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A era dos dragoneiros e o cristal Kammalarin
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A era dos dragoneiros e o cristal Kammalarin
E-book600 páginas7 horas

A era dos dragoneiros e o cristal Kammalarin

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Sobre este e-book

E se tudo o que imaginamos como fantasia for real, caro leitor?

Em livros de misticismo, alquimia e lendas de povos antigos, encontramos descrições de criaturas fantásticas e terras que não estão em mapa algum de nosso mundo… Desafiam a nossa percepção da realidade, pois são descritas por alguns como absolutamente reais. E quem poderia negar com exuberante certeza de que eles falham com a verdade? A ciência? Jovem demais para entender as intrincadas relações entre planos e mundos… A religião? Demasiadamente ocupada contando suas moedas de ouro… Talvez os sábios alquimistas? Eu não sei…

Mas quem realmente sabe?

Algo me diz, lá no fundo do meu âmago, que elfos, dragões e gnomos são mais reais do que as pregações do mercado financeiro… tudo o que conhecemos e acreditamos é um mero sonho da coletividade humana.

Hoje é o dinheiro, mas e amanhã?

Em alguma montanha remota de uma região inóspita deste mundão, um dragão está hibernando por milênios, guardando os tesouros de um mundo esquecido por nós…
IdiomaPortuguês
EditoraMatrom
Data de lançamento19 de mai. de 2022
ISBN9786500436600
A era dos dragoneiros e o cristal Kammalarin

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    Pré-visualização do livro

    A era dos dragoneiros e o cristal Kammalarin - Matias Romano

    OS CONTOS DOS REINOS DE QUINTESSÊNCIA
    TOMO I

    A ERA DOS DRAGONEIROS

    E O CRISTAL KAMMALARIN

    MATIAS ROMANO

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por quaisquer meios, eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer sistema de armazenamento e recuperação de informação, sem permissão por escrito do editor e autor.

    Grafia conforme o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

    8º edição (epub), 2022

    ISBN 978-65-00-43660-0

    Editor: Matias Leonardo Romano

    Revisão: Leticia Zumaeta | Authoria agência literária & studio, Victor Simões Lobato

    Capa: Mauricio Brancalion

    Ilustração de capa: Júlio Cesar Oliveira Rocha

    Ilustradores: Bianca Toyofuku, Matheus Dorow Schwartz e Pedro Henrique de Mattos

    Habent sua fata libelli.

    Os livros têm seu próprio destino.

    Agradeço ao meu filho Gabriel por ter sido o impulso para a criação desta épica história.

    Quis o destino que eu terminasse de escrever este tomo no exato dia do primeiro aniversário do meu filho, 26 de setembro de 2021.

    Um agradecimento muito especial a John Ronald Reuel Tolkien por seu legado único, tornando-se o pai da fantasia moderna. Uma parte importante da minha vida se encontra no mundo fantástico da Terra-Média.

    Um reconhecimento sincero a Gary Gygax e Dave Arneson por criarem Dungeons & Dragons e a Richard Garriott por imaginar Ultima Online.

    A fantasia tem como papel essencial ser fonte de esperança em um mundo muitas vezes cruel. Ela é parte fundamental da imaginação humana. Como disse o autor Jonny Thomson, a capacidade que temos de ler livros, imaginar mundos e brincar de faz de conta é um dos maiores bálsamos que temos. A fantasia nos leva a uma jornada incrível, mas nos dá todos os heróis e vilões de que precisamos para entender o mundo.

    Uma vida sem fantasia é uma vida sem leveza…

    www.reinosdequintessencia.com.br

    e-mail para contato:

    bodemanco@reinosdequintessencia.com.br

    "E se tudo o que imaginamos como fantasia for real, caro leitor?

    Em livros de misticismo, alquimia e lendas de povos antigos, encontramos descrições de criaturas fantásticas e terras que não estão em mapa algum de nosso mundo… Desafiam a nossa percepção da realidade, pois são descritas por alguns como absolutamente reais. E quem poderia negar com exuberante certeza de que eles falham com a verdade? A ciência? Jovem demais para entender as intrincadas relações entre planos e mundos… A religião? Demasiadamente ocupada contando suas moedas de ouro… Talvez os sábios alquimistas? Eu não sei…

    Mas quem realmente sabe?

    Algo me diz, lá no fundo do meu âmago, que elfos, dragões e gnomos são mais reais do que as pregações do mercado financeiro… tudo o que conhecemos e acreditamos é um mero sonho da coletividade humana.

    Hoje é o dinheiro, mas e amanhã?

    Em alguma montanha remota de uma região inóspita deste mundão, um dragão está hibernando por milênios, guardando os tesouros de um mundo esquecido por nós…"

    - Sebastião, o velho andarilho.

