Avenida dos Mortos
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Sobre este e-book
Na antiga cidade em ruínas de Teotihuacán, corpos mutilados testemunhavam o trabalho de um assassino em série.
Após a morte traumática de seu irmão, padre Rodrigo, o Capitão Detetive Juan Morales decidiu embarcar em uma bem merecida férias. Mas ficar de pé diante da Avenida dos Mortos, encarando um corpo cujo o coração havia sido arrancado não era exatamente a ideia de descanso tranquilo que ele tinha em mente.
Trabalhando no local está uma inteligente e sedutora arqueóloga, Sophia Kanakarides, pela qual Juan Morales se vê profundamente atraído. Enquanto mais assassinatos horríveis surgem, Sophia oferece sua experiência como arqueóloga e involuntariamente cai nas mãos do assassino.
Um thriller intoxicante e bem trabalhado, Avenida dos Mortos traz à tona o mundo dos assassinatos ritualísticos e do sacrifício humano.
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Avenida dos Mortos - Brian L. Porter
AVENIDA DOS MORTOS
BRIAN L. PORTER
TRADUZIDO POR
MATHEUS ALEXANDRE DE ARAUJO
Copyright (C) 2014 Brian L. Porter
Design de layout e copyright (C) 2023 por Next Chapter
Publicado em 2023 por Next Chapter
Capa de The Cover Collection
Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da imaginação do autor ou são usados ficticiamente. Qualquer semelhança com eventos reais, locais, ou pessoas, vivas ou mortas, é pura coincidência.
Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio, eletrónico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou por qualquer sistema de armazenamento e recuperação de informações, sem a permissão do autor.
CONTEÚDOS
Agradecimentos
Introdução da coletânea
O Demônio familiar
Avenida dos Mortos
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Epílogo
Caro leitor
Sobre o autor
Dedico essa coletânea para a memória de Enid Ann Porter (1914 – 2004), que nunca falhou em me oferecer todo seu amor e suporte. Dedico também para Leslie, meu falecido pai, e para minha esposa Juliet, que sempre me ajudou em todo esse tempo que vivemos juntos.
AGRADECIMENTOS
Nunca é fácil encontrar as palavras certas para agradecer aqueles que me ajudaram e me inspiraram a criar uma história ou transformá-la em um livro. As vezes a ajuda aparece de uma forma que é impossível de quantificar. Esse tipo de ajuda se aplica bem tanto ao caso de O demônio familiar quanto Avenida dos mortos, mas eu vou fazer o melhor que posso para dar meus devidos agradecimentos a todos aqueles que merecem.
Meu agradecimento inicial vai para um homem incrível que eu conheci em uma visita a costa oeste do México, alguns anos atrás. Seu nome era Jésus, embora seu sobrenome naquela época fosse praticamente impronunciável para mim, eu nunca tive a oportunidade de anotá-lo.
Ele já era um homem velho quando o conheci na cidade de Puerto Vallarta, no estado de Jalisco, e foi fundamental para despertar meu interesse pela história do México e seu povo. Ele se tornou uma verdadeira fonte de conhecimento, que parecia conhecer a história de todas as civilizações antigas que em algum momento viveram, floresceram e então morreram, dentro das fronteiras do seu país. Ele tinha orgulho de sua terra natal, da sua família e não tinha nada que ele amasse mais do que sentar e me falar sobre sua vida, seus filhos, netos e a história da sua nação. Aprendi mais com ele nesse curto período de tempo do que eu poderia ter aprendido em uma biblioteca cheia de livros, ou de um curso sobre a história do México.
Também devo agradecer Graeme S. Houston da, agora falecida, editora Mythica. Graeme foi a primeira pessoa a ver o potencial da personagem de Juan Morales e foi fundamental na publicação de O Demônio familiar, onde Morales aparece pela primeira vez, primeiro na revista semanal Capture, e em seguida como um e-book próprio. ‘O demônio’ apareceu também na minha coletânea da Eternal Press, Murder, mayhem and Mexico, infelizmente não mais disponível. Graeme foi a força motriz por trás da minha decisão de trazer Morales de volta em ‘Avenida dos Mortos’. Meus agradecimentos para Graeme também deve se estender para suas habilidades de revisão.
