Grupo Folclórico Ilariô de Pirambu: Uma variação do coco em Sergipe
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Grupo Folclórico Ilariô de Pirambu - Betto Karvalho
Dedicatória
A José de Carvalho Pereira e Maria José Lucena Pereira, meus pais (em memória). Às minhas filhas Lunna Matias Lima de Carvalho, Kaluaná Vieira de Carvalho, Évany Karine Silva de Carvalho e às minhas pequeninas netinhas Letícia e Laura.
Agradecimentos
À mÃe natureza que nos alimenta com seus frutos.
Agradeço imensamente a Lunna, Kaluaná e Évany Karine, minhas filhas amadas, minhas grandes inspirações. Amores que me alimentam e me fortalecem.
Aos meus amados pais (em memória), José de Carvalho Pereira (Seu Zé) e Maria José Lucena Pereira (Dona Dada), por todo o esforço, educando-me e me abrindo as trilhas do conhecimento.
À minha companheira Fabiane Matias Lima, pela oportunidade de aprender com você todos os dias.
À Dona Nazilde (Maria dos Santos Sales), filhas e netas (Bárbara Camila dos Santos, Francimeire dos Santos, Isis Victória dos Santos e Carla Fernanda Santos da Silva), todos os brincantes do Ilariô, por terem tido paciência, dedicação e me concederem total liberdade dentro do grupo, para que eu fizesse todas as perguntas necessárias e possíveis para a realização deste trabalho.
Ao mestre José Alexandre Santos (Zé Alexandre), personalidade de grande importância para o grupo Ilariô de Pirambu e toda cultura de tradição oral sergipana.
Ao meu querido irmão Juá de Carvalho (Jura).
À minha orientadora Profa. Dra. Mackely Ribeiro Borges. Honra-me muito tê-la neste projeto, pelo respeito e admiração, pelas inúmeras dicas recebidas nos corredores da UFS.
Ao compadre, meu amigo Memeu Cabral. Quantas estradas e canções.
Ao amigo e historiador do Vale do Japaratuba-SE, Dudu Cabral.
Às minhas irmãs, tias e primas e aos meus tios, primos e tantos sobrinhos queridos.
Aos meus sagrados avós e bisavós. Em memória a minha mãe Celina, Tia Liu e minha irmã Aparecida (Cida).
A todos os brincantes, mestres e mestras do nosso Folclore, em memória do mestre Batinga (Cacumbi do mestre Batinga), Japaratuba-SE.
À minha querida Profa. Dra. Rejane Harder, pelas oportunidades no PIBID e Prodocência. Agradeço-lhe imensamente pelo seu olhar nobre quanto a este trabalho.
Ao Prof. Dr. João Liberato, pelas dicas como meu primeiro orientador nesta jornada e pela contribuição com sua flauta mágica em nossas canções.
Ao Prof. Dr. Antônio Chagas, por toda sua dedicação, dicas e orientações.
Em especial, também agradeço a três pessoas importantes e fundamentais neste processo: Prof. Dr. Hugo Leonardo Ribeiro, Antônio Ponciano Bezerra, o então Pró-Reitor de graduação, e a Profa. Dra. Vera Lúcia Corrêa Feitosa, por terem tido a coragem, atitude e sabedoria de trazer o Curso de Licenciatura em Música para a Universidade Federal de Sergipe.
Aos meus amigos de Pirambu-SE: Tânia Biriba, Edson Barreto, Valcieton (Tom di Icapuí), Martinha, Daniel, Tadeu e Dayse Rocha (Dona Deusa) e meu querido amigo e parceiro Domingos da Silva e Valnice Nascimento da Silva (sua esposa) e Pousada Pirambu Residence. Quanto apoio! Todos nós agradecemos muito.
Em memória, agradeço ao amigo Bisca. Um especial muito especial. Um brincante iluminado.
A Gleidionaldo David dos Santos, pela parceria nas transcrições. Valeu, Dog! A Antônio Corumba pelas parcerias e observações quanto ao folclore sergipano.
A Claudomir Tavares da Silva, nossos agradecimentos pelo espaço cedido (sua casa) enquanto fazíamos a pesquisa.
Aos meus parceiros e parceiras de disciplinas, seminários e trabalhos do curso de Licenciatura em Música da UFS. Obrigado por compartilhar o conhecimento comigo.
A todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização deste trabalho, meus agradecimentos. Assim como a todos os professores(as) com quem tive a honra e privilégio de estudar. Obrigado por todas as contribuições.
Velho é o tema, mas tão velho como o folclore é o sol, e o sol é sempre novo, quando esparge sobre o céu silencioso o ouro e a púrpura de sua flama, nos deslumbramentos do amanhecer. Velha é a terra, mas o rejuvenescimento constante de seu seio, abrindo-se fecundo, em flores e frutos, repete-lhe, em cada instante que passa, a ressurreição de sua mocidade eterna. Como o sol e a terra, o folclore é sempre novo, porque como o sol e a terra é também eterno e imortal. Crescem-se-lhe as asas, em cada voejar sobre os seres, novas asas lhe nascem para suster na sua trajetória infinita. E porque é eterno e imortal, vive o folclore em todos os seres, e espalha os tesouros imensos de sua força milagrosa.
Na infância do ser humano, as cantigas de ninar perpassam sob a gaze dos berços na voz carinhosa da mãe que sorri, contemplando a imagem do filhinho adormecido.
Texto extraído do Anuário do Folclore (8o FEFOL-1972)
1 - Introdução
Inúmeras manifestações populares de tradição oral em Sergipe nos remetem ao passado, preservando e garantindo no presente efetiva interação entre as mais diversas comunidades responsáveis pela preservação do Folclore sergipano. A exemplo disso temos Laranjeiras, Mussuca, Estância, Lagarto, Vale do Cotinguiba, Vale do Japaratuba e Pirambu, Aguilhadas, Lagoa Redonda, Anhingas, Marimbondo, Alagamar, Baixa Grande e Santa Isabel. Estado riquíssimo em termos de tradição oral, cultura popular, ou seja, Folclore vivo, celeiro de vários mestres e mestras dessas tradições orais.
Este trabalho tem como objetivo realizar uma descrição do Grupo Folclórico Ilariô de Pirambu: sua origem, seus costumes e o que é sagrado ou profano em seu repertório. Assim como suas particularidades, tendo a música como elemento de sua maior compreensão através da transcrição de seus ritmos, observando seus instrumentos de percussão, para entendermos as variações rítmicas, e seu canto, para entendermos suas variações melódicas. Este trabalho não tem intenção alguma de ser um método, por isso não aprofundaremos as análises musicais aqui realizadas. Em seu discurso musical, o grupo possui variações do coco em Sergipe, que incluem samba de roda, samba de coco, (como diz a mestra Dona Nazilde, classificando-o como batucada/batuque), coco simples, coco de pareia, coco de pisada, coco solto e coco de roda, samba de pareia, xote, ciranda, marcha e samba de pisada.
O Ilariô é uma manifestação folclórica de tradição oral típica da cidade de Pirambu, município localizado a aproximadamente 76 km ao norte da capital Aracaju, ou ainda a 30 km pelo litoral, com uma população aproximada de oito mil trezentos e sessenta e nove habitantes¹.
Existem muitas explicações sobre a origem do nome de Pirambu. Uma delas é que uma colônia de pescadores batizou a localidade com o nome de um peixe muito comum na região, o Pirambu. Mas há ainda a teoria de que Pirambu era o nome do cacique de uma antiga tribo que habitou essa região (MENDONÇA, 2002, p. 39, apud SILVA, 2015, não paginado)².
Pirambu apresenta em seu litoral uma vegetação variada, composta por coqueiros, vegetação rasteira, matas de restinga e manguezais. Apresenta uma agricultura baseada no cultivo de coco, macaxeira, mangaba e outras culturas de subsistência. Na economia da região se destacam a pesca e o turismo, devido às suas belas praias e paisagens³. A exploração de petróleo, que teve início na década de 1970, também se destaca em Pirambu. É desta atividade que vêm as maiores fontes de recursos para os cofres municipais desde 2002
⁴.
No ano de 1982 foi construída em Pirambu a primeira base do Projeto Tamar no Brasil, que teve o apoio de José de Carvalho Pereira (Seu Zé), Maria José Lucena Pereira (Dona Dada) e Juá de Carvalho, proprietários do bar e restaurante Tubarão da Praia.