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A Gigantesca Cidade De Drakan
A Gigantesca Cidade De Drakan
A Gigantesca Cidade De Drakan
E-book407 páginas6 horas

A Gigantesca Cidade De Drakan

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Sobre este e-book

Drakan é a maior cidade do mundo, possui um povo diverso e história antiga. É nesta cidade que quatro completos desconhecidos são forçados a cometer um crime, ao mesmo tempo que um dos Sete Pecados Capitais vasculha a cidade em busca daquela que traiu seu grupo, e que um ser antigo se aproveita do caos para transformar-se em um deus! Esses acontecimentos marcam o início de eventos que irão mudar a cidade para sempre!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de set. de 2021
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    A Gigantesca Cidade De Drakan - Alexandre Tavares Junior

    Arena

    Tudo começou em uma simples carroça. Era um dia de Sol com poucas nuvens no céu, os pássaros passavam voando por cima das árvores, seguindo a estrada e deixando suas marcas de rodas, estava uma carroça de transporte de passageiros. A carroça era guiada por um meio-orc chamado Tulaham, de pele acinzentada, face descontraída e físico forte, com dois metros de altura e de roupas simples e surradas, blusa esverdeada e calções pretos e curtos, tudo debaixo da imenso sobretudo marrom escuro com capuz que usava para se proteger do sol quente durante as suas viagens, em suas costas preso a um suporte havia um imenso machado cuja a lâmina gasta demonstrava seu uso constante, e em seu cinto juntos do lado esquerdo havia dois machados menores. Os orcs já não eram tão comuns quanto um dia foram, ainda restam algumas tribos no interior da cidade, mas sua população já não é mais tão grande quanto os meio-orcs, que rapidamente se espalharam, tinham mais facilidade de se misturar na cultura civilizada ainda podendo mostrar sua força nas tribos. Isso pouco a pouco foi mudando até o ponto em que suas raízes mais tribais iam se perdendo. O processo foi natural, mesmo alguns orcs que vivem no interior da cidade consideram isso uma fraqueza, apesar de deixarem os meio-orcs conduzirem suas vidas como acharem melhor.

    Dois cavalos acinzentados puxavam a carroça, logo atrás estavam todos os passageiros, eram dez dispostos, cinco de cada lado, todos em silêncio. Logo o sol que havia no céu desaparece e a carroça adentra uma sombra imensa. Todos os passageiros levam seus olhares diretamente à imensa muralha que se erguia, de cinquenta metros de altura e logo atrás estava a maior cidade que o mundo já viu, uma cidade dividida em zonas de muralhas. É para essa cidade que a carroça humildemente se dirigia. Um dos passageiros,  uma criança por volta de seus doze anos, de pele morena pelo sol, seus pés com as solas escurecidas pelo andar descalço, seu cabelo era de um ruivo claro, liso e pouco arrumado, abaixo de suas sobrancelhas finas fica o detalhe que mais chama a atenção de quem olhava, seus olhos heterocromáticos, o direito sendo de um azul escuro como o mar profundo e seu esquerdo  um verde-esmeralda, usa uma calça rasgada e desgastada, cuja a coloração original se perdeu há muito sendo agora de um marrom como o do barro, em seu pescoço encontra-se preso a apenas um botão um casaco de igual condição, muito maior que ele fazendo com que as pontas arrastassem pelo chão, as tornando mais escuras, ao redor de seu pescoço havia uma pelagem de animal, ao redor da cintura, presa por uma bainha de couro costurada havia uma adaga de pedra artesanal, em suas costas um arco preso junto à uma aljava de flechas por uma corda que se enrolava por seu tronco por cima do ombro e próximo a cintura, o arco e as flechas eram feitas à mão. Este era Savaivu, que agora olhava não com admiração ou surpresa, nada da fascinação infantil comum, ele olhava para a imensa muralha com olhar determinado, havia vivido na floresta por toda a sua vida, mas sabia que isso não o impediria, ele estava aqui para cumprir uma promessa, apesar disso havia algo mais, um sentimento de vingança também o impelia, mesmo que não percebesse.

