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Romântica de Plantão
Romântica de Plantão
Romântica de Plantão
E-book238 páginas3 horas

Romântica de Plantão

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Sobre este e-book

Luana é uma leitora compulsiva e uma romântica de plantão inveterada, destas que se apaixonam por homens de papel. A enfermeira doida vive fantasiando com os mocinhos dos seus livros preferidos e realmente acredita que poderá encontrar o homem dos seus sonhos literários na vida real.

Sua melhor amiga e enfermeira Júlia, que curte bad boys sarados e não gosta nada desta história de homens de papel, vive dizendo que Luana precisa de terapia com urgência, que suas ilusões amorosas já ultrapassaram todos os limites aceitáveis.

No meio desta loucura toda, algo fora de esquadro acontece. Um dos homens de papel surge na vida real e, para ferrar com tudo, um médico estilo bad boy sarado resolve se avizinhar, gerando um caos romântico para lá de divertido.

O quadrado amoroso está armado e, agora, o universo está gargalhando horrores da tremenda confusão que as duas amigas se meteram.
IdiomaPortuguês
EditoraBookerang
Data de lançamento12 de set. de 2018
ISBNB07HB8TW16
Romântica de Plantão
Autor

Vanessa Bosso

Olá, seus literalindos! Meu nome é Vanessa Bosso e a literatura é minha segunda paixão na vida. A primeira, sem dúvida, é a minha família. Sou formada em publicidade, propaganda e marketing, coaching emocional e terapia cognitiva e comportamental. Neste momento do tempo-espaço, estou estudando física quântica, neurociência, teoria da simulação e outras loucuras do bem. Onde isso vai me levar? Só o universo sabe... mas uma coisa é certa: muitos livros serão escritos no futuro. Conecte-se comigo

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    Romântica de Plantão - Vanessa Bosso

    EPÍLOGO

    CAPÍTULO 1

    - Meu Deus, já é a décima vez que lê esse livro. Casou com ele?

    - Ainda não, mas chegarei lá.

    - No altar? Com um livro?

    - Besta. Vou casar com o mocinho do livro.

    - E eu que sou besta?

    - Ele existe, pode acreditar.

    Este diálogo insano está acontecendo na saleta destinada aos enfermeiros de plantão, no andar térreo. Para não gerar mais estresse, marco a página e fecho o livro com um baque. Dou um beijinho estalado na capa, porque né, sou meio maluca e não quero que o mocinho pense que está sendo desprezado ou trocado por conta de questionamentos tolos.

    - Luana, você precisa se tratar.

    Por acaso, a Luana sou eu. Acho que minha mãe é tipo uma bruxa enrustida e costuma cultuar a lua e até fazer oferendas para o satélite. Sendo assim, ela batizou suas três filhas com a lua inserida nos nomes: Luana, Luara e Luamar. Tenho pena da minha irmã mais nova, mas ela não está nem aí.

    - Qual é, não preciso me tratar. – Retruco, inalterada.

    - Você está apaixonada por um homem de papel. É claro que precisa ser analisada por alguém gabaritado.

    Ao fazer tal constatação, Júlia ergue as sobrancelhas grossas e bem pinçadas, mirando o livro e, na sequência, minha cara de paisagem. Eu deveria retrucar com alguns impropérios, mas sei que ela tem razão. Minha imaginação fértil e meu romantismo exacerbado estão ultrapassando todos os limites aceitáveis.

    A enfermeira e amiga para todo o sempre continua me fitando com um olhar resignado. Ela é baixinha, mas tem cara de encrenqueira, sabe como é? Ajeita as madeixas castanhas atrás das orelhas e parece pesar alguma outra reprimenda que envolva o meu estado mental conturbado.

    Fico no aguardo das considerações e meu olhar corre pelo cenário. Esta saleta já viu dias bem melhores. Ou talvez não. A pintura está descascando, a luminosidade é péssima e o sofá no qual estou sentada parece ter sido resgatado de alguma guerra sem sentido.

    Tem um armário de metal no canto direito e minha bolsa está guardada no nicho de número indefinido. Vivo perdendo meus pertences por conta do desgaste das plaquinhas indicativas.

    - Então? Não vai dizer nada que preste? – Júlia pressiona, levando as mãos à cintura bem definida.

