O Sombrado Bem Assombrado
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O Sombrado Bem Assombrado - Samuel Kroschinski
O Sobrado Bem Assombrado
Autor: Samuel Kroschinski
Esta obra está registrada na Biblioteca Nacional com o número de registro: 808.850 Livro: 1.572 Folha: 385
No dia 21 de outubro de2019
Trata-se de um casal que morre num acidente automobilístico, mas que não faz a passagem, isto é, eles ficam na terra vivendo do mesmo jeito que viviam, ou melhor, quase do mesmo jeito, veja bem, vai acontecer mudanças em suas vidas, decorrentes da suposta morte, com as quais eles terão que aprender a lidar pra continuar a existir no plano terreno. Se você pensa que um vai largar o outro, está enganado, eles com tudo que surgiu, os tornou mais forte e mais unidos. Você tem que ler só pra saber quais mudanças ocorrem no casal depois da morte, que eles vencem, o que pode ser: Comidas, hábitos, sono, disposição, amor, passeios, roupas, tratamento afetivo, etc? Você vai saber...
Obrigado
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Contato: watts: 41 99669-8562
Email: Samuel.kroschinski@gmail.com
PERSONAGENS: PAULINA ( esposa ) – PA
ALBERTO ( esposo ) – AL
VOZ 1
PA- Grrrr! Arrrrg!
AL- Pudera! Caraca!
( entra Paulina em cena ).
PA- Essa casa não é mal assombrada de jeito nenhum. Não é mesmo. Não suporto em viver numa casa mal assombrada. Tenho até vergonha de morar em um lugar assim. Grrrr! Casa mal assombrada é a mãe. Essa casa é de respeito. Eu honro o lugar que moro. Como é que eu vou suportar que falem mal de minha própria casa. É a casa onde eu tenho paz. É aqui que eu durmo, é aqui que eu como, é aqui que eu me escondo da chuva e do frio. É aqui que eu vejo quem amo. É aqui que eu tomo banho, é aqui que eu respiro...
( entra Alberto ).
AL- Para aí! Isso já ta demais. Desde quando você respira?
PA- Eu não te contei ainda?
AL- Não, ainda não.
PA- Eu aprendi a fazer de conta que tô respirando. Veja.
( Paulina levanta a blusa e mostra sua barriga ).
PA- É fácil, é só esticar e encolher a barriga assim. Viu, estica e encolhe. Pronto. Quem ver vai achar que a gente ta respirando. Coloque a mão pra ver.
( Alberto coloca a mão na barriga de Paulina ).
PA- Sinta a barriga mexendo.
AL- Que maravilha. Nós respiramos agora. Adorei tua demonstração.
PA- Obrigada.
AL- Mas e se a gente esquecer de mexer a barriga?
PA- Eu pensei numa coisa. Dá pra gente ficar um pouquinho gordo. Daí a barriga já é grande mesma.
AL- Mas me diga uma coisa. Por que você estava tão brava?
PA- Nem me faça lembrar.
( Paulina anda até a janela, afasta a cortina bem pouco e espia ).
PA- Já foram embora.
AL- Quem?
PA- Uns desordeiros que estavam na frente de nosso sobrado.
AL- E o que eles fizeram?
PA- Você imagina que eles tiveram a insensatez de dizer que nosso sobrado é mal assombrado?
AL- E não é? Tem dois mortos vivendo nela...
PA- Você quer dizer dois mortos morrendo nela. Nós estamos quase vivos.
PA- Quase vivo é alguém a beira da morte. Não é nosso caso. Nós já morremos. Por isso nosso sobrado é mal assombrado.
PA- É não, esse sobrado eu amo. Ninguém vai dizer que é mal assombrado.
AL- Então o que ele é?
PA- Bem assombrado.
AL- Bem assombrado?
PA- Lógico. Nós somos o quê?
AL- Somos alguma coisa?
PA- Cadê aquela auto estima que você tinha tanto?
AL- Ficou no acidente.
PA- Eu falei pra você cuidar muito bem da sua auto estima. Deu no que deu. Esqueceu ela no acidente. Em outras palavras não cuidou e perdeu ela. Veja que eu cuido muito bem de