida matinal extralonga, também conhecida como procrastinação, eu me sentei na minha mesa barulhenta e peguei o telefone para ligar para meu pai. Uma tarefa que vinha adiando por dois dias, mesmo sabendo que cada minuto que atrasado serviria de munição para ele me culpar por eu não manter contato. O som da caixa postal zumbiu no meu ouvido e eu me xinguei por ter esperado tanto tempo. Droga. Ele me venceu!

    Havia duas mensagens, com menos de dez minutos de intervalo, ambas de Patrick Collins, editor sênior de música da Rolling Stone. Há muito tempo eu tinha a suspeita incômoda de que Patrick estava sendo condescendente, o que fez o desespero em sua voz soar mais como uma brincadeira do que como um pedido de ajuda. Ele nunca, em todos que o pressionei por mais do que uma matéria simbólica, quis que eu retornasse a ligação o mais rápido possível.

    ­— Claire — respondeu ele, antes que eu ouvisse um único toque. — Estou tentando falar com você há uma hora.

    — Saí para correr. O que aconteceu?

    — Outro escritor desistiu de uma entrevista marcada para segunda-feira. Você está livre? Eu precisaria de você aqui em Nova York.

    Folheei minha agenda, esperando que o som de papel farfalhando fizesse parecer que eu estava incrivelmente ocupada e, portanto, em demanda.

    — Eu teria que encontrar alguém para cuidar da minha filha à noite. Com quem é a entrevista?

    —  Christopher Penman, do Banks Forest.

    Quase engasguei com minha própria respiração.

    — Ele concordou com uma entrevista? — Um zumbido há muito esquecido passou por mim, pontilhando meus braços com arrepios. — Você só pode estar brincando. Ele odeia escritores. — Tudo que eu já pensei, li, ou vi de Christopher Penman criou um caos espumoso na minha cabeça. — Odeia muito os escritores.

    Patrick limpou a garganta.

    — Acho que ele espera alguma boa publicidade. Ele tem um disco novo saindo.

    Eu sabia que tinha que haver uma pegadinha — um novo disco solo. Seu primeiro solo sem a banda foi um fracasso inaudível, criticado por todos, até por mim.

    — Será a capa, se conseguir fazê-lo falar — continuou Patrick.

    — A capa? — Eu estava morrendo de vontade de Patrick me dar um trabalho de verdade, mas uma capa? O ditado sobre coisas que são boas demais para ser verdade não apenas me veio à mente, como também disparou sirenes na minha cabeça.

    — Sim, a capa, mas preciso de uma resposta agora. — Ele clicava uma caneta no seu habitual ritmo neurótico. — Sabe, você está sempre me implorando por algo substancial.

    Substancial? Você não faz ideia.

    — Deixe-me pensar. — Eu seria capaz de formar frases coerentes? Eu me lembraria de como colocar um pé na frente do outro sem fazer papel de idiota?

    — Não leve a mal, mas preciso de alguém com a sua experiência. Nós dois sabemos que você terá que fazer algumas perguntas desconfortáveis. Não o vejo confiando em um dos escritores mais jovens.

    — Ah, certo. — Tenho trinta e nove. Quando me tornei um dos escritores mais velhos?

    — Eu preciso mesmo da sua ajuda.

    Isso nunca vai dar certo.

    — Sim, claro. Eu cuido disso.

    — Ótimo. — Ele soltou um suspiro trêmulo. — Acredito que você sabe que isso é muito importante, Claire.

    Obrigada pelo eufemismo do milênio.

    — Sim. Estou bem ciente do que estou enfrentando. — A questão é se sobreviverei a isso. Ou a ele.

    — E você entende que eu preciso que você faça aquelas perguntas difíceis, certo? Precisamos de toda a história. Até o último assunto delicado.

    — Sim. Entendi. — Cada última gota inimaginável.

    — Então está certo. Christopher Penman é todo seu

    Desliguei com o silêncio, ou talvez não tenha notado, em toda a confusão, que meu cérebro inchou e tapou meus ouvidos.

    Ah. Meu. Deus. Christopher Penman.

