A Escola De Mestre Lao
De C.c.spenley
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A Escola De Mestre Lao - C.c.spenley
Prefácio
C. C. Spenley convida-nos para que nos transportemos com ele ao topo da Montanha Rubi, onde nos espera o Mestre Lao. Este mestre, de idade indecifrável e olhos cheios de intensidade, bondade e sabedoria, toca-nos as almas com lições inovadoras, cheias de profundidade, beleza e mistérios, transmitidas com simplicidade e calma.
O velho sábio é o arquétipo da experiência e da sabedoria. É entendido como o espírito transformador, detentor das forças espirituais que auxiliam o homem rumo ao progresso e permanece em posição de espera, aguardando ser escutado por aqueles dispostos a acolher seus ensinamentos.
Realizando um encontro arquetípico entre a sabedoria e a inocência, A Escola do Mestre Lao descreve, à maneira de grandes obras como o Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry e Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, um encontro transformador, que, pela aprendizagem, pelas descobertas que gera e pelo impacto que produz, marca a existência de um personagem em um momento mítico. Momento este que se torna marco de sua existência e, passando a ser detentor de um conhecimento novo e revolucionário, inicia a saga de tentar transmiti-lo a outros, seus semelhantes.
O verdadeiro mestre não é aquele que detém o saber, mas o que leva a pensar, a ressignificar, a ampliar o já existente e que, não transmitindo simplesmente conceitos prontos, oferece um conhecimento vivo e transformador, revelando o melhor dentro de nós.
A obra de C.C. Spenley é uma transmissão de profundas lições adquiridas e vivenciadas, que o autor parece ter guardado pelo tempo necessário para que amadurecessem em sua alma. Do alto da Montanha Rubi, o mestre não apenas fala, mas também nos conduz a vivenciar alguns conceitos que consideram o vasto mundo eletromagnético, apresentando concepções novas e ao mesmo tempo antigas do ser humano e sua psicologia, da natureza, do planeta e do Universo.
O Mestre Lao nos leva a uma nova compreensão das energias invisíveis da natureza, mostrando-nos a possibilidade de lidar com esses aspectos mais sutis da vida diariamente. Fala de verdades maiores e verdades menores, de valores humanos e essências, de sentido da vida e do propósito, da sabedoria da natureza, das cores e das flores. Demonstra as conexões existentes entre seres humanos e destes com as estrelas, a natureza e o Universo.
Em um trecho do percurso, nesta leitura, percebemos que o convite é para conhecermos a Montanha Rubi e suas trilhas mágicas dentro de nós mesmos. Desta forma, recebemos em nossas mãos a chama de uma vela e começamos a seguir uma trilha para as alturas da montanha. Descobrimos que a escalada da Montanha Rubi se dará em direção ao nosso próprio coração, alma e spirit.
E é lá que um Mestre nos aguarda.
Com este livro nas mãos, acende-se essa chama que iluminará a jornada e, certamente, conduzirá o leitor, como aconteceu comigo, a um encontro transformador.
Susana Meirelles
Autora de Versos ao Vento
Agradecimentos
Àminha querida mãe, Patricia, e à minha irmã Pauline – verdadeiras damas. Ao grande Brian! Sean, o magnífico! A Natalie e Jennifer – pontos de luz. Ao meu irmão, o cavalheiro Robert, o Templar , e ao meu sobrinho Lewis, o grande Striker.
À Ana Cardoso, Patrícia Araújo, e Maiana Kokila, pelo apoio constante, sempre firme e leal. A Susana Meirelles por todo o cuidado e ajuda.
Muito obrigado a Graziela Trocoli, Graeme Allan, Janet Donovan, Ien Snowball, Karni Zor, Joanna e David Francis, Bryan Ritz e Darren Carville. Ao meu amigo mais antigo e louco, Gary Nathan.
À jóia do meu coração na Montanha Rubi, Amanda.
Acima de tudo, toda a minha gratidão àquele trio que ensinou até ao venerável Mestre Lao.
C.C.Spenley
Convite
Sim. A palavra convite
talvez seja a mais apropriada, pois o sentimento é o de convidá-lo, querido leitor, para compartilhar os momentos, lições, perspectivas, sentimentos e experiências vividas nos anos em que estive na Montanha Rubi. Eu era um dos jovens de várias nacionalidades que lá se juntaram para aprender com Mestre Lao sobre as grandes verdades da vida.
