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Errância passista: Frevo e processo de criação em dança
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Errância passista: Frevo e processo de criação em dança
E-book256 páginas3 horas

Errância passista: Frevo e processo de criação em dança

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Sobre este e-book

O livro Errância passista: Frevo e processo de criação em dança, por Valéria Vicente, traz a arte da dança e seus movimentos.
Estruturado em oito capítulos, a obra reúne pesquisas da autora e de outros pesquisadores, que se dedicaram a dança e sua história. Trazendo não só o contexto histórico da arte, dança, carnaval e o frevo, mas também com uma variedade de vivências construídas através da dança, incluindo depoimentos de passistas foliões de rua.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de ago. de 2022
ISBN9786558409359
Errância passista: Frevo e processo de criação em dança

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    Errância passista - Valéria Vicente

    PREFÁCIO

    A dialética do frevo e do passo

    Encontrava-me recolhida, absorta, vivendo pachorrentamente os dias que a covid-19 e o decorrente regime de isolamento social reservaram a muitos de nós, os que tivemos condições sociais e econômicas para nos mantermos fisicamente apartados do convívio grupal por um certo período. Tempos mornos, apolíneos, de respiração compassada, mas que invariavelmente se alterava ao constatar o avanço diário da pandemia entre nós em proporção direta ao descaso e às atitudes irresponsáveis de certas autoridades públicas que tinham por dever proteger a população brasileira. Revia o calendário de 2021 e os olhos, à revelia, pousavam sobre o mês de fevereiro. E, mais uma vez, me defrontava com os dias em que o mundo não se abriu em folia, e um sentimento novo, ainda sem nome, tomava conta do que deveriam ser lembranças de ruas em festa e desejo do próximo carnaval. Talvez me sentisse mortalmente triste, como ocorreu a Machado de Assis no distante 1894:

    Quando eu li que este ano não pode haver carnaval de rua, fiquei mortalmente triste. É crença minha, que no dia que deus Momo for de todo exilado deste mundo, o mundo acaba. Rir não é só le propre de l’homme, é ainda uma necessidade dele. E só há riso, e grande riso, quando é público, universal, inextinguível, à maneira dos deuses de Homero, ao ver o pobre coxo Vulcano.

    Era esse o meu estado de espírito quando Valéria Vicente me chamou para brincar o carnaval. Um carnaval diferente dos vividos, lidos e sonhados por mim até então. Convidou-me para uma festa dedicada especialmente ao frevo, ao passo e às inventivas do passista de rua; folia ainda mais singularizada por sua sede investigativa, por seu incansável desejo de criar, coreografar, refletir e de melhor conhecer o que a move e a forja: a dança, o corpo, seus movimentos, suas energias vitais, criativas, transformadoras e libertárias. No carnaval de Olinda e do Recife de 2016, em companhia do grupo Brincantes das Ladeiras, Ana Valéria propôs a si mesma viver a festa como uma imersão artística, experimentá-la a partir do lugar muito particular do passista folião de rua, o acrobata do frevo, afeito aos estímulos da orquestra, sensível ao calor do momento e aos ânimos da multidão, pronto para os improvisos que tornam o passo e o passista de rua imprevisíveis. Seu conceito sobre dança é vigoroso e profícuo, permitindo-a – assim como aos que se identificarem com a proposta – desenvolver análises e interpretações bastante ricas sobre o tema escolhido: a dança não se resume ao passo, ela é um artefato cultural moldável e permanente, repleta de informações culturais, simbólicas, imateriais. Acompanhá-la em sua errância passista é, pois, conhecer suas experiências, suas descobertas, seu modo muito particular de brincar o carnaval, de divertir-se e reavivar memórias e emoções, de observá-lo de dentro, sentindo-o em sua própria carne, músculos, sangue e nervos; percebendo e se conscientizando da cadeia de reações que músicas, evocações e ambiências carnavalescas provocam no seu corpo brincante. No decorrer da leitura, o frevo canção de Alceu Valença, tantas e distraídas vezes cantado nas folias das ruas por um público volátil e folgazão, tem seu sentido aumentado e enriquecido: Quero sentir a embriaguez do frevo, que entra na cabeça depois toma o corpo e acaba nos pés....

