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Parsifal: a Lenda do Santo Graal: um manual para o desenvolvimento do "Eu"
Parsifal: a Lenda do Santo Graal: um manual para o desenvolvimento do "Eu"
Parsifal: a Lenda do Santo Graal: um manual para o desenvolvimento do "Eu"
E-book173 páginas2 horas

Parsifal: a Lenda do Santo Graal: um manual para o desenvolvimento do "Eu"

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Sobre este e-book

Nesta antiga lenda cristã, verdadeiro manual de desenvolvimento humano, nos deparamos com a jornada de personagens fascinantes e misteriosos, desafiando nossa imaginação a alcançar um patamar adicional em um tom a um só tempo histórico, fantástico, psicológico e profundamente espiritual. A autora convida seus leitores a viajar nesta narrativa caleidoscópica e repleta de simbolismos, trazendo à luz questões urgentes da nossa época e temas atemporais inerentes aos anseios humanos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de out. de 2023
ISBN9786553559073
Parsifal: a Lenda do Santo Graal: um manual para o desenvolvimento do "Eu"

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    Parsifal - Karin Evelyn de Almeida

    capítulo I

    Os Trovadores e as Raízes de Parsifal

    Os trovadores, entre os séculos IX e XIV-XV, contaram e entregaram o conhecimento do Cristianismo Esotérico à Europa. Quem tinha um pouco de conhecimento reconhecia essas ideias maiores; quem não tinha conhecimento maior entendia como um manual social e comportamental; e quem não tinha conhecimento algum escutava-a como uma história envolvente.

    Esse conhecimento, portanto, foi introduzido dessa forma na Europa, sem que os inquisidores colocassem a mão. A maior parte da humanidade não sabia ler nem escrever. Quem queria conhecimento precisava se tornar monge, padre ou freira. As casas reais ou nobres contratavam judeus. Israel é tomada várias vezes, e os judeus são expulsos. A Espanha se torna a Nova Jerusalém, mas os judeus não se misturam aos demais, pois eram considerados perigosos. Se tomassem posse das terras, fariam a Nova Jerusalém; por conta disso, não podiam cultivar terras. Eles tinham algumas possibilidades, como se tornarem professores, administradores, ourives ou músicos. Assim, educaram e administraram os bens da nobreza da época. As cortesãs mais nobres atuavam também como psicólogas da nobreza. Eram as únicas mulheres, além das religiosas, a prestar esse serviço de conselheiras.

    Esses contadores de histórias encontraram na alma das pessoas um deserto anímico, sedento. Trovadores de gabarito um pouco menor contavam histórias curtas que mais tarde os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm colecionaram e transformaram em contos de fadas, que também conservam conhecimento espiritual transformado em imagens arquetípicas. Trovadores de maior gabarito contam em muito maior extensão, em trabalhos de fôlego impressionante, o tema do percurso de desenvolvimento cristão. O maior deles, por excelência, Wolfram von Eschenbach, conta a Lenda do Santo Graal e a Lenda do Rei Artur. Rudolf Steiner atualizará em linguagem moderna esses conteúdos dentro da Antroposofia.

    Precisamos inicialmente ter uma breve noção da situação. Nessa história do Santo Graal, nós tomamos conhecimento do Manual do Desenvolvimento Cristão, seguindo a linha do Cristianismo Esotérico.

    Wolfram von Eschenbach, além de ser um dos grandes trovadores, é também um grande iniciado. Ele é o único que traz o manual completo. Os trovadores demonstravam possuir memória prodigiosa, apresentando os versos sob a forma de poesia rimada. Parsifal é um verdadeiro compêndio de psicologia, absolutamente sem paralelo. O desenvolvimento do Eu depende do desenvolvimento da alma. Esse verdadeiro guia fala, entre muitas outras coisas, como deveriam se manifestar os aspectos feminino e masculino em cada encarnação a fim de serem compatíveis com o Eu. É uma orientação valiosíssima.

    Na narrativa histórica do Rei Artur e da linha do Santo Graal, na descrição das grandes etapas, o trovador dá indicações a respeito do zodíaco, dos planetas e sobre medicina. É preciso ler o livro para se ter noção da grande riqueza de conhecimento alojada no Parsifal de Wolfram von Eschenbach.

