"A Alegria da Casa": higiene e história dos costumes no Segundo Império
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"A Alegria da Casa" - Iranilson Buriti
A Alegria da Casa
:
higiene e história dos costumes no Segundo Império
Iranilson Buriti
Iranilson Buriti
A Alegria da Casa
:
higiene e história dos costumes no Segundo Império
São Paulo
e-Manuscrito
2022
Ficha1Ficha2Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico),
pela bolsa de produtividade em pesquisa, sem a qual esta pesquisa não teria sido possível.
Ao Rei consagro o que compus!
PREFÁCIO
Em prol da Alegria da Casa:
escritos, mulheres e sensibilidades
Enfrentando o desafio de rastrear o passado vislumbrando novas perspectivas e possibilidades que o professor Iranilson Buriti compôs seu livro A Alegria da Casa
: higiene e história dos costumes no Segundo Império, no qual revisita a obra da missionária inglesa Sarah Kalley intitulada A Alegria da Casa
(edição de 1866), sobre a qual o autor declara:
Voltado para o público feminino, este pequeno livro é elaborado com um vocabulário simples, com exemplos práticos e cotidianos, com reconhecimento de práticas do domínio público, com uma estrutura narrativa que facilita a comunicação entre autor e leitor. É importante frisar que, na ausência de médicos com formação acadêmica, tais escritos contribuem para a circulação de ideias sobre o pensamento higienista e civilizatório
da época. É um dispositivo pedagógico que funciona, também, como um manual de boas maneiras, um código de bom-tom, um receituário de padrões de boa conduta
.
Iranilson se revela um exímio conhecedor do ofício de historiador ao investigar aspectos ainda pouco explorados, dessa forma, abre perspectivas inovadoras, desvelando silêncios, preenchendo lacunas, abordando novos temas e questões que envolvem práticas culturais cotidianas (habitus) do Segundo Reinado. Através da sua leitura sensível e análise apurada, o autor recompõe práticas, recupera protagonistas (particularmente os femininos) e remonta cenários, possibilitando novos subsídios para desvendar o passado.
Inserindo-se numa perspectiva da história da cultura da escrita, Iranilson observa a obra da Sarah Kalley como num dispositivo pedagógico que contempla discursos moralizadores ancorados em ideias e práticas de disciplinarização e higienização. Discursos esses que foram elaborados, difundidos, (re)apropriados e (re)utilizados reforçando aconselhamentos doutrinadores e modelares voltados para a mulher-mãe nas suas práticas cotidianas. Contemplando aconselhamentos sobre organização dos espaços domésticos, observando os cuidados de si
(como cuidar do corpo, se higienizar, embelezar, vestir), controlando e construindo gostos e sensitividades (olfato, olhar, paladar, audição), adentrando as intimidades e sensibilidades (docilidade, carinho, esperança, recato, virtudes e preceitos de moral).
Como um manual de boas maneiras, A Alegria da Casa abordava os temas mais diversos, voltados principalmente para o sexo feminino, dando ênfase aos espaços da casa, aos cuidados na alimentação, a temas relacionados à higiene da pele, boca, rosto, nariz, olhos, cabelos, mãos, unhas, vestuário e precauções com o sono e com o quarto de dormir.
Assim sendo, a circulação e recepção dessa obra voltada para o público feminino (também adotada nas escolas) reproduzia práticas culturais, um savoir-vivre, difundindo habitus, entendido como
Um sistema de disposições duráveis e transponíveis que integram experiências passadas, funcionando a cada momento como uma matriz de percepções, de apreciações e de ações - e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às transferências analógicas. (BOURDIEU, 1983, p. 65)
Investigador incansável e meticuloso do passado, o autor utiliza-se desse documento-base precioso e, com essa evidência, estabelece um diálogo analítico que possibilita uma interpretação única, primorosa, plena de significados, desvelando o dito processo civilizatório
(Norbert Elias) explicitado na obra, que articulava preceitos considerados de modernidade e progresso. Tendo como
[...] preocupação nesta pesquisa problematizar a maneira como circulou o discurso médico na cartografia familiar, na esfera religiosa e na geografia escolar do século XIX. Dessa maneira, procuramos fazer uma história da formação dos sujeitos femininos alvos dos discursos médico-higienistas, da produção de suas identidades, de suas sensibilidades, de suas construções discursivas. Sujeitos sem nomes, sem rostos, sem corpos definidos pela missionária Sarah Kalley. São apenas mulheres, mães, crianças.
Entre outras virtudes já apontadas, o texto proporciona uma leitura envolvente, fundamentada numa análise prestimosa, acrescida da erudição e sensibilidade do narrador. Recomendaria ao leitor se deixar levar numa viagem ao passado, tendo o autor como um guia nesse desafio de descobrir os segredos ocultos.
Boa leitura!
Maria Izilda S. Matos
SP, 15/março/2022
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
PRIMEIRO CÔMODO - A Alegria da Casa Imperial
SEGUNDO CÔMODO - Curai enfermos, ressuscitai mortos...
Vestindo-se para uma nova vida
Higiene das coisas miúdas
TERCEIRO CÔMODO - Arquitetura e arquitetos familiares
Vigiai os enfermos... e os seus curadores
ESTE NÃO É UM CÔMODO - Educação e controle médico
APONTAMENTOS METODOLÓGICOS - Algumas considerações
POSFÁCIO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este texto nasceu de um desejo muito particular: estudar o corpo feminino educado e proscrito pelo saber médico no século XIX, particularmente a partir de 1860. Nasceu do entrecruzamento entre pesquisas e opções religiosas, pois me encantou os escritos de uma missionária protestante inglesa que aportou no Brasil na segunda metade do Oitocentos e que contou com as experiências de escrita, leitura e docência para fins de evangelização e serviço de colportagem. Este texto nasceu da fusão entre a