Pensamento Complexo e Currículo: um ensaio sobre a condição humana

De Horiana Lucena Campos

O trabalho ora apresentado pretende refletir sobre: Pensamento Complexo e Currículo: Um Ensaio Sobre a Condição Humana. Para alcançar a proposta, este trabalho é essencialmente conjectural e bibliográfico, buscando caminhar por onde autores como Morin (2012), Gaston Bachelard (1989) e Skinner (1970) nos mostraram sua visão de que a ciência é muito mais complexa do que a caracterizamos e, assim, reconhecem as proposituras mais significativas da condição humana. Ao mergulhar na ideia de complexidade, todas as obscuridades e os entraves de anos vivendo o dilema de quebrar barreiras que impedem uma aprendizagem significativa foi ficando mais visível. O pensamento complexo é a capacidade de interligar as várias dimensões da realidade, assim como promove a trans e a multidisciplinaridade, sem deixar de lado as partes que constituem o todo. Esse pensamento, por conseguinte, é uma estratégia que permeia ideias globalizadoras, porém reconhece as especificidades das partes. Essa ideia do fragmentário e descontextualizado não contribui com as concepções do que seja global e essencial. Vivenciar uma educação que de fato reconheça o ser humano numa dialética ampla é urgente, é necessário, é uma busca por um currículo que nos ajude a compreender e a vivenciar a existência com autonomia e leveza.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 31 de jan. de 2023
• ISBN: 9786525266176

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capaExpedienteRostoCréditos

À minha família, aos amigos de ontem e

de hoje e, em especial, a todos do Grupo

ARBOR que, no decorrer deste trabalho,

foram incentivadores e colaboradores na

minha transformação pessoal e profissional.

Meu respeito e minha admiração por vocês!

Aprender é muito mais que um ato intelectual de apropriação de saberes acumulados e tradicionados. Aprender é um ato vital, é uma comunhão de vidas, de interesses e de destino, é um jogo de relações pessoais e sociais nas quais todas as dimensões da vida emergem e se articulam entre si, ora em tensão, ora em harmonia, mas sempre dentro de um dinamismo de troca em todas as direções.

Leonardo Boff

LISTA DE SIGLAS

SUMÁRIO

Capa

Folha de Rosto

Créditos

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I CURRÍCULO: NOÇÃO, HISTÓRIA E MULTIDIMENSIONALIDADE

1.1 UM CONCEITO DE CURRÍCULO

1.2 O CURRÍCULO NUMA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL

CAPÍTULO II A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: REFLEXÕES ACERCA DE SUA AUTONOMIA, APLICABILIDADE E SEUS ENTRAVES PARA UM CURRÍCULO COMPLEXO

2.1 COMPETÊNCIAS COGNITIVAS VERSUS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

2.2 BNCC: UM NOVO ALVORECER NA EDUCAÇÃO OU MAIS UMA SÍNCOPE NA ESFERA EDUCACIONAL BRASILEIRA?

CAPÍTULO III UMA ANTROPOLOGIA DO CONHECIMENTO

3.1 CONHECIMENTO: COMO SE PROCESSA

3.2 PSICANÁLISE DO CONHECIMENTO

3.3 PSICANÁLISE, EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO

CAPÍTULO IV SOBRE UM CURRÍCULO COMPLEXO

4.1 O CURRÍCULO NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR

4.2 UM PROFESSOR COMPLEXO

4.3 UM CURRÍCULO COMO ESTRATÉGIA E NÃO COMO MÉTODO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

Landmarks

Capa

Folha de Rosto

Página de Créditos

Sumário

Bibliografia

INTRODUÇÃO

Minha paixão por currículo iniciou-se depois de investigar o conhecimento dos professores da Escola Municipal Manoel Nunes Trindade sobre o que é um currículo e quais são as funções que ele tem no processo educativo.

Comparando os dados, foi nítida a falta de conhecimento dos profissionais da educação sobre currículo, assim como foi visível a falta de interesse deles sobre o assunto abordado. Para compreender e sistematizar a relevância do currículo no processo ensino-aprendizagem e na prática cotidiana dos professores, é imprescindível que cada educador tenha conhecimento do que vem a ser currículo e qual sua importância na prática educativa.

Por ter, na minha vivência educativa, uma visão de currículo e de como este é importante para que meu trabalho seja mais bem sistematizado e com resultados que de fato correspondam ao meu pensamento do que vem a ser ensinar e aprender, embarquei em uma nova e profunda pesquisa sobre currículos que viesse a contribuir com meus anseios e com minhas inquietações sobre um currículo vivo. O currículo formal não se encaixava com o que eu vislumbrava no aluno nem contribuía para as práticas de um agente transformador.

Sempre fiquei inquieta com o fato de termos de seguir um sistema no qual o olhar para o aluno era frio, técnico, pontual. Minhas vivências diárias eram grandes e complexas para olhar uma pessoa e perceber nela só o que um currículo oficial exigia. Essa pessoa, meu aluno, é muito mais do que isso. Ele é um ser complexo e de dimensões sociais, culturais, psíquicas, emocionais e existenciais. Não observar o aluno nessa teia complexa que é a vida, na realidade em que ele está inserido, e não perceber que o inacabado reside em nós, seres humanos, como fonte inesgotável de aprendizagem é não compreender sua própria existência.

O currículo, numa perspectiva sociocultural, foi o norte para um caminho de desafios com os currículos, mas autores como Young (1977), Goodson (1997), Libâneo (2011), Silva (2018) e outros tantos foram consolidando a ideia de que um currículo não pode correr o risco de ignorar todos os condicionantes que estão dispostos em torno do ser humano. É apaixonante quando, ao percorrer esse mundo da leitura, deparamo-nos com conceitos e com reflexões que fundamentam nossas perspectivas de vida e de profissão. A educação é uma prática social e política cujas ferramentas são elementos simbólicos, produzidos e manuseados pela subjetividade e mediadas pela cultura (SEVERINO, 2002, p. 72). Um currículo que aborda as concepções de vida social e valoriza as relações que permeiam a cultura na qual o aluno está inserido deu-me esperança de que existiria um mecanismo de instaurar um novo currículo; um currículo que fosse capaz de orientar para a condição humana, para a complexidade, que olhasse para as múltiplas formas de aprendizagem e, consequentemente, que pudesse emancipar o aluno para um mundo melhor, de modo que esse aluno vislumbrasse na escola sua subjetividade, sua individualidade e sua multiplicidade.

Foi então que as teorias de Edgar Morin chegaram até mim. Só um professor orientador que percebe e vive a complexidade na sua prática diária poderia apresentar-me autores que me deixariam enamorada e totalmente aberta para a teoria da complexidade: a Jair Moises, toda minha gratidão.

Logo vieram as indagações: como repensar as questões curriculares numa perspectiva da complexidade? O que seria assumir um currículo numa conjectura da complexidade? Então, lancei o desafio de fazer um trabalho com o objetivo de compreender e propor o currículo numa perspectiva da educação complexa para a condição humana.

Para isso, é preciso ter um olhar para os vários conceitos de currículo. No primeiro capítulo, vamos nos debruçar sobre a noção, a história e a multidimensionalidade do currículo, uma abordagem histórica e conceitual do currículo ao longo do processo histórico. No segundo capítulo, o percurso