    O inferiano, Leucis, imaginava todas as maravilhas que encontraria na cidade. Usava roupas de couro claro e um sobretudo gasto com capuz, ambos sujos pela viagem, mas combinavam com sua pele cor de bronze. Cabelos curtos e escuros, olhos prateados e chifres finos saindo das laterais de sua testa e curvando-se para trás, suas luvas de couro tinham glifos roxos pintados e as pontas dos dedos queimadas devido ao poder mágico que fluía dali em forma de poderosos feitiços, afinal, Leucis era um feiticeiro. De tudo que esperava encontrar na cidade, o principal seriam duas coisas que ele nunca havia visto antes, outro feiticeiro e outro inferiano. Leucis sempre foi o único onde vivia e em outros lugares os inferianos eram tão raros que poderiam ser considerados inexistentes, mas ele sabia que em Drakan isso seria diferente. Em Drakan, a origem cruel derivada dos tempos em que os demônios andavam sobre a terra, que originou os inferianos não importava, lá todos são iguais e capazes tanto de bem quanto de mal.

    Ao lado dele, estava um homem que não expressava nenhuma reação além de um simples olhar para a cidade, este era Takemi, tudo que se passava em sua cabeça eram teorias do que encontraria quando adentrasse a cidade, havia sido trazido aqui pelo sentimento amargo de que algo estava errado que vinha da tatuagem em seu braço direito, uma longa linha de símbolos mágicos que ele chamava de marca. Seus cabelos loiros médios e bagunçados eram tão claros que se aproximavam do branco, usando de uma túnica de cor branca. Por dentro um peitoral de couro leve, sua pele era clara e seus olhos azuis demonstravam uma grande calma, carregava consigo uma pequena bolsa de viagem no lado direito, enquanto no esquerdo em seu cinto ficava uma maça comum.

    A carroça foi se aproximando do portão principal, onde dois guardas de armadura vigiavam com lanças erguidas para o alto e havia um escudo em suas costas, um sendo um humano e o outro sendo um meio-élfo. Ambos possuíam no peitoral de suas armaduras o símbolo da cidade de Drakan: um rosto de um dragão virado para a esquerda e um elmo de soldado virado para a direita, ambos dentro de um losango pintado de vermelho no lado direito e azul no lado esquerdo. Ao se aproximar, o guarda humano faz sinal para que Tulaham pare e aguarde, o outro guarda anda ao redor da carroça observando os passageiros, escrevia uma pequena descrição de cada um, coletou nomes e comparou com uma lista que já tinha consigo.

    Após averiguar tudo e constatar que estava tudo em ordem, acenou para o outro guarda ainda ao lado do portão que por sua vez, andou alguns passos para a esquerda onde havia um retângulo cortado na muralha. Estava na altura dos olhos e então bateu duas vezes dentro onde havia uma portinhola de metal, ela se abriu em resposta e havia outro soldado dentro. Quando confirmou a ordem, o soldado do portão retornou ao seu posto, ao mesmo tempo que a parede de metal se fechou novamente e então o portão começou a se abrir lentamente.

    — Rota B hoje, vá para a zona de entrada 37, entendeu Tulaham? — disse o guarda humano.

    — Sim, sim, você sabe que eu entendi. — respondeu o meio-orc condutor.

    — Você diz isso, mas da última vez quem levou a bronca por você fui eu. Apenas siga a rota!

    — Claro, farei isso. — respondeu Tulaham com um sorriso de canto de rosto. E com o balançar dos arreios os cavalos começam a andar novamente, agora para dentro de um túnel, que descia vários metros.

    Por Drakan ser uma cidade tão grande e com tantas zonas diferentes em geografia e crescimento urbano, era necessário que existissem rotas mais rápidas e diretas para cada uma delas. Esses são os famosos túneis de transporte de Drakan. Os túneis vão para todas as zonas de Drakan em caminhos retos ou com poucas curvas, um sistema muito eficiente que começou a ser projetado no ano 561 e só foi terminado no ano 700. Os túneis só podiam ser usados por carroças de transporte de passageiros ou para transporte de carga e a travessia a pé ainda deveria ser feita através dos portões das muralhas internas, tudo isso devido ao fato do número massivo de carroças que ocupavam os túneis diariamente em alguns pontos chaves. Eram iluminados por cristais no alto das paredes em espaços de dois metros entre cada um deles, brilhavam o suficiente para iluminar o túnel completamente, apesar dos seus 20 metros de uma parede para a outra, em alguns momentos havia pequenas casas de guarda e patrulhas para garantir a segurança dos túneis.