    Sumário

    PREFÁCIO

    PRÓLOGO

    A fonte de admiráveis adaptações

    TOMO I

    A grande revelação dos mundos

    O notável guerreiro do norte

    O rompimento da barragem

    O encontro inusitado

    Os destinos dos poderes obscuros

    Uma noite macabra e o início de uma jornada

    A negociação

    O nefasto

    A contenda dos heróis

    A notável adaga

    O sacrifício ao deus Ulghaskan

    O improvável

    A queda de um gigante

    As cavaleiras

    As sombras de Grum Hai

    O caminho revelado

    O funeral do general

    Escolhas e destinos

    Um futuro de esperanças

    O duelo

    MAPAS

    CRONOLOGIA

    AGRADECIMENTOS

    PREFÁCIO

    Foi em uma tarde de inverno, curtindo um fim de semana sozinho no meio do mato e inspirado por alguns livros sobre alquimia e ocultismo que a ideia surgiu. Estava fascinado com a leitura sobre seres mitológicos que permeiam o imaginário fantasioso dos humanos… Gnomos, fadas, ondinas e salamandras eram algumas destas criaturas descritas ora como arquétipos, ora como seres elementais que fazem parte do organismo sutil de toda a natureza e da vida. Um mundo do qual pouco se conhece e cuja realidade material é sempre posta à prova pelos céticos, mas que aos olhos de inúmeros contempladores, se torna tão real como o ar que respiramos: invisível, porém sempre presente. Eram palavras de pensadores e alquimistas confrontando uma realidade que vai muito além de nossa vã tentativa de explicar este mundo material.

    Eu poderia ter optado pelo lado cético, explicando tudo de maneira mais formal através dos arquétipos e do imaginário coletivo. Mas essas ideias, além de não me convencerem completamente, são essencialmente menos divertidas. Neste mundo onde apenas tateamos a realidade em buscas de respostas, sabendo que somos ainda muito ignorantes sobre a nossa própria realidade, decidi me aprofundar pelo viés do fantástico e do incrível. Com o tempo a ideia de escrever um livro de fantasia foi ganhando corpo.

    O primeiro esboço surgiu em um manuscrito de mais ou menos cento e cinquenta páginas em 2014. A ideia adormeceu e foi deixada de lado devido aos percalços da vida. Foi então que no início de 2020 soube que seria pai. Meu primeiro filho chegaria em setembro daquele mesmo ano. Foi nessa época que revisitei a espetacular e singular filmografia do Senhor dos Anéis e, recordando a história de Tolkien, não deixei de pensar em meu filho e no que eu gostaria de criar para ele, mesmo sabendo que ele poderia não gostar de alta fantasia como seu pai. Foi um risco que decidi correr.

    Assim iniciei a jornada, usando parte do manuscrito antigo e criando um mapa daquele mundo. Daí para frente, foram meses escrevendo sobre uma terra fantástica, com guerreiros e magos e os tradicionais, porém sempre fascinantes, dragões. Outras criaturas clássicas como elfos, orcs e anões também chegariam para compor um imaginário com castelos, cavalos e florestas vibrantes.

    Ao longo do processo de escrita, um pensamento curioso e satisfatório rondava minha cabeça à medida que eu me aproximava do final do primeiro tomo da história: a conclusão deste trabalho me daria acesso a uma espécie de egrégora muito especial. Entendi que estaria de alguma forma, mesmo que timidamente e guardadas as devidas e óbvias proporções, pertencendo a um seleto grupo de almas criativas que se dedicaram à criação de mundos fantásticos! Artistas e escritores como Tolkien, Boris Vallejo & Julie Bell, Moorcock, George R. R. Martin, Michael Whelan, J. K. Rowling, Lovecraft, Frank Frazetta, Alan Moore, Neil Gaiman e tantos outros fazem parte desta irmandade única. E isso é uma honra extraordinária e fonte de muito orgulho!

    É com humildade e muita felicidade que libero um pouco dos meus mundos particulares para esta peculiar existência! Costumo dizer que esses lugares criados da minha imaginação são pequenos paraísos onde a minha mente costuma passar férias.

    Que minha imaginação consiga encantar alguns e trazer um pouco de conforto… talvez acessando alguma memória de adolescência ou induzindo uma espécie de nostalgia por algum personagem ou história real, quem sabe? Enfim, são tantas e fantásticas possibilidades…

    Espero que goste, caro leitor.

    PRÓLOGO

    A ORIGEM DOS REINOS DE QUINTESSÊNCIA

    UM BREVE RESUMO

    A fonte de admiráveis adaptações

    Há bilhões de anos, em um canto peculiar do universo, uma estrela solitária foi escolhida para abrigar um lindo e intrigante planeta. Dizem os antigos que aquela estrela havia sido escolhida por sua temperatura cálida e fraternal, suficiente para que o planeta abrigasse vida. Muita vida…

    Os criadores divinos decidiram gerar quatro planos de existência para esse novo mundo. A principal dimensão, comumente conhecida como mundo material, se chamaria Terra e posteriormente abrigaria milhares de curiosas adaptações como plantas, animais e uma espécie muito especial conhecida como humanos.

    Um outro plano, muito mais sutil, seria uma espécie de irmão menor, dando suporte para o tecido da existência material no planeta Terra. Os reinos de Quintessência seriam o lar de criaturas fantásticas e elementais que trabalhariam incansavelmente para dar sustentação ao meio ambiente. O que o homem iria conhecer como as forças da natureza seria, na verdade, o resultado do constante trabalho dos habitantes de Quintessência. Seriam eles também que manteriam a beleza, a simetria e a harmonia presentes na natureza, servindo de inspiração para muitos humanos.

    Quintessência permaneceria misteriosamente invisível ao plano material, sem interferência direta nas vidas dos seres humanos. Assim foi definido pelos criadores através de um grande tratado que não poderia ser violado, sob pena divina.

