Fazendo História
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Fazendo História - Amanda Basilio Santos (org)
Sumário
Introdução
Capítulo 1 – Pedras, letras e memórias: a epigrafia e o estudo da Antiguidade Tardia
Airan dos Santos Borges
Capítulo 2 – O Visual e o Material enquanto fonte: pensamentos sobre um método
Amanda Basilio Santos
Capítulo 3 – Metodologia para Análise Iconográfica sobre Poder na Numismática Romana: o caso das moedas do período de Otávio Augusto
Carlos Eduardo da Costa Campos
Capítulo 4 – História Oral: uma metodologia que demanda relações interpessoais
Eduarda Borges da Silva
Capítulo 5 – História Global: desenvolvimento e ligações
José Fernando Saroba Monteiro
Capítulo 6 – A História Comparada: considerações para além de um método
Luis Filipe Bantim de Assumpção
Autores
Introdução
Amanda Basilio Santos
(UFPEL)
Este pequeno livro possui como objetivo fornecer aos iniciantes no ofício da pesquisa histórica uma introdução a alguns métodos utilizados pelos historiadores na análise de suas fontes. Para tanto, contamos com especialistas que discorrem sobre o uso de métodos específicos e a aplicabilidade destes métodos para fontes históricas, tratando das vantagens e das possibilidades de seus usos.
Não intencionamos aqui esgotar as várias metodologias hoje utilizadas pelos historiadores, tendo consciência de que se trata de uma tarefa herculana e possivelmente apenas alcançável de modo insatisfatório diante da imensa gama de metodologias e abordagens atualmente postas em prática no fazer historiográfico. A intenção é apresentar algumas das ferramentas postas em uso na pesquisa histórica, para que este livro sirva como uma ferramenta de consulta para aqueles que dela precisem.
CAPÍTULO 1
PEDRAS, LETRAS E MEMÓRIAS: A EPIGRAFIA E O ESTUDO DA ANTIGUIDADE LATINA¹
Airan dos Santos Borges
(UFRJ/ UNIRIO-CEAD)
Introdução
O presente capítulo tem como escopo refletir sobre a intercessão entre a disciplina História e a ciência Epigráfica, enfatizando, fundamentalmente, os caminhos e as possibilidades que os estudos epigráficos viabilizam para o estudo da Antiguidade Latina. Observa-se, portanto, uma tarefa ousada, dada a amplitude do tema e sua importância na historiografia clássica. Ciente disto, no presente texto, não se tem a pretensão de transcrever o longo trajeto de ambas as disciplinas, mas sim mapear as intercessões de seus percursos, seus possíveis diálogos e publicizar a fertilidade destes encontros para o estudo da História Antiga.
Deste modo, colocam-se em perspectiva abordagens investigativas complementares, sobretudo pela sutileza das interpretações advindas do encontro entre os estudos históricos e a análise epigráfica. Tendo em vista as distintas escolas epigráficas existentes, o presente olhar analítico debruçar-se-á sobre um nicho específico centrado nos estudos da epigrafia romana e suas contribuições para os estudos da história antiga no contexto da historiografia ibérica sobre o período romano. Para tanto, apresenta-se um texto dividido em quatro partes: na primeira definiremos as bases da Epigrafia e suas relações com os estudos históricos; no segundo momento, observaremos o nicho específico da Epigrafia Clássica, a partir dos estudos de Hübner e da construção do primeiro corpus epigráfico latino; em seguida, apresentaremos as potencialidades do diálogo entre a Epigrafia e os estudos históricos a respeito do Império Romano; e, por fim, nos aproximaremos do estudo de caso centrado na Península Ibérica, área de nossos estudos.
