Sementes nem tão inocentes assim
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Sobre este e-book
São crônicas, poesias e contos que esperam ali, à sombra das árvores. Alguns nos lembram a infância, inocentes, mas cuidado! Nem tudo o que parece, na realidade é. O surreal, silencioso, está emboscado na grama do jardim, à espera do leitor incauto. Em Sementes, há canoas mágicas, gênios perdidos, aliens, bolas de futebol que falam, histórias de um Rio antigo e aulas para instrumentos musicais. Portanto, leitor, passeie por esse jardim, admire e aproveite suas maravilhas, mas esteja atento, pois há muitas surpresas ocultas entre as flores.
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Sementes nem tão inocentes assim - Miguel Cavalcanti Filho
Conteúdo © Miguel Cavalcanti Filho
Edição © Viseu
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem a permissão expressa da Editora Viseu, na pessoa de seu editor (Lei nº 9.610, de 19.2.98).
Editor: Thiago Domingues Regina
Projeto gráfico: BookPro
Coordenação Editorial: Giselle Rocha
Consultoria Editorial: Érica Montini
Copidesque: Giulia Garbo Garcia
Revisão: Luiz Carlos Domingues
Capa: Sofia de Souza Moraes
Diagramação: William Datti
e-ISBN 978-65-254-4015-6
Todos os direitos reservados por
Editora Viseu Ltda.
www.editoraviseu.com
Dedicatória
Dedico aos meus queridos netos Tiago Minatti Cavalcanti, Lucas Minatti Cavalcanti, Miguel Cavalcanti Ferrari Buss.
Prefácio
Sementes: contos, crônicas, poesia. Livro de contos infantis, porém com vocação de leitura juvenil e adulta, acredito que infantil mesmo é a prosopopeia, como linguagem utilizada na maioria dos personagens, acho que esses personagens meios que surreais existem de uma certa forma escondidos lá no fundo do coração de um sonhador, um conjunto agradável e harmonioso de real e fantasia, cotidiano, aventura, humor, tudo contado de uma forma de escala cromática ascendente.
Miguel Cavalcanti Filho
1. A canoa
Amarradouro atroz, o tronco do mangue vermelho aprisiona pela quilha que aderna na lama seca esverdeada, aguardando os primeiros toques suaves da preamar.
Qual garganta ressecada na ânsia do primeiro gole, a proa contempla o horizonte que a prenha brisa ameniza e sacia.
Aos poucos, vão chegando uma a uma, lambendo, lavando, levando a vida ao dorso da madeira dura, da maçaranduba ao jequitibá.
Enche-se de esperança a alma que aos poucos apruma, e o seco solo umedece, o corpo toma forma e flutua.
Chega enfim a maré cheia, balança, dança, no acalanto da marola vive a canoa.
Lá no alto, fora da revoada, fica na espreita o pássaro amigo
O mar espraia a escura espuma e a proa aguarda para descanso o pouso do biguá.
O Barba.
Uma figura respeitável, porém, muito estranha, longas barbas brancas com traços de preto, um homem muito forte com pisar vigoroso, alto e de ombros largos.
O Barba, como era conhecido, pois ninguém sabia seu nome, morava no alto. em uma casa de
madeira com varanda de frente para o mar, ao lado direito o manguezal, onde amarrava a canoa sempre na maré cheia, quando voltava da pescaria ou da pirataria, segundo as más línguas.
Naquele dia, ele entrou com a canoa pelo canal estreito do mangue, como sempre fazia, mas não amarrou no pequeno cais de madeira, parou e ficou olhando para o céu, como se estivesse aguardando a chegada de alguém.
A canoa estabilizou e tudo paralisou como se fosse pintura, Barba saiu do cadaste na popa e foi andando lentamente até o mastro do traquete, a bujarrona estava dobrada na proa, onde ele sentou e aguardou um pouco mais.
O que ele esperava não veio do céu, e sim do mar; saltando para a proa com um peixe no bico, lá estava o Biguá.
O Biguá:
Ele voa, mergulha, e nada como um pinguim, sempre vem com sua presa no bico, dizem que ele era um índio e que sua esposa fora levada pelo inimigo de outra tribo em uma canoa.
A canoa apareceu vazia e tudo indica que sua esposa desaparecera no rio, o índio Biguá mergulhava em busca da sua amada, porém não a encontrava, foi visto mergulhando, mas não voltara e em seu lugar surgiu um pássaro negro, que continuou