    Como para memorizar é preciso repetir, a linguagem medieval trabalha com repetição para não haver nenhuma dúvida sobre o que é compatível ou não com o Eu. Trata-se de uma psicologia moderna espiritualizada, apresentando como a alma humana precisa estar configurada para receber a presença do Eu. Atualmente a psicologia é compatível somente com o ego.

    capítulo II

    A Narrativa de Parsifal

    Todos os personagens são encarnações reais e históricas e, ao mesmo tempo, lendárias. Seguindo sugestão de Rudolf Steiner, o antropósofo Walter Johannes Stein indicou que essa história integrasse o currículo do 11º ano das escolas Waldorf, para que fosse contada aos alunos. Ele pesquisou nos séculos VIII, IX e X quem eram as encarnações reais desses personagens, quem era Parsifal e os principais personagens, quais seus nomes reais¹. A lenda de Parsifal e o Santo Graal se passou no século IX: lenda e realidade são tão mescladas que às vezes tudo pode parecer lenda, mas não é o caso.

    Serão apresentados a seguir trechos da narrativa, pinçados de memória pela autora, com as respectivas explicações na sequência.


    1 A citação do livro encontra-se na bibliografia recomendada.

    capítulo III

    Gahmuret e o caminho do Eu

    Espanha. Nosso herói se chama Gahmuret, e quando começa nossa história, está com seus 17, 18 anos de idade. Gahmuret estava em um dia muito triste: seu irmão, sua mãe e todas a corte retornavam do enterro de seu pai, um rei justo e poderoso. Nessa caminhada, os conselheiros se aproximaram do irmão mais velho de Gahmuret, herdeiro legítimo, e disseram: Aconselhamos que o reino seja dividido entre você e seu irmão. Quando um rei falecia, era costume que apenas o filho mais velho herdasse todo o reino, na íntegra — pois caso dez filhos dividissem uma herança, por exemplo, o reino seria fragmentado. Nesse caso em particular, porém, os conselheiros aconselharam que essa lei não fosse rigorosamente seguida, pois os dois irmãos eram muito queridos. Diziam os conselheiros: Seja prudente, generoso. Garanta a seu irmão pelo menos uma parte do reino, para que ele viva bem.

    No palácio, o irmão mais velho chamou o irmão mais novo e disse: Caro irmão, dividirei o reino com você. Isso é meu desejo porque nosso pai nos amava igualmente. A mãe concordou, pois isso asseguraria a sobrevivência de Gahmuret, o irmão mais jovem. Gahmuret, entretanto, diz: Agradeço verdadeiramente, mas não posso e não quero usar o que eu mesmo não conquistei. O que é herdado não é de minha conquista, e isso diminuirá minha importância perante a sociedade, perante as mulheres. Tudo que nosso pai conquistou é seu por direito e, para fazer jus à minha decisão, amanhã partirei para o mundo em busca de conquistar o que é meu. A mãe começa a chorar e pede-lhe, pelo amor de Deus, que fique. Gahmuret não pretendia negociar sua decisão, mas como estavam todos de luto, ele promete ficar mais duas semanas. Daqui a duas semanas partirei.

    A mãe, com imensa preocupação, preparou-lhe um baú com sedas e objetos de valor. Seu irmão quis enviar vários cavaleiros com ele, mas Gahmuret pede apenas alguns pajens para sua aventura em busca do que era seu por conquista própria.

    Passadas duas semanas, Gahmuret já estava pronto para partir. Sua mãe e seu irmão choravam, mas ele foi em frente, mal sabendo que jamais os veria novamente. O reino de seu pai ficava ao norte da Espanha, e ele se dirige então para Paris, França. Para se tornar cavaleiro, ele precisava colocar-se a serviço de uma mulher. Normalmente eles namoravam alguém de seu próprio círculo social, mas Gahmuret quis fazer diferente. Ele vai a Paris, se apresenta à rainha da França e pede-lhe que o aceite em serviço; ela o aceita. Ela era então um pouco mais velha do que ele. Gahmuret, vivendo no palácio da França, é introduzido a tudo aquilo que um cavaleiro precisava saber a respeito de armas, mulheres e dos modos da época. Ele fica um bom tempo no palácio, até que um belo dia se despede dizendo: Desejo e preciso servir apenas ao Senhor Maior.

