Do Mundo à Grande Vitória do Hip-Hop: O Lugar em Tempos de Globalização
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Do Mundo à Grande Vitória do Hip-Hop - Rafael Sapiência Torreão
Do mundo à
Grande Vitória do hip-hop
o lugar em tempos de globalização
Editora Appris Ltda.
1.ª Edição - Copyright© 2022 do autor
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.
Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT
Editora e Livraria Appris Ltda.
Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês
Curitiba/PR – CEP: 80810-002
Tel. (41) 3156 - 4731
www.editoraappris.com.br
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Rafael Sapiência Torreão
Do mundo à
Grande Vitória do hip-hop
o lugar em tempos de globalização
Ao meu pai e à minha mãe, Durval e Nereida, pelo apoio incondicional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha orientadora, Ana Lucy Oliveira Freire, pelo suporte necessário ao bom andamento da pesquisa que originou o presente livro.
Ao professor Luís Carlos Tosta dos Reis, pela disponibilidade e pelas importantes considerações.
Ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da Ufes, pela oportunidade.
Aos hiphoppers capixabas, especialmente Edson Sagaz, Pandora da Luz, L. Brau, Dj Ld Fli, Dudu Du Rap, Dj Jota, Mc Adikto, Dj Criolo, Marcelinho Hip-Hop, Fabrício Beat-Box, Dj Cachorrão, Alex Power, Zumbah, Amarildo Lilitu e Mc Bocaum, pela imprescindível contribuição.
Essas músicas minhas eu fiz num barraquinho ali dentro, irmão. E tá fazendo barulho no mundo todo.
(Sabotage)
Creio que o que está acontecendo já é a produção de um outro tipo de massa, sobretudo na cidade. Por aí a coisa vai. Contatar essa busca de sentido das massas é o caminho. Quem não for um bom rapper ou algo assim vai ficar na rabeira. A população quer novos intérpretes para essa questão.
(Milton Santos)
APRESENTAÇÃO
Este livro é fruto da minha dissertação de mestrado, intitulada Geografia do hip-hop na Grande Vitória – ES: o lugar em tempos de globalização
, orientada pela Prof.ª Dr.ª Ana Lucy Oliveira Freire, defendida na Universidade Federal do Espírito Santo no ano de 2014. As modificações decorrentes do processo de adaptação do texto foram realizadas de modo a não comprometer o seu sentido original. Sua exposição inicial, seus objetivos e procedimentos encontram-se na introdução, o que aqui desobriga a sua repetição.
O autor
Sumário
INTRODUÇÃO
1
LUGAR E CULTURA HIP-HOP NO CONTEXTO DO MUNDO GLOBALIZADO
1.1 A conformação da globalização e suas implicações socioespaciais
1.2 A premência do lugar na contemporaneidade
1.2.1 Em busca de um sentido: o resgate do lugar na Geografia – a contribuição da abordagem humanística
1.2.2 O lugar em tempos de globalização
Definir o espaço para repensar o lugar
Verticalidades e horizontalidades: o lugar e a produção das contrarracionalidades
1.2.3 Breve consideração a respeito da dupla forma de entendimento do lugar
1.3 Cultura e política hip-hop: articulação, agenciamento e mundialização.
2
COTIDIANO, OBJETIVIDADE E (INTER) SUBJETIVIDADE – RUDIMENTOS DE UMA GEOGRAFICIDADE DO HIP-HOP NA CONTEMPORANEIDADE
2.1 A importância do cotidiano na contemporaneidade e os atributos da grande cidade enquanto lugar
2.2 Objetos e ações, experiência e (inter) subjetividade: os escritos geográficos sobre o hip-hop no Brasil
2.2.1 Objetos e ações: o uso do espaço urbano pelo hip-hop
2.2.2 A experiência da periferia e a (re) construção dos sujeitos sociais
2.3 Cotidiano e geograficidade do hip-hop: considerações sobre o ser-estar-no-mundo em tempos de globalização
2.3.1 Hip-hop: ser e estar no mundo
2.3.2 Hip-hop no mundo tornado mundo
3
UM LUGAR NO MUNDO: A GRANDE VITÓRIA DO HIP-HOP
3.1 Década de 1980: a importância dos bailes e do break
3.2 Da cidade como lugar ao lugar como discurso
3.2.1 A politização do hip-hop frente à emergência do rap
3.2.2 O discurso do lugar sob a perspectiva das contrarracionalidades
3.3 Apontamentos sobre o hip-hop na Grande Vitória a partir das possibilidades informacionais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este livro propõe-se a uma leitura do hip-hop na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV)¹ no contexto de aprofundamento do processo de globalização, apresentando-o como expressivo movimento popular, político e cultural contemporâneo que tem no espaço das grandes cidades tanto um lócus de inspiração e ação quanto um nó que possibilita a convergência e o agenciamento de componentes dos mais diversos lugares do mundo.