    Eu tinha dezessete anos quando me apaixonei pelo Sr. Penman — loucamente, profundamente apaixonada. Ele era o cara mais lindo do mundo — alto e bonito de um jeito magrelo de menino, embora não houvesse dúvida de que ele era um homem adulto. Ele tinha o cabelo fino, castanho acobreado, perfeito para enfiar os dedos, e seu sorriso branco brilhava de tão claro, potente o suficiente para me derreter em uma poça, tremendo e pronta para me render. Desperdicei uma quantidade embaraçosa de tempo olhando para fotos dele, cativada por seus olhos assustadoramente verdes.

    Eu era uma fã dedicada de sua banda, Banks Forest, e passava horas todos os dias no meu quarto, tola e entorpecida com hormônios, ouvindo as músicas deles. Minha preocupação coincidiu com alguns boletins abaixo da média, mas eu senti que o tempo de lição de casa era melhor gasto escrevendo meu nome de casada, Claire Louise Penman, na minha melhor letra cursiva. Meu pai não fazia nenhum esforço para me entender. Meu argumento de que ele deveria encorajar minha apreciação pelas artes nunca pareceu me levar a lugar algum.

    Christopher era minha trégua numa época em que os meninos eram uma constante decepção. Ele era o namorado imaginário ideal, ardente e intenso durante nossa intimidade sonhadora, que eu inventava na minha cabeça, com uma capacidade incrível de satisfazer todas as minhas necessidades, emocionais e físicas. Embora eu tivesse muito menos experiência na vida real do que gostaria, Christopher me ensinou tudo o que eu precisava saber e eu fui uma aprendiz rápida sob sua tutela qualificada. Ele sempre foi carinhoso depois, me fazendo rir e me dizendo que eu era a garota mais incrível do mundo. Tudo em nossa ilusória história de amor tinha sido perfeito; sexo sem necessidade de controle de natalidade em uma nuvem fofa.

    Claro, segunda-feira seria tudo menos uma brincadeira de devaneio com cúmulos-nimbos. Concordar em entrevistar Christopher Penman era o equivalente profissional a pular de um avião com um paraquedas de segunda mão. Ele era notório por seu sigilo e odiava a mídia, escritores e fotógrafos estavam no topo da lista. Não dava para culpa-lo. Ele sofreu com anos de rumores e insinuações sobre sua vida privada, uso de drogas e seu pesadelo em forma de ex-esposa. Eu não estava sendo enviada para ajudar em sua situação. Independente de qual seja o plano de Christopher, ninguém se importaria com o novo disco solo. As pessoas só querem de saber se as fofocas imundas são verdadeiras.

    * * *

    Minha velha perua Volvo não era uma grande afirmação de individualidade, era mais um produto das minhas finanças, porém, me ajudou teimosamente a evitar a definição moderna de mãe suburbana por anos. Claro, eu precisaria de um marido para participar plenamente desse estereótipo. Estacionando atrás das minivans na escola, pelo menos eu poderia me confortar com o fato de ter resistido à tentação de me assimilar aos outros.

    Minha querida Sam, ao lado de sua melhor amiga, Leah, passou pela porta dupla, os cachos loiros de Sam respondendo a cada passo. A dupla era uma enxurrada de conversa, mas parou no instante em que um bando de meninos cruzou seu caminho. Um garoto, que parecia magrelo demais, em jeans folgados parou para falar e as garotas sorriram em um branco reluzente, largo o suficiente para seus lábios grudarem nos dentes.

    Sam era uma aluna júnior, fez dezessete anos recentemente. Saber que tínhamos apenas mais dois verões juntas antes de ela ir para a faculdade era mais do que um espinho na minha costela — me deixava enjoada. Eu me sentia jovem demais para ser mãe aos 22 anos e, agora, era inquestionavelmente jovem demais para viver meus dias em um ninho para um.

    — Ei, mãe — Sam disse enquanto ela sentava no banco do passageiro —, posso dormir na casa de Leah esta noite?

    Leah esperava no meio-fio, as bochechas ficando vermelhas do tempestuoso dia de março. Ela me concedeu meio aceno enquanto verificava seu celular.

    — Claro, querida. — Mais uma noite de sexta-feira sozinha, mas pelo menos eu poderia trabalhar na minha entrevista com Christopher Penman sem sentir culpa maternal.

    Sam mostrou os polegares para Leah e bateu a porta.

