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Distopia - Semente Do Medo
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Distopia - Semente Do Medo
E-book239 páginas3 horas

Distopia - Semente Do Medo

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Sobre este e-book

— Ela está no quarto dela, no terceiro andar. A entidade está falando bastante. É importante que vocês, rapazes, não deem ouvidos a ela. Não é Abigail quem estará falando com vocês. Será um enviado das trevas. Tomem cuidado! Padre Joshua consente e olha para os jovens clérigos que lhe olhavam atônitos. Subindo as escadas, o gélido ar de morte vinha em direção oposta, dando-lhes a sensação de congelamento nas extremidades de seus corpos. Ao que se deu o nível amplo do terceiro andar, ouviu-se um rosnar como de cão, e um riso gutural que ecoava por todo o ambiente. Como que de imediato, uma voz masculina brada de dentro do quarto que estava de porta fechada. — Eu conheço a todos estes!... O padre velho com pecados demais, o filhote de um bruxo morto sem sobrenome e a boneca ruiva que tem medo de escuro. Estava esperando por vocês!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de dez. de 2020
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    Distopia - Semente Do Medo - Kalebe Vargas

    ѦǦɌѦÐĘȻЇϺĘ₦ȚѺᵴ

        De fato, este livro não estaria agora em suas mãos, se não fosse pela paciência infindável de minha amada, que ouviu repetidamente minhas leituras emocionadas e me ajudou a organizar as enxurradas de ideias, que constantemente me faziam levantar no meio da noite para lançá-las sobre o teclado do computador.

        Ao meu grande amigo, Marcelo Ache, que recebeu capítulo por capítulo, dando sua opinião de modo que me ajudou a temperar minha escrita. E também pelas injeções de ânimo que ele incansavelmente administrava em minha trajetória. E ao meu tio, Edgar Vargas, que era um dos primeiros a receber os golpes de minha escrita apressada e as vezes descuidada.

        Ao meu amigo inesperado, Neemias Rabelo. Nós nos conhecemos durante minha estadia em São Paulo, e ele nem sequer morava ou estava lá. Anos depois nos encontramos no Rio Grande do Sul, e hoje posso chamar de irmão. Tenho também a honra de ter seu parecer sobre este trabalho entre as páginas de Distopia.

        Também há gratidão de minha parte, aos tombos e aos incontáveis momentos de desespero e dificuldade que inevitavelmente sobrevieram à minha vida. Pois, cada uma destas adversidades, moldou meu caráter e minha personalidade. Sei que cada um dos meus aprendizados refletiu em minha escrita e condicionou minha mente a lidar com a árdua tarefa de escrever uma obra deste teor.

        Quero abrir espaço para agradecer àqueles que me instruíram e se dispuseram a investir seu tempo em mim, que viram um potencial em meio aos meus versos confusos e meus textos sem contextos. Ao professor João, que me instigou a questionar tudo! Meu primeiro objetivo no ensino fundamental, era um dia ter uma centelha do conhecimento deste, sobre quem eu digo, sem sombra de dúvidas, que foi o professor que mais me ensinou na vida.

        Também ao Professor Leandro Duarte. E tive a honra de ter meu livro lido por ele, e o privilégio de ter sua opinião somada a estas páginas. Ele leu minhas poesias, na época em que eu já pensava saber demais. Mal sabia eu que um violão em aula, faria de mim, muito menos músico e muito mais escritor.

        Agradeço também pelo incentivo que recebi da linda Professora Silvana, que leu meus primeiros fragmentos de livro. Ela foi a primeira a dizer que minha criatividade para escrever canções poderia ser muito bem aproveitada na literatura. Chegou a hora! Vamos ver se a senhora tinha razão! (riso)

    ĊѺϺĘ₦ȚΛɌЇѺᵴ

    Certamente que a Idade das Trevas iluminou a mente criativa de muitos grandes escritores! Dentre eles, está Kalebe Vargas. Em sua primeira obra, Kalebe não entrega ao leitor um livro a ser somado nas estantes dos bons leitores, mas um desafio: viver a experiência do oculto, entender mistérios que não lhe são permitidos pensar, desvendar segredos que podem lhe custar a Vida. Assim, mergulhar nas profundezas, onde a semente do medo está enterrada, faz do respirar uma tarefa árdua para os que ousarem ler Distopia.

    Leandro Duarte

    O que falar dessa obra? Um emaranhado de mistérios e aventuras mergulhadas na história. Revelando-se, a cada virar de página, uma grande obra literária que nos fascina e nos aprisiona nas teias da imaginação, como se cada cena, transliterada em palavras, saltasse ao mundo real. É quase que palpável cada textura, cheiro e sabor.