Entre a pedra e a memória: diálogos entre a Epigrafia e a História
A primeira questão a ser pontuada consiste em uma definição, ainda que inicial, do que consiste a ‘epigrafia’. José d’Encarnação, em um de seus estudos sobre a Epigrafia Latina, propõe uma delimitação etimológica útil para a introdução de nossos estudos, a saber: "epigrafia é a escrita (grafia) sobre (epi) determinado suporte" (d’ENCARNAÇÃO, 2010, p. 17 – grifos do autor). Avançando um pouco mais na definição acima, o suporte escolhido para a mensagem epigráfica seria aquele duradouro, de pedra, metal, cerâmica ou qualquer outro material que mantivesse a mensagem acessível, presente, com ares de quem deseja vencer o tempo. Recuperando as considerações de Giancarlo Susini, Encarnação prossegue salientando que a Epigrafia, enquanto ciência, consistiria no estudo da forma como, em determinado momento, os seres humanos selecionaram ideias para deixar de si uma mensagem para os vindouros (SUSINI apud d’ENCARNAÇÃO, 2010, P. 17).
Na proposta de delimitar as discussões em torno dos conceitos de Epigrafia e epígrafe, Mario Jorge Barroca (2000, p. 11) observa que as distinções entre a ciência e seu objeto de estudo, quando formuladas a partir dos domínios clássicos², é usualmente feita tendo em conta o suporte ou matéria-prima e, ainda, conjugando esses aspectos com a técnica de escrita. Nessa leitura, enquanto a Epigrafia dedicar-se-ia ao estudo dos textos registrados em materiais duros e perenes, a Paleografia enfocaria os textos registrados em materiais flexíveis e perecíveis. Isto é, se primeira dedica-se aos textos gravados ou esculpidos, a segunda visa a compreender os registros realizados com tinta ou outras matérias colorantes.
Diante de tais premissas, é possível antever outro aspecto da temática em tela, a saber, a seleção de ideias pelos seres humanos e sua ação de registro. Seriam quaisquer mensagens ou tratar-se-ia daquelas que possuem um lugar de importância na vivência cotidiana dos indivíduos? Estamos perante, então, seleções e escolhas do que se deve ou não ser registrado e incluído na memória do indivíduo ou do grupo social ao qual este pertence (família, clã, grupo político ou étnico). Frente a isso, o que motivaria tais escolhas? Quais seriam seus respectivos contextos sociais? No que concerne às definições apresentadas e nas inúmeras ‘questões-problema’ desenvolvidas a partir delas, seria possível afirmar que os métodos e objetivos da ciência Epigráfica se aproximam dos da Ciência Histórica?
Como indicam Ana Maria Mauad e Paulo Cavalcante (MAUAD & CAVALCANTE, 2009, P. 38), se no século XIX o princípio da análise histórica era a análise do documento em si, hoje o princípio é o problema que norteia a reflexão histórica. Adentrando nessa seara, torna-se relevante rememorarmos as reflexões de Jacques Le Goff sobre os acessos ao passado:
Enquanto conhecimento do passado, a história não teria sido possível se este último não tivesse deixado traços, monumentos, suportes da memória coletiva. Dantes, o historiador operava uma escolha entre vestígios, privilegiando, em detrimento de outros, certos monumentos, em particular os escritos, nos quais, submetendo-os à crítica histórica, se baseava. Hoje o método seguido pelos historiadores sofreu uma mudança. Já não se trata de fazer uma seleção de monumentos, mas sim de considerar os documentos como monumentos, ou seja, colocá-los em série e tratá-los de modo quantitativo; e, para além disso, inseri-los nos conjuntos formados por outros monumentos: vestígios da cultura material, os objetos de coleção, os tipos de habitação, a paisagem, os fósseis e, em particular, os restos ósseos dos animais e dos homens. Enfim, tendo em conta o fato de que todo o documento é ao mesmo tempo verdadeiro e falso, trata-se de pôr à luz as condições de produção e de mostrar em que medida o documento é instrumento de um poder (LE GOFF, 1985, vol.1, p. 105-106).
Indubitavelmente, analisar uma sociedade apenas pela sua produção textual equivaleria a conhecer a realidade brasileira apenas considerando os textos oficiais – as legislações, por exemplo. Toda a produção material decorrente da vivência dos espaços, dos embates ordinários, das releituras das normatizações pelo cotidiano e que define as múltiplas formas de ‘ser brasileira(o)’, seria obliterada ou engessada pela produção textual. Esse exemplo banal serve à compreensão de que somente os textos não dão conta das possibilidades de interpretação de uma dada realidade. Assim, torna-se inviável uma investigação que desconsidere a interpretação do mundo material e da imagética.