    — Como foi o teste de inglês? — perguntei. Uma mãe dirigindo um Escalade, gritando com sua ninhada para entrar no maldito carro, bloqueou minha fuga do círculo de automóveis. Considerei deitar na buzina, mas decidi que não ousaria arriscar meu status social, já tênue, com a associação de pais e mestres.

    — Foi bom — disse Sam. Ela pegou um chiclete da mochila e amassou o papel antes de colocá-lo no porta-copos. — Acho que me saí bem, mas não vou descobrir até a próxima semana.

    — Como foi o resto do seu dia? — perguntei, saindo do estacionamento da escola. Sempre que eu conseguia convencer Sam a pegar uma carona para casa depois da escola, aqueles dez minutos eram um presente, uma verdadeira mina de ouro para os pais. Ela achava minha sede por querer saber bem menos ameaçadora quando era possível evitar o contato visual e eu, felizmente, rejeitei o título de grande inquisidora.

    — Foi bom. — Seus profundos olhos azuis encontraram os meus por um instante. — Você se lembra do Andrew Mills? Ele passou um tempo do almoço comigo e a Leah. Esqueci como ele é engraçado.

    — Adoramos um cara engraçado. — Eu me arrependi da minha escolha de palavras assim que elas saíram da minha boca. Qualquer entusiasmo de minha parte pode azedar sua opinião sobre o desavisado Andrew.

    — Ele está mais bonito desde que tirou o aparelho. Ele começou uma banda com alguns caras da escola. Vão ensaiar nesse fim de semana.

    Eu era uma otária previsível para qualquer cara em uma banda quando tinha a idade de Sam, o que me fez supor que Andrew seria um candidato, mas não forcei o assunto quando chegamos em casa — nosso bonito e arrumado, embora cansado, aceno a uma vida normal — branca com persianas pretas desbotadas.

    Comprei a casa quando me mudei para a Carolina do Norte e Sam ainda era um bebê. O pagamento de entrada veio como um presente de aniversário, extraordinariamente generoso, do meu pai. Eu fingi recusa, mas ele insistiu que minha mãe, se ela estivesse viva, iria querer assim.

    Uma vez dentro da nossa cozinha dos anos 50, que eu tinha decidido há muito tempo que era retrô e não degradada, Sam vasculhou a geladeira. Seu celular tocou e eu a peguei lutando contra um sorriso.

    — Mudança nos planos? — Folheei a correspondência e separei várias cartas de universidades distantes para ela.

    — Não. É, hum... — Ela sorriu para o telefone. — É o Andrew. Ele quer que eu vá ver o ensaio da banda amanhã.

    — Parece divertido. Eu te levo. Não falo com a mãe dele desde que nosso clube do livro implodiu. — Eu não via Andrew há dois anos. Uma missão de reconhecimento estava em andamento.

    — Mãe, por favor. Não posso pegar o carro sozinha?

    — De jeito nenhum. Ainda estou me recuperando da ida ao supermercado no fim de semana passado. — Vi a reação dela e me lembrei de que o revirar de olhos não era nada pessoal. — Estarei no meu escritório. Avise-me quando precisarmos sair.

    Eu tinha uma hora até que Sam precisasse de uma carona para sua noite do pijama, então enfiei uma perna sob a outra, digitei Christopher Penman na caixa de busca do meu navegador e me preparei para o início do que provavelmente seria um fim de semana sedentário. O site oficial do Banks Forest tinha o que eu esperava; uma discografia e uma linha do tempo, detalhes que eu havia memorizado há muito tempo. Havia centenas de fotos antigas também, incluindo a foto mais marcante da banda, Christopher com a camisa aberta por uma brisa tropical, revelando aquilo que fazia uma aparição superficial em cada vídeo que o Banks Forest fazia — seu peito liso e largo.

    Essa imagem em particular era tão familiar quanto minhas próprias fotos de família, as fotos da minha irmã, Julie, e eu no Grand Canyon, nós duas vestindo blusas listradas, laranja e marrom, e shorts de safari na cor cáqui. Julie tinha seu cabelo dourado lustroso em tranças, mas mamãe me fez usar meu loiro-escuro em maria-chiquinha. Ela nos poupou as meias, mas nos vestia como meninos, uma teoria hippie dela sobre não forçar regras de gênero.