    Meu olhar desvia do armário e recai sobre uma enfermeira com cara de malvada.

    - Estava esperando você dizer algo que preste. Mas, em minha defesa, você sabe que estou brincando com esse lance de casar com um personagem de livro, né? – Deflagro.

    Eu gosto de sonhar, não faz mal algum. Mas tem coisas que não devemos dizer em voz alta, caso contrário, camisas de força poderão entrar em cena e nem é para tanto alarde.

    - Está brincando mesmo? – Ela pergunta, num tom exigente. – Lu, mocinhos de livros só existem na cabeça dos seus autores.

    - Sei disso, acha que sou doida?

    - Sem dúvida. – Ela relaxa um pouco e sorri, ainda que brevemente. – O que você está buscando não existe.

    Ai, odeio quando dizem que aquilo que eu quero não existe. Poxa, não vivemos em um universo de infinitas possibilidades? Não dizem os físicos quânticos que estamos imersos em uma onda de probabilidades?

    - Talvez exista, sim. – Apresso-me em dizer, mas é só para irritar mesmo.

    - Suas expectativas são irreais e é por isto que continua sozinha.

    Ai, essa doeu.

    - Você também está sozinha. – Rebato, incomodada com o apontamento. – Não venha com lição de moral.

    - Estou sozinha porque o último babaca que passou pela minha vida resolveu voltar para a ex. Mas, eu te garanto, esta solidão só vai durar algumas semanas.

    - Aplicativos de paquera? – Indago, segurando o riso.

    - Nem. Estou mirando o novo médico. O cara é uma coisa! – Júlia se abana, como se, de repente, o sol tivesse invadido a saleta tosca.

    - Tá todo mundo falando desse cara, mas ainda não cruzei com ele. – Uno as sobrancelhas, um tanto pensativa.

    - Prepare-se. É o apocalipse vestido de branco. Mas já vou avisando, o cara é meu.

    Se o cara pode ser comparado ao apocalipse, prefiro manter distância custe o que custar. Sabe como é, autopreservação é tudo nesta vida. E, como já tive alguns cavaleiros do apocalipse na minha vida, aprendi a me camuflar para sobreviver.

    E como a Júlia já decretou que o cara é dela, também manterei distância. Quando minhas amigas estão de olho em um cara, minha mente faz uma manobra interessante e eu consigo enxergar uma imagem bem distante da realidade... quando cruzar com o médico apocalíptico, na minha visão, será um velho banguela. Pronto, perfeito.

    Júlia leva as mãos ao peito e solta um suspiro apaixonado no ar. Ela não tem medo do perigo e vive se ferrando quando o assunto são relacionamentos amorosos. Esta coisa intrépida de se jogar de cabeça sempre acaba com o coração partido. O dela, claro.

    - O cara está solteiro? – Pergunto, por garantia.

    - Um cara desses pode ter a mulher que quiser. Por que se casaria? – Ela retruca, ainda entre suspiros. – Lu, sério, é o meu número.

    - Pelo que está dizendo, é o número de muitas. E, como você mesma já notou, não é homem para casar.

    - Dane-se. Vou pra cima.

    - Que os deuses da paixonite aguda e atômica te protejam.

    - Eu não preciso de proteção. – Júlia ergue a cabeça e estufa os peitos recém-turbinados. – Quem vai precisar de proteção é ele.

    CAPÍTULO 2

    Estou preocupada com a Júlia, sério. Toda a mulherada de plantão está de olho no tal médico apocalíptico e o fato não é nada bom. Ainda não tive o prazer – ou seria desprazer? – de cruzar com o bonitão fim dos tempos e, tenho que confessar, estou um tantinho curiosa a respeito da figura. Mas, como eu disse, farei o possível e o impossível para enxergar somente um velho banguela.

    Meu plantão está chegando ao fim, graças ao bom Deus dos enfermeiros. Estou exausta e meus olhos não obedecem mais aos meus comandos. As pernas também deixaram de funcionar e meus ombros estão curvados, pedindo uma chuveirada fervendo e cama.

    Checo o relógio no pulso esquerdo e já passa das oito da matina. Chacoalho a cabeça para continuar acordada. Tenho que ajeitar uma pilha de prontuários antes do meu turno terminar e estou enxergando tudo borrado, como se tivesse tomado uma garrafa de vinho de péssima categoria.

