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Desencantados
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E-book238 páginas3 horas

Desencantados

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Sobre este e-book

Aurora é uma princesa corajosa que após subir no trono de Breemedawn, vê seu reino invadido pelo príncipe do país inimigo: James de Laguratz. Aura e Jim se odeiam profundamente e seus reinos estão em conflito há séculos. Durante sua fuga, a rainha entra em outra num portal para outra Dimensão onde existe magia, perigos e seres mitológicos. Ela terá que enfrentar heroicos desafios para voltar para Breemedawn, salvar seu irmão, assumir o controle de seu reino, enfrentar seu passado e derrotar o maldito James Gombrich , de uma vez por todas.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de jul. de 2019
Desencantados

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    Desencantados - Evalderiany Honorata

    Desencantados

    Evalderiany Honorata

    Copyright © 2021 by Evalderiany Honorata

    Todos os direitos reservados.

    Revisão: Evalderiany Honorata

    Diagramação: Evalderiany Honorata

    Arte de capa: Elciany Honorata

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    H748d

    Honorata, Evalderiany.

    Desencantados / Evalderiany Honorata. – Rondonópolis: [s.n], 2021.

    337 p. : 21 cm.

    ISBN 978-65-89416-18-0

    1. Romance – Aventura. 2. Mitologia I. Título.

    CDD: B869.93

    Ficha catalográfica elaborada por

    Débora Soares Vicente de Santana – Bibliotecária CRB-9/1914

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Literatura brasileira B869.93

    Impresso no Brasil.

    Prólogo      7

    Capítulo 1      11

    Capítulo 2      23

    Capítulo 3      47

    Capítulo 4      65

    Capítulo 5      79

    Capítulo 6      94

    Capítulo 7      107

    Capítulo 8      125

    Capítulo 9      148

    Capítulo 10      169

    Capítulo 11      199

    Capítulo 12      232

    Capítulo 13      252

    Capítulo 14      267

    Capítulo 15      289

    Capítulo 16      310

    Epílogo      333

    Á minha mãe Selma, à minha irmã Elciany, à Ágda, à Edilaine e à Patrícia.

    Prólogo

    Reino de Breemedawn

    19 de Janeiro

    Acontecia a celebração de mais uma geração da família Dallare que ascendia ao trono do reino de Breemedawn. Como não concordar com a boa escolha do rei Gregory de que a princesa Aurora fosse sua sucessora? Aurora Dallare era amada pelos súditos, se dedicava totalmente para seu reino. Apesar da crise que atravessam nas últimas décadas, com ela no trono, os breemedanos tinham certeza de que a garota faria Breemedawn reviver seus tempos de glória.

    – É uma honra assumir o legado dos meus pais. Irmãs e irmãos breemedanos, firmo agora um acordo com vocês: durante meu governo farei o possível e o impossível para superar a grave crise econômica e garantir o desenvolvimento da nossa nação. Eu prometo.

      A multidão ovacionava em aplausos aclamando salve a rainha Aurora. O rei Gregory Dallare tirou a própria coroa e levantou-a perante os olhos de todos, antes de colocá-la sobre a cabeça da princesa. A rainha Sarah aceitou o lenço de cetim amarelo que uma dama lhe oferecera logo depois, ela chorava emocionada vendo sua garotinha se tornar rainha. O príncipe Ridley Dallare estava do outro lado do palco, acompanhado do ministro Strauss. O primeiro-ministro ostentava o mesmo sorriso orgulhoso dos pais da jovem recém-coroada. Este era um dia especial como nenhum outro. Ele considerava Aurora e Ridley como seus netos de coração.

    O jovem rei do país Gracebegde, Peter Viscontti, estava sentado ao lado da senhorita Ayllun Chartrez, a dama de companhia de Aurora, na primeira fila. O rapaz sorria para a princesa Aura e ela retribuía o sorriso, confiava no melhor amigo.

    – Dê um sorriso pelo menos, rapaz. Sua irmã está recebendo a coroa! – o ministro Jean-Jacques Strauss disse para o príncipe Ridley.

    – Vim porque Aura insistiu, mas não consigo ser hipócrita o suficiente para comemorar o fim do reinado dos grandes reis bondosos.

