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Uma Selfie Com Cristo
Uma Selfie Com Cristo
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E-book258 páginas2 horas

Uma Selfie Com Cristo

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Sobre este e-book

Baruk ben Nun é um jornalista investigativo do jornal Diário de Jerusalém que recebe a incumbência de seguir os passos do homem que vinha maravilhando o país com curas milagrosas e ensinamentos polêmicos: Jesus de Nazaré. Apaixonado pela família e por sua moto Equus, ele viaja até Efraim em busca de conhecer esse homem que é um fenômeno das redes sociais. Depois de vê-lo pessoalmente fazer coisas extraordinárias, Baruk decide investigar as origens de Jesus para tentar descobrir se ele não seria de fato o Messias esperado. Enquanto dá início à sua pesquisa, seu sogro e maior adversário, o fariseu Salef, prende Jesus e instala um processo para matá-lo. Baruk denuncia uma trama ardilosa contra o nazareno, ao mesmo tempo que arrisca sua vida para salvá-lo da condenação, tentando provar a tempo que ele era o Rei esperado. Ambientado nos tempos de Jesus com a tecnologia de hoje, “Uma Selfie com Cristo” tenta responder com pitadas humor se uma imprensa livre e uma internet atuante poderiam realmente influenciar um dos julgamentos mais escandalosos da história, além de procurar esclarecer questões modernas como: Jesus teria Facebook? Seria um youtuber, postando vídeos de opinião o tempo todo? Usaria celular? Tiraria selfies? Leia o livro e descubra. Se gostar, dá um joinha, curte e compartilha. E, claro, compre o livro!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jul. de 2020
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    Uma Selfie Com Cristo - Germano Bran

    Germano Bran

    Uma selfie com Cristo

    Romance

    Para meus irmãos, com amor: Sandra, Gil, Mário Sérgio e Jorge.

    Para Lia Borges: este livro nasceu por sua insistência. Gratidão por acreditar!

    Talvez ele não fosse apenas um homem iluminado, o que já é muita coisa. Talvez ele fosse a própria Luz.

    Trecho de uma matéria do Diário de Jerusalém. 4 de abril do ano 33 da Era Comum.

    Atravessando a primeira e a segunda guarda, chegaram à porta de ferro que leva à cidade. Ela se abriu por si mesma e eles saíram.

    Atos 12,10 (Primeiro registro de uma porta automática da história).

    De volta

    Haifa já dormia quando aportei em Israel. Era madrugada e, ao contrário do vozerio habitual do cais, ouvia-se apenas o ranger das cordas rijas esticadas dos barcos. Naquele instante eu só tinha um pensamento: chegar em casa o mais rápido possível e deixar o mar para trás. E para sempre.

    Meu nome é Baruk ben Nun, sou jornalista investigativo. Assino minhas matérias apenas como Ben Nun. Desembarquei com meu cinegrafista, Héber de Jericó, vindo de mais um trabalho no exterior, desta vez em Chipre. O cais estava um pouco frio. Cobri minha cabeça com um turbante e apressamos o passo para fora do porto. Dirigimo-nos até a estalagem onde havia deixado minha querida Equus. Estava com saudade dela.

    Acordamos o estalajadeiro e ele abriu o galpão. Minha moto estava coberta por uma lona isolada numa baia ao lado de alguns cavalos e burras. Eu tinha muito ciúmes dela, pois além de andar bem, uns 110 km/h, eu a ganhara num prêmio por uma matéria que havia escrito sobre as Guerras Púnicas. A Equus era movida a óleo negro da mesopotâmia (meus amigos pilheriavam, invejosos, dizendo que ela era movida a piche), tinha cor de terra e era estreita como um caniço. Com o deserto ao fundo, parecia que eu pilotava uma moto invisível. Adorava o ronco do seu motor. Havia somente dez daquele tipo em Israel, uma delas era a minha.

    Liguei-a com um pisão e ela respondeu bem, após semanas adormecida ali. Procurei no alforje meus óculos de deserto e me preparei para sair. Coloquei os fones de ouvidos da vm3, a vitrola móvel, e busquei a trilha do Nazaré, um guitarrista que fazia um som pesado como uma rocha. Era impensável pegar a estrada sem música. Eu e Héber pagamos o preço acordado com o estalajadeiro e partimos em direção a Jerusalém. Era uma pequena viagem. Héber foi em sua burra e seguimos juntos. Gostava de trabalhar com ele, embora seu discurso anti-império fosse um pouco cansativo.