De fato, essa noção de documento alargada é um tema constante no discurso historiográfico, sobretudo a partir da década de 1960. Em se tratando do estudo da história antiga, consideramos que esse cotejamento entre a diversidade da cultura material e os documentos escritos, além de fundamental, aumenta a carga informativa sobre o mundo antigo. Nessa leitura, a cultura material se apresenta como uma promissora ‘porta de entrada’ para os estudos ao trazer para o centro analítico uma perspectiva única e rica das diversas práticas cotidianas.
Esta perspectiva abre um leque de possibilidades ao considerar que tanto os textos escritos sobre história romana durante o Império, por exemplo, quanto os elementos materiais provenientes dos espaços sociais oferecem subsídios para a construção do mundo romano enquanto fenômeno histórico. A partir da cultura material, da compreensão dos processos culturais e sociais, dos debates sobre as fronteiras e etnicidades e das reflexões sobre a memória e identidade emergem como eixos de reflexão férteis e pulsantes³.
Torna-se fundamental salientar que tal olhar investigativo tem sua especificidade no entendimento da inexistência de fronteiras entre os estudos históricos e as investigações arqueológicas e epigráficas. Com efeito, é na confrontação entre os documentos escritos e os de cultura material que se consegue identificar e analisar os diálogos e as intercessões entre as especificidades locais e a estrutura política desenvolvida. Ou, dito de outro modo, é no intercâmbio entre diferentes vestígios do passado (escritos, materiais, imagéticos) que se consegue tecer uma interpretação da vivência dos espaços, das distintas visões de mundo e da dinâmica das relações sociais, culturais, políticas e econômicas de um determinado recorte espacial e temporal.
Nessa abordagem, a compreensão das especificidades dos estudos epigráficos e suas contribuições para a pesquisa histórica a respeito da antiguidade latina, escopo do presente trabalho, torna-se urgente. Como sinalizado por Renata Garrafoni (2013, P. 97), os documentos materiais e escritos constituem-se em meios para se aproximar da sociedade romana. A Epigrafia, enquanto estudo das inscrições romanas em superfícies duras, propõe, então, uma junção da escrita latina com a cultura material. Através dela torna-se possível acessar os agentes históricos em suas próprias visões de mundo, antever momentos do dia a dia, observar os fenômenos sociais por outros ângulos e perceber que são muito maiores do que os minutos do debate político, da realização do banquete, da duração do festival religioso, etc.
Posto isto, a partir da análise da cultura material, tem-se acesso a uma variedade de formas de vida, o que inclui homens e mulheres de diferentes idades, origens étnicas ou status social. Ou seja: criam-se as condições de possibilidade para a reflexão sobre a diversidade de visões de mundo. Deveras, a Arqueologia e a Epigrafia nos auxiliam diretamente ao ampliar nosso olhar, tornando-o menos excludente, multiplicando a sensibilidade a outras formas de viver e abrindo espaço para narrativas alternativas de vida⁴.
Cabe destacar que conceito de epígrafe
não deve ser confundido com o conceito de Epigrafia
. A origem da Epigrafia enquanto ciência remonta a meados do século XIX, momento em que diversas áreas de saber, como a História, a Arqueologia, a Numismática e a Paleografia saiam do aspecto ‘auxiliar’ da ciência Histórica e requeriam maior autonomia ao adquirir o estatuto de ‘Ciência’. Tornar-se ‘ciência plena’ corresponderia, então, não apenas à construção de um método investigativo próprio, com objetivo definido e com uma temática específica, mas também à definição de domínios epistemológicos inerentes à especificidade de cada área em particular. De fato, não é nossa intenção adentrarmos esses domínios, ainda que sublinhemos sua importância. Interessa-nos, sobretudo, a compreensão das especificidades do método de investigação que lhe é caro, apresentando seu objeto de estudos e os pressupostos que ajudam a defini-la como uma ciência particular, integrante da área das ciências Humanas (BARROCA, 2000, P. 28-29).