    Fazia alguns anos que Tulaham transportava passageiros pelos túneis de Drakan, e ainda assim não havia feito nem metade das rotas conhecidas, mas as que ele conhecia, conhecia bem. Várias vezes já foi repreendido por criar atalhos a fim de encurtar desnecessariamente algumas de suas viagens, resultando em entrar na direção errada de um túnel cujas demais carroças iam ao contrário ocasionando na paralisação de vários segmentos e atrasando muitas entregas. Hoje, Tulaham não estava com pressa para terminar  sua rota, já que não tinha ideia se teria onde dormir no final do dia, se arrependendo de ter passado sua última folga na famosa zona do cassino, apenas duas carroças que cruzaram seu caminho iam na direção do portão principal da cidade pelo qual entraram, mas quando chegaram no primeiro cruzamento tudo mudou, um mar de carroças estava a sua frente, levou um tempo e muita paciência para Tulaham conseguir uma brecha e virar e seguir pela direita.

    Por sorte, o final de sua rota eram túneis somente usados para aqueles que adentram a cidade pelo lado de fora, o que não eram muitos, já que Drakan era rodeada apenas por algumas pequenas vilas sem relação direta com a cidade e poucos tinha interesse por adentrar a cidade, portanto o trecho final era vazio e silencioso.

    — É a primeira vez de vocês na cidade também? — perguntou Leucis, quebrando o silêncio na tentativa de puxar uma conversa. Alguns viravam o rosto para evitar a conversa, porém um lhe olhou no olho e começou a falar.

    — Sim, ouvi falar muito da cidade. — respondeu Takemi, fazendo com que o silêncio fosse quebrado novamente.

    — Qual o motivo da sua vinda? Se não se importar que eu pergunte. – disse Leucis.

    — Turismo. — respondeu Takemi com um leve sorriso descontraído. — Apenas turismo.

    — Entendo... — Leucis então se virou para Savaivu. — E você, está sozinho? Não veio com seus pais?

    — Não. — respondeu Savaivu de maneira ríspida.

    — Entendo...

    De repente, todos ouvem barulhos estranhos, sons de marcha pesada vinham em sua direção pareciam se aproximar a qualquer momento. Tulaham, desconfiado, decidiu apressar os cavalos, puxou as arredias, eles relincharam em resposta, começaram a correr mais rápido pelo túnel, mas já era tarde. Como se a parede não passasse de uma mera ilusão, surgem dois imensos dragões, um verde e outro azul, deixando a parede da qual saíram ondulando como a água, um logo atrás e o outro logo a frente, os cavalos empinam assustados, Tulaham luta para acalmá-los puxando os arreios, foi então que da mesma maneira que os dragões um grupo do que pareciam soldados surgem marchando com espadas e machados em mãos, juntamente com arcos já com as flechas prontas e magos cujos os cajados brilham com as chamas prestes a serem disparadas contra a carroça.

    Antes que qualquer coisa pudesse ser feita, um último homem surge da parede, um meio-dragão. O meio-dragão é um ser que pode existir nas mais diversas combinações, este era metade humano, metade dragão vermelho, as escamas subiam pelas laterais de seu pescoço surgindo de seu pescoço até a base das bochechas. Seu cabelo era branco e penteado para trás, usava uma roupa formal e elegante de tons de vermelho. Ele caminhava com elegância entre os homens brutais que saiam de seu caminho com respeito.