    Dizem que o passista é um sujeito ensimesmado, concentrado em si, olhos fixos no chão, voltados para os próprios pés. No entanto, esse mergulho em si do passista é apenas um instante que antecipa a sua explosão. Em total sintonia com as músicas executadas pelas orquestras de frevo e atento a toda sorte de estímulo que brota da folia nas ruas e ladeiras, o que parecia ser introspecção transmuda-se em dança, em passos e, no caso de Valéria Vicente, converte-se também em conhecimento, em teoria sobre processos de criação artística, retornando ao mundo em forma de dança, partilha e prática libertadora. A autoetnografia realizada pela pesquisadora inclui, além da experiência vivida durante o Carnaval de 2016, reflexões e análises sobre sua formação artística no campo da dança, dedicada, sobretudo, ao frevo e ao passo, sobre seus processos criativos e sua trajetória enquanto coreógrafa. Nesse processo de construção de conhecimento, autoconhecimento e reconhecimento do seu fazer artístico, recupera e analisa conceitos e aprendizados obtidos com os espetáculos de sua autoria ou coautoria: Fervo (2006), Pequena Subversão (2007), Frevo de Casa (2014), Re-flexão (2015), Re-in/flexão (2017) e, finalmente, Ebulição (2018).

    O Carnaval de Valéria – CarnaVal, como denomina seu modo particular de viver e enxergar os festejos de rua do carnaval de Olinda e do Recife –, sendo imersão artística, está impregnado de emoções, afetos, sentimentos e memórias. Memória pessoal e afetiva dos carnavais da sua infância, juventude e maturidade; memória social mais ou menos longínqua, anônima, inscrita nos corpos, nos gestos, nas danças, nos tremores e arrepios, nos rostos daqueles que se entregam ao lúdico, ao prazer e à alegria. Memória sonora que desperta ao toque dos clarins, dos compassos, ritmos, acordes, alaridos, buzinas, guizos e gritos. Memória olfativa de lança-perfumes, banhos de cerveja, suores misturados a purpurinas, urinas. Memórias herdadas, registradas em livros, de pessoas que jamais se avistaram, mas que se mesclam e se confundem às dos foliões de outros tempos, tornando-se, então, pessoais tanto quanto sociais. O Carnaval, particularmente as festas que tomam conta das ruas, praças e ladeiras, reaviva, assim, a noção de que a memória, seja ela individual ou coletiva, traz em si um valor identitário, criativo e libertador, e que, sem um mergulho profundo na tradição, não há renovação possível, sobretudo nos campos da arte e da cultura.

    O CarnaVal é uma festa corpórea, mental, simbólica e energeticamente experimentada na sua mais radical essência, que, tanto mais particular, íntima e intrasferível se apresenta, mais se revela histórica, coletiva, universal: a festa de todos, brincantes, carnavalescos, passistas, músicos, foliões, simpatizantes.

    Dançarina, coreógrafa, pesquisadora, professora de dança da Universidade Federal da Paraíba, passista, brincante, Ana Valéria Vicente se define também como um esperneio no meio da rua. Criada pelo teatrólogo Valdemar de Oliveira para se referir à gente de pé no chão que se esbaldava no passo junto às orquestras de frevo nas ruas do Recife na primeira metade do século XX, a expressão é evocada pela autora em mais de uma passagem deste ensaio, que a disseca, revira-a, ressignifica-a e dela se apropria ao ponto de reconhecer a si própria, ao seu trabalho de investigação artística e acadêmica e ao seu processo criativo na dança dedicado especialmente ao frevo e ao passo.

    O sentido mais profundo e verdadeiro dessa expressão do autor de Frevo, capoeira e passo lhe foi sendo revelado à medida que se aprofundava nos estudos e nas discussões decoloniais sobre a estética, ao mesmo tempo em que experimentava, observava e analisava as transformações que aconteciam consigo própria, com o seu corpo, a sua energia vital e o seu estado de ânimo, enquanto fazia o passo em companhia dos Brincantes das Ladeiras. A mim, que estou mais para qualquer indivíduo que caía no frevo do que para legítima passista, no alfinetar de Mário de Andrade, bastava-me acompanhá-la em sua errância passista, vê-la exultante a cada descoberta e me alegrar por estar a fazer, a meu modo, parte da grande festa. Sobre o frevo e o passo pernambucanos, o escritor modernista, crítico literário e folclorista escrevia, na segunda metade da década de 1940:

    Entre cair no frevo e ter a legitimidade de um passista, e mesmo se dizendo fazendo o passo, vai uma distinção. [...] O frevo, como qualquer delírio multitudinário, aceita displicente no seu bojo infinito, até um paroara como eu, que uma feita, em companhia de Cícero Dias, no único carnaval do Recife a que já teve o direito de... de participar, de repente se viu despido de suas longinquices paulistas e ficou doido. Mas se os doidos podem ser frevolentos e ter suas frevolências, por pobreza minha não posso me considerar passista, incapaz de tesouras e dobradiças que sou.

