Pingos De Luz
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Pingos De Luz - Helio Parron Ferrara
Hélio Parron Ferrara
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Pingos de Luz
Pingos de Luz
Histórias de Amor e Lições da Dor
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Hélio Parron Ferrara
Hélio Parron Ferrara
Pingos de Luz
Histórias de Amor e Lições da Dor
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Pingos de Luz
Pingos de Luz
Histórias de Amor e Lições da Dor
Copyrigth
2019 by Hélio Parron Ferrara
Todos os direitos reservados
Capa e Revisão
Do Autor
2ª Edição
ISBN – 978-0-359-72135-1
Ferrara, Hélio Parron, 1963
Histórias de Amor & Lições da Dor / Hélio Parron Ferrara
-Itaguajé – PR –
Editoras: Clube de Autores (Brasil), Bubok (Portugal), Lulu (USA)
1. Espiritismo 2. Contos - Coletânea 3. Orientações Espíritas 4. Auto
Ajuda 5. Drama 6. Romance
Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas ou
acontecimentos da vida real, terá sido mera coincidência.
Impresso no Brasil
6
Hélio Parron Ferrara
Agradecimentos
-
Aos meus pais, Paulo e Maria, pela educação e formação Cristã.
-
Ao anjo da Guarda e espíritos protetores, pela inspiração.
-
Ao bom Deus pela reencarnação e pelo dom literário.
7
Pingos de Luz
Dedicatória
Dedico humildemente esta obra, às mulheres da minha vida: Minha esposa
Márcia Kelly, minha filha Magaly, e minha neta Thais, que souberam ter
paciência comigo, enquanto eu passava horas e horas lendo, pesquisando ou
silencioso, diante do computador, tecendo e revisando este pequeno trabalho.
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Hélio Parron Ferrara
Introdução
Lembro-me muito bem dos elogios que tive na escola,
feitos gentilmente pela minha professora de Português, pertinentes
às minhas redações. Satisfação e orgulho me encheram o peito, e
uma vontade louca de escrever mais e mais, me inebriaram a alma.
Não tinha maquina de escrever, rabiscava de próprio
punho um emaranhado de garatujas, e sempre uma coisa ou outra
saía, ainda que rústica e cheia de arestas.
No dia em que consegui minha primeira publicação, a
poesia A passagem de Jesus
, foi uma alegria enorme, uma
satisfação imensa, pulos de felicidade.
Durante os anos que se seguiram, fui adquirindo
experiência. Também veio a máquina de escrever e hoje o
computador.
Todavia, fiquei muito fascinado, em minha adolescência,
pelas tragédias gregas, principalmente Édipo Rei de Sófocles e o
Prometeu Acorrentado de Ésquilo, além das obras também trágicas
de Shakespeare. Isso tudo aliado aos filmes de terror de que fui fã
de carteirinha por muito tempo, (mas que hoje não recomendo a
ninguém, por conta da forte energia negativa e apelo psicológico
que os acompanha), me renderam uma herança de contos de
violência, morte, desdita, fatalidade...
Por outro lado, apesar de ter sido sempre um católico
praticante, pela influência maravilhosa dos meus pais, tendo sido
inclusive responsável de liturgia e interpretado Pedro, no teatro da
paixão, feita pelo grupo de jovens, por vários anos; as idéias que
fervilhavam em minha mente estiveram sempre voltadas para o
mórbido e o violento, não obstante o conhecimento da paz, amor e
fraternidade, nas palavras do Mestre Nazareno.
As duas hemorragias digestivas que tive não me abriram
os olhos para a grandiosidade de Deus, e a insignificância de
nossas pretensões mesquinhas e absurdas.
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Pingos de Luz
Contudo, a primeira crise de depressão me abriu os olhos
para a mais pura realidade, da qual tanto relutei e critiquei por
anos a fio: a revelação espírita.
Trazida por minha irmã mais nova, no momento mais
trágico de minha vida, quando eu pensava em atravessar o crânio
com uma bala, foi nessa ocasião, aliás, que surgiu o conto a
Depressão de José
, atualizado para este livro.
Após conhecer a doutrina e aceitar sua verdade, sua
realidade mais lógica e sua simplicidade Cristã, foi que comecei a
mudar minha maneira de ver a vida.
Foi então que pensei: Se Deus me deu o dom das letras, foi
porque me achou merecedor e por certo deve haver um propósito
em tudo isso. Portanto, no lugar de escrever tragédias, vou
escrever coisas relacionadas à doutrina. Se de alguma forma eu
conseguir divulgar uma frase que seja, relativa ao Espiritismo, já
terá valido o esforço.