    Os meio-dragões são extremamente raros, principalmente pelo fato de que muitos dragões, apesar de conviverem normalmente com as outras espécies, dificilmente as consideram plenamente iguais, principalmente pela falta de longevidade vital e poder mágico bruto. Os meio-dragões eram vistos quase como seres impuros pelos dragões mais tradicionalistas, sendo essa visão mais comum nos dragões mais nobres e de alta classe, o que entra em contraste com o fato da maioria dos meio-dragões se originar desses mesmos dragões nobres em situações em que decidiam ter momentos de prazer com as raças que consideravam inferiores. Neste cenário, a maioria dos meio dragões eram crias de pais dragões. O inverso praticamente não ocorria, muitas vezes resultando de um completo abandono da criança pelo pai dragão que se recusava à reconhecê-la, apesar das muitas tentativas de reverter esse cenário por parte da realeza drakaniana, isso ainda ocorria por debaixo dos panos onde nada podia ser feito para ajudar as pobres crianças, que muitas vezes também eram rejeitadas ou abandonadas pelas mães que eram empregadas, ou outros tipos de funcionárias desses mesmos dragões com o qual se deitavam e acabavam por perderem o emprego ao dar à luz a esses meio-dragões, na tentativa dos pais dragões de afastar a criança e renega-la, tornando as mães incapazes de cuidar das crianças, forçando seu abandono em orfanatos.

    O meio-dragão caminhou até Tulaham, parando logo ao lado de um dos cavalos, o acariciando como se tivesse pena do animal por puxar aquela carroça pesada.

    — Vai ficar de gracinha com meu cavalo ou vai dizer logo o que vocês querem? São da gangue do Axymilian não são?

    — Não somos uma mera gangue. Axymilian é um chefe, um líder, um modelo, ele lidera uma legião sob seu comando, tenha mais respeito ao falar de nós. — disse o meio-dragão em tom elegante de admiração.

    — Respeita meu pé nessa sua bunda meio escamosa, seu grande idiota! —  ao tentar chutar o meio-dragão, Tulaham tem seu pé pego no ato por um dos soldados que aproveita para jogá-lo contra o chão. — Agora você vai apanhar!

    Tulaham saca seu enorme machado das costas, mas ao se virar para atacar o homem que o derrubou, quatro já estavam na sua frente com escudos levantados prontos para bloquear. Logo atrás o dragão azul tinha um brilho elétrico entre os dentes, até o meio-orc sabia que aquilo era batalha perdida, e então abaixa sua arma com desgosto.

    — Agora que já estamos mais calmos vamos as apresentações: eu sou Ryugo, sou assistente pessoal de Dom Axymilian. Como já ouviram, o submundo de Drakan pertence a ele, e vocês agora também... — ao ouvir isso, Savaivu na carroça já colocara a flecha no arco, ia disparar quando Takemi repousa sua mão sobre o arco, indicando para aguardar. O garotinho ia reclamar quando Leucis também intervém, o fazendo sentar novamente. Ryugo sorri, satisfeito. — Agora que vocês se tornaram propriedade de Dom Axymilian, aqueles de vocês com habilidades de combate, ou que simplesmente levam consigo qualquer tipo de arma, serão levados imediatamente ao local de entretenimento mais movimentado de toda a Drakan, a ilustríssima, sempre lotada e comentada, Arena de Dom Axymilian!

    Os soldados fecharam um círculo ao redor da carroça, não havia como fugir. Logo todos tinham descido da carroça e começaram a ser levados e forçados a atravessar as paredes ilusórias. Para alguns foi fácil, outros não entenderam e tinham medo e tiveram que ser jogados, mas todos assim que atravessaram viram um imenso corredor, não grande como os túneis, mas ainda assim, grandes o bastante para os dois dragões surgirem voando como fizeram anteriormente.

    Depois de passar por várias salas e corredores muito bem decorados com quadros de um dragão vermelho, mobílias caras, demonstrando um gosto pelo estilo belequiano da ilha de Bélica, que incluíam alguns bonsais cuidados por criados desesperados por fazer seu trabalho o melhor possível, a fim de evitar algo terrível que poderia acontecer caso não o fizessem. Leucis, Takemi, Savaivu e Tulaham eram os únicos que possuíam armas e tinha aparência de quem já havia lutado ao menos uma vez e o fato de Savaivu ser uma criança não parecia importar tanto. Foram separados do grupo numa bifurcação de corredores e deixados numa estranha e confortável sala com lareira. A sala parecia muito com a sala de estar de uma mansão luxuosa, com uma lareira acesa, cadeiras, almofadadas e uma mesa de centro com frutas.