    Isso em 1947, primeiros tempos de oficialização do Carnaval de Pernambuco, quando intelectuais e autoridades públicas se empenhavam em definir, de modo bastante elitista – ou sob uma perspectiva colonizadora, para manter a sintonia com a linha teórica adotada pela autora –, o que era e o que não era autêntico, legítimo e culturalmente puro nos brinquedos carnavalescos populares de rua. Eram tempos em que talentosos artistas plásticos e fotógrafos, profissionais e amadores, esmeravam-se em buscar apreender os fugidios e desafiantes movimentos dos passistas e de suas sombras projetadas nas pedras escaldantes do calçamento das ruas do Recife: Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Augusto Rodrigues, Manuel Bandeira, Alexandre Berzin, Juvenal Gomes, Ivan Granville, Pierre Verger, Marcel Gautherot.

    O presente ensaio muito deve ao trabalho de pesquisa desenvolvido por Valéria Vicente para a elaboração da tese doutoral apresentada ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Artes Cênicas, da Universidade Federal da Bahia, em 2019; mas dela se distancia por não se ater aos rigores acadêmicos, propondo outra linguagem e estrutura ao texto, dando menos ênfase à exposição dos argumentos teóricos e metodológicos na abordagem e no desenvolvimento do tema. Difere-se, também, e principalmente, por incluir depoimentos de passistas foliões de rua. Já em sua dissertação de mestrado, posteriormente publicada em livro – Entre a ponta do pé e o calcanhar (2009) –, a pesquisadora problematiza o silêncio que, no geral, a historiografia, as memórias e crônicas sobre o carnaval têm impingido aos passistas, acomodando-os na impessoal, a-histórica e despolitizada categoria de anônimos passistas. Para trazê-los ao debate, a pesquisadora busca recuperar, sob uma perspectiva analítica e crítica, a trajetória histórica dos processos de tradicionalização, institucionalização, classificação e sistematização do frevo e do passo, suas diversas formas e meios de transmissão e profissionalização, desde a década de 1930 aos dias atuais. Veio temático fecundo que, ainda que explorado pela autora em sua Errância passista, comporta muitos outros questionamentos e reclama novos estudos e pesquisas que venham a aprofundar o conhecimento sobre o frevo e o carnaval pernambucanos em sua contemporaneidade. O pleno domínio do assunto, nas mais diversas áreas do conhecimento, constituirá um substancioso manancial de informações de onde se poderá extrair subsídios preciosos para a formulação de políticas públicas de salvaguarda do frevo, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco desde 2012.

    Mas eis que fogem os dias e chega a Quarta-Feira de Cinzas ingrata. Animados e ainda cheios de energia, Valéria Vicente e os Brincantes das Ladeiras seguem a célebre Troça Carnavalesca Mista Bacalhau do Batata e, ao som da fanfarra, descem a ladeira fazendo mesura na ponta do pé. Apartada do grupo, reencontro o espirituoso casal fantasiado de Pandemia e Pandemônio, trajes rotos em corpos revigorados. Pela calçada, acompanho o pessoal das dobradices e sigo fazendo o meu em ponto pequeno, aqui e acolá me arriscando no passo do canlangogê, do camelo, do urubu malandro. Em meio ao furdunço, entregue ao frevo, ouço Valéria Vicente gritar: a alegria é um estado de risco!. Levanto os olhos e a paisagem desejante do Alto da Sé de Olinda me transporta para outras festas e culturas. Lembro-me do escritor mexicano Octavio Paz quando, em sua obra-prima O labirinto da solidão, discorre sobre o pachuco e evoca Novalis: Quando sonhamos que sonhamos está próximo o despertar.

    Rita de Cássia Barbosa de Araújo

    Historiadora

    PARTE 1

    ERRÂNCIA PASSISTA

    Para produzir a tese que deu origem a este livro, eu precisei compreender que doutorado é processo de amadurecimento enquanto ser.

    Precisei explicar a mim mesma que a dor do conhecimento é a amplitude da dúvida ocupando a existência: o imenso vazio que se abre e expande a respiração ao limite das fronteiras corporais, num ponto que de dentro para fora a pele se estica numa dor fina de alongamento.

    Precisei dizer que esse vazio criado pela dúvida profunda é o palco por onde dancei. Dancei as palavras de outros autores como memória minha: profundas, contraditórias, desnecessárias, ridículas, edificantes, enraizadoras, flutuantes. Nesse vazio, espremida entre corpos desconhecidos, percebi o mais óbvio, simples e indizível: eu danço para viver, eu frevo porque vivo, eu danço porque não existe sentido maior para a existência do que ser com outros.

