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Sobre palavras e pedras
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E-book81 páginas27 minutos

Sobre palavras e pedras

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Sobre este e-book

O livro Sobre palavras e pedras, do poeta Atevaldo Rodrigues da Silva, não é para ser lido de um só fôlego, como lemos notícia de jornal. Cada poema se apresenta como uma pintura, uma paisagem. Ao leitor, se quiser enxergar todas as nuances da pintura, caberá a tarefa de olhar com calma, sem pressa, olhando de vários ângulos, aproximando-se, afastando-se e aí, então, poderá perceber que o livro trata de coisas da vida de todos nós. Trata de vida e de morte, da passagem das horas, de memórias e de esquecimento, de encontros e desencontros, de homens e de deuses. O eu lírico comunica-se com o leitor e ao longo dos versos de cada poema vai levando-o a aprofundar-se em si mesmo e encontrar aquele fio invisível que toca o cerne da alma e faz nascer, vindo de um lugar desconhecido, a emoção que só a poesia é capaz de criar.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento9 de jun. de 2023
ISBN9786525453934
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    Sobre palavras e pedras - Atevaldo Rodrigues da Silva

    Atevaldo Rodrigues da Silva

    Sobre palavras

    e

    pedras

    Viagem

    Quando eu viajo para a cidade onde nasci,

    Eu não viajo para um lugar.

    Eu viajo para um tempo.

    Meus tios jogavam damas no terreiro de casa.

    As peças da dama eram feitas da coluna vertebral de um peixe.

    Minha mãe fazia chá com folhas de marmeleiro

    Para menino que adoecia de bucho inchado.

    Havia uma pedra de corisco que minha mãe usava para pisar pimenta e alho.

    Para espantar os mosquitos queimava-se bosta de vaca.

    Menino com tosse curava-se com banha de galinha quente.

    Quando eu viajo para a cidade onde eu nasci,

    Eu não viajo para um lugar.

    Eu viajo no tempo e vejo tudo de novo.

    Vida e Morte

    Não se escuta som de tiro,

    Não existem aviões no céu.

    Olhando assim, sem cuidado,

    A vida é quase normal.

    Os raios de sol aquecem,

    A chuva fina refresca,

    No entanto, olhando direito,

    Vê-se um peso que aniquila.

    Pedra engasgada no peito,

    Ponte que não aproxima,

    Tristeza que invade a alma.

    É uma dor que não tem fim.

    A dor é a falta de amor,

    A morte é falta de amor.

    Visão

    O que eu posso fazer é ver.

    Então, eu vejo.

    Eu vejo os pássaros que voam,

    Eu vejo as flores que cantam como se fossem pássaros,

    Eu vejo o homem que passa.

    Eu vejo a nuvem, o céu, o sol e os soldados

    Que me fazem lembrar que o tempo é de guerra.

    Eu vejo o infinito que se coloca no fim dos meus olhos.

    Eu também posso sentir.

    Sinto que algumas vontades passam por mim.

    São vontades íntimas, pequenas angústias.

    Como sentir o cheiro de lama do manguezal ao lado,

    Sentir carícias de seios nas minhas costas cansadas.

    Também sinto vontades universais.

    Levar cobertor para os que tremem de frio,

    Levar a minha voz para as bocas emudecidas,

    Levar a minha respiração para os sufocados do mundo.

    Sentir é o que posso fazer, então eu sinto.

    Porém, sei que tudo isso não é suficiente.

    Ainda há um espaço vazio no meu coração.

    Então, faço poesia.

    Não faço poesia, porque estou triste,

    Também não é por ser alegre que decido cantar.

    Quando faço poesia não acumulo eternidades em mim.

    Vejo apenas brilhos azuis que

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