    — É o seguinte, vocês! —  disse Tulaham. —  A gente vai entrar na arena do Axymilian, o lugar onde ele cobra ingressos para geral ver gente se matando, só que a parada rola em equipe, então se estamos juntos na mesma sala somos uma equipe. Então o primeiro que me atrapalhar está ferrado, por que eu pretendo sair vivo dessa.

    — Pelo visto você é muito bem informado sobre tudo isso, por que? — disse Leucis.

    — Ao contrário de vocês não sou turista, não. Conheço a cidade com a palma da minha mão e machado. Esse teatrinho do Axymilian não me impressiona, qualquer um com um pouco de poder pode fingir ser o bonzão, mas o bonzão aqui sou eu! Tulaham!

    — Sou Leucis.

    — Takemi.

    — Savaivu.

    De repente, um coro de vozes cheias de força atravessa as paredes até a sala, todos conseguiam adivinhar o que isso significava e de onde vinha. A hora havia chegado. Uma das portas se abre sozinha, e da sala vazia na qual esperavam, eles se encontram frente a frente com a arena, um campo de areia com três pedras enormes juntas próximas ao meio, cercado por uma imensa arquibancada lotada com humanos, élfos, meio-élfos, lacertas, dragões e todas as demais espécies deste vasto mundo. E no alto em uma imensa suíte estava um imenso dragão vermelho de quase dez metros, olhos amarelos e brilhantes, vários cortes de garras estavam espalhados pelas laterais de seu corpo e pescoço. Ele estava deitado sobre uma cama lotada de almofadas avermelhadas de seu tamanho, com várias bebidas ao seu redor sobre uma grande mesa. Ao seu lado estava Ryugo, sendo assim aquele dragão só poderia ser Dom Axymilian, e ele parecia ansioso para o espetáculo, no teto de pedra havia um imenso cristal como as dos túneis de transporte de Drakan, que iluminava tudo com um brilho branco. Sem outra escolha, os quatro saem de dentro da sala quando as portas que antes pareciam ser simples portas de madeira, se revelam por trás imensas e pesadas portas de aço que agora estavam fechadas, os prendendo na arena frente a frente com um segundo grupo que vinha de uma porta paralela. O outro grupo não parecia ser de pessoas obrigadas a estar lá como eles, seus olhos eram raivosos, suas roupas e armaduras repletas de sangue de inimigos anteriores, mostravam uma ansiedade louca pela batalha.

    De sua suíte, Dom Axymilian sorri, ansioso pela matança que ocorreria. Pegou uma taça cheia sob a mesa e a levantou, e nesse momento o som do gongo ecoa pela arena, anunciando o início da luta. Leucis e Takemi imediatamente se colocaram entre o segundo grupo e Savaivu, que irritado corre deles, saltando habilmente sobre as rochas sem que percebessem, já que seu foco era outro. Tulaham sem esperar a chegada de seus inimigos corre diretamente até eles, foi direto para um humano, estava usava uma espada numa mão e um escudo na outra.

    Tulaham, cheio de fúria, desce seu enorme machado sobre o escudo, que não era resistente o bastante para suportar tamanha força vinda do lado orc de Tulaham, já que não passava de um escudo feito de um metal barato e pouco resistente, assim o machado o atravessa acertando o braço por debaixo. O homem grita, seu braço agora era apenas um pedaço de carne pendurada em seu antebraço. Furioso, o homem tenta revidar, mas Tulaham o empurra com um forte soco no peito. Quando o homem caiu, o machado de Tulaham cai junto, abrindo o peito exposto do guerreiro ao meio, encobrindo a lâmina do machado com sangue, alguns movimentos demonstrando a agonia da dor foram tudo que aquele homem podia fazer, agora estava morto.