    Edgar Farias de Vargas

    " Uma obra excitante do início ao fim e carregada de mistérios. Distopia traz um enredo rico em detalhes e núcleos intrigantes. Nela, o autor procura dar não só um panorama da influência social e política da igreja na Europa do século XIV, como também apresenta aspectos da vida cotidiana das pessoas daquela época. Nestas páginas, o leitor vai experimentar emoções como raiva, amor, empatia e desprezo por personagens e suas histórias fartas de mistérios e hipocrisia.

        Distopia é uma obra que nos faz voltar ao século XIV e viver em uma época de intensa dualidade entre o que é moral e imoral. Nos faz imergir no universo dos camponeses e habitantes das cidades europeias que viviam baseados nos ditames da igreja daquele século, além de suas lutas contra a arrogância e hipocrisia de um sistema de governo divino, embebido em discursos de castigos à humanidade por suas falhas, baseados em interesses particulares e travestidos de intervenção e decisão divina.

        Escrito numa linguagem simples e acessível a todo público, este livro vem para nos apaixonar por seus personagens e histórias de sofrimento, lutas e amores nos levando além de um simples enredo, mas nos trazendo detalhes que nos levam a um final antológico. Leia, aprecie e apaixone-se por esta obra magnífica!’’

    Neemias Rabelo

    Boa Leitura!

    PrólѺgѺ

    Aragão, século XIV.

        Maldição!... Estas cordas!... Meus pulsos!

        — Este homem, aliciado pelo maligno, chegou ao clímax da ofensa a Deus, quando, por livre vontade, ofereceu seu culto e sua alma a Belzebu!

        Padre mentiroso! Como podem engolir estas baboseiras?

        — Para a ascensão da glória do altíssimo, erguemos este poste, e amarramos este herege, que em apostasia ousou cerrar punhos contra os santos homens, da santa igreja do Senhor.

        Ele não para de mentir!... O quê? Henry? Ele não deve assistir isto!

        — HENRY! ESQUEÇA O QUE EU TE DISSE! SAIA DAQUI! SAIA! VOCÊ NÃO PRECISA PASSAR POR ISTO! — James grita enquanto padre Edgar mantem ininterrupto o discurso. 

        Henry, um mancebo que beira seus dezesseis anos de idade, está em meio aos aldeões que vieram para assistir à execução, ato o qual os padres chamam de purificação.

        Meu filho! O que foi que eu fiz? Atraí morte para minha casa!

        Um dos padres se inclina para falar ao ouvido de Henry.

        — Henry?

        — Sim, padre Joshua.

        — Você entende o motivo disto estar acontecendo, não é mesmo? 

        Henry mantem os olhos fixos em James, amarrado a uma tora que fora cravada em meio ao campo da família.

        — Sim! Os hereges merecem as chamas.

        Joshua enruga a testa com espanto.

        — E isto não lhe incomoda?

        Uma lágrima escorre pelo rosto avermelhado do menino.

        — Meu pai me preparou para este dia... e para os que vierem após este.

        — O quê? Como ele lhe preparou para os dias que...

        — FILHO! NÃO PERMITA QUE O VEJAM CHORAR!

        Um homem se aproxima e fere a boca de James com a ponta de uma vara, fazendo com que seus dentes incisivos se partissem e sua gengiva se rompesse, desde a junção com o lábio até a parte de trás da arcada dentária. O sangue que escorre em seu rosto, desce pelo pescoço até encharcar sua roupa, que também fora rasgada nas agressões que antecederam a prisão.

        Henry foi bem instruído! Confio em seu caráter e em sua mente brilhante!

        Padre Edgar continua em sua cerimônia. — ... e em nome do pai, do filho e do Espírito Santo... — Ele ergue um bastão com a ponta flamejante. — ... AMÉM!

        O braço desce e a chama encontra a lenha, rapidamente o fogo se alastra. E o estalar dos galhos que queimavam assume o lugar do habitual cricrilar dos grilos.

         Ah! Deus! Por favor! O fogo está se espalhando rápido demais! Ah! Inferno! Já está tão quente!

        — Seu pai está sendo purificado, Henry.

        — NÃO FALE COM O MEU FILHO, MALDITO!

        Edgar assume a frente. — VEJAM! A REBELDIA EXALA DESTE HOMEM! OREM COMIGO, IRMÃOS: PURIFICA-O, SENHOR! PURIFICA-O.

        MALDIÇÃO! MINHAS PERNAS! AH! JÁ É TARDE DEMAIS!

