Enxugarei As Lágrimas Da Lua Com Um Lenço De Luz
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Enxugarei As Lágrimas Da Lua Com Um Lenço De Luz - Gisele De Marie
Gisele de Marie
Enxugarei as
lágrimas da lua
com um lenço de luz
ficha.jpgPrefácio
Este livro é um conjunto de poemas e textos poéticos escritos ao longo de minha vida até aqui.
Ele traduz muito do que sinto, penso, vejo, ouço e aprendo pelo caminho que me cabe trilhar.
É dedicado à minha família, amigas, amigos, a todas as pessoas que se identificarem com algumas das palavras destas páginas e, especialmente, às mulheres que me deram a luz até aqui e a quem sou imensamente grata: minha mãe, Alzira Maria, minha avó Alzira Augusta, minha tia avó, Maria Divar, irmã Daniele Marie, minha tia, Antonia Silvia, minha prima Silvia Helena, minha primaFabíola; minha amiga Virginia Woolf, inúmeras amigas que, como ela, lutaram por mim antes mesmo de eu nascer, outras inúmeras amigas que continuam, atualmente, em todo o planeta, o sonho do mundo melhor, livre, fraterno, igualitário com respeito à diversidade, em paz para todos; minhas petites sisters Therésè de Lisieux e Bakhita; uma certa estrela iluminada que invadiu meu coração e sempre me inspira lindamente; e, sobretudo, minha rainha, mestra, mãe, melhor amiga, Maria. Agradeço amorosamente a todas elas pela luz, pela integridade, pelos exemplos de força e coragem, pela solidariedade, por todas as coisas boas e belas com que me brindaram, bem como a todas as pessoas que de alguma forma me ajudaram para que esse livro pudesse existir. E agradeço infinitamente, acima de tudo, ao/à Deus/a que me criou, me deu a vida, as pessoas que amo e tudo que sou, que me ensina todos os dias sobre o Amor e o que realmente importa, e que vive a colocar-me, com todo cuidado, debaixo de suas asas de Ternura e Sabedoria, mesmo quando fujo, ou caio ou me escondo. A Ele/a entrego este livro e tudo que me diz respeito.
A Autora
Asè Editorial Normal Asè Editorial 2 1 2015-02-17T17:46:00Z 2015-02-17T17:46:00Z 1 265 1431 11 3 1693 15.00
Casa Comigo?
Com olhar profundo perguntou a poesia à poetisa:
Casa comigo? Te dou asas, sonhos lindos e alma atrevida,
do tipo que vê o invisível, conhece o riso das coisas, mas também rejeição, solidão e feridas...
do tipo que sabe da fragilidade das armaduras e escolhe ser insuportavelmente amiga...
do tipo que se põe abertamente a defender gente indefesa e oprimida e é a primeira a ser atingida...
do tipo que tem coragem de achar ridículo o mal e suas maquinações absurdamente banais,
mostrando-lhe a língua divertida e gotas mágicas de estrelas de amor que jamais serão vencidas...
E a menina apenas ouviu, sem ideia sequer do que pensar ou dizer diante de noiva tão irresistível e destemida...
Séc XXI
Eu vi estrelas cadentes indignadas com tantos pedidos dementes.
Eu vi guerras insanas, intolerâncias desumanas,
que continuam a acampar por todo lado, como ciganas.
Eu vi anjos pelos escombros e ruas alarmantes,
Chorando sob a sombra dos cogumelos gigantes.
Eu vi crianças num canto do planeta brincando,
e, num outro, escandalizadas e massacradas.
Eu vi mulheres livres em alguns países
e, em outros, violentadas e todas escravas.
Eu vi homens, das mais variadas cores e raças,
cometendo atrocidades até em inofensivas praças.
E vi outros tentando detê-los, lutando pela paz,
sacudidos pela misteriosa força dos ideais.
Eu vi a estupidez vulgar e deplorável,
a ausência de qualquer princípio consciente,
de qualquer desejo e sentido alado,
alimentando boa parte da juventude
– que quase já não voa nem é inocente.
Eu vi os que sentam nos tronos,
seus exércitos e políticos inclassificáveis,
servindo à covarde indignidade.