    Um élfo avistou Savaivu sobre as pedras, pensando ser uma presa fácil usou sua habilidade para pular sobre as pedras e ficar frente a frente com o garotinho. Com sua espada em mãos ele tenta o primeiro golpe, mas erra. Para a surpresa dele, Savaivu era ágil demais sobre as pedras, desviando do golpe apenas se permitindo deslizar um pouco para baixo, e antes que pudesse tentar outro ataque o arco de Savaivu já estava tensionado, aquela distância não era possível errar. O élfo cai sobre a areia ao lado das pedras com uma flecha no estômago. Ele tenta se levantar, virando seu corpo, mas suas costas são perfuradas quando Savaivu cai sobre ele com sua faca de pedra.

    Um mago meio-élfo disputava poderes mágicos contra o inferiano feiticeiro. Com gestos simples, Leucis disparava da ponta de seus dedos flechas de gelo. O mago, através de um rápido pronunciar de palavras arcanas, defende-se com uma lufada de vento que despedaça as flechas de gelo. Logo após, com mais palavras arcanas, o mago conjura uma bola de fogo e dispara contra Leucis, percebendo que a bola de fogo vinha mais rápido do que ele poderia conjurar uma defesa, se joga contra o chão. A bola de fogo passa por cima dele e por um segundo parecia que iria atingir a plateia, porém ela bate contra uma espécie de barreira invisível se desfazendo. Ainda no chão, Leucis faz mais movimentos de mão e com o bater da palma direita no chão uma explosão de areia que surge debaixo do mago, deixando-o momentaneamente cego. Leucis aproveita para se levantar, e então, com um último movimento apontando dois dedos na direção do mago, uma rajada congelante o atinge, transformando o mago em uma estátua de gelo.

    Ao ver um orc raivoso vindo em sua direção, Takemi sacou sua maça. A alabarda do orc desceu sobre Takemi, mas o mesmo dá um rápido pulo para a esquerda, fazendo a alabarda se prender no chão de areia. Antes que tivesse a chance de tirá-la de lá, o orc recebe um golpe da maça de Takemi bem no peito, o jogando para trás, caindo de costas no chão. Se não houvesse uma pequena proteção de cota de malha, o orc certamente teria morrido no ato. O orc não esperava tamanha força em um simples humano.

    Se levantou, puxando uma espada curta que tinha em seu cinto, enquanto Takemi se afastava cauteloso. O orc entrou em fúria, gritando e berrando conforme corria desferindo cortes no ar até Takemi. Percebendo o perigo daquele orc descontrolado, Takemi ao invés de apenas saltar para o lado decide rolar, se afastando ainda mais, e sem que ele percebesse atrás dele havia o mago congelado. O orc em sua fúria não parou, acabando por despedaçar o companheiro em vários pedaços de carne congelada. Ao perceber o que havia feito o orc fica ainda mais irritado, mas quando se virou Takemi já estava na metade de um golpe contra o joelho direito do orc, que como estava desprotegido quebrou completamente ao ser atingido pela poderosa maça de Takemi. O orc cai urrando de dor e Takemi desfere o golpe final sobre o orc, destruindo sua face com um poderoso golpe de sua maça. Acima deles, em sua suíte particular, Axymilian se mostrava surpreso. Não era sempre que uma equipe inteira se mostrava tão habilidosa o bastante para vencer todos os seus adversários em tão poucos golpes, ele precisava comprovar essas habilidades com um desafio maior.

    — Liberte o monstro.

    — Mas..., mas senhor... — disse Ryugo. —  As barreiras ainda não foram reforçadas para permitir a entrada do...

    Ryugo para ao ver o olhar ameaçador de seu mestre, engolindo seco ele se vira e dá ordens a um guarda próximo que mesmo no espanto do comando corre para cumpri-lo. Enquanto isso, na arena, Savaivu olhava a plateia sem entender a comemoração, Takemi e Leucis vão até ele preocupados.

    — Você está bem? Te machucaram? — perguntou Leucis.

    — Você não me conhece, me deixa em paz! —  disse Savaivu se afastando.

    Antes que tivessem tempo de conversar mais, Tulaham vinha até eles enquanto usava um pano para limpar seu machado do sangue.

