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Os Kajkwakhratxi (Tapayuna) e Sua Língua
Os Kajkwakhratxi (Tapayuna) e Sua Língua
Os Kajkwakhratxi (Tapayuna) e Sua Língua
E-book372 páginas2 horas

Os Kajkwakhratxi (Tapayuna) e Sua Língua

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Sobre este e-book

A língua Tapayuna, pertencente ao tronco Macro-Jê, família Jê, é falada por um povo homônimo que vive em uma aldeia chamada Kawêrêtxikô, situada ao norte de Mato Grosso, na Terra Indígena Kapôt-Jarina, às margens do Rio Xingu. Além da descrição de aspectos morfossintáticos dessa língua, esta obra inclui resultados de anos de pesquisa sobre aspectos históricos, socioculturais e sociolinguísticos desse povo. Tratar das questões históricas e socioculturais foi possível via bibliografias diversas, como jornais, revistas antigas, laudos antropológicos e relatos dos próprios Tapayuna. A análise morfossintática baseia-se em dados coletados em trabalho de campo com os falantes e em resultados de pesquisa bibliográfica sobre línguas aproximadas da língua Kajkwakhratxi. A pesquisa de campo para coleta de dados foi realizada nas aldeias Piaraçu e Kawêrêtxikô (aldeia dos Kajkwakhratxi) e nas cidades de Campinas e São Paulo. Por uma abordagem funcional-tipológica), foi possível descrever aspectos da morfossintaxe da língua Tapayuna (classes de palavras, estrutura das orações independentes, coordenação), além da descrição da marcação de caso. O livro divide-se em duas partes: a primeira trata da documentação histórica, sociocultural, sociolinguística do povo e da língua Tapayuna e da classificação da língua dentro do tronco linguístico Macro-Jê; a segunda apresenta a descrição dos aspectos morfossintáticos da língua Kajkwakhratxi (Tapayuna).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de out. de 2023
ISBN9786525010496
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    Os Kajkwakhratxi (Tapayuna) e Sua Língua - Nayara da Silva Camargo

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA

    A Francisco Paulo da Silva Camargo (in memoriam).

    À Maria de Fátima da Silva Camargo.

    A Sofia e Matheus, amores da minha vida.

    A Nilson Santos Trindade.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço ao povo Kajkwakhratxi (Tapayuna), por terem me acolhido em sua casa, por terem me dado a honra de estudar sua língua.

    Ao meu pai Kàtkrytxi Tapayuna, por me acolher como filha na sua aldeia. Ele foi um dos homens mais fortes que já conheci.

    Aos meus professores Orengo Tapayuna e Wengroj Tapayuna, por, em todos os momentos possíveis, em todos estes anos de pesquisa, terem me auxiliado.

    Às mulheres Kajkwakhratxi, por sempre me ajudarem dentro da aldeia Kawêrêtxikô.

    Agradeço imensamente à minha querida professora Lucy Seki, por ter me orientado na maior parte da minha vida de pesquisadora. Sem ela, nada teria acontecido. Sempre terei os ensinamentos e conduta da minha eterna orientadora, suas orientações foram para além da tese!

    Sempre agradecerei à minha amiga e sempre professora Marília de Nazaré de Oliveira Ferreira. Ela foi a responsável pelo meu ingresso na pesquisa indígena e trabalho com os Tapayuna. Ela me direcionou ao lugar em que estou até o momento: o trabalho com línguas indígenas brasileiras.

    APRESENTAÇÃO

    A história dos povos indígenas brasileiros sempre foi contada de maneira estigmatizada e incompleta, cheia de lacunas no que se refere aos meios de crescimento nacional. As histórias do senso comum trazem romances cheios de alegorias indígenas, do índio que não tem uma língua materna. Dessa perspectiva, os indígenas teriam um monte de palavras as quais não importam muito, porque seriam faladas por um povo inferior, que não fala direito, que não tem cultura, que é atrasado. E assim são as ideias sobre os verdadeiros donos do nosso país.

    Porém, para nossa alegria e esperança, essas histórias mal contadas dos povos indígenas do Brasil estão se esvaindo e abrindo lugar para as verdadeiras histórias desses povos. Sim, desses povos, pois em nosso país existem, aproximadamente, 170 línguas e, consecutivamente, 170 etnias distintas e ricas de conhecimentos socioculturais e linguísticos que a grande maioria dos brasileiros nem sequer imagina que existam!

    Este livro vem mostrar a história de um povo imensamente forte e que sofreu ataques etnocidas e genocidas. Conta a história de um povo que se reergue e luta pelos seus direitos há mais de cinco décadas. Mas, além de contar a história de resistência e luta desse povo, venho trazer momentos de descrição de sua língua materna, a língua Kajkwakhratxi. A descrição da gramática dessa língua dá-nos um exemplo de quão complexa é a gramática das línguas indígenas que existem e RESISTEM em nosso país, considerado, erroneamente, monolíngue.