    Ouço uma comoção mais adiante. Trata-se de um bando de enfermeiras com os hormônios saltitando. Pelo visto, o cavaleiro do apocalipse se aproxima. Fecho os olhos por um instante e informo a minha mente: Velho banguela, velho banguela, velho banguela.

    - Luana, ele está vindo pra cá. Ai, meu Deus, tô morrendo. A pressão subiu. Meus batimentos cardíacos estão alterados. Minha pele está formigando. É sério, vou ter uma síncope. Esse cara é muito gostoso.

    Quem está surtando deste jeito é a Júlia e ela não para de me sacodir. Se eu precisava de uma porrada para acordar, este chacoalhão veio na hora certa. Do nada, eu desperto para o mundo dos plantonistas.

    - Isso é desespero, sabia? – Miro uma Júlia ensandecida e meu semblante demonstra certa irritação. – Controle-se, garota.

    - Quando ele passar por aqui, você vai entender o motivo do meu surto. Imagine o cara peladão, garanto que vai pirar como eu.

    Não posso imaginar o cara peladão, é só um velho banguela. Fala sério.

    Enfermeiras se abanam e umas fingem um quase desmaio. Não sei se caio na gargalhada ou se mantenho a postura fria. Este cara não deve ser tão surtante assim. Não pode ser melhor do que os mocinhos dos meus livros preferidos.

    O fato é que me enganei redondamente, tanto que engasgo com a saliva quando o cara entra no meu campo de visão. A tosse é inevitável e não atrai os olhares das enfermeiras de plantão, mas sim, do médico gato até dizer basta.

    O lance de impressionar a minha mente com a ideia do velho banguela não deu certo. Snif. Em minha defesa, não tive tempo para treinar a imagem que eu queria, logo, não sou culpada de nada.

    A Júlia estava falando sério sobre esta coisa de apocalipse vestido de branco. O cara é alto, largo, robusto e há um sorriso lateral em seus lábios carnudos. O olhar azulado dele recai sobre mim e a tosse piora ainda mais. Droga, acho que vou sufocar.

    - Tudo bem com você?

    A voz é grossa e melodiosa, como um chamado dos infernos. De repente, meu corpo esquenta e as bochechas ruborizam incontrolavelmente. Continuo tossindo e, merda, o médico inicia uma aproximação indevida, com um semblante levemente preocupado estampado na face.

    Lógico que estou pensando no cara peladão por culpa da Júlia. Isso não está ajudando em nada. De onde estou, não poderia mirar a bunda dele muito bem embalada em uma calça de sarja branca cheia de bolsos nas laterais. Mas o universo está conspirando contra mim e a tal bunda embrulhada para presente é tipo um painel de néon gritando Sexo Fácil Bem Aqui e encontro certa dificuldade em desviar o olhar para o rosto do médico. Fala sério, nem sou assim! Gente, uma diabinha encarnou aqui.

    Imediatamente, a Júlia saca o que está rolando e me fuzila com o olhar. As enfermeiras estão fazendo mímica, claramente dizendo que estarei mortinha antes do fim do plantão. Caramba, eu não tenho culpa de ter engasgado e dos meus olhos terem mirado aquela perdição eterna!

    O médico bate às minhas costas e sussurra no meu ouvido, pedindo gentilmente e sexymente que eu respire. Meleca, não consigo respirar com esse cara tão perto do meu cangote!

    - Estou bem. – Finalmente consigo me pronunciar e a tosse cessa.

    - Você ficou roxa. – Ele zomba, com um sorriso divertido. – Ainda não nos conhecemos.

    - Luana. – Dou um passo atrás, porque né, tenho amor a minha vida. Estendo a mão para cumprimentá-lo e o médico une as sobrancelhas douradas, talvez intrigado com a mão ainda no ar.

    As enfermeiras continuam me encarando como se portassem metralhadoras automáticas. Dou mais um passo atrás e minha mão continua ali, esperando um aperto amigável e fim de papo.

    Para o meu total assombro e desespero, o médico bonitão até pega a minha mão, mas a manobra que ele executa será a minha sentença de morte. O cara, ignorando o pelotão de fuzilamento atrás de si, simplesmente se inclina para a frente e beija a minha mão, não tirando os olhos dos meus.