A inspiração final para escrever Avenida dos mortos veio de uma série de fotografias tiradas por uma dama chamada Sue Jones, a qual eu não cheguei a conhecer, durante uma ida ao México, que incluía uma visita até a cidade em ruínas de Teotihuacán. Foi uma dessas fotografias em particular que me trouxe o título dessa história, que até então não possuía um nome. Obrigado ao meu falecido amigo Malcolm Davies por me enviar as fotos, com a permissão de Sue.
Finalmente, preciso agradecer também Juliet, que me encoraja em tudo que faço. Obrigado.
Nota do autor:
Embora Hidalgo del Parral, a cidade em ruínas de Teotihuacán e a maior parte dos locais usados na escrita tanto de O Demônio familiar quanto de Avenida dos Mortos sejam reais, as personagens e situações apresentadas nos livros são completamente criações do autor. Qualquer similaridade com alguma pessoa real, viva ou morta, ou com qualquer evento real, é meramente coincidência.
INTRODUÇÃO DA COLETÂNEA
BEM-VINDO AO MUNDO DO CAPITÃO DA POLÍCIA, JUAN MORALES
Tanto O Demônio familiar quanto Avenida dos Mortos (edições revisadas) trazem a criação ficcional do autor, o detetive mexicano Juan Morales. Morales fez sua estreia no conto O Demônio familiar em 2006, em uma pequena, agora defunta, publicação malaia: Capture, uma revista literária semanal. Mais tarde a história foi significantemente reescrita e foi publicada como parte de uma trilogia do autor, Murder, Mayhem and Mexico, publicada pela Eternal Press. Esse trabalho não se encontra mais disponível.
Agora, seguindo outra atualização e em uma versão maior, O Demônio familiar está incluindo nessa coletânea para dar aos leitores uma oportunidade de ler não apenas o romance Avenida dos Mortos, mas também de ler a história de Morales desde o começo.
O Demônio familiar começa em um funeral de um padre, que é conhecido como padre Rodrigo. Morales é abordado por uma mulher misteriosa enquanto ele deixa o cemitério, após a celebração, e acaba sendo envolvido por Maria Tevez em uma exposição de um passado que ele preferiria esquecer. Durante um período, um total de seis garotos do coro desapareceram da igreja de padre Rodrigo, e nenhum foi encontrado apesar do esforço policial durante a investigação. Pouco depois, o próprio padre foi encontrado caído e gravemente ferido no chão, na base do campanário da igreja. O que aconteceu com os garotos e como o padre Rodrigo conseguiu esses ferimentos são questões que são desenroladas lentamente enquanto um segredo terrível, escondido por muitos durante muito tempo, é finalmente revelado.
Pouco depois dos eventos de O Demônio familiar, em Avenida dos Mortos Morales se encontra em seu caso mais estranho até então, quando umas férias com seu melhor amigo na cidade do México, policial Francisco Tamayo, o leva até um mundo de sacrifícios humanos, deuses antigos e um relacionamento com a bela arqueóloga Sophia Kanakarides. Corpos terrivelmente mutilados estão sendo depositados na Avenida dos Mortos na antiga cidade em ruínas de Teotihuacán. Chamada para dar sua opinião sobre os aspectos ritualísticos dos assassinatos, Sophia começa a juntar as peças de uma antiga cerimônia que parece estar sendo recriada. Quando Sophia desaparece, entretanto, Morales e seu amigo Francisco Tamayo partem em uma corrida contra o tempo para salvá-la da faca do sumo sacerdote da Religião Antiga.
Finalmente, a coletânea encerra com um excerto do próximo romance de Juan Morales, Under Mexican Skies (N.T.: Sob céus mexicanos). Esperamos que você saboreie esse primeiro trecho da próxima aventura de Morales.
O DEMÔNIO FAMILIAR
HIDALGO DEL PARRAL, MÉXICO, MARÇO DE 2005
Então, Juan, finalmente acabou,
O bispo disse enquanto nos afastávamos da sepultura.
