Te pego na saída
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Sobre este e-book
Este livro faz parte da coleção Vida em pedaços, em que Carpinejar narra os melhores e piores momentos da infância e da adolescência. São lembranças dispersas que, aos poucos, vão ganhando unidade com a leitura e construindo a autobiografia do autor. Na orelha, texto de Diana Corso
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Te pego na saída - Fabrício Carpinejar
Apaixonado e
amanhecido
Apaixono-me quando vejo uma calçada sendo lavada.
Na rua de minha infância, entre as 8h e as 9h, os moradores deixavam a reclusão da varanda e varriam as lajes com a mangueira. O Sol batia de leve seus cascos para não cair.
Arrepiavam-me os desejos de tanta gente limpar o mundo logo cedo.
As brigas de casais, as rusgas com os filhos, as rugas do rosto, as pendências financeiras eram resolvidas varrendo a rua. A missa cuidava somente dos casos mais graves.
As entradas de casa transformavam-se em saboneteiras. As poças espumosas e os passarinhos curiosos com a concorrência súbita das bolhas de sabão.
A harmonia dos movimentos, o som da palha esfregando o limo e as manchas, limpando o sangue de algum tombo de bicicleta, as marcas duplas do rolimã, o jogo da amarelinha.
Que vontade de consertar a vida havia naqueles cotovelos girando de cima para baixo. Remadores a seco, cumprindo a porção de suas quadras. Alinhados. Concentrados em expiar os pecados antes do meio-dia. Viúvas, senhoras em licença-maternidade, empregadas, zeladores, aposentados em trajes humílimos, irreconhecíveis em sua pobreza matutina.
A vitrola da vassoura, tchumtchumtchum.
Lavar ruas, lavar escadarias, o cheiro agudo do alvejante. Meu cuidado para passar, torcendo que o esguicho se distraísse e fosse me banhar nos dias quentes da primavera.
Fui para a escola, fui para universidade, sempre me encontrando com a juventude da água e as velhas mãos de seus moradores dançando no meio-fio. A corrente ia vagarosa e obediente descer a lomba até saciar a boca de lobo.
Na ordem mínima de meu bairro, a rua escovava os dentes. E as mulheres e os homens saíam ao trabalho com as noites coladas em seus corpos.
Apaixono-me quando vejo alguém lavando o piso. A manhã vaporosa dos sapatos cuidando para não escorregar. Olho otimista para o chão. Olhar para o chão não é desvalia, depressão, fracasso. Olho para o chão mais do que ao céu. E me levanto pouco a pouco, firmando as pernas da esperança.
Creio que sofri fome de amor nos meus primeiros dias, e o que enxergo chegando perto de mim é visita. Eu me apaixono por qualquer motivo. Eu me apaixono até pela falta de motivo — a verdade é essa. Apaixono-me por estar amanhecido.
Meus cachorros
Eu tive meus cachorros e fui me desvencilhando das cordas e coleiras, da proximidade. Não criei mais laços com os latidos.
Finjo que não tenho mãos para demonstrar afeto.
Meus cães eram vivazes, vira-latas, baldios. O primeiro tinha o nome de Xodó e a empregada tratou de deixar o portão aberto de propósito. Nunca mais foi visto. Nem ele, muito menos a empregada.
O segundo surgiu no dia 7 de