Peguei, pois muitos dos meus contos, trágicos inclusive, e
acrescentei a eles, trechos da literatura espírita que faz referências
ao conteúdo do conto propriamente dito. Em outros casos eu o
adaptei, ou acrescentei dados espíritas para que ficasse de acordo
com a doutrina. Foram meses diante do computador, com a mesa
entupida de livros, revistas e jornais espíritas. Felizmente a obra
foi aceita em 2004 pela editora DPL de São Paulo, que o editou e
distribuiu para todo o país. Como o livro já se encontra
praticamente esgotado, estamos lançando a sua segunda edição.
Para isso, todo o material foi revisado e quando necessário
atualizado. Aquilo que parecia algo simples e rápido de ser feito,
acabou se mostrando bem mais complexo e exigente. Contudo,
conseguimos repassar todas as suas páginas, repaginar,
desenvolver nova diagramação e correção. Por fim, resolvemos
alterar a titulação. Originalmente pretendíamos chamá-lo "Pingos
de Luz", com a idéia de que, ainda que possa soar pretensioso, o
seu conteúdo representasse exatamente pequenos pontos de
esclarecimento, orientação, e esperança. Pequenos pingos de luz,
como pequenos lampejos de esclarecimento. Mas o editor em 2004
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Hélio Parron Ferrara
preferiu dar-lhe o título de Histórias de Amor e Lições da Dor
.
Agora, para a segunda edição, voltamos, portanto ao título
inicialmente previsto, Pingos de Luz
com o subtítulo "Histórias
de Amor e Lições da Dor".
É um livro violento, trágico, doloroso?
Talvez seja; ou como me disse certa ocasião um leitor:
Pareceu-me muito melancólico
.
Com efeito, suicídio, doenças, tragédias, e muito
sofrimento fazem parte desta antologia. Porém, ainda que sejam
contos fictícios, é também um retrato fiel e muito bem definido da
nossa realidade. É, ainda que por pouco tempo, o mundo em que
vivemos. Não obstante se nos apresentam nos dias de hoje,
esperanças alvissareiras da grande transformação do nosso nível
vibracional, numa transição gloriosa para uma nova fase, a da
regeneração, onde as energias do bem suplantarão as energias do
mal.
Muitos dos livros espíritas, aliás, trazem o sofrimento e a
dor em suas páginas. A questão aqui não é a tragédia pela tragédia,
o sofrimento pelo sofrimento, o masoquismo enfim. A questão
aqui é dizer que por traz do sofrimento, existe talvez uma
provação. Dentro dos tropeços, estão as provas e expiações, onde
logo adiante colheremos os júbilos de nossa resignação ao resgatar
nossas dívidas do passado.
O suicídio não liberta, acorrenta ainda mais. Vamos colher
no futuro o que plantarmos agora, assim como estamos colhendo
hoje o que ontem semeamos. É a lei da causa e efeito. É o efeito
pendulo
, tudo que vai volta. Toda energia emitida, retornará
para nós, na mesma proporção. Por isso a imperiosidade de
emanarmos sempre energias positivas, de amor, bondade,
caridade, pois elas retornarão para nós. E quanto mais pessoas
praticando as atividades do bem, do amor, tanto mais energias
positivas estarão inebriando toda a atmosfera terrestre de paz e
bem. Se soubéssemos o poder mental que temos, e se juntos
emanássemos somente amor, o mal desapareceria da face da terra
num simples piscar de olhos.
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Pingos de Luz
Todavia, nada está perdido, não existem penas eternas;
nem inferno. O mundo, a vida, a existência humana, é obra
exclusiva de Deus, Potestade Genitora, e Ele é puro amor. Não nos
abandonará jamais, pois é o Pai mais carinhoso do mundo. Está
sempre pronto a nos perdoar sempre, diante do menor sinal de
arrependimento. Ele nos dará tantas chances quantas forem
necessárias para nosso aprendizado e nossa evolução no amor.
Só depende de nós.
Por outro lado, sei que não sou o mais apto para tais
aconselhamentos. Sei o quanto preciso evoluir e aprender. Sei que
posso pouco, quase nada. Todavia, neste momento oportuno, de
transformação em que vive nosso orbe, apraz-me redigir estas
poucas linhas com o intuito de ajudar na divulgação da terceira
revelação.