    – Correção: seus pais.

    – Ministro Strauss, eu conheço a verdadeira face deles. O único motivo que me mantém em Breemedawn é minha irmã – Ridley afirmou. Aurora era sua irmã caçula e ele a apoiava.

      A princesa, ao final de seu discurso, ela deu uma olhada rápida conferindo se Ridley não tinha fugido. Sorriu ao vê-lo, o rapaz contrariado ao lado do ministro Strauss. Ridley era seu irmão mais velho, e sendo os dois os únicos filhos do casal real, eram irmão com uma forte amizade.

    – Estamos num período de trégua com nosso vizinho, o reino de Laguratz... Contudo, se houver outra ameaça de guerra, darei tudo de mim para proteger Breemedawn. Incluindo minha própria vida – ela encerrou o discurso.

    Haveria comemoração naquele dia, muita alegria. Os reis, pais da jovem rainha, estavam ansiosos para ir embora do país. Apenas esperaram a festa começar após a cerimônia e partiram em viagem para o Congo, onde escolheram viver a aposentadoria depois que a filha assumisse o governo.

    ***

    Longe dali, no reino de Laguratz, o príncipe James Gombrich assistia a transmissão da coroação no país inimigo. No telão da sala de operações do castelo de sua família, Jim observava os detalhes da cerimônia, solitário. Aquela conhecida princesa discursando, a coroação bem breve simples dentro do palácio. O vestido bege com a faixa branca e amarela de majestade parecia grande para ela, o cansaço do velho ministro Strauss, a expressão de tédio de Ridley, a troca de olhares constante da princesa breemedana com o rei Peter e a comemoração dos breemedanos nas ruas... No fim, a notícia de que os grandes reis foram viver em outro continente levou James a procurar o celular.

    – Ela está exatamente onde eu quero. Providencie o que for preciso para que minha chegada em Breemedawn seja épica.

    Capítulo 1

    Reino de Breemedawn

    31 de Janeiro

    À medida que o helicóptero se afastava daquele lugar antes tão seguro, o futuro dali em diante passou a ser um ponto de interrogação cada vez mais nítido. Aurora olhava entristecida seu palácio distanciando. O coração encolhia ao pensar na possibilidade de que talvez nunca retornasse ao seu lar. Tudo por causa do maldito James Gombrich, príncipe metido a rei, ela pensou sentada ao lado do irmão três anos mais velho, Ridley Dallare. Era Ridley quem dirigia o helicóptero.

      Aurora Dallare era a rainha recém-coroada de Breemedawn. Ela era linda, tendo o cabelo castanho claríssimo e longo, quase avermelhado, e os olhos da cor caramelo suave com verde expressivo e em conjunto com os lábios rosados. Seu cabelo raramente estava solto, sempre preso em numa trança longa. Odiava quando as mechas rebeldes caíam na frente dos olhos. Suas mãos seguravam uma adaga com o símbolo da família, os Dallare.

    "O que é real de verdade

    Talvez um beijo de amor

    Um segundo para a eternidade."

    Aurora murmurou os versos conhecidos de maneira inconsciente, como uma prece. Esses versos do seu poema preferido voltavam com frequência a memória, lembravam uma época feliz que ela lutava para esquecer.

    – Toda vez que você recita esse poema é porque você está pensativa ou nervosa. Eu arriscaria dizer os dois – disse Ridley.

    O irmão tinha vinte e seis anos, era um dos homens mais bonitos do reino, com os cabelos de um castanho caramelizado e o olhar rebelde. Ridley abdicara seu direito à coroa, deixando como próxima na linha de sucessão a irmã Aurora. Aura como era também conhecida, aceitara se tornar rainha com todas as responsabilidades de ser a última herdeira direta na linhagem real.

      Aura continuava observando a adaga que pertencia aos ancestrais quando uma lágrima de amargura desceu pelo rosto, direto na lâmina da arma. Localizado ao leste do continente Titania, o reino de Breemedawn era rival do reino vizinho, Laguratz, durante séculos. Os governantes de ambos os países estiveram em conflito e guerras longas. Permaneceram assim, num impasse pela busca de poder, do domínio, do controle, e infelizmente a geração atual de governantes havia herdado essa rivalidade tanto política quanto pessoal. Entretanto, hoje trazia o fim de quase meio milênio de rivalidades, com a fuga da rainha breemedana.