    O site de Christopher Penman foi o próximo, completo com um esquema de fumaça e espelhos para sustentar seu primeiro solo. No interesse do rigor jornalístico, estudei cuidadosamente cada imagem dele na galeria de fotos. Eu tinha esquecido quão sublimemente sua mandíbula bem feita combinava com a pinta em sua bochecha esquerda.

    Os resultados da pesquisa que se seguiram foram um oceano de sujeira: páginas de fãs, sites de fofocas e links para artigos de tabloides. Eu já estava em desvantagem. Eu testemunhei apenas esporadicamente os anos mais duvidosos da vida pública de Christopher. Banks Forest havia lançado o primeiro de seus dois álbuns As melhores bem depois que eu saí da faculdade e eles não eram mais legítimos no meu cérebro florescente de jornalista musical. Ele parecia abraçar todos os clichês do Rock 'n' Roll durante esse tempo, muitos deles capturados de forma pungente pelos paparazzi. Ele e sua então esposa até fizeram uma visita de casal à reabilitação.

    — Mamãe? — Sam enfiou a cabeça no meu escritório com uma mochila roxa volumosa sobre o ombro. — Vamos. Resolvemos pegar um cinema. Leah odeia quando perdermos os trailers.

    Sam e eu nos encolhemos na chuva gelada, pequenas bolinhas batendo na minha nuca enquanto corríamos para o carro. O aquecedor do Volvo se recusava a ligar e fui forçada a dirigir com o joelho enquanto aquecia as mãos nos bolsos da jaqueta.

    — Mãe, por favor, dirija como uma pessoa normal — Sam implorou, como se ela tivesse algum direito de criticar a direção de outra pessoa.

    — Ah, foi mal. — Balancei minha cabeça para espairecer, colocando minhas mãos no volante. — Então, querida, eu preciso ir à Nova York na segunda de manhã para fazer uma entrevista. Você acha que pode ficar com a Leah?

    Ela estalou a língua no céu da boca.

    — Tenho idade suficiente para ficar sozinha.

    — Mas estarei tão longe. E se você precisar de mim? — Olhei para ela e me perguntei se ela tinha ficado mais alta desde aquela manhã.

    Ela balançou o celular no ar.

    — Eu sei como pedir uma pizza. Eu vou ficar bem. Não farei nenhum dever de casa se ficar na Leah. Sam era muito mais responsável do que eu jamais fui. Seu orientador havia dito que ela provavelmente teria muitas opções de universidades. O truque seria se eu encontraria uma maneira de pagar por qualquer uma delas.

    — Certo. Se você diz.

    — Quem você vai entrevistar?

    Um sorriso estúpido cruzou meu rosto, não era minha reação habitual para a maioria dos trabalhos.

    — Hum, Christopher Penman. Ele era o guitarrista de uma banda britânica chamada Banks Forest. Eles eram minha banda favorita quando eu tinha a sua idade.

    — Eu conheço o Banks Forest! Leah me fez um CD mix dos anos 80 com algumas das músicas deles. Ele está, tipo, bem velho agora?

    — Não —, bufei. — Ele é apenas cinco anos mais velho que eu. Acho que ele está ainda mais bonito agora do que quando era mais jovem.

    — Então, era por ele que você estava babando no computador.

    — Eu não estava babando — enruguei meus lábios. — Isso se chama pesquisa.

    Ela fingiu enfiar o dedo na garganta.

    — Você é uma péssima mentirosa.

    * * *

    Após horas no computador naquela noite, as sobras de comida pareciam apropriadas enquanto eu sofria com a última metade de uma comédia romântica irracional na TV a cabo, tudo sobre uma mulher desmiolada encontrando o amor verdadeiro com o cara estudioso, porém robusto, trabalhando no cubículo ao lado.

    Fazia seis meses desde o fim da minha comédia romântica mais recente com Kevin, um colega de trabalho, jornalista musical, que morava em Los Angeles. Eu devia ter percebido que estávamos condenados desde o início. Nunca fui capaz de fazer a coisa da longa distância funcionar, especialmente não com uma filha em casa.

    Eu me odiava por me sentir atraída por ele — ele era irremediavelmente arrogante sobre sua habilidade de escrever, o que atenuava descartando falsamente sua boa aparência. Minha única desculpa era que ele tinha uma queda por mim e isso foi difícil de resistir. Houve até momentos em que me perguntei se estar com Kevin era o que significava estar apaixonada. Não que isso importasse. Amor ou não, eu desisti depois de saber que ele tinha uma queda por várias outras mulheres também.