A leitura pode lhe dar a sensação de estar realmente sendo transportado para lá e espero que você, como eu, sinta a brisa, a beleza, a pureza e a calma da Escola de Mestre Lao, lá nas alturas da Montanha Rubi. Pode ser também que sinta o efeito sutil de novas perspectivas, sensações e entendimentos abrindo-se diante de você, como a vista grandiosa lá do topo da montanha.
São novas considerações que podem, às vezes, levar a sua cabeça a girar, como a minha tão frequentemente girava (até o ponto de ficar tonto) durante o meu tempo por lá!
A sensação de ser transportado para a montanha pode ser forte, mas fique tranquilo, pois você estará seguro. E quando fechar o livro estará de volta entre suas coisas familiares: casa, gato, sofá... mas talvez algo sutilmente se modifique. E quando quiser viajar de novo, é só pegar o livro...
Aguardo você então, lá na Montanha Rubi.
Chegada
"C hegará um dia, disse Mestre Lao para mim,
em que você vai escrever sobre suas experiências aqui. E será a hora em que outras pessoas no mundo também vão querer saber sobre essas coisas."
"E como eu vou saber quando essa hora chegar?" perguntei.
Ele olhou para o alto, enquanto um pássaro amarelo voava sobre nós, como se ele tivesse sentido o pássaro antes de vê-lo. Você vai saber,
ele falou.
Será coincidência eu ter visto um pássaro amarelo, hoje, tantos anos depois, justamente enquanto eu considerava se a hora de escrever havia chegado? E agora que escrevo, sinto que as coisas começam a fluir; rodas giram e parece que tudo me diz: Sim, é a hora.
Eu não posso dizer se conseguirei escrever tudo na ordem cronológica correta. As coisas podem aparecer numa outra sequência. Mas quero registrar as minhas primeiras impressões de quando entrei na Escola do Mestre Lao, lá nas alturas da Montanha Rubi.
Não foi o visual que me impactou. Foi o ambiente, a atmosfera. O visual, a parte física, era, de fato, simples. Os prédios e bangalôs eram modestos e limpos. Havia jardins, árvores, bambus e trilhas serpenteando de lugar para lugar e, aparentemente, para lugar nenhum. Senti que as casas, os prédios e os jardins não estavam montados numa posição qualquer: havia certa simetria entre eles, o que me passou uma ressonância estranha, mas agradável. Foi só mais tarde que entendi as implicações e a importância profunda desta arte de posicionamento.
Não, o maior impacto não foi o visual, e, sim, algo que havia no ar. É verdade que as montanhas têm um ar fresco, puro, mas aquilo era mais... havia uma tranquilidade e uma intensidade naquele local que despertaram os meus sentidos e, ao mesmo tempo, tranquilizaram-me de qualquer ansiedade. Fiquei surpreso depois, ao descobrir que nem todos os novatos haviam sentido isso logo na chegada, mas, certamente, após algum tempo, todos sentiram.
Havia quarenta e oito de nós, estudantes, todos de diferentes regiões do planeta, todos com idades entre treze e dezessete anos.
Éramos livres para irmos a quase todos os lugares que queríamos, porém, fomos informados de que não poderíamos ir àquele espaço que era chamada a Sala Secreta, até sermos chamados. Isto, naturalmente, despertou nossa curiosidade! A Sala Secreta era um bangalô na extremidade da Escola, em uma das bordas da montanha e fora de vista, pois era cercada por um tipo de muro de bambu. Eu fiquei muito intrigado, querendo saber o que havia lá!
Passamos o primeiro dia nos acomodando em nossos quartos e ficando um pouco familiarizados com os arredores. Conhecemos Laasya, a esposa gentil do Mestre Lao e as assistentes calorosas e amigáveis da Escola.
No dia seguinte, teríamos nosso primeiro encontro com o Mestre Lao.
Na manhã seguinte, sentei-me com os outros alunos sob um grande pagode aberto, quando começou a chover forte. Lembro-me da sensação de que, embora estivéssemos ansiosos para conhecer nosso novo professor, a chuva causou uma certa sensação desagradável e desanimadora.