    Hoje, dia 31 de Janeiro, era o fim desse impasse após o golpe político que a família Dallare, soberana de Breemedawn, sofreu pela ação do príncipe James, de Laguratz. Depois de séculos de disputas, enfim Laguratz conseguira invadir Breemedawn, subjugando seu exército despreparado e caçando Aurora, para submetê-la ao poder de Laguratz, em outras palavras, a ele. James Gombrich tinha tanto ódio dos Dallare que ele próprio vasculhara todo o palácio onde os irmãos reais moravam, contudo, não os encontrou.

    – Eu poderia ter acabado com Jim, se você não tivesse me tirado dali – Aurora respondeu fazendo carranca.

    James tinha o poder de deixar a mais otimista e bem-humorada jovem do reino, a rainha Aurora, de mal humor. Maldito seja James Gombrich!

    Diferente de James, Peter Viscontti era o melhor amigo de Aura. E quem sabe, futuramente, seria seu esposo. Sentia muito carinho por ele. Peter era o rei de outro reino, chamado Gracebegde, que antes fora governado por uma idosa rainha sem descendentes. Após sua morte o trono foi passado para seu parente mais próximo, no caso, Peter. Ele era gentil e amável, de faces pardas e o cabelo mais loiro, olhos azuis que ao mesmo tempo em que cintilavam, deixavam Aurora balançada.

      Se não tivesse sido impedida pelos amigos e o irmão, a rainha teria partido a face pálida de James com sua adaga no momento que ele entrasse na sala do trono. Sim! Esse era seu maior desejo agora. Ele sofreria uma morte lenta por tudo que lhe causara. Ela odiava-o, aquele maldito James Gombrich.

    – Sua majestade, sabe que seria morta. Isso se James não quisesse exibi-la como troféu nos desfiles que fará como forma de mostrar superioridade. Ele conquistou nosso reino e certamente fará a rainha caminhar algemada em frente a multidão – interveio Jean-Jacques Strauss, sentado atrás dos irmãos Dallare.

    Strauss era um idoso barão, tinha uma barba branca desde que Aurora era pequena, motivo pelo qual ela e Ridley acreditaram durante um bom tempo que ele fosse o próprio Papai Noel. O primeiro-ministro esteve por perto cuidando dos irmãos Dallare, os viu crescer. Por toda sua vida tinha exercido o papel de primeiro-ministro ao lado dos avôs Dallare, dos pais Dallare e no começo desse ano, acompanhara a terceira geração chegar ao poder com Aurora.

    – Eu não me conformo com isso! Agora somos fugitivos em nosso próprio reino! Maldito seja James Gombrich! – ela falou e num gesto de raiva, cravou a adaga perto da porta do helicóptero.

      Aura abaixou a cabeça, sentindo o cinto de segurança apertar o tórax, detendo-a. Ela estava ficando desesperada, era um péssimo sinal. Estava perdendo o controle sobre suas emoções. Era James que despertava nela esse ódio.

    – Sei que você está revoltada, mas nós resolveremos essa situação, você verá! – Ridley tentou consolá-la.

    O olhar dele estava cheio de esperança. Ridley acreditava na vitória, na revanche que ela provocaria em cima de James. Já a rainha não tinha tanta certeza disso. A sensação de que falhara era a pior.

    – Ridley, eu preciso voltar. Prometi à mamãe e ao papai que eles poderiam descansar no retiro espiritual no Congo, enquanto eu cuidava de tudo.

    – Antes disso, eu prometi a eles que mesmo não fazendo parte do sistema monárquico, protegeria você. Esqueceu? – ele questionou.

      Lembrar dos pais, Gregory e Sarah, soberanos de Breemedawn, emocionou Aurora. Havia duas semanas desde que o casal, após três décadas de reinado, resolvera tirar férias permanentes.