    Avistamos a Cidadela de Davi recebendo os primeiros raios do sol refletidos na alvura do Templo. Durante o trajeto, nossos celulares não tinham sinal. Jerusalém tinha cobertura em seu perímetro, com sinal irradiado da Fortaleza Antonia, mas não era tão eficiente fora dos muros. Mesmo assim, foi só subir na cidade que as mensagens dispararam no celular. Atravessamos a grande porta de ferro e me despedi de Héber, que tomou o caminho de sua casa e eu o meu.

    Era muito cedo e pude ver ainda os cartazes luminosos de propaganda do Império e de programas de TV brilhando por cima do casario, como: "Pilatos Conta Tudo. Um 4

    perfil do governador mais polêmico da história da Judeia. Dia 10, às 20h na TV Canal 12. Antes de Roma você tinha guerras, agora você tem Pax. Colabore com o Exército.

    Ele é sua segurança. Depois do trabalho é de lei – Cevita combina com Nobis, ponto certo para uma apreciada com os amigos. Aberto de domingo a sexta-feira. Das 8h às 22h. (servimos suíno por encomenda, mantendo o cliente em secreto). Os tempos de viajar caindo em buraco acabaram. Construtora Júlio César, abrindo caminhos pelo mundo. Para onde vai o novo Sinédrio? Uma exposição franca com o Sumo Sacerdote Caifás numa entrevista exclusiva. Portal Levítico. Não gaste seu Latim. Venha aprender de verdade a Flor do Lácio no Curso Orbe. Você sabe, aqui quem tem boca...".

    ‘Minha Santa Vida’, livro autobiográfico do fenômeno musical do momento, Santa Ana. Lançamento 27 de abril, às 16h na Papirus História.

    Desci da Equus, estacionando-a no estábulo. Subi as escadas e me deparei com meu filho Lud, de 8 anos, na sala àquela hora, jogando Romanos Contra Spartacus. Beijei-o, repreendi-o suavemente e o pus na cama. Ainda era muito cedo e desconfiei que ele havia varado a noite. Não gostei muito do seu aspecto, não parecia cansado, mas um pouco alheio, com olhar vítreo.

    Judite, minha mulher, dormia tranquila. Acordei-a com um beijo nos lábios. Ela sorriu e disse que me mandara várias mensagens. Fiquei sem sinal, disse-lhe. Comentei sobre Lud, ela não percebera que ele passara a madrugada em claro. Fez meu desjejum enquanto eu consultava as notícias no tablete. Abri no espaço do meu jornal, Diário de Jerusalém. Na página de capa havia uma notícia espetacular sobre um professor galileu que andava pondo Israel de cabeça para baixo havia quase três anos: Jesus de Nazaré. O

    título da notícia era arrepiante: JESUS RESSUSCITA UM AMIGO EM BETÂNIA.

    Cliquei na imagem e desci o rolo. Havia fotos e vídeos de coisas espantosas. Era uma galeria de imagens só dos seus milagres e alguns com pregações no meio da rua em cidades do país. Ele curava apenas falando, ou tocando, ou sendo tocado! Mas as curas em que ele apenas dava uma ordem me impressionavam muito. Como curar um cego só mandando a cegueira embora? Isso não fazia sentido, pensei. De onde vinha aquele poder?

     As palavras vídeo e áudio, sempre associadas à tecnologia eletrônica, não são palavras do idioma inglês, como muita gente pode pensar, mas do latim. Video é a conjugação da primeira pessoa do presente do indicativo do verbo videre ( ver) fazendo parte da segunda conjugação com terminação em ére. Audio, do verbo audire ( ouvir) pertence à quarta conjugação com terminação em ire. Assim, as expressões coloquiais ver um vídeo e ouvir um áudio, tão comuns em português, não fazem sentido em latim. Seria algo como ver o vejo, ouvir o ouço.

    5

    — Papai diz que ele é um charlatão – falou minha esposa trazendo um copo de leite com pão para mim, vendo-me olhando o tablete. – Mas também um possesso, que expulsa demônios pelo poder de Belzebu, príncipe dos demônios. As curas, bem, ele diz que são mentiras.