    Precisei dizer tudo isso para poder dizer da outra forma, a forma cuja lógica é possível ser testemunhada, alguma lógica em que, ao rastrear as bordas desse vazio, pessoas como eu possam acreditar, não no que vivi, não no que acredito: possam acreditar que é possível, do imenso vazio, explodir uma célula potencialmente viva, potencialmente cruel, potencialmente relacional e, antes de sucumbir à redundância do que existe, confiar que um movimento lhe dirá o que é necessário ser e saber.

    Escrever assim, no silêncio de uma consciência móvel, que os rastros dessas palavras são como sombras, são como um rio, aparentemente fixo, mas completamente movediço, no qual se deve mergulhar.

    Precisei dizer que tudo que aqui está talvez seja apenas resposta a um impulso profundo de uma palavra Clarice que li vinte anos atrás. Aquele impulso ao mistério como fonte de vida talvez tenha sido o choque de onde emanam as energias de todos os movimentos que me impulsionam.

    Impulsionam para uma conexão com a vida que é inteiramente voltar para casa no meio do Carnaval, e chorar de gratidão pela oportunidade de viver o entendimento; e tudo deixar de importar e por isso ganhar toda importância.

    ACERTOS DE MARCHA (INTRODUÇÃO)

    Figura 4. Brincantes das Ladeiras em 2015: Zorilda Aguiar, Ana Martha, Penha, Francis Souza, Wilson Aguiar, Valéria Vicente, Cláudio Ramos, Thais, Tiago Caramuru, Ferreirinha, Maria Flor, Gere, Ivson, Miguel Ângelo.

    Fonte: Acervo pessoal.

    Acertos de marcha são ensaios festivos das troças, clubes e blocos para organização dos desfiles de Carnaval. Trago este termo para introduzir esta publicação, como um convite para organizar seu corpo de leitor em relação aos conhecimentos que vou compartilhar. Trata-se de uma pesquisa de doutorado na área de Processos de Criação em Dança, que teve, no Carnaval de 2016, seu principal ponto de ignição. Em vez de brincar o Carnaval como faço desde a infância, aquele Carnaval foi vivido como uma imersão artística, que me permitiu aprofundar em aspectos pouco abordados da cultura do frevo, especialmente na experiência do passista folião.

    Por meio desta pesquisa, voltei minha atenção para a capacidade que o organismo tem de se transformar energeticamente através de suas experiências de movimento. Assim, este livro se aprofunda nos aspectos energéticos do passo, do Carnaval de Olinda e da criação em dança.

    Acompanhar o grupo de passistas foliões Brincantes das Ladeiras foi o guia para a vivência desse Carnaval. Portanto, a experiência de brincar Carnaval com frevo nas cidades de Olinda e Recife dá ensejo ao processo técnico, criativo e reflexivo que resulta nos trabalhos artísticos que compõem a minha tese de doutorado no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia, sob orientação da professora Daniela Maria Amoroso: Errância Passista: frequências somáticas no processo de criação em dança com frevo. Por meio desse processo, compartilho um modo de ver e viver o Carnaval de Recife e Olinda, mobilizo os saberes e os impasses das danças que me constituem e impulsionam meu modo de ser no mundo, e trabalho para a valorização dos saberes da dança, como saberes do corpo e inteligência corpórea.

    A tese reflete ainda sobre os fundamentos metodológicos dessa recente área de pesquisa, sobre o conceito de corpo como vivido no campo da dança e as relações entre movimento e produção de conhecimento. Entretanto, escolhi para este livro retrabalhar os ensaios sobre o Carnaval, a revisitação da história do frevo a partir dos meus processos criativos e, por fim, a criação e os aprendizados do espetáculo Ebulição. Portanto, apresento uma parte da tese reescrita numa linguagem que deseja pulsar de forma mais democrática e poética do que me foi possível no primeiro momento, mas, também, convido para a roda meus parceiros, interlocutores e mestres. Por isso, a segunda parte do livro é escrita por passistas importantes na atualidade do frevo que apresentam seus pontos de vistas e suas histórias. Diante da oportunidade de publicar meus estudos do frevo, não poderia esquecer que, já em 2008, minha dissertação de mestrado alertava para o anonimato dado aos passistas como um modo de preconceito racial e de classe, e defendia a necessidade de os passistas serem autores da própria história.

    No momento que tenho o financiamento para publicação, sinto-me chamada a dividir este espaço, desejando que cada um desses artigos seja semente

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