Talvez fosse porque significava que não poderíamos aproveitar as atividades externas que deveriam ocorrer mais tarde, naquele dia.
Levantamos com respeito quando Mestre Lao chegou.
Ele fez sinal para nos sentarmos e ficou lá, por vários minutos, olhando um a um bem nos olhos. Que medo! Parte de mim queria olhá-lo diretamente nos olhos, enquanto outra parte já queria sair fugindo! Finalmente, quando ele olhou para mim, senti que o resto da sala desapareceu. E sei que, de certa forma, sumiu mesmo (depois aprendi a chamar isso de isolamento energético). Deu a impressão forte de que éramos apenas eu e ele e mais nada nem ninguém no Universo.
O tempo também desapareceu. Senti que ele via tudo sobre mim, coisas que nem eu mesmo sabia. Mas também me senti seguro, me senti bem… com a sensação de estar sendo elevado a algum lugar especial.
Eu também estava olhando para ele. Cabelos e barbas brancos, pele fina, uma idade indecifrável. Mas foram os seus olhos que me impactaram. Neles, vi uma intensidade sobre a vida, e qualidades raras. Algo muito bom, que nem sei descrever. Bondade, firmeza, clareza, sabedoria, sim, mas algo maior que tudo isso. Uma sensação de que alguma força sagrada olhava através de seus olhos. Foram poucos os segundos nos quais ficamos olhando um para o outro, mas parecia que o tempo parou e poderia ter sido anos!
Finalmente ele falou de uma maneira que chocou a todos:
Nem sei se deveria começar com vocês! São todos ingratos.
Silêncio. Uma alma corajosa levantou a mão lá na frente e falou: "Mestre Lao, sou muito grato por estar aqui e ter a oportunidade de aprender com o Senhor!" Eu tive a impressão de ter escutado um sotaque japonês.
Não deu certo.
Não, vocês estão querendo ganhar, só isso. Nem agradecem o que já têm na vida e já querem mais!
Mais silêncio. Sei que eu e todos ficamos com as mentes paralisadas!
Ele continuou: "Uma pessoa ingrata tem um buraco nela mesma e tudo de bom que ela recebe sai por esse buraco. Então de que adianta dar mais? Na hora em que recebe, a pessoa é grata, agradece com palavras efusivas e fica cheia de promessas. Mas, logo depois, tudo resvala por esse buraco.
Gratidão natural é uma das coisas mais difíceis de ensinar às pessoas.
Senti vocês reclamando da chuva. Fiquem no deserto por um mês e vão pular de alegria se chover. Água oferece vida.
Imagine: uma senhora lhe oferece um pedaço de torta, mas você já comeu. Vai mostrar desgosto? Neste caso, você nem merecia o que recebeu! Qualquer pessoa decente e sã falaria com um sorriso: ‘Obrigada, mas já comi e estou contente e agradecida.’
Este planeta não é uma grande e velha dama, cuidando de você?
Cuidado, senão aquela grande coisa que nos dá a vida e suas bênçãos, pode um dia escutar as suas reclamações e vocês terão os seus desejos atendidos, nunca mais recebendo nada.
Seres humanos reclamam de tudo, até do seu corpo. Querem ser mais belos, ter nariz diferente, ser mais altos ou mais baixos. Choram quando estão doentes, mas quantas horas, ou até minutos, vocês já pararam para agradecer o fato de terem um corpo, de terem um nariz, de terem saúde?!
Agora sua primeira tarefa: Vão e passem quatro dias listando somente tudo de bom que já lhes foi dado. Escrevam nos seus cadernos. Não se esqueçam das árvores, do céu azul, da chuva e do sorriso das outras pessoas. Agora vão e eu estarei aguardando por vocês daqui a quatro dias."
Se tivesse aprendido nem mais uma palavra de Mestre Lao, eu lhe seria eternamente grato somente por essa lição e bronca, pois tornou o resto da minha vida uma riqueza contínua. Aprendi: agradeça primeiro, depois veja o que mais pode ser feito em seguida para melhorar as coisas.
Quando retornamos, ele fez uma pergunta e nos pegou a todos de surpresa.
"Vocês escreveram, nas suas