    — Fácil, fácil... E eu aqui esperando um desafio na famosa arena do Axymilian.

    — Tivemos sorte. — respondeu Leucis.

    — Sorte? Não, eu é que sou bom mesmo. — respondeu Tulaham, confiante, com seu machado brilhando de limpo.

    — Já que você conhece mais sobre isso tudo do que nós, me diga: já acabou? — perguntou Takemi.

    — Depende se o vermelhão gostou da luta.

    — Se ele gostar, teremos que lutar contra mais homens sedentos por sangue? — perguntou Leucis.

    — Pior que isso, pelo que eu soube.

    — Pior em que nível? — perguntou Takemi.

    Foi então que todo o chão tremeu. Nenhum deles entende, até que um imenso verme da areia surge do chão, rugindo com sua boca circular cheia de dentes e mergulhando novamente no chão. A plateia, já animada, grita de fervor.

    Tulaham desviou por pouco. O verme investiu em sua direção e quase o abocanhou, salvou-se pulando para o lado e rolando ao cair. A criatura entra na areia, saindo logo em seguida próxima a todos, arremessando areia pelo ar. Com um rugido, partiu na direção do grupo, que, por sorte, saltam todos a tempo de se salvar desta investida. Antes que o verme adentrasse a areia novamente por completo, Tulaham correu até ele, saltando sobre suas costas com o machado em mãos e enfiou seu machado com tudo na carapaça da criatura, que gritou de dor, levando consigo o meio-orc agarrado em seu machado para dentro da areia. 

    Tudo fica em silêncio por um momento, todos esperam a aparição da criatura, ela então surge atrás do grupo rugindo. Tulaham, ainda segurava seu machado, que por causa do nado na areia havia rasgado ainda mais a criatura, ao mesmo tempo que ficou impossibilitado de abrir os olhos devido a areia que agora cobria todo o seu corpo. Ela então começa a rastejar na direção de Takemi, Leucis e Savaivu. Com as mãos no chão, o feiticeiro faz uma imensa rocha surgir entre eles e o verme, que bate sua cabeça e muda se caminho, de forma que começa a seguir o contorno da arena próximo às arquibancadas, que ao serem atingidas pelo corpo da criatura revelam mais ainda a barreira transparente que protege a plateia, mas não impede que os mais próximos da arena sintam o tremor dos impactos do corpo imenso da criatura. 

    Tulaham lutava para não soltar seu amado machado, Savaivu dispara suas flechas acertando diversos pontos da criatura, Takemi correu para criatura e quando esta passou por ele, usou o próprio movimento dela e enfiou sua maça, fazendo diversos cortes feios irregulares e contínuos que espirrou o sangue verde nojento do ser das profundezas da terra pela areia. A criatura volta sua direção para o centro da arena, onde Leucis estava. Ele então fez sinais com suas mãos, juntando-as lançou uma lufada de vento na direção do chão para se impulsionar para cima, escapando da boca do verme e caindo sobre ele ao lado de Tulaham.

    — Você vem sempre por aqui? — disse Leucis, numa tentativa de aliviar a situação tensa em que se encontravam.

    — Onde é aqui? Eu não vejo nada! —  gritou Tulaham.

    A criatura continua a serpentear rapidamente pela arena ao redor de Takemi e Savaivu, que continuavam a atacar e desviar como podiam, mas parecia que seria necessário bem mais para derrubar a criatura da areia. Sob seu lombo, Tulaham mantinha a força em suas mãos para se manter junto a seu machado, porém a força sumira dos braços do feiticeiro. Não acostumado a usar tanta força, ele acaba soltando da criatura, mas antes de cair consegue segurar no braço esquerdo de Tulaham, desesperado e sabendo que precisava parar aquela coisa rápido, já que não poderiam permanecer naquela situação por muito mais tempo. Leucis decide por tentar algo arriscado, usando de apenas uma única mão e vários gestos complicados ele coloca sua palma exalando um ar gelado sobre a carapaça do verme, que inicialmente congela, mas o que acontecia por baixo era o que realmente importava: gelo se formando dentro da criatura, rasgando sua pele e tudo mais por dentro, mas era pouco para para-la, Leucis precisava usar mais magia.

