Independente Mente Dos 200
De João Ewerton
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Independente Mente Dos 200 - João Ewerton
Independente Mente dos 200
Sumário
DEDICATÓRIA
2
SINOPSE
3
CAPÍTULO I
4
CAPÍTULO II
43
CAPÍTULO III
49
CAPÍTULO IV
88
CAPÍTULO V
95
CAPÍTULO VI
108
CAPÍTULO VII
117
CAPÍULO VIII
127
CAPÍTULO IX
135
CAPÍTULO X
149
CAPÍTULO XI
168
BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS:
172
1
DEDICATÓRIA
Dedico este livro, (Em memória) às centenas de
revoltosos, incinerados covardemente, pelo Duque de
Caxias, nas cidades de Pastos Bons e Grajaú, no estado do
Maranhão, depois da proclamação da República de Pastos
Bons, cujo tenebroso episódio, ficou conhecido como: "O
suplício dos prisioneiros".
Dedico também, a todos aqueles que empenharam e
empenham as suas vidas, pelas lutas libertárias ocorridas no Nordeste Brasileiro, pela independência do Brasil, e aqueles que hoje, lutam para que o Nordeste se torne uma
Nação independente do Brasil.
2
Independente Mente dos 200
SINOPSE
Nesta envolvente novela, os duzentos anos da
independência do Brasil são abordados no meio das
resenhas de Bruno e Arthur, estudantes de história que se tornaram parceiros fiéis e encaram juntos as mais loucas aventuras, que eles aprontam em busca do prazer imediato,
dinheiro fácil ou, pelo simples desejo de desafiar a ordem como manifestação dos seus espíritos indomáveis.
3
CAPÍTULO I
O início de uma grande parceria.
Arthur aos seus vinte e dois anos, exibe uma bela estampa, distribuída por um metro e oitenta de altura, arejada por seu bom astral, que não lhe deixa economizar,
o belo sorriso, de comercial de creme dental.
Contudo, quando é provocado, ou se vê acuado, ou quando mexem
com algum chegado
seu, ele não vacila em mostrar suas
habilidades em luta de rua e desmonta o infeliz com a rapidez de um gato selvagem dando o bote sobre um passarinho.
Nascido num lugarejo remoto, no município de
Mirador, no Maranhão, desde cedo Arthur criou paixão pelo estudo de história, ao tomar conhecimento da história do seu município, e foi exatamente no curso de história da Universidade Federal do Maranhão, que ele conheceu
Bruno, que também pareia com ele em aparência, embora
perca um pouco na altura.
A amabilidade de Bruno esconde o seu ímpeto
agressivo, que o torna capaz de arrancar o cérebro de um inimigo com os seus dentes, se esse infeliz agredir, ou ofender alguém do seu bem querer.
Desde que se conheceram no primeiro dia de aula do
curso de história, Bruno e Arthur fecharam a parceria, e hoje dividem apartamento e ali, estudam e fazem
trabalhos juntos, dedicando muito tempo às pesquisas, mas
também às suas aventuras sexuais com as garotas, que eles
dois fisgam, com facilidade, devido às belas estampas e os seus físicos, esculpidos em academia de ginástica, mas principalmente, pela boa lábia que os dois têm para dobrar as garotas mais irredutíveis que atravessarem os caminhos
ou o interesse deles dois.
4
Independente Mente dos 200
Como esta semana eles tem que entregar um
trabalho de história, valendo nota, os dois rapazes se dirigiram até a mesa de estudos, e se sentaram em cadeiras posicionadas, em lados opostos da mesa.
Bruno abriu o laptop e mostrou a tela para Arthur:
— Eu fiz um apanhado, do material que eu consegui
levantar, sobre a história da família real no Brasil, pra tentar entender melhor, as revoltas que deram origem a República dos Pastos Bons. Disse.
— Nessa lista bibliográfica, deve ter muita coisa,
mesmo! Exclamou, Arthur.
— E ainda falta muita coisa, porque a história, é como caranguejo na lata; quando você puxa um, ele engata
no outro e vem um monte, um puxando o outro. Disse Bruno, se ajeitando sobre o assento da cadeira.
— É verdade. Concordou Arthur, rindo dos
caranguejos
de Bruno.
— Como o tema do trabalho é livre, eu acho que a
gente pode focar mais nessa parada
da independência,
porque, é bicentenário, daí, acho que o professor vai dar mais valor. Ponderou Bruno.
— Eu gosto desse tema! Aliás, eu sou intrigado com
algumas coisas da história desse período... Confessou Arthur.
— O que é que te intriga, Brow?
— Essa vinda da família real para o Brasil, Bruno.
— Cara, no fim de 1807, Napoleão tocou o pânico
em cima de Portugal, aí a família real, covarde, banou
fora.
— Capitei vossa mensagem, meu guru! Disse Bruno
em tom de brincadeira.
