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Repensando O Espiritismo
Repensando O Espiritismo
Repensando O Espiritismo
E-book239 páginas2 horas

Repensando O Espiritismo

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Sobre este e-book

O livro apresenta uma visão crítica construtiva acerca do Espiritismo, com ênfase para diversos desvios que o afastam da contribuição original de Kardec e da moral de Jesus e o conduzem em direção a posturas dogmáticas e etnocêntricas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de abr. de 2016
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    Repensando O Espiritismo - Robson Gonçalves E Artur Amorim

    Repensando o Espiritismo

    Contribuição para seu avanço em nosso tempo

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    2

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    Repensando o

    Espiritismo

    Contribuição para seu avanço em

    nosso tempo

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    Primeira Edição

    Edição dos Autores

    São Paulo, 2016

    3

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    4

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    À memória de Dona Tânia Amorim

    À memória de Ana Graça dos Santos, tia Nini,

    por meio da pessoa de seu filho, Edinho

    5

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    6

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    O Espiritismo começou com Kardec,

    mas não terminou com ele.

    Seus ramos crescem e dão novos frutos,

    apoiados na velha estaca do Cristianismo.

    Quando chega o tempo, é preciso

    saber se dedicar à colheita, mas também à poda.

    7

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    8

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    É dado ao homem conhecer o princípio das coisas?

    "Não. Deus não permite que ao homem tudo seja

    revelado neste mundo."

    O Espírito da Verdade in O Livro dos Espírito

    "Caminhando de par com o progresso, o

    Espiritismo jamais será ultrapassado porque, se

    novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro

    acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria

    nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a

    aceitará."

    Allan Kardec in A Gênese

    "Discernimento não é simples adorno. Antes de

    criticar as instituições espíritas que julgue

    deficientes, contribuir, em pessoa, para que se

    ergam a nível mais elevado."

    André Luiz in Conduta Espírita

    9

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    10

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    Nota prévia sobre a autoria dessa obra

    Esse é um trabalho em coautoria que resume,

    literalmente, anos de troca de ideias.

    Cartas, leituras compartilhadas, discussões sobre a

    Doutrina, a crítica literária do Novo Testamento, cristologia,

    impressões trocadas a respeito da forma de condução de

    algumas casas espíritas e a postura de alguns médiuns que

    parecem acreditar que se pode mercadejar os dons da alma.

    Como resultado, não há uma única página que não tenha

    sido objeto de reflexão conjunta, longa e madura.

    Ainda assim, a composição da obra teve sua própria

    divisão do trabalho. O texto principal é essencialmente de

    autoria de Robson Gonçalves. Mas foi amplamente

    comentado e criticado por Artur Amorim. As ideias mais

    originais deste último, incorporadas ao texto, foram

    apontadas em notas de rodapé quando foi necessário. Mas

    essas notas não fazem justiça à contribuição do segundo

    coautor ao longo da caminhada que resultou na presente

    obra.

    Já o posfácio segue a lógica contrária. Foi escrito

    originalmente por Artur Amorim e editado por Robson

    Gonçalves.

    Indiscutivelmente, esta é uma despretensiosa obra

    plural.

    11

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    12

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    Conteúdo

    Nota prévia sobre a autoria dessa obra ............................. 11

    Prefácio dos autores........................................................... 15

    1. A agonia das religiões ................................................. 23

    2. Autoaplicação da visão religiosa espírita ................... 33

    3. O antiespiritismo espírita ........................................... 43

    4. A dúvida como método .............................................. 55

    5. Cristianismo e Espiritismo .......................................... 75

    6. Visão espírita dos Evangelhos .................................... 91

    7. Jesus de Nazaré ........................................................ 119

    8. À sombra do dogma ................................................. 143

    9. Posfácio .................................................................... 163

    13

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    14

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    Prefácio dos autores

    O fenômeno espírita é antigo e disseminado. Mas, do

    ponto de vista contemporâneo, o Espiritismo é, sem dúvida,

    a religião dos espíritos, pois foram eles que se manifestaram

    e trouxeram os elementos da nova revelação, sistematizados

    de forma lúcida pelo codificador. Mas, contrariamente, o

    Cristianismo não é a religião de Jesus de Nazaré. Esta foi

    uma crença criada por seus adeptos e que tomou forma entre

    o ano de sua morte e a grande era dos concílios, iniciada no

    século IV.