É a partir da inseparabilidade dos seus quatro elementos fundamentais – o mestre de cerimônia (MC), o disc jockey (DJ), o break e o graffiti – que o hip-hop constitui-se enquanto movimento cultural/político peculiar (ALVES, 2012). O MC conduz a fala, geralmente caracterizada pela denúncia dos problemas sociais e mazelas que acometem as populações das periferias² urbanas. O DJ é responsável pela sonoridade, construída a partir de bases montadas em toca-discos e outros aparelhos eletroeletrônicos e/ou digitais. Da junção do MC com o DJ, origina-se o rap, expressão musical cuja popularização foi essencial na divulgação e consequente consolidação do movimento hip-hop. A esse respeito, Rodrigues é categórico ao afirmar que A maior parte da força do discurso do hip-hop vem da sua produção musical.
(2009, p. 95).
O break corresponde à dança, forma de expressão que trabalha com a potência do corpo. Sua intervenção ocorre nos espaços públicos por determinado período de tempo, fazendo […] com que um minúsculo espaço da cidade pare para observar o ritmo do novo corpo que ocupa a cidade.
(RODRIGUES, 2009, p. 95).
O graffiti é o elemento do hip-hop que mais se destaca nas paisagens das grandes cidades. Arte visual do movimento, sua prática envolve a apropriação do espaço urbano por meio de desenhos, mensagens de cunho político, assinaturas etc., objetivando dar visibilidade a grupos historicamente silenciados e marginalizados.
Articulado inicialmente nos guetos nova-iorquinos na virada dos anos de 1960/70, o hip-hop difunde-se agregando traços característicos dos lugares em que se instala. É a partir disso que se percebe, por exemplo, uma singularidade do hip-hop francês em relação ao hip-hop colombiano, dada as influências inerentes à conformação de cada situação (RODRIGUES, 2009). Fato similar pode ser constatado no Brasil, sobretudo quando se levam em conta sua ampla extensão territorial e suas marcadas diferenciações regionais. Nesse sentido, o contraste entre particularidades de gírias, sotaques e sonoridades é facilmente identificado quando se escuta um rap paulistano e um rap recifense, ou mesmo ao se comparar os hip-hops elaborados nas duas maiores metrópoles do país. Sobre essa questão, Macedo (2003) aponta para a formalidade do rap paulistano em relação ao estilo despojado do hip-hop praticado no Rio de Janeiro, caracterizado pela fusão de sons significantes para a cultura negra e carioca, tal como a mistura do rap com o samba.
No estado do Espírito Santo, mais precisamente na Grande Vitória, as primeiras articulações do hip-hop ocorrem por intermédio de videoclipes e programas televisivos, além das influências recebidas do movimento paulistano e carioca ao longo da década de 1980. O break, praticado em alguns espaços como o Parque Moscoso, no centro da capital, e na Prainha, em Vila Velha, fortalece-se (AMARAL, 2009). Os primeiros graffitis surgem em meados da mesma década, sendo ainda hoje possível identificar alguns de seus vestígios sob os viadutos localizados na Vila Rubim, nas proximidades da rodoviária da capital. Apesar disso, não havia na ocasião um entendimento claro a respeito do que era o hip-hop, situação que começa a mudar com o surgimento dos primeiros grupos de rap como o Suspeitos na Mira, em 1993, e o Negritude Ativa, no ano seguinte, também sob a influência do que vinha ocorrendo em São Paulo e no Rio de Janeiro (AMARAL, 2009).
Esse arranjo inicial, cujos desdobramentos resultam na configuração do movimento hip-hop local, auxilia em parte a definição da área de estudo da pesquisa que deu origem ao presente livro. As transformações atribuídas à globalização complementam o recorte analítico em questão, além de fornecerem uma fundamentação epistemológica necessária para qualificar a discussão em uma perspectiva geográfica. Daí a centralidade do conceito de lugar e a importância de apreender o lugar do hip-hop em relação à totalidade da Grande Vitória.
Figura 1 – Grande Vitória: o lugar em questão
Fonte: elaboração de Alessandro Montenegro Bayer
A intenção de situar o movimento hip-hop na Grande Vitória a partir de uma preocupação com a caracterização do período atual³ condiz, portanto, com o esforço de compreender o lugar em tempos de globalização. Para alcançar esse objetivo mais geral, foram traçados os objetivos específicos a seguir:
Descrever o processo de transformações do espaço da Grande Vitória a partir dos impactos provenientes da industrialização e urbanização após a década de 1970.
Identificar os principais equipamentos urbanos utilizados pelos hip-hoppers locais ao longo dos anos.
Analisar a importância das técnicas de produção e informação, além das possibilidades de sua apropriação e uso.
Caracterizar as atuais manifestações (eventos de rap, graffiti, rodas de break etc.) do hip-hop local.
Analisar as produções dos grupos e MCs da Grande Vitória e estabelecer comparações com as produções de outros lugares do Brasil.
O caminho teórico-metodológico valeu-se, inicialmente, de uma revisão bibliográfica pautada nos estudos dedicados à globalização e às suas implicações culturais, políticas e espaciais, principalmente a partir das concepções elaboradas por Milton Santos (2006, 1997), David Harvey (2010) e Renato Ortiz (1994). Além dessas discussões, as ideias de Milton Santos (1997, 2006, 2012a) e Ana Fani A. Carlos (2004, 2011) foram essenciais para um aprofundamento relacionado às definições