    Uma outra dimensão superior seria destinada aos guardiões da lei e da ordem, conhecidos como anjos. Do mesmo modo, um plano inferior, reino das sombras e dos guardiões do caos, seria o lar dos famigerados demônios, constituíndo as forças contrastantes aos reinos dos céus, em consonância à lei da dualidade. Por conta de uma autoridade superior, esses guardiões também não poderiam interferir diretamente na vida dos habitantes da Terra.

    De acordo com uma das principais virtudes, a paciência, deu-se início ao projeto do peculiar planeta. O processo de criação contaria com o esforço de diversas entidades e o despendimento de diversos éons de tempo, necessário para a conclusão dessa grande obra.

    No começo, tudo era poeira estelar. Com o passar do tempo e a subjugação impiedosa das forças físicas, uma enorme rocha começava a se formar. Desta origem, nada sobrevivia, pois o fogo ardente e o magma dominavam toda a realidade. O planeta era mais quente do que todas as fornalhas utilizadas pelos anões de Quintessência combinadas. Um fogo impiedoso, caótico e nefasto que apenas destruía tudo que havia de possibilidade de criação até o momento.

    Mas antes mesmo do surgimento da primeira poeira estelar, o alto conselho havia decidido pela escolha de doze constelações que influenciariam e protegeriam o planeta de qualquer distúrbio desnecessário. Elas formariam uma espécie de panteão cosmológico, e ao contrário do que se pensa, não eram apenas um aglomerado de estrelas, mas entidades divinas conscientes e com forças influenciadoras capazes de alterar o curso de qualquer história planetária, se assim o desejassem. A autonomia havia sido garantida pelo alto conselho às constelações guardiãs, que agora eram responsáveis diretas por todas as dimensões da Terra.

    Na primeira reunião do panteão, foram definidas diretrizes muito bem planejadas de como tudo seria criado e organizado para que a vida pudesse florescer naquele pedaço de rocha incandescente. O primeiro trabalho seria conduzido pelas constelações guardiãs Áries, Leão e Sagitário. Essas entidades divinas comandavam e influenciavam uma legião de criaturas que eram mais adaptadas à realidade dominada pelas chamas. Era necessário muita força e bravura para acalmar e conter o fogo excessivo.

    A primeira guardiã a guiar suas criaturas no plano de Quintessência foi a constelação de Áries. Estes seres tinham um ímpeto grandioso de abrir os caminhos, e a sua bravura já era conhecida por todos pela completa ausência de medo. Destemidos, exploraram todo o terreno em busca de regiões onde o fogo era mais ameno. Muitos morreram pelo caminho, mas nem mesmo a morte parecia abalar seus esforços para concluir os desígnios de Áries. O reconhecimento daquelas terras se fazia indispensável, e só os mais corajosos poderiam executá-lo com esmero.

    Depois de um tempo, entraram em ação as criaturas de Leão e Sagitário. Os primeiros trouxeram consigo as forças harmônicas e simétricas assim como a abundância, responsáveis pelo mais alto grau de organização da matéria. Do ordenamento harmônico surgiria a beleza e a simetria, indispensáveis para a criação do mundo. A ordem era a força que dava vazão para que toda a criação se realizasse sem maiores problemas, já que na ausência dela, apareceriam perturbações e o caos, prezando pela destruição de tudo. Era preciso um equilíbrio e simetria do mais alto refino e em abundância para subjugar a desordem instaurada anteriormente e que não permitia a vida no planeta. Os leoninos traziam consigo as bases fundamentais para o desenvolvimento planetário, e a abundância se tornaria a força dominante dali em diante. Eram os seres mais extraordinariamente belos de todas as criaturas presentes, e o fogo era visto por eles como ouro divino, capaz de aquecer até mesmo os corações mais indiferentes.

    Já os sagitarianos estavam muito confortáveis no ambiente quente das chamas, e sabiam como ninguém acalmar o fogo se utilizando de uma extraordinária destreza. Essas criaturas admiráveis levavam a vida com leveza, sabendo que nada se construía com o peso do fogo ardente, mas era na calidez do amor que se festejava a vida, e eles, mais do que ninguém, sabiam que já era hora de celebrar!

    E foi o que fizeram. No final daquela longa época, conhecida como a era preludial, onde somente as criaturas das três constelações reinavam sozinhas pelo mundo, as celebrações se estenderam por longas durações… Existia, inclusive, uma lenda famosa e muito conhecida em Quintessência sobre uma grandiosa e épica festança que durou por meses a fio! Conhecida como a grande confraternização do braseiro incandescente, elfos do fogo como os nurdukks, navides e os solineis assim como os anões braseiros se encarregaram de receber as mercadorias ofertadas pelas constelações guardiãs e organizaram o que viria a ser a maior festa já realizada na história daquele planeta. Como era o início de tudo, não existiam disputas de território e ninguém era visto como herói ou vilão, todos estavam lá com o único objetivo de ajudar na construção do palco que posteriormente abrigaria plantas, animais e os seres humanos. Por conta disso, o festejo reuniu a todos, incluindo orcs, trolls, salamandras, ogros, goblins, golens, anões, elfos, grifos e inúmeras outras espécies que suportavam altas temperaturas. A abundância trazida pelos leoninos fez o festejo durar o quanto aguentassem, e os anões braseiros aceitaram o desafio. Existe, inclusive, uma data comemorativa nos calendários atuais para relembrar a confraternização do braseiro incandescente e a união de todas as criaturas. Tal egrégora nunca mais fora vista depois que as criaturas do elemento terra embarcaram em Quintessência, e com elas, as disputas territoriais e desavenças por poder, dando início a uma inevitável era de guerras, posses e controle…

    Com as chamas contidas e o fogo controlado, uma nova etapa se iniciava. Outras três constelações guardiãs foram escolhidas para o próximo período, que ficaria marcado como a era da alvorada, pois finalmente o sol teria um horizonte para se fazer notar todos os dias. Touro, Virgem e Capricórnio eram os novos guardiões e regentes do período.