    Focando seu poder arcano na mão, um brilho branco e gélido se intensifica na palma de sua mão, o gelo explode em estacas congeladas por todo o corpo da criatura que berra de dor agonizante, erguendo seu corpo para cima, o balançando de um lado para o outro de maneira frenética e desesperada. Leucis, sem mais forças devido ao extremo uso de magia, é arremessado para longe, no entanto, com sorte Takemi vira a cena e estava no lugar para pegá-lo. Ambos caem, rolando contra a parede da arena a tempo de ver a criatura dar seu último grito e cair morta no chão. Tulaham rola para o lado, arrancando seu machado da criatura e limpando a areia de seus olhos. Savaivu se aproxima da criatura, cheirando e cutucando para garantir que estava morta, Takemi se levanta e ajuda Leucis a fazer o mesmo.

    — Obrigado, você me salvou. — disse Leucis.

    — Você que nos salvou, mas tome cuidado para não usar tanta magia assim outra vez.

    — Não consegui pensar em outro jeito de derrubar aquela coisa.

    — Eu também não. — diz Takemi, colocando sua mão sobre o ombro de Leucis. Ambos sorriem pela vitória.

    De repente, Tulaham surge correndo ao lado deles com seu machado erguido, e então ele pula sobre a plateia. Seu objetivo era chegar até Axymilian, porém para a surpresa de poucos ele bate sobre uma parede invisível que protegia a plateia. Os clamores e aplausos se tornam risos descontrolados enquanto o meio-orc descia escorregando pela parede invisível.

    — Acabe com a arena por hoje — disse Axymilian, extremamente contente com o que vira. — E traga-os para mim.

    — É.…sim, sim, meu senhor. — disse Ryugo.

    Foi então que diversos soldados fortemente armados entraram na arena, cercando os vitoriosos e pisoteando os derrotados que não haviam sido engolidos pela areia enquanto o verme se movia. O grupo tem armas em punho, uma bola de fogo brilhante pairava sobre a mão de Leucis, até que ele percebe que seria inútil e a desfaz, Takemi percebe isso e abaixa sua maça, Savaivu também, mas Tulaham fazia questão de ameaçar os guardas.

    — Entreguem suas armas, vocês serão levados diretamente a Axymilian em pessoa em sua sala onde nenhuma arma é permitida para visitantes! — disse um dos soldados.

    Leucis por ser um feiticeiro não tinha como entregar sua magia, portanto os homens de Axymilian ficaram mais próximos dele para garantir que ele não fizesse nenhum gesto. Tulaham insistia em permanecer com seus machados, mas até para ele seria difícil sair daquela situação, muito a contragosto ele entrega seu querido machado, assim como armas extras que foram tomadas de todos. E assim todos são levados da Arena enquanto a multidão se revolta pelo término prematuro do combate, clamando por mais e mais.

    Conturbadas boas-vindas

    Guiados pelos corredores subterrâneos, indo cada vez mais para baixo, por lances e mais lances de escadas, até finalmente saírem em uma caverna imensa, onde no fundo adentrando à parede da caverna estava uma imensa mansão no estilo belequiano, com jardins iluminados por pedras que imitam a luz do sol, presas ao teto da caverna, onde cresciam bonsais e arbustos perfeitamente aparados. O grupo era conduzido diretamente para mansão e lá dentro podia-se perceber como a mansão fora feita para comportar um dragão do tamanho de Axymilian, corredores e portas eram imensos para tal. Foram levados diretamente para Dom Axymilian em pessoa, o imenso dragão continuava sobre sua cama de almofadas, com Ryugo ao seu lado. O meio-dragão ostentava em seu semblante o orgulho que tinha ao servir seu mestre, e vários guardas muito bem armados estavam dispostos ao redor do grupo que foram colocados de joelhos perante Dom Axymilian.

    — Bem-vindos a Drakan. Eu sou Dom Axymilian. Há muito procuro por um grupo como vocês para participar de um trabalho para mim. Um que exige sangue novo.

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