Sim, bispo, finalmente. Eu espero que ele encontre paz na morte que tanto evitou durante todos esses anos,
Eu respondi. O funeral havia sido pequeno, apenas o bispo, o qual também conduziu a celebração, duas irmãs da misericórdia que faziam parte do seminário e eu.
Nenhuma grande cerimônia para marcar a passagem de padre Rodrigo, cujo nome já havia sido dito com grande respeito pelo povo de Parral, o qual ele serviu tão bem durante tanto tempo. Agora, enquanto a tarde surgia diante de mim e com pouco para ocupar minha cabeça pelo resto do dia, meus pensamentos se voltaram para as lembranças do homem que ajudou tanta gente. Rodrigo, um padre de bom coração, nunca virou suas costas para os necessitados, seja ele um mendigo procurando cama e comida ou um órfão precisando de cuidados. Na verdade, é provável que a cidade inteira, em dado momento, já tenha ouvido falar de Rodrigo e de suas obras de caridade, as quais acabaram repentinamente alguns anos atrás.
Você acha que todos se esqueceram dele agora?
Perguntei.
Os humanos são criaturas instáveis, Juan,
O bispo respondeu. Houve um tempo em que todos da cidade sabiam dos trabalhos e das boas ações de Rodrigo, mas, às vezes, o tempo apaga até as melhores lembranças. É melhor que ele seja lembrado por aqueles que lhe conheciam bem, e que seja eternamente confortado por Deus no Paraíso.
Eu acho que tem razão, vossa excelência,
Respondi.
O bispo me olhou, e então, como se lembrando de um pensamento esquecido em todos esses anos ele voltou a falar, com um olhar sério em seu rosto.
Juan, agora que ele se foi, eu te libero da sua promessa. Você pode falar sobre isso com quem desejar.
Eu sei, mas não quero falar com ninguém sobre Rodrigo agora, vossa excelência.
Agora não, talvez, mas quem sabe um dia.
Ele tocou meu braço e nós nos encaramos por um momento, como em uma espécie de lembrança compartilhada. Apertamos as mãos e eu tive a sensação de que essa seria a última vez que me encontraria com o bispo Armando Entierro
Vá em paz, filho. Que o Deus lhe acompanhe,
o bispo disse enquanto seguíamos nossos caminhos. Eu apenas balancei a cabeça em resposta, uma vez que não pude encontrar as palavras certas. O segredo que compartilhamos por tanto tempo estava enterrado com Rodrigo naquele pequeno cemitério em Hidalgo del Parral. E eu desejava que ele continuasse por lá.
Hidalgo del Parral, conhecida também apenas como Parral, é uma pequena cidade ao sul de Chihuahua, México, famosa tanto pelo seu patrimônio mineiro como pelo local onde o grande revolucionário Pancho Villa fora assassinado. É o meu lar desde que nasci, e eu trabalhei na força policial durante toda minha vida adulta. Minha ascensão pela hierarquia policial parece ter encontrado um fim na posição de capitão, título esse que carrego comigo já fazem quinze anos. Eu sou, creio, competente no meu trabalho e meus superiores parecem me respeitar e valorizar minha contribuição na manutenção da ordem em nossa cidade. Talvez meu atual estado de vida seja na verdade o pináculo das minhas conquistas na terra. Se assim for, eu estou feliz em ter feito a minha parte e por ter tido a oportunidade de servir ao bem comum de alguma forma durante tanto tempo. Alguns nascem para coisas maiores, mas aparentemente não eu. De qualquer forma, quem é que desejaria ser comissário de polícia?
Cinco minutos depois de deixar o cemitério, voltei até meu carro que eu havia estacionado no Plaza del Niño. Enquanto procurava as chaves e estava prestes a abrir a porta, uma voz me chamou de apenas alguns metros de distância.
Capitão Morales, preciso falar com o senhor.
Olhei ao redor e a vi avançando em minha direção. Uma mulher de cabelos negros e bem bonita, eu tinha de admitir. Aparentemente na casa dos trinta, se vestia de maneira bem profissional, em um terno de saia vermelha, combinando com os sapatos de salto também vermelhos e com aquele odor único de imprensa
exalando por todos os seus poros.