    Tornar o planeta estável, ou menos sujeito às intempéries flamejantes, seria a principal tarefa para todos os seres do elemento terra. Anões pedraduras trabalharam na criação de vales e montanhas além dos metais preciosos, já os gnomos do orvalho se dedicaram à nutrição dos solos, balanceando minerais e compostos orgânicos para dar mais força e vigor às plantas que surgiriam posteriormente. A nobre incumbência de gerar consciência, mesmo que rudimentar, às pedras e aos metais fora dada aos elfos selváticos. Graças a esse singular trabalho e sobretudo à destreza impecável dos elfos, os minerais poderiam evoluir como os seres que eram. Bastaria um longo tempo, um punhado de interações, processos químicos e sua própria consciência para que um pedregulho comum, um dia, se tornasse ouro, e um rústico mineral se transformasse em um belíssimo rubi ou diamante. As pedras tinham seu singular processo de evolução, e principalmente, o impulso para se tornarem uma versão melhor de si mesmos através de um longo tempo. Além disso, sua consciência era associada à força magnética que exerciam, interferindo até mesmo em itens mágicos fabricados com o uso desses minerais. Somente os mais habilidosos ferreiros de Quintessência conseguiam trabalhar com os metais mais raros, como Tymborium e Therumtorium, pois além de suas qualidades químicas e físicas, esses minerais exerciam um magnetismo tão forte e profundo, devido à sua consciência antiga, que acabavam interferindo na sanidade de quem as manipulasse. Armas forjadas com esses metais raros adquiriam características únicas, como a habilidade de se comunicar e criar laços com seus donos, ao ponto inclusive de não se deixarem ser tocadas ou manipuladas por outros seres. Sabe-se que algumas armas, estranhamente, adquiriam vontade própria e sentimentos como coragem, bravura e até mesmo sede de vingança e ódio. Esses tipos de equipamentos eram conhecidos em Quintessência como armas conscientes, tendo inclusive nomes próprios, e eram extremamente raras e valiosas.

    Conta-se que, no início da era da alvorada, um elfo selvático chamado Elrorhyr decidiu aprimorar suas habilidades com as pedras e os metais, isolando-se por décadas no Grande Deserto de Kammalaren. Muitos acreditavam que o elfo não sobreviveria um dia sequer naquele duro e mortal deserto, mas a história foi outra. Elrorhyr se adaptou ao terreno árido, e com isso, teve tempo para desenvolver e aperfeiçoar seu trabalho sem ser incomodado por ninguém. Lá, o elfo encontrou um cristal de coloração violeta tão puro e único que despertou o interesse inclusive dos seres angelicais dos outros planos. O cristal exercia um magnetismo singular capaz de enfeitiçar rapidamente a mente de qualquer um, inclusive a de Elrorhyr. Foi dessa poderosa atração que o cristal demandava do pobre elfo a utilização de sua máxima destreza para se tornar ainda mais potente em consciência. Como um escravo, a criatura selvática não havia notado que se tornara mera ferramenta do peculiar sólido violeta e que cedo ou tarde, pagaria o preço. Quando o elfo já não tinha mais como contribuir, foi acometido à mais profunda loucura, se esquecendo de quem era ou do que fora fazer ali. O singular sólido ficou conhecido como cristal Kammalarin, e agora era dono de seu próprio destino, já que havia adquirido sabedoria – algo único entre os cristais, tamanho o nível que possuía de consciência. Não se sabia ao certo onde este sólido extremamente poderoso estava guardado ou escondido, perdendo-se no tempo, mas se algum dia uma criatura chegar a possuí-lo, não será por sua própria sagacidade, mas sim por escolha e vontade de Kammalarin. Os mais antigos diziam que esse cristal tinha seu próprio propósito e faria de tudo para encontrar seu destino na história dos reinos de Quintessência. Era só uma questão de tempo, o que para os minerais, não era um problema.

    Foram as criaturas das constelações de Virgem e Capricórnio que primeiro colocaram os pés nas chamas, e com muito esforço e organização, resfriaram o magma e começaram os trabalhos meticulosos para criar o chão de terra, os vales e as montanhas. Exigia-se muita seriedade para executar o trabalho necessário, e para isso, os capricornianos elevaram o nível de austeridade e rigor a um outro patamar jamais visto antes. A obstinação pela perfeição e pelo trabalho duro intrigava até mesmo as criaturas do fogo, que acompanhavam tudo de longe e com certa veneração e respeito. Sem a base, nada poderia florescer, e essas entidades sabiam mais do que ninguém a importância no esforço de criação de vastas terras e continentes.