        Henry cerra os dentes e os punhos, e seus olhos permanecem fitos em James. As chamas, que crescem, já lambem as pernas de seu pai. Suas vestes encandecem e a partir dali, em questão de segundos o fogo cobre toda a pele de James.

        — AAAAAAAAAAH!!! SOCORRO! JESUS! 

        Joshua se aproxima de Henry. — Venha! Vamos embora!

        Henry se recusa a sair. — Ele ainda não está puro! Está?

        Joshua arregala os olhos e engole em seco. — Você quer ficar até o final?

        — Ele me pediu para que assim o fizesse, mesmo que durante a execução ele implorasse para que eu o deixasse.

        Ele é tão forte! Ele manteve a palavra e não desvia os olhos! Aaaah! Que dor!

        Demorou mais vinte e sete minutos, infindáveis para James, inesquecíveis para Henry.

        Joshua permanece assustado com a frieza de Henry, que ainda não desviara o olhar. — Henry? Já acabou! Vamos!

        Henry vira as costas para a fogueira e para a pilha de carne e ossos que se amontoara na base do poste de madeira, que já está prestes a se quebrar por ter sido tão consumido pelas chamas. 

        — Certo, padre Joshua.

        Henry segue Joshua pelo campo, em direção a sua casa, pois precisava buscar suas coisas. Não será mais ali a sua casa, ou seu refúgio. 

        Uma certeza pairava sobre o âmago do menino: A partir daquele dia, seu refúgio haveria de ser sua mente, seus pensamentos, seu lugar de silêncio.

        — Henry, você está bem?

        — Sim, padre Joshua.

        — Eu sinto muito!

        — Mas, por qual motivo?

        Joshua fica confuso. — Pela morte de seu pai.

        Henry franze a testa. — Mas se ele era um herege, e a queima dos hereges agrada a Deus e também os purifica... por qual razão o senhor diz sentir muito? Deveria celebrar, correto? 

        Joshua está chocado. — Correto! Busque suas coisas.

        No rosto de Henry, frieza. Em seu interior, as chamas que arderam na pele de seu pai. Ele repetia para si mesmo como um Judeu repete seus mandamentos: Sem choro; Sem lamento; Sem medo; Sem perdão; 

        Seu pai lhe ensinara bem, preparando-o para aquele momento.

        — Tudo pronto, padre Joshua!

        — Não esqueceu nada?

        Henry olha em volta. — Não. Não há mais nada aqui que me interesse.

        E virando as costas para seu passado, o menino Henry segue o veterano padre Joshua, que o levaria até o santuário de Saint'Clement, internato no qual lhe serão agregados os valores e as doutrinas da fé católica. 

        Ao sair da casa, Henry segue reto, sem olhar para trás ou para os lados, sem sequer trepidar os olhos em direção aos ainda flamejantes restos de seu pai, que lhe deixara apenas quatro itens de herança: um pingente, uma bíblia, um ódio e um legado.

    ȻѦҎЇȚUḸѺ I

        Na enlameada Inglaterra, centro do mundo para os monarcas e religiosos do século XIV, residia um jovem franzino, iniciado na fé cristã por amor a sua mãe, que em vésperas de óbito, lhe desejara um destino consagrado ao 'Senhor de tudo'.

    Era uma madrugada fria e úmida, com rajadas horizontais de um vento congelante que rugia dentre as colunas estriadas do Santuário de Saint'Clement. As trancas de aço estalavam ao barrar as enfurecidas correntes de ar, que se jogavam contra as portas e janelas, com insistência de quem se recusa a ficar do lado de fora.

    As chamas crepitavam em meio ao ensurdecedor silêncio que tornava a atmosfera interior da ala dos internos ainda mais pesada e inquietante. Quando o relógio que decorava o longo corredor que dividia os dormitórios gritou, às quatro horas da manhã, Henry já estava com suas repetitivas preces concluídas, em sincronia com as esferas de seu terço amadeirado. 

    Ele exigia demais de si mesmo para dedicar-se tanto quanto os demais jovens. Seus superiores sabiam disto e reconheciam entre si o notório potencial do jovem clérigo.

    — Graça e Paz, irmão Henry! — Murmurou um jovem ruivo com os olhos que ainda evidenciavam sua dificuldade em acordar cedo.

    — Graça e Paz, irmão Cecil.

    — Por que nunca vejo o irmão com fisionomia cansada? Acaso és tu um híbrido de morcego com filho dos homens? — Brincou o rapaz ainda endireitando a estola em seus ombros.