"Me desculpe, señora, eu acabei de sair de um funeral e não tenho interesse em falar com você ou com qualquer pessoa no momento. "
"É Señorita. Señorita Maria López. Eu trabalho para Hoy (Hoje) e é exatamente sobre o funeral que o senhor acabou de sair que eu gostaria de falar. "
Não fazia a menor ideia do que ela queria comigo, e não estava no clima para descobrir. Parado diante da porta aberta do meu carro, eu tentei dispensá-la da forma mais educada que eu pude.
Agora não, por favor, Señorita, não tenho tempo para participar de fofocas ou conversinhas sobre os mortos.
Mas, capitão,
Ela respondeu. Você estava lá na época, você era parte da investigação e tem algumas coisas que eu preciso saber, coisas que as pessoas precisam saber.
Señorita, tudo aquilo aconteceu há muito tempo, e agora padre Rodrigo está morto. Não tem mais sentido discutir esse tipo de coisa. Não tenho um escândalo para você repassar aos seus leitores. Sinto muito.
Ela lançou um olhar para mim que me atravessou como uma flecha, e suas próximas palavras me pegaram desprevenido.
"Capitão Morales, não estou aqui pelo jornal, estou aqui por mim. Quinze anos atrás, seis jovens morreram e padre Rodrigo foi encontrado próximo da morte no chão de sua igreja. Nenhuma prisão ou denúncia foi feita sobre as mortes daqueles garotos ou sobre a agressão contra o padre. Você estava perto de onde tudo aconteceu. Eu estava nos Estados Unidos, estudando na Univerdade da Califórnia. Voltei para casa quando eles encontraram os corpos. Capitão, Pablo López era o meu irmão! "
Então foi isso. Ela me pegou. Não seria fácil simplesmente fugir dessa mulher determinada em sua roupa de negócios, mas que ao mesmo tempo tinha a clara herança dos ancestrais Astecas brilhando em seus olhos. Eu sabia que ela não me deixaria simplesmente ir embora.
Você gosta de café?
Perguntei. Ela confirmou com a cabeça.
Entre.
Ela pulou para dentro do carro ao meu lado, com a saia subindo um pouco enquanto ela se acomodava na cadeira. Não pude evitar de admirar seu par de pernas enquanto ela conscientemente arrumava a bainha de sua saia.
Uma viagem de dez minutos nos levou através da ponte que atravessa o rio Parral e até o norte da cidade. Estacionei o carro perto de uma catedral e levei minha passageira a pé alguns metros até o bar do Hotel Moreira, onde Pepé Fonséca servia o melhor café da cidade.
Consegui uma mesa no canto mais escuro do bar, acenando para que se sentasse, e embora ela tentasse iniciar a conversa de imediato, eu levantei uma das mãos e ela, entendendo o meu sinal, esperou o café chegar.
Certo señorita, e agora? Não tenho certeza de que posso ajuda-la ou te dar seja lá o que você esteja procurando, mas me fale mesmo assim.
Maria López me olhou com aqueles olhos negros e astecas, seus olhos marcados pela força de seus ancestrais.
"Meu irmão morreu, capitão Morales, e eu não sei o porquê ou quem foi o responsável. Além disso, um dos padres mais incríveis que essa cidade já conheceu foi quase assassinado, em seguida simplesmente desapareceu e ninguém pôde me dizer onde ele estava ou o que havia acontecido com ele depois do ataque.
A próxima vez que escuto falar sobre ele é quando meu jornal recebe um comunicado do seminário avisando que ele morreu e dando o horário do funeral, mas alertando de que vai ser privado. Nenhuma visita pública permitida. Por que, capitão? O que aconteceu com ele? Onde estava padre Rodrigo todos esses anos? Ele estava desfigurado, ou talvez perturbado pelo que lhe aconteceu? Quem matou meu irmão e os outros? A polícia, e eu imagino que você seja um dos responsáveis por isso, fechou o caso sem nenhum suspeito, mas sua