    Para as talentosas criaturas sob o domínio de Virgem, a discriminação e o discernimento foram a realização máxima de suas contribuições para o mundo. Detalhistas, eles entendiam como ninguém como as forças universais deveriam se comportar, e como se estivessem afinando meticulosamente um preciso e refinado relógio, colocaram todo o seu empenho em criar leis e regras que se tornariam mais tarde imutáveis, como por exemplo, a sazonalidade das estações do ano, importantíssimas para o plantio e para a vida como um todo. Veio deles a decisão de separar o verão do inverno entre estações mais amenas como outono e a primavera. Mas eles não se ocuparam somente das sazonalidades. O tempo foi organizado para que os cristais e as pedras tivessem seu processo de evolução bem demarcado, assim como os ciclos climáticos – que ainda não estavam completos, mas as engrenagens já estavam sendo preparadas para quando tudo estivesse finalizado. As distribuições das terras, para que nada ficasse fora do lugar ou em desequilíbrio, também fora administrada e organizada pelos virginianos.

    Foi então que surgiram as criaturas regidas por Touro. Parecia que todos ansiavam pela chegada deles. Mais do que qualquer outra constelação, os taurinos precisavam de muita estabilidade para poder suportar os longos períodos de tempo que permaneceriam por lá, e para isso, comida, conforto e suprimentos eram necessários. Utilizando-se da abundância trazida pelos leoninos ao mundo, os taurinos colocaram essa força a serviço da criação de comodidades e riquezas, como pedras preciosas e cristais de todos os tipos e formatos, além dos minerais que banhavam as vastas terras e serviriam de alimento para as plantas no futuro, melhorando e aumentando, consequentemente, a diversidade e a qualidade dos alimentos. Se hoje temos morangos, ameixas, queijos e ótimos vinhos, esse trabalho se deve aos gnomos do orvalho, criaturas pertencentes à constelação de Touro e obstinadas por comida.

    Quando surge riqueza, a cobiça costuma dar as caras, e foi precisamente isso que ocorreu. Os olhos dos anões braseiros se incendiaram num fogo ardente com tamanha beleza contida nas pedras preciosas. As criaturas do fogo, ávidas por poder, não esperaram os fins dos trabalhos para separar e dominar pedaços vastos de terras e assim manter um pouco dessa riqueza para si. Ocorreram as primeiras disputas, mas nada tão violento ao ponto de abalar a continuidade dos trabalhos, afinal, ainda havia abundância de terras para todos.

    Depois de muito tempo e um árduo trabalho das enigmáticas criaturas que ali se encontravam, as terras já estavam definidas, organizadas e meticulosamente alimentadas para receber mais vida. A era da alvorada chegava ao fim, e com ela, novas surpresas estavam a caminho. Com a chegada dos seres das águas, os povoados de Quintessência nunca mais seriam os mesmos. Regidas por outras três constelações guardiãs, Câncer, Escorpião e Peixes, esse período ficaria conhecido como a era das linhagens.

    Pela primeira vez, o planeta servia de receptáculo para o líquido mais importante no desabrochar da vida, a água. Por conta da abundância trazida pelos leoninos, esse precioso líquido já estava correndo entre veios rochosos profundos e os mais longínquos vales de Quintessência. Logo no início, rios, lagos e até mesmo enormes oceanos estavam abraçando as terras secas, levando fartura e alegria para todos. Os mais ativos nesse começo foram as criaturas influenciadas pela constelação de Peixes, que traziam consigo a esperança e a renovação através das águas puras e cristalinas. O frescor aliviava a tensão do solo e diminuía ainda mais a influência incandescente do magma e do fogo. O equilíbrio entre as forças já era percebido por todos os povos. A vida ficaria menos dura e áspera… O amor se sentia de longe, nas mais longínquas regiões de Quintessência.

    Mas o mundo se transformaria ainda mais com a chegada dos seres escorpianos e cancerianos. Os primeiros trouxeram consigo os hidroelfos, criaturas que decidiram pelo exílio e pela discrição desde o início, mas seu trabalho se fazia sentir por todas as regiões. Esses elfos de pele azulada dominavam com maestria todas as forças das águas mais profundas e lodosas. Onde a luz não conseguia penetrar, o mistério e o desconhecido reinavam, e foi nesses ambientes que os elfos identificaram pela primeira vez a magia e os encantamentos existentes em Quintessência.

    Contam que até a chegada dos hidroelfos, os povoados desconheciam o poder e as influências mágicas. Essas forças penetravam o oculto e o desconhecido utilizando-se da fluidez da matéria, e ninguém, com exceção dos hidroelfos, sabia da sua existência até o momento. Essa poderosa força utilizada por magos, bruxos, necromantes e feiticeiros nos dias atuais não existiria se não fosse o trabalho minucioso dessas criaturas escorpiânicas.

    Na oitava lua minguante do octogentésimo ano depois da descoberta das forças mágicas, onde muitas das criaturas das águas já se encontravam confortavelmente administrando os mares e rios, os hidroelfos decidiram reunir seus mais talentosos e sábios estudiosos em um conselho celebrado como Magus Mundi. Lanariel, uma das mais sábias de seu povo, havia feito uma descoberta incrível até mesmo para os elfos ali presentes. Ao manipular com fluidez os elementais e se utilizando de uma linguagem ancestral divina conhecida como viharianu, pouco compreendida pelas criaturas de Quintessência, era possível alterar a matéria ou até mesmo a realidade em seu entorno. O fato intrigou a todos. O assombro e a perplexidade dos estudantes naquela reunião eram evidentes depois que Lanariel executou uma simples magia irradiando luz de um orbe que aparecera espontaneamente em sua mão. As informações daquele conselho logo se espalharam por todas as regiões, e os hidroelfos, temendo que aquele conhecimento caísse em mãos erradas, acabaram se isolando em uma das mais belas e inacessíveis florestas de todos os reinos, Durann’dil.