5
— Pois é! Esse foi o X
da questão; o motivo que
fez a família real portuguesa e as pessoas da alta nobreza, vazarem de Lisboa, feito um bando de cobra-cipó na frente
de galinha-d’angola.
— Tô ligado! Dizem que a galera ficou tão
apavorada, que eles embarcaram às pressas, deixando tudo
no cais do porto, até a comida, trazendo apenas a roupa do corpo! Disse Bruno, com bastante ênfase.
— Bruno, a maioria deles, veio sem um puto no
bolso.
— Então, só veio liso, nessa bagaça, Bruno!
— Arthur, eu fico imaginando, como deve ter sido
ridículo, essa galera cheia de pose, sem um centavo no bolso, bancando o nobre, todo esnobe, sem um pau pra dar
num gato.
— Acho que eles nunca se deram conta, de que eles,
eram uns mendigos de luxo, que viviam às custas de doações do povo, Bruno.
— Era mais ou menos isso. Eu tenho aqui uns dados.
— Eu li um documento que contava que, a família
real, embarcou no galeão; Príncipe do Brasil, trazendo consigo, apenas a metade do tesouro português, algo em torno de 80 milhões de cruzados, porque a outra metade,
já tinha sido toda gasta, para acalmar Napoleão.
— Bruno, eu acho que eles devem ter ficado com
medo do dinheiro acabar e Napoleão passar o sal
neles.
— É verdade, Arthur. Nesse tempo a decapitação
estava na moda, em Paris! Lembra da Antonieta? Indagou-
lhe Bruno, em tom bem irônico.
— A família real portuguesa, na verdade foi uma
grande canalha! Fugiu, covardemente, deixando que 250
mil portugueses, mais de um terço da população
portuguesa, morressem nas mãos dos franceses, sem que a
6
Independente Mente dos 200
Coroa fizesse nada para socorre-los. Disse, Arthur, após ler um trecho do documento na tela do laptop.
— Essa transferência da corte, já tinha sido sugerida
no séc. XVII, pelo nosso querido
padre Antônio Vieira,
que foi conselheiro de D. João 4º entre 1641-1656. Ele considerava que, a corte viveria muito melhor aqui no Brasil, uma vez que, Portugal, vivia em crescente penúria e ameaça constante de ser retomado pela Espanha, país do
qual ele havia se desligado pelo golpe dado pelo próprio D. João IV. Em 1640. Concluiu, Bruno, lendo outro trecho
em seu notebook.
— 1640 é o início da regência dos reis da Dinastia dos Bragança, que, para azar do povo português, durou até
o ano de 1910.
— Como assim, Arthur?
— Se você prestar atenção, eles só fizeram piorar as
condições de Portugal a cada rei Bragantino que assumia
o trono. Acrescentou, Arthur.
— Durante a Dinastia deles, apenas no período em
que o Marquês de Pombal tomou a frente da
administração, foi que aconteceu uma melhoria em
Portugal e nas colônias, pois além de Lisboa, restaurada depois de um terremoto, que destruiu a cidade quase toda,
ele criou entre outras coisas, a Companhia do Grão Pará, que fez o Maranhão e o Pará, se tronarem duas potências
econômicas, que chegaram a gerenciar e manter com
dinheiro e com soldados, as feitorias portuguesas, da costa africana. Disse Bruno, lendo outro trecho do documento.
— Mas depois, os Braganças soltaram o freio de
mão e jogaram Portugal pela ladeira abaixo. Foi uma derrocada tamanha, que deixou Portugal feito um
7
fantoche, preso nas mãos da Inglaterra, devendo até a alma para o governo inglês.
— E foi essa relação com a Inglaterra, uma das
razões, da família real ter vindo para o Brasil, pois Napoleão determinou que, Portugal cessasse o Comercio
com a Inglaterra e Dom João VI, assegurou a Napoleão que, romperia com a Inglaterra. Disse Bruno, antes de fazer uma pequena pausa aguardando a página da internet
abrir. E, logo continuou:
— Mas como Portugal acendia uma vela para Deus
e outra para o diabo, o rei mentiu para Napoleão, que havia demitido o Lorde Strangford, que na época, era o
embaixador inglês em Portugal, deixando-o se abrigar na esquadra inglesa, ao largo da costa de Lisboa, sob o comando de Graham Moore. Foi dali que eles escoltaram
a frota portuguesa, trazendo a família real até o Brasil.
Acrescentou, Bruno, lendo outro trecho para Arthur.
— Mas essa proteção inglesa custou muito caro,
para Portugal, não foi, Brunão?
— Deixa eu ler esse trecho aqui pra você, Arthur.
Sugeriu Bruno e voltou a ler o documento na tela do seu
notebook:
— Essa dívida foi cobrada através de um tratado, ou,
na verdade, um decreto, feito por Lorde Strangford em 1810, que feria a soberania do reino português, com as condições que eles impuseram, determinando que, os
ingleses obedeceriam apenas às leis inglesas, seus navios de guerra teriam acesso ilimitado às águas brasileiras e seriam abastecidos pela Corte, quando estivessem em
missão de proteção ao Brasil.