    Ah, cara, eu tô muito ferrada.

    - Malcom Ramone, ao seu dispor. – Ele se apresenta e meu estômago dá loopings irritantes. – Mas pode me chamar de Mal.

    Puta merda, Mal? Do tipo, Mal de mau?

    Poxa, meu turno estava acabando, eu sairia ilesa do hospital e iria para casa capotar na cama com um bom livro ao lado. Agora, eu só vejo faíscas ao redor e sinto que não sairei daqui sem tomar umas bofetadas dessa mulherada pirada.

    - Seja bem-vindo ao Hospital Metropolitano, doutor Malcom. Er, ou Mal, como preferir. – Dou um sorriso enferrujado e tento me afastar do médico cheiroso. Ah, eu não disse que ele está envolto em um aroma amadeirado com toques de pimenta? O fato é que, além do aroma penetrante, a coisa toda envolve o bonitão em uma aura de mistério difícil de ignorar. Valha-me Deus.

    - Obrigado, Lu.

    Lu? Que intimidade é esta? Que eu me lembre, não disse que poderia me chamar só de Lu. Droga x droga x droga. A Júlia está quase lançando uma magia negra para que eu caia dura ou saia logo do caminho dela. Uma das enfermeiras finge tirar o pino de uma granada e joga a bomba invisível na minha direção. Quantos anos estas mulheres têm, hein?

    - A gente se vê por aí. – Digo para o médico, muito sem graça. Eu só quero que ele se mande, mas o cara não percebe a saia justa rolando nos bastidores e manda esta:

    - Será um imenso prazer, linda.

    O médico bonitão do apocalipse joga a franja dourada para o lado e sai de cena, como um astro do rock que acaba de dar um show fenomenal. Antes que eu possa me pronunciar, ou mesmo respirar, sou pega desprevenida e estou indefesa.

    Alguém me pressiona contra a parede. Outro alguém está tentando me enforcar. Ei, acho que tomei uma mordida e um tapa doloroso no ombro direito. Merda, eu deveria ter investido meu tempo livre numa arte marcial qualquer.

    - Parem com isso, suas loucas! – Grasno e empurro quem está na frente. – Vocês parecem cadelas no cio, que coisa mais ridícula. É só um cara bonito e daí?

    - É só um cara bonito? – Júlia segura o meu braço com mais força do que deveria. – Poxa, ele beijou a sua mão e te chamou de linda! E eu vi a senhorita mirando aquela bunda estonteante. Que puta sacanagem!

    - É sério isso? – Pergunto, me sentindo intimidada. – Está brigando comigo por causa de um cara?

    - Não. Estou só extravasando minha ira.

    - Quanta insanidade, credo. Vocês estão chapadas? – Miro a equipe de enfermagem e fecho a cara. – Tomaram algo ilícito? Remedinho para ficarem acordadas? Seu bando de malucas.

    - Você é muito sortuda, Luana. Da próxima vez, vou usar a sua estratégia e engasgar até quase morrer. Quem sabe não ganharei uma respiração boca a boca, hein? – Uma das doidas se pronuncia.

    - Fiquem à vontade, mas eu juro que não engasguei de propósito. – Deixo bem claro. – E você, dona Júlia, pelo amor de Deus, viu!

    - Quê? – Ela joga as mãos para o ar. – Agora me fala, o que ele disse no seu ouvido? Conta tudo!

    - Eu me recuso a continuar essa conversa absurda. – Ajeito o jaleco e a postura. – Meu plantão acabou.

    CAPÍTULO 3

    Fim do plantão e sobrevivi ao apocalipse vestido de branco. Na saleta, de posse da minha bolsa, apalpo o meu corpo somente para conferir se está tudo no lugar. Com exceção de uma marca roxa no braço, sairei praticamente ilesa do hospital.

    Deixo o jaleco no cesto destinado à lavanderia. Ajeito os cabelos desgrenhados do jeito que dá. Enfio a mão na bolsa e, após mil tentativas, finalmente encontro as chaves do carro.

    Apesar de estar viva, estou morta. O corpo dói, a cabeça pulsa, os olhos ardem e meus pés estão latejando. Antes de sair, dou uma checada na escala e suspiro, aliviada. Meu próximo plantão será apenas na semana

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