    Ainda assim, o Espiritismo surgiu em meio à

    cultura cristã da França do século XIX e cresceu à sua

    sombra, como uma parreira que se apoia em uma velha

    estaca. Mais do que isso, muitos de nós, espíritas,

    provavelmente estamos vivendo a primeira de nossas

    encarnações em meio a uma crença reencarnacionista.

    Nossa herança kármica está carregada de valores,

    experiências e sentimentos dogmáticos originados nas

    15

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    velhas tradições cristãs do ocidente. A encarnação apaga a

    memória factual, mas preserva parcela expressiva da

    memória afetiva, aí incluídos os sentimentos religiosos,

    esses autênticos arquétipos que transcendem as fronteiras

    entre os planos e entre as encanações.

    Isso significa que muitas das velhas crenças cristãs

    que se desviaram flagrantemente dos ensinamentos de Jesus

    ainda estão presentes em nós e contaminam a prática e a

    vivência espíritas em nosso tempo. Dizer que o Espiritismo

    é o Cristianismo redivivo levanta mais dúvidas que

    respostas. Qual Cristianismo? Aquele da moral de Jesus,

    ensinada em um contexto judeu da antiguidade, mas

    carregada de universalismo? Ou o das crenças de Paulo, um

    apocalíptico que despreza a importância das boas obras e

    afirma que a salvação decorre da crença na morte e

    ressurreição do seu Cristo, prenúncio do fim dos tempos? (I

    Coríntios 15:16-22). Ou aquele da visão trinitária do Evangelho de João, cujo texto foi amplamente editado pelos

    cristãos da Ásia Menor, conduzindo sua crença de volta

    para um politeísmo disfarçado? (João 1:1-3)

    Nas primeiras linhas da introdução do Livro dos

    Espíritos, ninguém menos do que o próprio Kardec alerta

    para a importância da precisão das palavras. Então, afirmar

    de maneira retórica que o Espiritismo é o Cristianismo

    redivivo é uma bela expressão, mas que está cheia de

    imprecisões. Se dissermos que o Espiritismo é herdeiro do

    Cristianismo, talvez estejamos mais em linha com aquela

    recomendação do codificador. Mas, como toda herança, a

    do Espiritismo, por vezes, pesa contra o próprio herdeiro.

    16

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    Exclusivismo, etnocentrismo, comportamentos

    igrejeiros, autos de fé, crença na existência de nações

    escolhidas e povos privilegiados, tudo isso deveria ter sido

    superado pela visão espírita do mundo, da história, das

    religiões e de nós mesmos. Mas, muito ao contrário, estão

    presentes em boa parte de nossas casas de oração.

    Quantas vezes, em inúmeros livros de ampla

    circulação no meio espírita, o adjetivo divino é atribuído a

    Jesus? Somente na obra O Consolador, de Emmanuel, esse

    atributo aparece quase duas dezenas de vezes. Mas Jesus

    não é um ser divino. É nosso irmão maior, um espírito mais

    velho que encarnou com uma missão elevada de iluminação

    da humanidade. Não mais do que isso. O título exaltado de

    divino mestre é resquício da era do dogma trinitário.

    Da mesma forma, Buda não foi um antecessor de

    Jesus, nem Krishna, nem Confúcio. Essa visão teleológica,

    que sugere que todas as grandes almas que viveram sobre a

    Terra em missão de iluminação e esclarecimento nada mais

    fizeram do que preparar o caminho do nazareno está

    presente

    na

    obra

    dos

    filósofos

    católicos

    e

    foi

    contrabandeada para o Espiritismo indevidamente. 1 O

    antecessor de Jesus foi João Batista, o apocalíptico ao qual

    o nazareno quis associar sua própria missão desde o início.

    O termo filho do Homem, tão comum nos Evangelhos

    sinóticos (Lucas 6:5; Mateus 18:11; Marcos 13:26), é outra

    evidência. Ele está presente nos apocalípticos do Velho

    Testamento, sobretudo em Ezequiel e Daniel. Estes são os

    1 Veja-se Padovani, U. e Castagnola, l. História da Filosofia. SP: Editora

    Melhoramentos, 1986.

    17

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    antecessores de Jesus. É ao movimento deles, dentro do

    judaísmo, que o nazareno se filia.