    Meu sogro, Salef, era fariseu, da escola do professor Shamai, um célebre erudito que influenciou grandemente à religiosidade judaica. Eram especialmente duros na moral e nos bons costumes. Eu não sabia ainda o que ele apontava no milagreiro de falso, pois os vídeos pareciam autênticos.

    — Lud faz vídeos milagrosos também – riu minha mulher. – Você já viu os truques que ele faz com a câmera do telefone?

    — Vi, são ótimos. Mas existem relatos de testemunhas, milhares que presenciaram esses milagres – retorqui.

    Ela parou e me olhou séria, dizendo:

    — Você não acha que está na hora de parar de viajar e ir atrás dessas notícias?

    Aquele professor da Galileia já é notícia faz tempo e você fica indo ao Líbano, Chipre, Síria cobrir sedições locais?... Acho que a notícia está aqui! Seja ele uma farsa ou não, tudo é uma boa notícia, pois já o estão chamando sabe de quê?

    — Não.

    — De Cristo!

    — Sério?

    — Sim, papai está louco com isso.

    Fiquei pensativo. Percebi naquele momento que estava ficando por fora de acontecimentos importantes. Ou, a essa altura, já eram comuns? Naquele mesmo momento, o Sinédrio se reuniu em caráter urgente para debaterem a respeito do milagreiro. Todos na assembleia assistiam aos vídeos em silêncio quando o professor, diante do sepulcro de seu amigo, morto havia quatro dias, gritou: Lázaro, venha para fora!. E o morto saiu!

    Houve um rumor no plenário. Era incontestável o milagre. O sumo sacerdote se chamava Caifás e ele mesmo exclamou:

    — Realmente, esse homem fez um milagre espantoso! Se ele continuar fazendo essas coisas os romanos podem não gostar e acabar oprimindo mais ainda o povo.

    Um saduceu idoso ajuntou:

    — Não seria ele o Cristo que tanto esperamos?

    Um rumor ainda maior se fez ouvir, tanto que o ancião recuou.

    6

    Salef, meu sogro, lembrou-lhes:

    — É claro que não! Como ele se chama, Jesus de Belém ou Jesus de Nazaré? O

    profeta Miquéias escreveu que o Cristo nasceria em Belém. É claro que não é ele! Ele é um feiticeiro!

    Caifás disse:

    — Se ele continuar fazendo milagres, todos crerão nele. Já ouvi dizer que o chamam de Filho de Davi, e já sugeriram que ele seja o novo rei de Israel! Isso é uma loucura! Se os romanos perceberem esse perigo, que estamos tentando restabelecer a dinastia davídica, virão e destruirão a todos. Então, convém que morra um só homem pelo povo, mas não o povo todo.

    A essas palavras do sumo sacerdote, o Sinédrio concordou em desaprovar publicamente o professor da Galileia que fazia curas, apesar de muitas evidências e vozes contrárias, embora poucas. Contudo, o milagre que Jesus fizera ressuscitando o amigo já estava em todos os jornais e revistas eletrônicas. Era incontestável, mas era também assombrosa a decisão que tomaram. Admitiram o milagre, porém, decidiram matar o professor galileu! E não só: matariam também a Lázaro, o amigo do professor ressuscitado! Aquele que tinha acabado de voltar dos mortos seria mandado de volta para lá. Soube dessas coisas horas depois por uma fonte que faz parte do Sinédrio. Se eu publicasse o resultado daquela reunião secreta minha família se racharia. Meu sogro poderia ser acusado de conspiração e morte de um inocente. Aliás, dois inocentes: Jesus e Lázaro. Mas tinha um detalhe: ele, juntamente com seus pares, era o guardião da Lei, uma autoridade do povo. Eu era só um jornalista. Talvez quem se encrencasse mesmo fosse eu.

    7

    Nova Matéria

    Três dias depois, passei pela Redação à tarde. Precisava preparar a matéria sobre a cobertura que fizera no Chipre. Meu chefe, Efa, me chamou e disse que ia me designar para outra reportagem.

    — Ah, Efa! Eu acabei de chegar. Não estou interessado mais em viajar agora.

    Inclusive queria pedir transferência da área internacional, se for possível. Quero voltar ao jornalismo investigativo.

    — Pela espada de Elias! Achei que gostava do que fazia.

    — Até gosto, mas ontem cheguei de manhazinha e encontrei meu filho acordado já, tinha passado toda a madrugada jogando Romanos Contra Spartacus.

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