Alimentos do ambiente rural de Angola: produção e preparo
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Sobre este e-book
Consiste em uma leitura reflexiva, sobre a necessidade de uma outra ciência, equitativamente menos ocidentalizada e mais no compasso dos saberes secularmente acumulados e experimentados pelos povos tradicionais junto à natureza dos seus territórios. A leitura nos convida a pensar em uma ciência da complexidade que tenha como alicerce a ética e a humildade de reconhecer que a revolução científica nos trouxe muitos benefícios, mas nos aprisionou a uma ideia de desenvolvimento que por vezes apartou-nos da identidade, da historicidade, da justiça socioambiental e, sobretudo, da nossa relação harmônica primitiva com os bens naturais, que ainda insistimos em denominá-los meros recursos para reprodução capital.
A partir da imersão dos autores no cotidiano das comunidades camponesas de Angola, o livro brinda a inexorável relação entre alimento e cultura, sociedade e natureza. Relações tão esquecidas ou endurecidas nos contextos atuais de homogeneização dos padrões de produção e consumo, e dos olhares que divorciaram a questão ambiental da questão agrária/camponesa.
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Alimentos do ambiente rural de Angola - Silmo Schüler
1 A PRODUÇÃO DOS ALIMENTOS
Nas lavras são produzidos os alimentos consumidos no meio rural angolano, e parte da produção vai para o meio urbano. A lavra é o espaço físico onde acontece a produção.
Normalmente as lavras estão nas baixadas próximas a fontes de água, sendo que as camponesas residem em aldeias e deslocam-se diariamente até as lavras para trabalharem. Esse deslocamento, entre a residência e a lavra, as vezes pode levar horas.
Habitualmente elas levam, na cabeça, a bacia, um bidão de água para beber, uma catana e a enxada. Antes do final da tarde elas retornam para casa com alguma produção na bacia que servirá de alimento para a família.
1.1 PREPARAÇÃO DAS LAVRAS E O PLANTIO
Na maioria das vezes o solo das lavras é limpo, antes da estação das chuvas, com a catana e a enxada. O resíduo vegetal é queimado, e após a primeira chuva inicia-se o plantio, todo esse processo usa apenas a força humana, e normalmente é feito pelas mulheres.
As queimadas para limpeza das lavras degradam o solo, matando os microrganismos e diminuindo o teor de matéria orgânica, necessários para o bom desenvolvimento das plantas.
Em algumas regiões do centro e do sul de Angola, são utilizados bovinos para tração animal, favorecendo o preparo e manejo do solo, estas actividades são feitas pelos homens.
No campesinato a produção destina-se ao consumo próprio, existindo pouco excedente em função de deficiências nas condições de produção. O pequeno excedente, quando há, normalmente é vendido ao longo das rodovias para consumidores finais e para grossistas que fazem a produção chegar aos mercados consumidores maiores.
A agricultura camponesa angolana cultiva muitas variedades de alimentos, não possuindo especialização em nenhuma destas variedades. Como é o caso da camponesa Laureana Papo Seco em Icolo e Bengo.
A transformação desses camponeses, em agricultores competitivos, passa por políticas públicas de fomento à actividade agrícola.
2 OS ALIMENTOS
2.1 MILHO
Um pouco antes do período das chuvas, a limpeza do terreno das lavras é feita com uma catana e uma enxada, os dois instrumentos mais utilizados na agricultura camponesa de Angola. Os resíduos vegetais são queimados e inicia-se a abertura das valas para a semeadura.
Não é usado nenhum tipo de fertilizante e nenhum agrotóxico no cultivo do milho, apenas a capina manual durante o período de crescimento.
O milho colhido pela Sra. Antónica será debulhado, e os grãos irão para a moagem mecânica, com motor movido à gasolina, e a farinha obtida será utilizada na preparação do funge, principal alimento diário da Sra. Antónica, de sua família e de grande parte da população angolana.
Curiosidade: o milho é originário da América do Sul, destacando que em Angola há alguns milhetos nativos.
2.1.1 FUBA DE MILHO BRANCO
O milho branco é bastante utilizado para a produção de fuba. No método tradicional o milho é colhido, debulhado, seco ao sol e depois pilado no pilão ou na pedra. Esta actividade sempre é feita pelas mulheres, muitas vezes com o filho amarrado às costas.
2.2 MANDIOCA
A mandioca é cultivada e muito consumida em Angola, das suas raízes é produzida a fuba de bombo, e das suas folhas a quisaca. Da fuba de bombo faz-se o funge, principal carboidrato consumido diariamente pela população angolana.
O preparo do solo para o plantio da mandioca é feito com a enxada e a força humana, são montículos de terra onde são inseridos verticalmente três hastes, de aproximadamente 15 centímetros da rama da mandioca, permanecendo metade das hastes para fora do solo.
Dentro de aproximadamente dez meses as raízes já cresceram e estarão prontas para a colheita e o consumo.
Curiosidade: a mandioca é um arbusto originário dos Andes peruanos. Foi cultivada por várias nações indígenas da América Latina que consumiam raízes, tendo sido exportada para outros pontos do planeta, principalmente para a África, onde constitui, em muitos casos, a base da dieta alimentar, como é o caso de Angola.
2.2.1 FUBA DE MANDIOCA OU BOMBO
A fuba de bombo ou fuba azeda é obtida da fermentação da mandioca descascada por dois dias na água de lagoas ou de remansos de rios. Após os pedaços molgados são expostos ao sol até secarem, podendo ser guardados. Os pedaços secos são pisados no pilão de madeira ou na pedra. Usa-se uma peneira para separar a farinha fina que está pronta para o consumo, sendo que este trabalho é efetuado pelas mulheres.
2.3 MELANCIA
A melancia é muito produzida e consumida em Angola. Sua composição, além do alto teor de água, inclui carboidratos, vitaminas do complexo B e sais minerais, como cálcio, fósforo e