    Com os exemplos descritos da língua Tapayuna, podemos reconhecer o papel grandioso que eles têm em nossa sociedade e em nossa academia científica. Por meio da língua Tapayuna, aqui descrita em alguns de seus aspectos (morfológico e sintático), poderemos compreender a importância do trabalho de conservação, documentação e revitalização das línguas indígenas brasileiras. Espero que, ao final da leitura desta obra, meus leitores possam sair emocionados e curiosos para conhecer novas histórias dos povos indígenas, sejam eles do Brasil, sejam de fora dele!

    A autora

    PREFÁCIO

    Quaisquer que sejam as formas de dialogar com Nayara Camargo, o resultado é sempre uma ação prazerosa, em todos os sentidos: seja pela leveza de seu diálogo, seja pela consistência de suas ideias ou pela coerência de suas palavras. Por isso, quero já declarar o meu sentimento de profundo agradecimento pelo privilégio de prefaciar esta obra, marcando especialmente o significado que ela tem para o espaço acadêmico de nossa terra, em primeiro lugar, e para os estudiosos, em geral.

    Trata-se de um trabalho original, elaborado por uma profissional que conheço bem desde 2015 ou, por que não dizer, desde início de sua carreira docente.

    Quem conhece o trabalho docente e de pesquisa de Nayara certamente não se surpreenderá com a alta qualidade desta obra nem com o caráter pedagógico que a autora traz, pois aqui está expressa uma pequena parcela da capacidade dessa educadora, que faz do trabalho educativo o seu saber-fazer e que agora compartilha com todos nós uma de suas produções.

    Eis um trabalho que merece e precisa ser lido, recomendado e estar sempre ao alcance da mão para ser consultado.

    Desejo à autora o reconhecimento pela obra; e, aos seus leitores, pleno êxito em suas pesquisas.

    Prof. Dr. Nilson Santos Trindade

    Mestre em Química pela Universidade Federal do Pará; doutor em Educação pela Universidad Americana (Assunção), com estágio de pós-doutoramento em Educação pela Universidad Iberoamericana del Paraguay (Assunção); coordenador do Núcleo de Inovação e Tecnologias Aplicadas a Ensino e Extensão da Universidade Federal do Pará.

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    Quem nasceu primeiro não foi o Brasil, fomos nós povos originários e nós fomos massacrados, mas continuamos a resistir para poder existir.

    (Cacique Raoni)

    Sumário

    INTRODUÇÃO 21

    1.1. A descrição e suas teorias 23

    1.2. Como fazer uma descrição? 24

    1.3. O prazer de fazer campo 24

    1.4. Meus professores 27

    1.5. Os livros e os Tapayuna (Kajkwakhratxi) 30

    1.6. Como está o livro? 31

    PARTE I

    Aspectos históricos e socioculturais do povo Kajkwakhratxi (Tapayuna)

    CAPÍTULO I

    HISTÓRIA, SOCIEDADE E CULTURA DOS TAPAYUNA 35

    1.1. História 35

    1.2. Conflitos 37

    1.3. Etnocídio x Tapayunas 38

    1.4. Pacificação 41

    1.5. Reencontro com os parentes Ki͂sêdjê (Suyá) 42

    1.6. Encontro com os Mebe͂ngôkre 43

    1.6.1. O Curso de Formação de Professores Me͂be͂ngôkre, Panará e Tapayuna 44

    1.7. O novo Kawêrêtxikô 47

    1.7.1. Regras de residência 49

    1.8. A língua Tapayuna hoje 50

    CAPÍTULO II

    ASPECTOS SOCIOLINGUÍSTICOS DO POVO TAPAYUNA 51

    2.1. Situação sociolinguística do povo Tapayuna 51

    2.2. A situação atual da língua Tapayuna 53

    CAPÍTULO III

    CLASSIFICAÇÃO DA LÍNGUA TAPAYUNA ENTRE AS LÍNGUAS DA FAMÍLIA JÊ 57

    3.1. O Tapayuna e as línguas indígenas brasileiras 57

    3.1.1. O tronco Macro-Jê 58

    3.2. A família Jê 61

    3.3. Características gerais de línguas Macro-Jê 63

    3.4. Estudos sobre a língua 63

    3.5. A fonologia da língua Tapayuna 64

    3.5.1. Os fonemas vocálicos orais e nasais da língua Tapayuna 65

    3.5.2 Os fonemas consonantais da língua Tapayuna 66

    PARTE II

    Aspectos morfossintáticos da língua Kajkwakhratxi (Tapayuna)