    Tentei e falhei no amor tantas vezes que frequentemente me perguntava se eu era muito exigente, mas minha lista de namorados desejáveis foi projetada apenas para eliminar os realmente ruins. Eu não precisava do mundo. Tudo o que eu sempre quis é um cara engraçado, inteligente, alto, empregado, paciente, sem julgamentos, bom beijador, que lava a louça, fã de música, leitor e com a libido saudável. Talvez eu nunca encontre um homem que me dê flores e seja monogâmico, mas eu tenho que continuar tentando.

    Os créditos do filme rolaram e eu me espreguicei e desliguei a TV. Subi as escadas para o meu quarto, ainda me recuperando da ideia do que aconteceria na segunda-feira. É claro que conhecer Christopher Penman não seria como eu imaginava. Não estávamos sendo reunidos por algum conjunto de eventos mágicos e românticos. Essa tarefa era mais uma questão de sorte, mesmo que eu tivesse trabalhado duro por anos para uma reportagem de capa tão grande.

    Talvez não acabasse sendo pura sorte — talvez eu consiga a entrevista e ainda consiga um momento roubado com Christopher. Eu sonhei com isso inúmeras vezes — uma risada ou um sorriso, um feliz instante de flerte — não precisaria ser muito para durar uma vida inteira. Embora, não importa o que aconteça na segunda-feira, eu certamente ficarei querendo mais.

    Capítulo Dois

    A assistente de Patrick havia providenciado um carro para me buscar no aeroporto LaGuardia e o motorista me cumprimentou com um estranho bigode e uma placa de apagar a seco com meu nome. Concentrei-me na única coisa positiva que poderia fazer para evitar que minha mente se fixasse na enormidade idiota do que estava prestes a fazer. Pelo menos eu estava no chão.

    Eu tinha planejado usar o tempo no carro para revisar minhas anotações, mas me encontrei irremediavelmente distraída com a cidade — a comoção, o ritmo agitado diferente de qualquer outro lugar. Eu costumava dizer que gostaria de morar em Nova York, mas isso parecia uma declaração vazia agora. Eu realmente nunca desejei isso; só parecia soar como algo que um jornalista musical deveria fazer.

    Forçando-me a voltar à preparação da entrevista, tudo o que pude fazer foi agonizar com a sequência das minhas perguntas. Três horas era uma janela muito curta para ganhar a confiança de Christopher e levá-lo a fazer o improvável — trair seus maiores segredos, e ter isso registrado. Teria que facilitar as coisas com cuidado, porém rápido.

    O carro chegou ao Hotel Rivington, no Lower East Side, antes que eu pudesse terminar meu estudo de última hora. Era um prédio de aparência bizarra — uma moderna grade de aço e vidro, um Mondrian incolor contornado por Brownstones, o local da entrevista e minha casa pelas próximas vinte e quatro horas.

    O motorista segurou a porta aberta para mim e eu lhe dei uma nota de cinco.

    — Obrigado, Sra. Abby — disse ele disse, enquanto eu quase tropeçava no meio-fio.

    Um frio amargo chicoteou entre os prédios, agarrando meus ombros e enviando um calafrio através do meu corpo quando o concierge correu para me deixar entrar. Não houve tempo para meus olhos se ajustarem da luz de final de tarde na rua ao saguão, suavemente iluminado, antes que meus arredores desaparecessem e minha visão se concentrasse em um ponto. A imagem à frente me deixou considerando uma virada abrupta no meu calcanhar e uma fuga rápida.

    Lá estava ele sentado, a não mais de dez metros de distância, lendo o New York Times enquanto usava óculos escuros prateados. Concluí que ele devia estar cochilando porque não me parecia ser o tipo de pessoa que lê o Times.

    Ele usava um jeans artisticamente desgastado e uma camiseta preta por debaixo de uma jaqueta de lona bege, leve demais para um dia tão frio. Seu cabelo castanho curto estava disposto em uma bagunça despenteada.