Um dia talvez, eu venha a rir do que estou escrevendo,
achando ter feito uma grande besteira; hoje, contudo, sinto-me
convicto, que no conjunto desses contos, tal qual como nas
parábolas do mestre, (guardadas a devidas proporções), possam se
encerrar uma série de alertas e indicações de novos caminhos,
novos pensamentos, pingos de luz nessa nova ordem planetária
que se avoluma a olhos vistos em nosso planeta azul.
Que você amigo leitor, me perdoe, pela pretensão de
colocar Pingos de Luz,
, como uma obra espírita e com fitos de
ensinar-te, quando ainda tenho tanto a aprender, muito embora a
pretensão me faça acreditar, que por ter uma pequena facilidade
em escrever, devo usar de tal dotação para ajudar
, as pessoas
com o pouco que sei. E finalmente muito obrigado por ter se
aventurado com esta singela antologia.
O autor.
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Hélio Parron Ferrara
Gróta Funda
- O homem pode gozar, sobre a terra, de uma felicidade
completa?
- Não, visto que a vida lhe foi dada como prova ou expiação.
Mas depende dele amenizar seus males e ser tão feliz quanto
se pode ser sobre a Terra.
Questão 920 de O Livro dos Espíritos
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Pingos de Luz
Óh, fazenda Gróta Funda, veja, afinal voltei. Vim rever-
te berço de minha vida, e desta forma te encontro? Totalmente
abandonada, em profunda desolação?
Foram quase cinqüenta anos de ausência, recordações e
saudades. Somente agora voltei, de passagem apenas, mas
voltei. Machuca-me, todavia, vê-la em tristonho esquecimento.
Óh, fazenda Gróta Funda, foi aqui que vim ao mundo.
Minha infância; aqui passei, correndo alegre nos campos,
saltitando de felicidades. Outras vezes no lombo do Alazão,
trotando feito um tufão, vagando sem destino pela imensa
campina verdejante, florida e cheia de vida.
Muitas vezes, na Água Grande, imenso lago de águas
cristalinas, deliciava-me ao extremo, eu e meus amiguinhos,
nadando e mergulhando como se fossemos seres aquáticos, em
meio a lambaris e acarás.
Nas mangueiras fazia a festa. Escalava aqueles troncos
enormes e lá na copa chupava as mais belas e suculentas
mangas, fossem espada, coquinho, rosa e outras tantas
qualidades abundantes nestas plagas.
Todavia, a infância passou rápida como o pampeiro.
Súbito já era gente grande, um adulto formado. Foi aqui
também, óh, Gróta Funda querida, que me fiz homem, motivo
de grande alegria.
Mas, foi também nestas terras vermelha que as
provações edificantes com sua inexorabilidade, selaram-me
incontinente, o rumo de minha existência terrena.
Sinto emoção ao recordar aquela tarde ensolarada em
que as andorinhas alegres voavam fazendo alarde. Ao longo
ouvia-se o Chororó, e na copa da Santa Bárbara, os pássaros-
pretos, entoavam alegre sinfonia.
Borboletas coloridas revoavam suavemente os jardins
floridos, cheios de rosas, margaridas e dálias, enchendo de
poesia o entardecer sertanejo.
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Hélio Parron Ferrara
No meio de tanta pureza, e a natureza a cantar no
sublime gorjeio dos pássaros, um ranger de rodas quebra o
encanto caboclo e atiça a curiosidade daquele povo simplório da
fazenda Gróta Funda.
Uma velha carroça de roda dura1, puxada por um
exausto cavalo preto. Transportava uma mudança. Coisa
simples de gente pobre.
Correram os moradores da Gróta Funda a acercarem-se
dos forasteiros saldando-os carinhosamente. Uns sorriam,
outros diziam sejam bem-vindos
. Alguns diziam seus nomes
enquanto as crianças pulavam alegres, acolhendo docemente
aqueles novatos humildes.
À frente da carroça e puxando o cavalo pela rédea,
caminhava um senhor já meio careca, demonstrando
nitidamente seu cansaço. Polaco; rosto enrugado e uma barba
que misturava brancura com vermelhidão. Um pouco mais atrás
sua senhora, também clara e de olhos azuis. Com um lenço
azulado na cabeça olhava a todos, curiosa, porém com um leve
sorriso de satisfação no canto esquerdo da boca. Havia também
uma criança, loura de calças curtas. Caminhava do outro lado
acompanhando a carroça.
Foi