    Antes dos cancerianos, o senso de coletividade e união ainda era bem rudimentar, e apenas pequenas vilas povoavam as regiões do mundo. Foi com a conscientização trazida pelos seres da constelação de Câncer que a família começou a adquirir mais peso, e com ela, as questões de genealogia, etnia e castas formaram as casas. Tudo isso facilitava muito mais a administração e organização dos recursos dos grupos que ainda viviam desordenados em vilas rudimentares, mas trouxe também o poder para Quintessência. A família também era importante para o ascenso evolutivo dos espíritos, pois o convívio entre diversos indivíduos fortalecia laços e criava novas histórias para o bem da evolução espiritual coletiva. Agrupar as criaturas também trazia um senso de dever para melhorar o entorno de toda a comunidade, e isso fazia com que o progresso material, que também era importante nesse intrincado enigma que é a existência, fosse acelerado e tivesse algum propósito mais claro. Caso contrário, muitos se desviariam de seus reais caminhos ou sucumbiriam à selvageria, sem medo de que sua comunidade fosse atingida por seus atos. Prudência, uma virtude trazida pelos cancerianos, também se tornaria uma força importante nas relações entre as diversas linhagens e famílias.

    As casas mais nobres e poderosas, que detinham as melhores terras e uma quantidade abundante de riquezas e recursos, ditavam os poderes da região. A época dos reis surgia no horizonte, e as disputas territoriais se tornariam cada vez mais violentas. Não era só o homem que sucumbiria ao poder e a ganância. Essa força poderia corromper os corações até mesmo das mais admiráveis criaturas de Quintessência. Era um duro teste para todas as espécies conscientes do planeta. O poder é uma força dualista: se bem empregada, ela poderia operar milagres, mas o contrário também traria miséria e pobreza, mesmo em um meio com abundância de recursos.

    No final da era das linhagens, as disputas territoriais se tornaram tão constantes e violentas que perturbariam até mesmo os planos angelicais e demoníacos. Por conta disso, foi determinado pelas forças superiores que as terras seriam divididas em grandes regiões. As criaturas de fogo ficaram com as terras ao norte, uma região montanhosa e árida, lar de imensos vulcões ativos e rios de lava.

    As entidades terrenas se agruparam ao oeste, entre o Grande Deserto de Kammalaren e os mais belos bosques dos reinos de Quintessência. As terras eram férteis, os rios cristalinos e muitas flores e plantas abundavam naquela região conhecida como a Floresta Áurea, pois dependendo da estação do ano e da inclinação dos raios de sol, o bosque parecia ser banhado inteiramente por ouro, tamanha beleza, paz e harmonia.

    A leste, os seres regidos pelo elemento água já habitavam quase que inteiramente o Arquipélago das Ondinas por conta das próprias ninfas das águas, as ondinas, e também dos hidroelfos, e acabaram por tomar este conjunto de ilhas por completo como reduto e novo lar.

    E assim se dividiram as terras dos reinos de Quintessência, marcando o fim da era das linhagens e dando início à época da sublimação.

    Quando os seres do ar se deram conta de que já havia disputas territoriais em Quintessência, logo trataram de interferir o mínimo possível. Ao avistarem um conjunto de ilhas ao sul, que aparentemente estavam esquecidas por sua aridez e poucas riquezas, decidiram migrar para essa região. O arquipélago, até então sem nome, tornaria-se a nova morada dessas exuberantes entidades para sempre.

    Uma das criaturas mais abundantes entre os seres regidos pelo elemento ar eram as fadas oriannas. Inicialmente, elas embarcaram em Quintessência sob o domínio da guardiã Gêmeos, a primeira das constelações do elemental ar. Libra e Aquário viriam logo depois. Essas diminutas criaturas com asas transparentes de libélulas, fisicamente parecidas com elfos, belíssimas e de traços encantadores, foram responsáveis por um trabalho no mínimo admirável e impressionante. Como elas viviam normalmente em lugares altos, como os cumes de montanhas ou nas copas de árvores, sua adaptação em terra firme foi extremamente difícil. E embora as outras espécies conseguissem se adaptar melhor ao terreno, elas também enfrentavam grandes dificuldades. Percebendo que seu povo e seus aliados não estavam confortáveis naquele ambiente, elas se uniram como um enorme enxame de abelhas decididas a mudar o destino de todos.

    Fadas oriannas têm um raro poder de sua natureza mágica. Ironicamente, essas diminutas criaturas podem invocar os gigantescos e temidos elementais do ar através de sua linguagem musical. Naquele dia, algo praticamente incompreensível, até mesmo para as criaturas regidas pelo elemento ar, estava ocorrendo diante de milhares de espectadores. Em um uníssono e belo coral, as milhares de fadas cantarolaram uma espécie de mantra. Alguns disseram que o som era tão vibrante que acabou enfeitiçando peixes e lulas e até mesmo criando grandes perturbações na superfície calma do Mar Tênue.