Além disso, os ingleses poderiam usar a madeira
brasileira, para a construção naval britânica, poderiam 8
Independente Mente dos 200
negociar e possuir propriedades no Brasil, sem restrições e não estariam sujeitos às leis impostas pela Inquisição.
E mais ainda, os ingleses pagariam apenas 15% de
taxas, enquanto os brasileiros e portugueses pagavam 16%. Para completar essa desgraçada sujeição, D. João VI
pegou um empréstimo da Inglaterra, no valor de 600.000
libras, para pagar o altíssimo custo de instalação da Corte falida, no Rio de Janeiro e deu como garantias; as receitas do arquipélago da ilha da Madeira e o monopólio do pau-brasil, receitas, que eram vitais para a Coroa. Não bastasse isso, D. João VI sacrificou nossa indústria em prol da indústria britânica e acabou por concordar em eliminar a lavoura brasileira da cana de açúcar em Pernambuco, para
favorecer, a agricultura das colônias inglesas das Antilhas.
— Ou seja; O Brasil era colônia de Portugal, que era
uma colônia da Inglaterra. Ponderou Arthur.
— Nesse termo e, nessa ordem. A Inglaterra
estrangulou, o início econômico do Brasil, se aproveitando da debilidade da Corte no exílio, e abusou da sua força diante da fraqueza da coroa portuguesa. Acrescentou
Bruno.
— Foi para pagar essas pataquadas
, que Dom João
VI, aumentou os impostos e acabou criando um grande descontentamento em Pernambuco e no resto do Brasil.
Disse, Arthur, lendo um trecho da matéria em tela no seu
laptop.
— Ele era um bom filho da Maria louca
. Quando
a gente vê Portugal, como a maior potência naval, e como
o maior Império além-mar, no sec. XVI até o início do sec.
XVII, não imagina que ele poderia se tornar, o reino frágil, em que a Dinastia Bragança o converteu. Acrescentou Bruno.
9
— É verdade, Bruno. Portugal teve mais de 50
feitorias ao longo das costas asiáticas, dominando as rotas comerciais, altamente lucrativas, mas os Bragança
acabaram com tudo isso, em pouco tempo.
— Arthur, isso aqui completa o que você leu aí: "A
Restauração dos Bragança, após o domínio espanhol de 1580 a 1640 custou muito caro para Portugal, pois o auxílio inglês, para apoiar Portugal, impedindo a investida da Espanha, para retomar o trono português, também
naquele momento, significou o pagamento por parte de D.
João 4º, de um dote de 2 milhões de cruzados, para poder
casar a sua filha, com o rei Carlos 2o da Inglaterra, para firmar um laço de família, com outro reino e anular o laço familiar, que a Coroa de Portugal tinha com a Coroa da Espanha.
Além disso, Portugal teve que entregar aos ingleses,
a região do Tanger e de Bombaim, na Índia." Disse, Bruno,
lendo em voz alta para que Arthur escutasse.
— Como foi, que a Espanha deu esse mole pra
Portugal?
— Foi um pé-de-pica
, sem tamanho! Veja bem, a
retomada do trono Português das mãos da Espanha, só aconteceu, porque a Espanha estava na guerra dos 30 anos
e, por isso, não tinha condições de direcionar sua máquina de guerra, contra Portugal.
— Eu logo vi, que dentro desse angu, tinha caroço,
meu compadre! Comentou Arthur, em tom bem irônico.
— Arthur e essa recuperação custou muito caro para
Portugal, pois, o ainda rei de Portugal em 1640; D. Filipe III, de Portugal e IV da Espanha, quando fez a assinatura
de paz com a Holanda, em Munster, ele ofereceu o
reconhecimento da posse das capitanias do Brasil, para ferrar a Coroa portuguesa, dando Pernambuco, que na 10
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época, era o lugar mais rico do mundo, entre as terras dominadas por Portugal.
Continuando a leitura do texto no seu leptop, Arthur,
passou a ler o texto seguinte para Bruno:
— D João IV, chegou a pensar na hipótese de
transferir a corte portuguesa, para a ilha Terceira de Açores, a fim de salvar a Coroa portuguesa, da ameaça militar, que Filipe IV lançaria sobre Portugal, para retomar o trono português.
— Esses Braganças, eram uns frouxos! Se
amedrontavam com tudo! Esse D João IV, estava tão perdido, que chegou a cogitar o pagamento de uma
indenização, para que a Holanda deixasse o Nordeste brasileiro, Arthur.
— Aqui está falando disso, Bruno: " Quem deu a
solução militar para o caso, foi o Brasil, pondo fim ao domínio holandes em 1649, quando ocorreu a segunda
vitória dos Guararapes, expulsando definitivamente