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Rock Circus
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E-book61 páginas42 minutos

Rock Circus

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Sobre este e-book

Rock Circus traz em seu conjunto de textos uma particularidade: o uso recorrente das mesmas personagens, mesmo macroespaço e mesmo tempo. Delinquentes juvenis, prostituição, sexo escondido, timidez, paixões de adolescentes, orfandade e alguma pitada de rock underground são elementos que norteiam os contos do novo livro do escritor Dênisson Padilha Filho, o oitavo de sua carreira. Os contos se passam em qualquer bairro mediano do mundo, mas, nas histórias de Dênisson, esse espaço se chama Pituba, uma referência ficcional a um dos bairros da cidade de Salvador-BA. São esquinas, calçadões, janelas e terrenos baldios narrados sob o signo do começo dos anos 1980. Madrugadas em claro comparecem como depositárias dos sonhos dos adolescentes em algumas histórias. Ali, na janela do quarto, um garoto pensa na menina que não pode ter, mas também no pai que sumiu de sua vida, ou na mãe que não larga do seu pé. Em outras histórias, o leitor vai testemunhar um quarteto de jovens dando um furto geral na casa de um amigo, quando o programa era uma inocente tarde de filme na tevê.
"delinquentes juvenis, prostituição, sexo escondido, timidez, paixões de adolescentes, orfandade e alguma pitada de rock underground"
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de set. de 2022
ISBN9786588597279
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    Pré-visualização do livro

    Rock Circus - Dênisson Padilha Filho

    DenissonPadilhaFilho_RockCircus_eBook_Capa_EPUB.jpg

    Que me importa se me aborreço durante o dia,

    se à noite o elefante de ébano me levará até ela?

    Teresa de La Parra

    Por que em um segundo se perde tudo?

    O que é o que consome a vida em um instante?

    Guillermo Arriaga

    o azul de tudo...

    vitamina...

    do céu...

    chuva, vento salgado e baralho...

    eu, Bugre, Alemão e Zarolho...

    Cocô Beach...

    a coisa toda era triste...

    Margô...

    as baleias sobem pra brincar...

    hino das meninas cansadas...

    tenho quase certeza de que estar só é minha casa...

    eles eram quase selvagens...

    aquilo era uma merda...

    os faróis brilham na bolsa e nos sapatos...

    hino das mães sozinhas...

    não sei se gatos ficam tristes...

    dez a zero...

    nada disso eu vi...

    raivas e devoções...

    banquete...

    filme bíblico...

    a gente tem que se acostumar...

    só o barulho das outras ruas dentro de mim...

    rock circus...

    -

    sobre o autor

    Animaizinhos ingênuos calçados em tênis sujos. Barquinhos perdidos no comecinho dos anos 1980. A Pituba era meu mundo e a esquina era meu reino. Tinha vilão, tinha herói, tinha ancião e tinha princesa. Purpurina em redor, salto, bolsinha. E tinha eu, um quase alguém, catando um lugar na fábula.

    Eu gostava de ficar ali; uma borracharia ao lado e alguns carinhas pra lavar carros faziam o cenário. Nossa turma ia chegando por volta de cinco da tarde pra não fazer nada. Era só um exercício de ser da turma, ser visto, ser aceito, só isso. Faltar à esquina alguns dias, pra mim, era como não constar no mundo. Ali eu via acontecer de tudo e ouvia as conversas na borracharia sobre qualquer assunto: carros, pneus, acidentes, estradas sem fim, farras, orgias. Os velhos levavam os carros pra borracharia ou pra lavagem e a gente ficava da esquina ouvindo aquela vitamina toda pra nossa macheza.

    Meu bairro era uma mistura de tudo. Era, ao mesmo tempo, comercial e morada da classe média baixa, bancários e gente das fábricas. Por sorte, uma ou outra família morava ali por ter herdado um apartamento de dois quartos num prédio cheio de ferrugem nos canos; era o nosso caso. O bairro era formado por duas avenidas que faziam um T e por milhares de ruas com nomes de flores e estados. Era cheio de praças inacabadas onde a pirralhada gostava de ficar brincando nas manilhas que nunca serviriam pra nada e foram ficando ali pra sempre. Se a gente olhasse do céu, dava pra ver uns quinze prédios imensos e o restante era de prédios baixos e casas. Mas ainda era um bairro cheio de possibilidades de novos prédios, algumas dunas intocadas até, aonde a gente ia de vez em quando pra não fazer nada.

    Um dia, acordei de um pesadelo em que o mundo explodia e pegava fogo. Veio a antiga imagem da menina japonesa, toda queimada, correndo da bomba. Em nossos dias, Reagan xerifava o mundo, como se o facínora só estivesse do outro lado do mar. Acordei cansado de correr. Pensei na minha turma da esquina e pensei nas manilhas das pracinhas da Pituba. Dariam um bom esconderijo. Caberíamos eu e mais quatro, talvez cinco.

    A gente entra no carro da minha tia sexta-feira de noite. Salto de minha esquina pra cair dentro do carro, a pulso, e dormir na casa de praia deles. Vai minha

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