    Daquele coro mágico, inúmeros elementais do ar apareceram quase que instantaneamente. Os ventos eram muito fortes, o que acabou assustando diversas criaturas, mas o fascínio era ainda maior, e todos que estavam ali, naquele dia, aguardavam ansiosamente por um desfecho daquele evento único que estavam presenciando.

    Os milhares de elementais se ordenaram linearmente contornando todas as ilhas do arquipélago, e em um dado momento, algo mágico e extraordinário começou a ocorrer. A maior de todas as ilhas começou vagarosamente a se mexer. Uma ilhota ao lado trepidava lentamente fazendo com que pequenas rochas rolassem pelo chão. Aos poucos, todo o arquipélago estava levitando pelas forças dos elementais. Porções de terra despencavam dos céus, e a água dos rios acabava criando uma espécie de cachoeira mágica nas bordas dos terrenos. Uma enorme névoa de vapor d’água surgiu, dando um ar místico a toda a cena. Grande pedaços de terra flutuavam como se não existisse peso algum.

    Algumas ilhas estacionaram a oitenta metros do mar, outras se elevaram ainda mais. Um dos maiores pedaços de terra permaneceu numa altura de quase novecentos metros. Quando todo o arquipélago estava estacionado, permanecendo imóvel acima do Mar Tênue, as fadas mudaram o mantra, e os elementais de ar iniciaram uma espécie de fusão entre eles. De milhares, passaram a pouco mais de algumas dezenas, tornando-se maiores e mais fortes. Essas novas criaturas se estabeleceram logo abaixo das ilhas levitadas e ali permaneceram. Por ordem das fadas, esses elementais não só manteriam as ilhas suspensas pela eternidade, como seriam também guardiões ocultos prontos para proteger o arquipélago de qualquer invasão.

    Logo após todo o magnífico evento, o conjunto de ilhas receberia o nome de Arquipélago Elevado e seria o lar de todas as criaturas regidas pelo elemento ar. Quando aquelas terras emergiram no horizonte do Mar Tênue, essas criaturas sabiam que encontrariam ali a tranquilidade eterna que precisavam. Por estar flutuando em águas profundas, seu acesso só era possível voando ou flutuando. Além disso, para se locomover entre as ilhas, se fazia necessário dominar os ventos fortes da região. Qualquer um que resolvesse invadir o arquipélago teria que enfrentar dezenas ou talvez centenas de elementais do ar, os guardiões eternos, o que não era uma tarefa fácil. Outro ponto importante era a visão que dispunham por conta da elevação de suas ilhas. Era possível enxergar por quilômetros, e em dias de céu limpo, se avistava o continente. Qualquer estrategista bélico saberia que a logística e os números despendidos para uma invasão daquele porte anulariam qualquer chance. Por conta disso, o Arquipélago Elevado era considerado a única região dos reinos de Quintessência onde a paz reinaria eternamente. Pelo menos é o que todos acreditavam…

    Com a chegada das criaturas librianas, e mais especificamente os elfos dos altos ventos, o mundo passou a receber as forças do amor, da empatia, da conciliação e do equilíbrio, mas a maior influência se deu no campo do senso de justiça e moral de todas as criaturas dos reinos. Até antes da chegada deles, o senso ético era extremamente dúbio, para se dizer o mínimo. Os instintos mais selvagens e sombrios ainda eram dominantes, e seria refinado com a ajuda das criaturas da constelação de Libra. A dualidade, uma das principais forças do universo, se tornaria ainda mais evidente e mais profunda, sobressaindo-se até mesmo da noção básica de bem e mal. Tornou-se ainda mais preponderante a ideia de que até mesmo o mal estaria a serviço do bem, e que na verdade, eram polos da mesma força. Uma necessitava da outra. Claro que o equilíbrio também precisava ser respeitado, caso contrário, seria realizado o que fosse necessário para restabelecer essa estabilidade de forças.

    Cada ação má ou boa desempenhava sua função ou o seu papel no jogo da existência. Os que executavam essas ações vistas como maldosas, por exemplo, eram apenas criaturas que vibravam ou tinham a mesma ressonância com as sombras, e sua função não deixava de ser menos necessária. Além disso, criaturas com consciências mais expandidas, como os elfos dos altos ventos, entendiam que não existiam vítimas na história.

    Mas mesmo com essa noção mais profunda, essas criaturas ainda cometiam ações violentas por disputa de terras e riquezas, e o poder era demasiadamente sedutor para ser deixado de lado. Assim como seria com os humanos, todos os seres de Quintessência também estavam lá para progredir e evoluir. Os librianos apenas ampliaram um pouco mais a consciência coletiva, e claro, cada indivíduo ou espécie compreendia mais ou menos essa sabedoria, devido ao seu grau evolutivo. Os elfos baladrins já estavam quase na iminência do ascenso para outros planos mais elevados, mas ainda tinham poucas coisas para resolver em Quintessência. Já os ogros eram considerados praticamente os últimos nessa escada evolutiva, sucumbindo completamente aos seus instintos mais selvagens.