Gastos trilionários com armas e banalidades.
E quase nada com bem comum, partilha e solidariedade.
Eu vi a fome, a miséria, a opressão, a ganância,
o estigma, a crueldade, a ignorância,
espalhados por todas as terras e regiões planetárias.
Educação caótica, palavras e valores deturpados,
História desconhecida ou distorcida,
mentiras aceitas, convencionadas e sacralizadas,
desigualdades naturalizadas e globalizadas,
gentes e povos viciados – quase inteiros –
em máfias, poder, competição, carnaval, futebol, dinheiro,
mercados selvagens, jogos eletrônicos homicidas emaneiros
,
sexo sem nexo, alcool, crack e seus companheiros
– e toda espécie de droga alienante...
Eu vi muitos dos que falam em nome de Deus,
tanto nas igrejas e religiões quanto fora delas,
completamente esquecidos do principal,
compactuando com tudo que dizem ser mal.
Habitados por mesquinharias, preconceitos, histerismos,
reticências, desconversas, meias palavras, chauvinismos,
invejas, insinceridades, desamores, sermões obtusos,
desconfianças, julgamentos velados, rejeições absurdas...
E poucos, muito poucos, realmente amando o Amor,
partilhando das dores da criatura e do/a Criador/a,
sonhando com o fim disso tudo, com o religare
,
adorando em Espírito, Paz e Verdade.
Eu vi muitos filhos e filhas do pensamento e da arte,
protagonizando o ridículo espetáculo da inverdade,
do entediante sarcasmo, da leviana vulgaridade,
da narcísica egolatria, da cega vaidade...
E uma minoria – impressionante, genial, corajosa, coerente
– sendo diferente, nadando contra a corrente,
ousando criar obras genuínas, resplandecentes
da integridade mais lúcida e pura.
Eu vi o homem num foguete indo à lua,
espantado com o universo imenso e desconcertante,
mas teimando em não notar o Universo
muito mais espantoso que é um seu semelhante.
Eu vi o materialismo imperar vastamente,
embora a matéria seja passageira tão obviamente.
Eu vi gente que não acredita no Céu,
embora a Terra seja tão azul transcendente.
E que não acredita em Deus/a e em seu anel,
embora a Aliança e os milagres resistam valentes.
Eu vi milhares de pessoas vivendo
como se a morte não existisse,
e outras, como se a qualquer hora partissem.
Eu vi almas totalmente destruídas,
e outras, belamente construídas.
Eu vi que prefere a humanidade
acreditar em tudo, menos na verdade.
Eu vi que sou estrangeira onde nasci.
E vi que, apesar de tão dolorosa realidade,
a Esperança reina em mim mesmo nas tempestades,
e também naqueles que são minhas irmãs e irmãos,
dizendo-nos com força irresistível:
"Outros tempos virão!
Pois o Verbo não se encarnou nem venceu a morte
por todos vós, em vão!"
Prece à Sabedoria
À Face Feminina de Deus
Dá-me, Espírito de Sabedoria, a Luz que vem de Ti.
Inspira-me com o teu Amor, invade-me com a tua Ternura.
Presenteia-me com toques do teu Senso de Humor.
Lava-me com tua Pureza. Livra-me de toda amargura.
Tem compaixão de meus medos e tristezas.
Envolve-me em tuas asas de Liberdade
Toca-me com tua surpreendente Singeleza.
Infunda-me a tua Fraternidade, cativa-me com a tua Delicadeza.
Vem até mim, Espírito de Sabedoria!
Não me deixes jamais! Concede-me a tua Paz.
E não permitas que eu me guie sozinha.
Perdoa-me pelas vezes que te abandonei ou te machuquei.
Perdoa-me por todos os instantes em que te decepcionei.
Leva em conta que sou pequena e pobre.
Que nada sei e quase nada sou,
mesmo quando me iludo e pareço esnobe.
Lembra que, apesar de miserável, te amo com amor inefável.
Minúsculo em comparação com o amor que merecias,
porém, grande, se olhares pro irrisório coração que recebi um dia.
Ah, Espírito da Sabedoria, quero ser louca por Ti!
Faz-me