No início, à semelhança do que aconteceu com a Paleografia, também a Epigrafia começou por ser uma simples técnica de leitura de documentos escritos e de validação da sua autenticidade. Ou seja, já durante o Renascimento, o que preocupava Paleógrafos e Epigrafistas era, num primeiro momento, a possibilidade de ter acesso à informação escrita. Para tanto, foram desenvolvidas técnicas de leitura e de interpretação que tinham como preocupação assegurar que se tratava de um documento coevo e legítimo.
O principal objetivo da Epigrafia seria, assim, colocar à disposição dos Historiadores novos dados e documentos para enriquecimento do discurso histórico. Aí estaria seu aspecto auxiliar, coadjuvante. Problematizando essa questão, Barroca (2000, p. 30) define dois níveis de compreensão para essa pretensa postura auxiliar:
Um primeiro estádio, onde a disciplina se limita realmente a interpretar, sistematizar e fornecer elementos para a História. Foi a situação dominante nos primeiros tempos, do séc. XVI ao Séc. XIX, certamente que com um grau crescente de erudição e de eficácia, mas onde a Epigrafia não possuía um método próprio e um objecto de estudo próprio. Uma segunda fase, cujos primeiros sintomas se podem colocar nos finais do Séc. XIX, mas que apenas se desenvolvem decididamente com a nossa centúria, quando a Epigrafia passa a contar com metodologia de trabalho própria e com uma área específica de conhecimento a desenvolver e sistematizar. Diríamos que na primeira fase o epigrafista se contentava em 1er e interpretar o documento epigráfico, quedando-se pelo primeiro patamar da investigação. Nessa fase a Epigrafia não passava de uma técnica de leitura e de decifra-mento. Com a segunda fase, o epigrafista passou a preocupar-se igualmente com os aspectos internos da sua própria ciência, procurando retirar da epígrafe todos os elementos possíveis (técnicos, paleográficos, históricos, culturais, etc.). É o momento em que a Epigrafia se afirma como uma das ciências que ajuda a escrever a História da Escrita (BARROCA, 2000, P.31).
À vista disto, nos primeiros manuais de Epigrafia, não se via o interesse em discutir os aspectos internos da disciplina. Se tomarmos como exemplo o Cours d'Épigraphie Latine de René Cagnat (cuja 1ª edição fora redigida em 1884-85, e 4ª edição, revista, datada de 1914), observaremos que a primeira parte é dedicada aos ‘problemas epigráficos’, enquanto a segunda aborda o que seriam os ‘problemas internos’ dos textos, a saber, a Onomástica, o Cursus Honorum, o Nome e Títulos dos Imperadores. Já na terceira parte, observa-se a classificação das inscrições (com especial atenção à função e ao suporte ou forma), concluindo com um ‘capítulo complementar’ dedicado às restituições dos textos das inscrições que estivessem fragmentados ou perdidos, além de sua crítica interna (cf. CAGNAT R. 1914, BARROCA, 2000, P. 32).
Um diálogo, dois movimentos: a escola de Hübner e os estudos da Epigrafia Clássica na Península Ibérica.
Desde o século XVII⁵ já havia projetos que pretendiam reunir as inscrições antigas encontradas nas escavações ou nos colecionadores e antiquários. Todavia, foi no século XIX, diante do aumento das escavações em solo itálico, que o projeto de constituição do CIL – Corpus Inscriptionum Latinarum, começou a ser elaborado em Paris. Sob os auspícios do Ministério da Instrução Pública, então dirigido por Villemain, desenvolveu-se ideia de formular um Corpus com todas as inscrições latinas ‘pagãs e cristãs’, desde tempos remotos até o final do século VI. Tratar-se-ia, assim, de um projeto audacioso editado por Ambroise Firmin Diderot e com contribuições de Bartolomeu Borghesi (1781-1860) e Camillo Ramelli. Contudo, com a saída de Villemain do poder e com o fim do financiamento público, o projeto não foi à frente⁶. Theodor Mommsen (1817–1903) retoma a iniciativa de publicação do CIL em 1847, agora sob o financiamento da Academia de Ciências de Berlim e contando com especialistas alemães para tratar as inscrições. Mommsen foi o responsável pela elaboração dos volumes dedicados a Itália, enquanto que Emilio Hübner dedicou-se ao volume consagrado à epigrafía latina da Hispania.