    Ao mesmo tempo, os Evangelhos não são

    narrativas de verdades históricas, registros precisos do

    ponto de vista historiográfico, mas poemas épicos, gênero

    comum em todas as religiões, repletos de ensinamentos

    morais elevados, baseados em alguns fatos possivelmente

    reais da vida de um galileu pobre, um judeu de seu tempo.

    Não podem ser tomados ao pé da letra, tanto quanto a

    criação do mundo em sete dias, narrada na Gênese. Ter um

    entendimento simbólico, alegórico e poético do Velho

    Testamento e crer na precisão histórica do Novo é um

    contrassenso.

    Tão pouco o Evangelho tem pátria, pois seus

    valores são universais. A crença em uma suposta "pátria do

    Evangelho é resquício da visão de povo escolhido", outra

    velha raiz dogmática que passou do Judaísmo para o

    Cristianismo, invadindo o Espiritismo. São termos retóricos

    brilhantes, mas que não passam pelo crivo da razão.

    Essas são constatações radicais e, ainda assim,

    evidentes e necessárias. E, apesar disso, quanto do velho

    ranço dogmático se vê preservado na prática espírita de

    nosso tempo! Quanta vaidade e quanta intolerância

    decorrem da sombra do dogma que pesa sobre nós!

    Foi a dor quem nos moveu a escrever esse livro. A

    dor de ver a religião dos espíritos conspurcada, desviando-

    se dos ensinamentos do Alto, expressos aqui embaixo por

    tantos mestres além do crucificado ou de seu continuador, o

    codificador. A dor de ver o Espiritismo desprezar os

    18

    REPENSANDO O ESPIRITISMO

    avanços da ciência historiográfica, quando Kardec dizia que

    teríamos que andar lado a lado, de mãos dadas, com o

    progresso da ciência, corrigindo a Doutrina sempre que

    fosse comprovado um erro ou um desvio.

    Nosso apego atávico ao dogmatismo está

    vencendo a guerra. Suas armas são a vaidade e o

    preconceito. Por isso podemos nos tornar os novos

    doutores da Lei, cultos e hipócritas, ou os novos

    inquisidores, queimando livros e excomungando supostos

    hereges. O Espiritismo não pode se deixar levar pela

    percepção errônea de que é autossuficiente. Só o dogma

    basta a si mesmo, não se explica, não se deixa criticar, não

    se submete ao exame da razão ou à revisão, reconhecendo

    velhos erros.

    Quanto isso já nos custou no passado! Quantos

    séculos até começarmos a superar esses erros, as sombras

    criadas em nome da luz divina que flui até nós por meio dos

    emissários do Alto que trouxeram suas mensagens através

    de tantos credos e tantas tradições, muito além do

    Cristianismo! E, no entanto, o avanço do Espiritismo

    ameaça se deter por conta das travas da vaidade e da

    omissão, do etnocentrismo e da visão petrificada da moral

    pregada por Jesus e por outros tantos mestres.

    Este começo de século XXI é um momento

    intrigante. Tolerância e intolerância se exacerbaram. Em

    alguns casos, qualquer crença ou comportamento parece

    aceitável. Em outros, matam-se aqueles que não

    compartilham da mesma fé em atos terroristas de martírio.

    Nesse turbilhão de crenças e valores, quando a era da

    19

    Robson Gonçalves e Artur Amorim

    informação está criando uma legião de pessoas que têm

    acesso a tudo, mas não conhece nada, o que faz o

    Espiritismo? O que fazem os espíritas? Reler os velhos

    livros escritos há mais de cem anos é saudável. Mas ignorar

    as novas luzes que a ciência lança sobre eles é como lançá-

    los na escuridão da ignorância e negar o progresso.

    No outro extremo, uma simples pesquisa nos

    buscadores da internet nos traz toneladas de material

    supostamente doutrinário. Qualquer um pode criar um site

    ou blog e lá postar o que quiser, dizendo-se espírita. Mas, o

    que mais se encontra nesse cyber-espaço é desinformação,

    tolice, teses estapafúrdias e até raivosas. E, por quê?

    O que se conclui é que a moral se tornou líquida,2

    isto é, um conteúdo que se amolda a qualquer recipiente

    conforme a conveniência de cada um e de cada

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