    Gahmuret se despede da rainha e parte rumo ao Oriente Médio, a fim de encontrar Baruc. Isso significa partir rumo à infância da modernidade, para ver se lá adquire compreensão. Gahmuret, a caminho de encontrar o grande Baruc, já auxilia tantos reis que se encontram em perigo que quando finalmente chega ao seu destino nem precisa ser identificado: o próprio Baruc vai ao seu encontro, pois a fama do seu escudo com o símbolo de uma pantera já havia chegado até lá. Gahmuret se torna, em pouco tempo, o braço direito de Baruc, o mais valente dos seus cavaleiros. Quando, porém, novamente está no topo, reconhecido e respeitado, ele diz a si mesmo: Não é ainda a minha meta final... Baruc é grande, mas será ele o Senhor Maior?. Ele se despede de Baruc e diz que precisa partir; que não sabe explicar exatamente o motivo, mas que não pode ficar. Com essa dúvida ele parte, desta vez por mar. Providencia embarcações e leva alguns cavaleiros consigo.

    Quando olhamos para o começo da história e para Gahmuret, tomamos conhecimento das condições pertencentes ao caminho do Eu. Qualquer ser humano que queira conquistar a presença do Eu precisa renunciar a toda ajuda externa, inclusive da hereditariedade. Considerarei meu apenas o que eu mesmo conquisto. O resto não me pertence. É extremamente importante esse conhecimento para o caminho do Eu. Na encarnação do Cristo, cessa o caminho do pai ou da mãe para o filho, fecha-se a via da hereditariedade. Até o Cristo, o que move o ser humano é a força dos laços sanguíneos. O conhecimento também era dado de uma geração para outra. A depender do local de nascimento, o filho do faraó tornava-se também faraó, o mesmo ocorrendo com sacerdotes, marceneiros etc. Esse princípio termina com o nascimento do Cristo. Os judeus cultivam esse caminho hereditário; Abraão até hoje cultiva, em pureza, o princípio da hereditariedade, no qual a consciência se apoia na soma de todos aqueles que constituam a família judaica maior. No século IX, os seres humanos mais acordados conseguem perceber, através da consciência, que só lhes pertence o que foi conquistado por si mesmos. Esse princípio é a base de sustentação do Eu.

    Agora, o Eu começa a treinar: Preciso aprender a sustentar-me apenas em mim mesmo. Liberdade de fato, sem essa condição, não existe. Para um ser humano se sentir livre, precisa ter autonomia em seus atos. Ao aceitar ajuda externa, nesse sentido, ele será controlado por quem o ajudou; quem o ajudou desejará orientá-lo sobre como lidar com o investimento. O Eu jamais conhece sua força caso se apoie em terceiros. Enquanto me apoio na força dos outros, tenho a ilusão da força do meu próprio Eu: minha força fica mesclada à força de outros Eus. Se desejamos percorrer o caminho do Eu, não é possível aceitar herança. Se criamos consciência disso, condicionamos nossos filhos de forma diferente. Gahmuret tem 17, 18 anos. No período da vida entre 14 e 21 anos, todos os filhos deveriam ser orientados e progressivamente encaminhados à autonomia pelos próprios pais; se a educação moderna for bem executada, o jovem precisa estar instruído a ser independente até os 21 anos: busque a sua força, conheça a si mesmo. É negligência educar filhos incapazes de se manterem sozinhos; isso para os pais é difícil, exigente, e, portanto, é preciso um treinamento sistemático, constante. Para conhecer a própria força, é preciso testá-la; portanto, devemos reconhecer como nosso aquilo que conquistamos. Se quisermos conhecer nossa força como Eus, precisaremos aceitar desde já que devemos ter conquistas decorrentes dos nossos próprios esforços.

    No caminho para casa, após o enterro, Gahmuret nada disse a ninguém; ele não consulta ninguém a respeito da sua decisão. Diante do sofrimento da família, um Gahmuret moderno teria se sentido culpado; mas Gahmuret não tem dúvida nenhuma a respeito do seu próprio caminho. Ele apenas comunica: Vocês têm duas semanas para se acostumarem com a minha decisão.

    A família vive intensamente a milenar lei da hereditariedade, cuja responsabilidade é da mãe. Na família há pontos de vista diversos, e todos são justos. O primogênito jamais faria algo semelhante ao que Gahmuret decidiu; ele herdou tudo, além disso, é cristão. Faz parte da sua constituição aceitar a herança, e pelo princípio da fraternidade cristã, ele naturalmente deve oferecer metade do reino ao seu irmão. A mãe, dentro da hereditariedade, diz a Gahmuret: Estou ligada a você. Seu irmão, por direito e ética, diz: Divido com você, Gahmuret, fique!. Gahmuret agradece profundamente, mas retira-se e segue seu caminho. Se não fosse assim, Gahmuret não estaria livre, sairia em conflito com a família. Socialmente cada um oferece o que quer oferecer, e o Eu a tudo olha, agradece e diz: "O

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