    Refleti sobre a melhor forma de me aproximar e, então, ele me confundiu uma segunda vez, levantando o olhar e fazendo contato visual através dos óculos escuros, dobrando o jornal e caminhando em minha direção. Olhei para trás, pensando que ele tinha reconhecido outra pessoa.

    — Você deve ser a Sra. Abby. — Ele estendeu a mão. — Chris Penman.

    Inúmeros pensamentos e perguntas eclodiram na minha cabeça. Nossa. Ainda bem que coloquei salto alto. Ele é alto. O sotaque dele é diferente pessoalmente. É como manteiga. Manteiga britânica. Eu me lembrei de passar perfume de manhã? Ah, droga. Meu hálito. Eu devia ter mascado um chiclete no carro. Minhas mãos estão suadas? Por que elas sempre ficam assim quando estou nervosa?

    — Sim. Ah, Claire. — Ofereci minha mão suada. — Por favor. Obrigada. Oi. — Um algodão doce entrou graciosamente em cena para tomar o lugar do meu cérebro congelado.

    — Ah ótimo, hum, é Claire então. — Ele inclinou a cabeça para um lado. — Por favor, me chame de Chris. Pesquisei sobre você no Google hoje de manhã e encontrei uma foto. Gosto de saber quem estou enfrentando. — Ele riu, tirou os óculos escuros e apertou minha mão em um movimento uniforme.

    Tive um vislumbre de seus olhos e tudo ficou açucarado. Comecei a procurar por palavras, uma resposta inteligente e então aconteceu — fiquei presa em seus olhos, atraída por eles porque minha mente estava convencida de que não havia outro lugar para ir. A cor era tão surpreendente que merecia um nome próprio. Chamá-los de verdes seria desdenhoso. Não poderia capturar a natureza hipnótica da tonalidade. Maçã, floresta, grama, jade, esmeralda, musgo, trevo — em algum lugar, deveria haver um nome para aquele verde.

    Christopher notou minha desorientação e indicou para seguirmos em frente.

    — Vamos? — perguntou, apontando para a porta do saguão.

    — Desculpe-me. Eu pensei que faríamos a entrevista no hotel? — questionei enquanto me arrastava junto a ele.

    — Se você estiver de acordo, eu esperava pular essa parte. Um pouco artificial, não é?

    — Ah, claro. — Eu parei. — Preciso despachar minha mala... — Minha voz sumiu.

    — Aqui. — Ele arrancou a mala da minha mão e marchou para a recepção. — Por favor, guarde isso para a Sra. Abby. Ela vai fazer o check-in mais tarde.

    Ele voltou num piscar de olhos.

    — Melhor? — Ele pareceu ainda mais alto que eu, parecendo irritado.

    — Sim. Obrigada. Onde vamos?

    Ele não se incomodou com uma resposta, mas em vez disso transmitiu uma onda de calor sobre mim, passando a mão perto das minhas costas enquanto o porteiro segurava a porta.

    — Como planejado, Sr. Penman? — o motorista perguntou, enquanto entrávamos em seu carro em marcha lenta.

    — Sim, Lou. Obrigado.

    Eu fiz o meu melhor para me acomodar sem me mexer, mas meu longo casaco de lã preto estava amontoado debaixo da minha bunda. Como uma idiota, eu pulei do banco várias vezes, tentando arrancá-lo de debaixo de mim. No instante em que me senti confortável, ele fez de novo, tirou os malditos óculos escuros e olhou para mim como se fosse a coisa mais inocente do mundo. Ele tinha que saber o efeito que tinha sobre as mulheres. Tinha que ser intencional.

    — Não se preocupe — disse ele —, isso não contará nas suas três horas. Estamos apenas fazendo um pouco de multitarefa. Tenho que passar na loja de uma amiga. Ela encomendou algumas calças da Inglaterra e preciso experimentá-las, caso precisem passar pelo alfaiate.

    Era difícil imaginar um mundo em que uma roupa não correspondesse a todos os desejos de Christopher Penman. Atrevi-me a olhá-lo nos olhos novamente e ele começou a aplicar o feitiço com movimentos deliberados de seus cílios, como se untasse um peru com manteiga, me preparando para jogar fora todas as boas maneiras que minha mãe me ensinara. Eu sabia então que se quisesse chegar ao fim do dia, deveria me concentrar na minha respiração quando possível.