    CAPÍTULO I

    CLASSES DE PALAVRAS: UMA INTRODUÇÃO 71

    1.1. Os nomes em Tapayuna 72

    1.1.1. Categoria de posse 73

    1.1.1.1. Nomes inalienavelmente possuídos 73

    1.1.1.2. Nomes alienavelmente possuídos 76

    1.1.1.3 Nomes não possuídos 79

    1.1.2 Prefixos relacionais 79

    1.1.3 Formação dos nomes em Tapayuna 84

    1.1.4 Função sintática dos nomes 91

    1.1.5 Marca de número 94

    1.1.6 Modificadores 94

    1.6.1.1 O determinante de objeto thõ 95

    1.2 Elementos pronominais 96

    1.2.1 Elementos pronominais do Tapayuna 97

    1.2.1.1 Pronomes pessoais 97

    1.2.1.1.1 Pronomes pessoais independentes 98

    1.2.1.1.2 Pronomes pessoais dependentes 109

    1.2.2 Reflexivo 118

    1.2.3 Recíproco 119

    1.2.4 Demonstrativos 120

    1.2.5 Indefinido 122

    1.2.6 Interrogativos 123

    1.3 Verbo 124

    1.3.1 Classes dos verbos em Tapayuna 125

    1.3.1.1 Verbos intransitivos 125

    1.3.1.2Verbos transitivos 134

    1.3.2 As diferentes formas verbais nas línguas Jê 136

    1.3.3 Prefixos relacionais e os verbos 140

    1.3.4 As distinções semânticas de alguns verbos da língua Tapayuna 141

    1.3.5 Categoria de tempo e aspecto 146

    1.3.6 Categorias de tempo e aspecto 146

    1.3.7 Causativização verbal 151

    1.3.7.1Causativização de verbos intransitivos ativos 151

    1.4 Advérbios 152

    1.5 Palavras para número 160

    1.6 Conjunções 162

    1.7 Posposição 164

    1.7.1 — dativo, benefactivo 165

    1.7.2 we — malefactivo 166

    1.7.3 -rɛ — ergativo 167

    1.7.4 — instrumental, locativo 167

    1.7.5 kot — comitativo (com) 168

    1.7.6 ru͂ wu͂ — ablativo (de – movimento) 169

    1.7.7 — locativo (estático) 169

    1.7.8 — direcional 170

    1.8 Partículas 170

    1.8.1 Partículas {ra} marca de sujeito e {na} tópico 171

    1.8.2 Partículas e verbos 171

    1.8.3 Partículas fáticas 171

    CAPÍTULO II

    SUBCONSTITUINTES DA ORAÇÃO 173

    2.1 Subconstituintes nominais 173

    2.1.1 Locução nominal 173

    2.1.2 Locução genitiva 175

    2.2 Subconstituintes verbais 177

    2.2.1 Locução verbal 177

    2.3 Subconstituintes adverbiais 178

    2.3.1 Advérbios 178

    2.3.2 Locuções posposicionais 178

    2.4 Ordem dos constituintes 179

    CAPÍTULO III

    AS ORAÇÕES NA LÍNGUA TAPAYUNA 181

    3.1 Orações independentes 181

    3.1.1 Orações verbais 181

    3.1.1.1 Orações intransitivas 182

    3.1.2 Orações não verbais 194

    3.2 Outro tipo de classificação das orações independentes 197

    3.2.1 Orações declarativas 197

    3.3 Orações interrogativas 199

    3.3.1 Perguntas gerais (polares) 199

    3.3.2 Perguntas com palavras interrogativas 200

    3.4 Respostas 202

    3.5 Orações imperativas 203

    3.5.1 Orações com marcas de exortativo 204

    3.6 Orações complexas — orações coordenadas 204

    3.6.1 Orações coordenadas aditivas 205

    3.6.1.1 Orações coordenadas pelos elementos conjuntivos — ne͂ e ne͂ ke 205

    3.6.1.2 Orações coordenadas por justaposição 206

    3.6.2 Orações adversativas 206

    3.6.2.1 Orações coordenadas por elementos conjuntivos 206

    3.6.2.2 Orações adversativas coordenadas por justaposição 207

    3.7 Orações condicionais 207

    CAPÍTULO IV

    SISTEMA DE MARCAÇÃO DE CASO EM ORAÇÕES INDEPENDENTES NA LÍNGUA TAPAYUNA 209

    4.1 Marcação de caso 211

    4.1.1 Sistema de marcação de caso envolvendo pronomes 211

    4.1.1.1 Sistema de marcação de caso nominativo-acusativo 211

    4.1.1.2 Sistema de marcação de caso ergativo-absolutivo 212

    4.2 Sistema de marcação de caso envolvendo nominais 214

    CONSIDERAÇÕES FINAIS 217

    REFERÊNCIAS 219

    ~

    1

    INTRODUÇÃO

    Meu interesse em escrever e documentar uma língua indígena surgiu da angústia em fazer parte de um país que, cientificamente, se apresenta como um país multilíngue, porém que é, social e culturalmente, um país monolíngue e centralizador. Afirmo essa questão por saber que, atualmente, existem cerca

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