    — Vejo que o bom humor do irmão é inabalável, tal como o mau cheiro de suas vestes! — Retaliou Henry com um sorriso sarcástico estampado no rosto.

    Apesar do regime rigoroso dos padres daquele lugar, uma boa amizade foi edificada sobre os ombros dos dois rapazes, que seguiram sorridentes até a capela onde são efetuadas as reuniões de oração que antecediam o desjejum.

    Após o termino das preces coletivas, o Padre Buirns se dirige aos demais clérigos e brada com voz de pranto.

    — Amados irmãos em Cristo, sinto em meus ossos que uma tormenta se aproxima. Ouvi dos céus, ontem mesmo antes de cair no sono, instruções que me levaram a crer na chegada de uma provação cuja dimensão ainda não conhecemos. 

    A preocupação pairou e recaiu sobre todos que estavam sob a voz do orador. Cecil lançou olhar temeroso em direção a Henry que permaneceu olhando para frente, mesmo tendo sentido os olhos do amigo repousarem sobre si. 

    — Rogo-vos que levantem clamor aos céus, e a todos os santos, pedindo por nossos corpos mortais, e também por nossas almas imortais, as quais pertencem unicamente ao eterno. — Pediu Buirns.

    Após estas palavras, uma prece foi iniciada, e o ar de preocupação se tornou o mais novo ornamento do santuário.

    Dirigindo-se ao refeitório, Henry manteve-se em silêncio, repetindo e considerando cada palavra ouvida minutos antes.

    Que estranho! Pensou ele. Qual o motivo de tanto pesar nas palavras? Será que ele realmente não sabe as dimensões da tal tormenta? De qualquer modo, preciso ficar atento!

    Os padres preparavam suas próprias refeições e comiam todos do mesmo alimento. Em tudo eram como um. As panelas de ferro fundido ferviam desde às cinco da manhã, preparando ensopados e aquecendo o leite para o desjejum. Os fornos de barro eram aquecidos logo que a primeira missa findava. Os pães eram assados em grandes placas de pedra colocados no centro do forno, de modo que as brasas lhes aqueciam por todos os lados de igual forma.

    Era tudo pacífico, e todos viviam dia após dia imersos na certeza de que Deus estava com eles.

    — Como está seu pão, irmão Cecil? — Questionou irmão Enzzo.

    — Não sei, aparentemente agradável, de aroma apetitoso, mas não o provei ainda.

    — Ora essa... não vai comer? — Replicou Enzzo.

    — Meu maxilar está me incomodando um bocado. Julgo estar com meu juízo a flor da pele. — Brincou Cecil, fazendo referência ao nascimento de seus sisos.

    — Sendo assim, que Deus lhe cure.

    — Amém, e obrigado, irmão Enzzo.

    Henry ouvindo o diálogo que se passava a sua direita, não movia os olhos, que fitavam a porta de entrada do refeitório. Algo lhe incomodava. Estava inquieto e suas entranhas lhe alertavam que algo estava prestes a surpreender. E tudo lhe fazia crer que tinha a ver com a mensagem do Padre Buirns.

    — Também está sem fome, irmão Henry?

    — Não... apenas pensativo. — Respondeu ele, voltando os olhos a Cecil, que bebia seu leite com uma sutil expressão de desconforto.

    Enzzo, após engolir o pão, se dirigiu aos jovens amigos que se assentavam lado a lado em sua frente.

    — Os irmãos ouviram os boatos que vieram do Norte?

    — Que boatos? — perguntou Cecil de imediato.

    — Pessoas com Demônios que não saem. Independente de qual exorcista lhe tente socorrer. Definham até a morte.

    — Isso não existe! — Respondeu Henry com claro incômodo no tom. — São boatos de incrédulos, intencionalmente lançados para abalar a fé dos iletrados quanto ao poderio espiritual dos homens do clero.

    — Era o que eu pensava, até...

    Até o quê? — indagou Cecil apreensivo.

    — Até ouvir os padres Buirns e Joshua conversando ontem à tarde no jardim do pátio inferior.

    — Sabe que é pecado ouvir as conversas dos nossos superiores! — Corrigiu Henry, notoriamente insatisfeito com o assunto.

    — Sei sim, irmão Henry. Mas eu estava no telhado, limpando as calhas que entupiram com gravetos trazidos pelas aves. Não tive intensão de ouvi-los.

    — Mas não fez nada para ignorá-los! Correto?

    Enzzo olhou para Henry com olhar frio. — Por que ignora com tanto medo, irmão? Acaso a forma com que me foi atribuída por Deus

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