    A influência da constelação de Aquário praticamente mudou e potencializou ainda mais as forças mágicas e dos encantamentos, quando eles gozaram desse conhecimento em uma breve aliança com os hidroelfos. Vanguardistas por natureza, ao entenderem como tudo funcionava, e dominando como ninguém a fluidez do ar, eles tinham o melhor ambiente para o treinamento e aperfeiçoamento dos processos mágicos. A contribuição nessa área foi impactante. Além disso, eles eram muito interessados por ciência, tecnologia, invenções e descobertas que também contribuíram imensamente para a melhora nas condições de vida de todos.

    Algumas das criaturas mais genuínas e excêntricas da constelação de Aquário eram os gnomos forjadores de metais, notórios mecânicos e engenheiros, eram alguns dos únicos que conseguiam desenvolver e modificar armas com engaste para cristais e pedras com poderes. Eles tinham muito orgulho de suas invenções, como os veículos para a locomoção na água, terra ou ar, que eram cobiçados por muitos. Suas engenhocas eram requisitadas, e com isso eles acabavam adquirindo muito ouro e riquezas, como também reconhecimento e prestígio por suas invenções em toda Quintessência. Esses pequeninos conseguiam conviver em todo tipo de ambiente e se davam bem com qualquer criatura, desde que não representasse um risco para eles. Sempre bem-humorados e gentis, conseguiam alianças das mais variadas, o que facilitava na hora de adquirir peças ou metais raros. Eram também exímios negociadores… Como dizia o ditado: se você acha que foi enganado por um gnomo forjador de metal, é porque de fato você foi enganado…

    No final da era da sublimação, tudo havia sido pensado com carinho e nos mínimos detalhes. Fora necessário um longo tempo até que os reinos de Quintessência estivessem em conformidade com o idealizado inicialmente e que as influências das doze constelações guardiãs se fizesse presente em todo o reino. O plano da Terra já estaria pronto para receber o respingo de vida e dar início à evolução no planeta. As criaturas de Quintessência sabiam do papel fundamental que iriam desempenhar, e que sua interferência no mundo humano seria sutil, permanecendo oculta, misteriosa e encoberta pelo véu da ilusão.

    Uma imensa ilha triangular foi erguida a pedido dos anjos e com o consentimento dos demônios. Nessa ilha, a exuberante cidade de Un’n, a única grande capital existente até o momento, foi construída com o propósito de ser o lar comum para as diversas espécies, sendo administrada e assegurada pelos Guardas Alados, responsáveis por manter a paz. Un’n significa a paz universal na língua dos anjos.

    Mas antes das finalizações da grande obra, como em um último ato do panteão das constelações guardiãs, foi decidido que algumas criaturas exóticas e poderosas seriam enviadas para os reinos de Quintessência como uma espécie de lembrança de que os guardiões estariam sempre a observar tudo e a todos. Esse evento ficou conhecido como a vigília das guardiãs, um marco que sinalizava o fim do Éon Quinteano e o início da era da vigília e o surgimento de um novo éon conhecido como Guardiano.

    O tempo impiedoso faz com que até mesmo grandes seres místicos e suas influências sejam esquecidas, tornando-se apenas lendas em livros empoeirados, e as guardiãs estavam dispostas a evitar esse esquecimento.

    Em um domingo, na celebração do dia do Sol, as criaturas de todos os cantos dos reinos observaram atônitas o inimaginável. Entre as nuvens e o brilho do sol forte, enormes fendas começaram a emergir em diferentes regiões, como se um feitiço desconhecido tivesse sido lançado aos céus. Eram rasgos que interferiram diretamente no véu de existência daquele plano. O pavor tomou conta, e muitos não tinham a menor ideia do que estava acontecendo.

    Foi então que a primeira criatura surgiu, carregando chamas ardentes. Seus olhos brilhavam como fogo fulgurante. Mas foi quando deu o primeiro rugido que todos entenderam o seu incrível poder magistral. As terras férteis da floresta Áurea tremeram como um grande terremoto. Todos ali presentes se esconderam petrificados de medo. Suas enormes asas e suas escamas avermelhadas reluziam por todo o céu. A enorme criatura sobrevoou uma vasta região do continente sem demonstrar qualquer tipo de cansaço, e por onde passava, hipnotizava quem estivesse próximo. Seu feitiço não era páreo nem mesmo para os mais evoluídos elfos da região, que eram atormentados pela criatura mágica, sem tempo de reação.

    Logo depois, outra entidade do mesmo tamanho, mas com escamas douradas surgia nas terras quentes ao norte. O horror era evidente no semblante de todos. Mais tarde, próximo ao Arquipélago Elevado, surgiria a terceira criatura. De escamas pretas e olhos verdes cristalinos, a imensa besta demonstrava ser indiferente a todos que a observavam, tratando-as como formigas insignificantes.

    Durante todo o dia, as mesmas entidades aladas iam surgindo dos rasgos nos céus, cada uma com uma coloração única e habilidades e feitiços diferenciados. Nenhuma delas atacou os cidadãos dos reinos de Quintessência ou causou qualquer prejuízo e uma a uma, foram sumindo no horizonte em busca de abrigo entre montanhas, cavernas, florestas e até mesmo o fundo do mar. No total, foram doze seres alados, cada um representando uma constelação guardiã, e que depois vieram a ser conhecidos como os dragões.

    Dos doze dragões, alguns pendiam mais para as sombras, outros miravam a luz com sua sabedoria e virtudes, dispostos inclusive a proteger os aldeões de todos os reinos. O balanço de forças era bem equilibrado e se manteria assim pela eternidade.

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