    No momento em que tal fato ocorreu, a soberania de Laguratz não se manifestou. Nem a rainha-mãe Agatha, nem seus filhos: James, Roger e May Gombrich. Enfim a breemedana compreendia, James era o filho mais velho de Agatha, em breve seria coroado rei. Como forma de conquistar o apoio de seu povo mais rápido, conquistou o reino breemedano de forma inédita para fortalecer a sua imagem como soberano nos dois reinos. Ele desempatou o conflito existente entre os reinos rivais. O príncipe laguratzo planejava ser um governante grandioso e começar vencendo o maior inimigo era o passo decisivo para ser aclamado imperador pelos seus súditos.

      James não se pronunciara oficialmente sobre a coroação de Aurora em Breemedawn na época. Ele esperara pelo afastamento do casal de reis poderosos, o momento em que todo o poder ficou nas mãos da jovem rainha ainda inexperiente. Mesmo que Aurora fosse formada em Política na mais prestigiada universidade de Berlim, na prática ela estava no 13º dia de reinado. Então James agira sorrateiro, invadindo de repente Breemedawn tal qual uma águia de rapina! Seus soldados eram tão rápidos que nem houve tempo para o contra-ataque.

    – É óbvio que ele perseguirá sua majestade – concluiu o ministro Strauss, observando atentamente a paisagem.

      Eles sobrevoavam uma região de pequenos vilarejos e florestas petrificadas. Estavam em plena estação do inverno. Precisavam pousar o helicóptero antes de anoitecer, encontrar um bom esconderijo. Os campos limpos antes da floresta estavam encobertos por uma fina camada de neve

      Talvez este seria o último crepúsculo que veriam em liberdade.

    – Ele também virá atrás de Ridley – recordou Aurora.

    Seu irmão também era um príncipe.

    – Renunciei permanentemente o direito de governar, e nossos pais se aposentaram. Nenhum de nós tem autoridade e nem utilidade para James. Apenas você – ele explicou calmamente para Aura. Uma calma que escondia o temor do futuro.

    – Majestade, por enquanto precisamos escondê-la. Nesses momentos vale mais um recuo do que um confronto – Senhor Strauss tentou tranquilizá-la, sem resultado.

    Aura continuou agitada.

    – Todos eles me deram um voto de confiança e mesmo assim bastou treze dias para o bastardo dar um golpe de Estado. Tenho que recuperar a honra do nosso reino! – a futura rainha se mantinha relutante.

    – Sua majestade já tem conhecimento, mas a experiência é algo que só se ganha com o tempo. Esse contratempo logo passará – o primeiro-ministro continuava calmo, com a expressão serena.

      Aurora refletiu as sábias palavras de Jean-Jacques Strauss. Ele tinha um vasto conhecimento, era considerado um sábio por todos. E sempre sabia o que precisava ser feito.

    – O mundo gira, maninha. Hoje você é a caça e amanhã será a caçadora. Coitado do James quando você for a caçadora, ele vai sofrer – Ridley afirmou com um meio-sorriso.

    – Coitado do James? Não acredito que meu próprio irmão está do lado do Jim! – ela reclamou revirando os olhos, desinteressada na brincadeira. Ridley riu um pouco, balançando a cabeça.

      Ele crescera com Aurora. Nos campos de caça, ela era mais ágil do que os caçadores, quando só usava o arco e flecha. Imagine com essa adaga, o que ela seria capaz de fazer quando encontrasse James?

      O mistério nos olhos de Aurora Dallare traduzia uma ameaça explícita. James era um idiota e não valia uma moeda sequer. O maldito príncipe de Laguratz em breve pagaria por todo transtorno causado na vida dela.

    – Vamos parar nesse vilarejo, distante da capital.  Amanhã ao alvorecer, vamos para a fronteira de Gracebegde onde Peter nos oferecerá asilo político. Não estamos seguros em Breemedawn – pediu o príncipe, abaixando o veículo aéreo para o pouso.

    A aterrissagem foi tranquila, Ridley era geógrafo e conhecia a localização de cada pedra de Breemedawn. Ministro Strauss era um velho conhecido de um padre da aldeia onde eles pararam. A prefeita da aldeia surgiu com um semblante desconfiado diante o helicóptero, mas ficou contente ao ver de quem se tratava. Não era o exército daquele príncipe laguratzo presunçoso, mas sim a esperança do reino.