    Endireitei meu cérebro e peguei meu gravador digital e as notas da minha bolsa.

    — Nós provavelmente deveríamos começar — disse eu, determinada a desempenhar um papel significativo na situação. Afinal, eu tinha um prazo a cumprir.

    — Ao trabalho. — Ele balançou uma sobrancelha.

    Você tem que parar de fazer isso, amigo. Estremeci e me concentrei no tapete, empregando uma nova estratégia: evite contato visual.

    — Está com frio? Lou, podemos ter um pouco mais de calor aqui? — pediu ele.

    Certo. Frio. Esse é o problema.

    — Tudo bem, então. — Sorri, forçando um ar de relaxamento com uma jogada de cabelo, como se esse tipo de coisa acontecesse comigo todos os dias. — Você tem um novo disco saindo em alguns meses. Como foi voltar ao estúdio?

    — Foi ótimo. Eu amo estar no estúdio. — Ele sorriu estreitamente.

    Esperei, imaginando se esse era o meu sinal de que ele havia concluído sua resposta.

    — Você escolheu Nova Orleans desta vez. Como foi trabalhar lá?

    — Foi brilhante. A cidade tem um ótimo ambiente. — Outro sorriso cintilante, ainda que diminuto. Talvez ele pensasse que poderia me hipnotizar.

    — Mais alguma coisa que você gostou sobre gravar lá?

    — As pessoas, eu suponho. Senti uma conexão com eles. Eles estão reconstruindo a cidade. Eu estou reconstruindo minha carreira.

    Ele fez uma pausa e procurou meu rosto como se estivesse esperando por uma resposta. Não havia dúvida de que eu estava com um atraso de dois segundos, o que sem dúvida me fazia parecer uma idiota, mas era apenas porque eu estava fazendo malabarismos demais na minha cabeça.

    Ele continuou.

    — De qualquer forma, Nova Orleans foi brilhante. Ótimo estúdio. Pessoas maravilhosas.

    Meus olhos voltaram para minhas anotações e eu puxei meu lábio inferior.

    — Conte-me sobre os músicos que tocaram no novo disco. Você trabalhou com amigos neste, mas usou músicos do estúdio em seu primeiro disco solo. Por que a nova abordagem?

    — Bem... — Ele se virou para mim como se estivesse mudando para um modo de entrevista mais sério. — Esse projeto é muito mais pessoal. Eu queria me cercar de pessoas conhecidas, pessoas em quem eu posso confiar. E eu estava em busca de colaboração. Isso é uma das coisas de ser parte de uma banda que eu sinto falta. O primeiro disco solo foi feito no vácuo para todos os efeitos. — Ele olhou pela janela. Um caminhão de entrega estava bloqueando o tráfego em ambas as direções e um coro de buzinas soou. — Eu aparecia e dizia aos trabalhadores contratados o que fazer, ou pior ainda, não aparecia e o engenheiro de som dizia a todos o que fazer. Não foi uma boa ideia eu ter a rédea solta naquela época. — Ele voltou seus olhos para mim. — Este projeto tem mais significado, então trabalhar com meus amigos fez sentido. Além disso, Nova Orleans é muito divertida para ficar sozinho.

    Ele soltou um sorriso conhecedor e eu engoli em seco. Avaliei suas palavras. Ele estava sendo cooperativo. Suas respostas foram empoladas, mas eu já estava recebendo mais do que esperava e ele não tinha sido nada além de agradável. O mis importante, fiquei impressionada com a minha capacidade de notar qualquer coisa porque seus lábios estavam me atormentando com palavras começando com p.

    — O que você quer dizer quando diz que o novo disco é mais pessoal? — Olhei para cima para ver Chris e Lou trocando sinais secretos.

    — Desculpa, querida. — Você vai ter que segurar esse pensamento. Chegamos.

    Capítulo Três

    A loja de sua amiga era uma butique chique no SoHo. Chris, novamente, colocou a mão na parte baixa das minhas costas e gesticulou em direção à entrada. Senti um formigamento, o que me fez ficar boquiaberta para ele quando ele abriu a porta para mim.

    O sol do fim da manhã brilhava através das janelas altas até o chão de madeiras largas e havia perfume no ar, como se alguém estivesse se arrumando. A música tocava e, embora eu conhecesse a música, apaguei o título e

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