O trabalho de Hübner foi igualmente monumental e envolveu várias etapas, sendo a inicial desenvolvida entre os anos de 1858, com a organização da documentação disponível em Berlim, e 1860, período no qual complementou a pesquisa nos arquivos e bibliotecas parisienses. Foi entre 1860 e 1861 que o erudito partiu para a Península Ibérica, percorrendo-a ao longo de 20 meses⁷. Neste período, realizou visitas de campo, catalogou inscrições que estavam em museus, bibliotecas e arquivos, e encontros com eruditos locais e investigadores nacionais. Como fruto desse intenso trabalho, em 1869 nasceu o primeiro volume do CIL II - Inscriptiones Hispaniae - dedicado inteiramente à Península Ibérica e editado pela Academia de Ciências de Berlim (seguido pela publicação do suplemento, em 1892)⁸.
De modo geral, a concepção materializada pelo CIL e seguida pelos manuais de Epigrafia nas primeiras décadas do século XX⁹, baseou-se na leitura, interpretação e ordenação do conjunto de inscrições empregando, para isso, elementos internos ao texto. Nessa leitura, a epigrafia não se configurou como uma Ciência específica, mas como uma fonte da qual se extraiam diversos conhecimentos¹⁰.
Podem ser incluídas como iniciativas de revisão dessa postura analítica os trabalhos de Jean Mallon (1952), na tradição francesa, e, no contexto ibérico, os estudos do espanhol Joaquin Maria de Navascués y de Juan (1953) e do português José d’Encarnação (a partir de 1976). Nos trabalhos de tais autores começaram a ser vistos temas atrelados às etapas de criação de uma inscrição e aos aspectos técnicos da sua realização, a respeito da autoria da inscrição ou, ainda, sobre o contributo que se pode esperar da Epigrafia para a História da Escrita (BARROCA, 2000, P.31). No contexto desse novo paradigma, a inscrição passa a ser tomada em seu aspecto global, como defendeu Navascués y De Juan (1953, P. 66-67):
La inscription es, (...) como todo escrito, un cuerpo físico en el cual se funden en un solo ser la escritura y su soporte, el cual es a su vez la expression plástica de un lenguage y de un pensamiento. De onde resulta que, como en todo escrito, en la ejecución de una inscription intervienen estos factores: un factor intelectual, el pensamiento humano, en el que radica el origen de la inscription; un factor linguístico, por el que el pensamiento adquiere su expresión verbal; un factor psicológico, en virtud dei cual intervienen la voluntad com el propósito de confiar a la escritura aquel pensamiento y la intention con que se quiere es-cribir; y, finalmente, unos factores físicos, que son la escritura y su soporte, los cuales entrahan un complejo de realidades sensibles determinadas en parte por la intention corn que se escribe y en parte por las necesidades de la ejecución (NAVASCUÉS Y DE JUAN e GOMEZ MORENO 1953, p. 66).
E, continua:
... en toda inscription hay dos grupos de elementos. Unos son los externos, los que constituyen la forma física, la escritura y la materia, los cuales, fundidos en un solo ser, son un producto real de la cultura humana. Los otros elementos son los internos, contenidos en el texto de la escritura, el lenguaje y el pensamiento, sin otra realidad que la de los elementos externos, los cuales son su medio expressivo. Esta distinción entre la forma y su contenido es sustancial, a mi juicio, para ampliar el concepto de la Epigrafia de modo que sistematicamente se incluyan en él los elementos externos de las inscripciones (NAVASCUÉS Y DE JUAN e GOMEZ MORENO 1953, p. 67).
Deste modo, pode-se concluir que no século XX consolidou-se um novo método para a Ciência Epigráfica, no qual a análise da epígrafe passa a ser feita em sua totalidade, através de um estudo que se realiza entre