      Em pouco tempo Aura conversou com todos os aldeões. Após um breve diálogo com os moradores locais. Os aldeões concordaram de imediato em protegê-la de James. Eles ajudariam sua rainha se esconder nem que precisassem morrer para isso.

    – Nenhum desses laguratzos traiçoeiros tocarão num fio de cabelo da nossa legítima rainha – a prefeita do vilarejo, uma mulher de longos cabelos encaracolados, disse segurando uma pistola, antes de se curvar em reverência.

      A referência foi repetida pelos demais, todos se curvaram em seguida diante Aurora, eram leais à família real.

    – Não deixaremos James prendê-la – Ridley completou, fazendo reverência também.

      Aurora levantou o olhar, focalizou o céu rosa-alaranjado. Buscou força nos últimos raios solares. Eles lhe enviaram a mensagem para ter cuidado, a noite seria longa.

    – E eu também não me renderei. Vingarei essa terrível invasão. É o meu maior desejo – Aurora declarou com a voz embargada de ódio.

    Capítulo 2

    James Gombrich caminhou veloz pelos corredores do palácio onde morava Aurora, sede do governo em Breemedawn. As paredes de tonalidade marrom e vinho estavam decoradas com pinturas e retratos. Não eram quaisquer pinturas. Eram as representações que seguiam uma linha cronológica, quadros e fotografias das três últimas gerações Dallare, composta na sua maioria pelas primas e tias da rainha. A nobreza, apesar de grande, mantinha poucas relações com o palácio, viviam distantes e dificilmente reclamariam o direito ao trono do reino.

    Um quadro em especial chamou a atenção dele. Apesar das muitas fotografias em alta definição em detrimento das antiquadas pinturas, aquele era um quadro pintado por um artista renomado, em tinta a óleo. Ilustrava fielmente a rainha Aurora, em homenagem a sua coroação no começo do ano. A obra capturava a suavidade e o espírito guerreiro ao mesmo tempo.

      A rainha de Breemedawn havia fugido dele, entretanto, logo seria encontrada. Não seria a primeira vez que teria que ir atrás dela. E conhecendo-a como James conhecia, também não seria a última. Eles se odiavam há anos e assim permaneceria. Aura era esperta e valente, teimosa e mortal. Uma combinação que o intrigava e atraia.

    James daria tudo que tinha, mesmo seu título, só para ter o prazer de ver a expressão dela quando percebera que ele conquistara tudo o que antes era dela. Aura devia estar carrancuda, o amaldiçoando. Praguejando-o de bastardo, idiota, maldito e reizinho mandão, como já era de rotina. James riu sozinho.

    – Ela está mais bela a cada dia – afirmou a rainha-mãe.

    A rainha Agatha era conhecida por seu senso crítico, ela era justa. Seus cabelos, assim como os de seus três filhos, eram negro-azulados. James tinha olhos azuis como o oceano infinito tempestuoso. Ele não era muito alto, mas tinha porte e nobreza. Além disso, possuía uma personalidade um tanto difícil.

    – Mãe – ele saudou com um sorriso.

    Os dois guarda-costas que a escoltaram pelo palácio inimigo se curvaram e saíram discretos, ao serem dispensados por ela apenas com um aceno de cabeça.

    – Estou orgulhosa de você. Nenhum rei antes conseguiu tal proeza. Parabéns, meu filho – a rainha elogiou.

    – Obrigado, minha mãe. Porém Breemedawn ainda não é meu reino. Será quando Aurora retornar. Apenas ela pode, pelas leis deste país, renunciar ao trono em meu favor – James respondeu, voltando a olhar a face de Aura.

    Na impressionante pintura, Aurora parecia querer rir dele, zombando que Jim jamais conseguiria alcançá-la, pois ela era intangível como um raio de sol. Aurora fazia questão de desafiá-lo ainda que sendo tinta a óleo sobre tela. Essa era a rainha ferinha que conhecia.

    – Tenha cuidado, James. Você ainda não dominou as regiões interiores. Rebecca e Allan já lhe avisaram que os breemedanos são bastante fiéis à família Dallare.

    – O Parlamento da capital já se rendeu, é questão de tempo conquistar o interior.

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