Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Mercado Como Palco Da Luta De Classe
Mercado Como Palco Da Luta De Classe
Mercado Como Palco Da Luta De Classe
E-book176 páginas2 horas

Mercado Como Palco Da Luta De Classe

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Falar de mercado como palco da luta de classe coloca a disputa pela estrutura de governo e de Estado em segundo plano. Afinal, governo é mero gestor do aparelho de Estado e ambos estarão sempre controlados pelo poder real. Não existe Estado pequeno, não existe governo autônomo. Mercado é uma (macro) estrutura que estará presente em qualquer forma de governo. A concentração de renda, a apropriação do resultado social do trabalho, hoje em dia, se dá muito mais nos sistemas de intermediação e de distribuição do que no de produção. Isso nos faz pensar sobre o conceito da mais valia oriunda da detenção dos meios de produção como determinante da acumulação do capital. É possível e necessário o domínio da estrutura de mercado como saída concreta na disputa pela hegemonia, mas para isso é necessário que a economia de base familiar popular e solidária conheça de fato essa estrutura e como ela funciona. Esta é a proposta deste livro.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de out. de 2023
Mercado Como Palco Da Luta De Classe

Relacionado a Mercado Como Palco Da Luta De Classe

Ebooks relacionados

Políticas Públicas para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Mercado Como Palco Da Luta De Classe

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Mercado Como Palco Da Luta De Classe - Delso Oliveira Andrade

    PRÉ-PREFÁCIO

    Sim, para começar quebrando as regras. Antes do prefácio quero dizer do prazer que me trouxe este livro, juntar nele eu, Humberto e Enaldo. E, ainda, a minha segunda filha, Juliana Terra, que opinou, reclamou, atrasou, mas o tempo todo junto comigo, não só no livro, mas, para minha alegria, na militância. Fez ela a finalização de layout, já que as imagens couberam a Enaldo.

    Para quem não sabe, somos como três irmãos, é verdade, a vida nos dá desses, não só a biologia resolve as relações, os amores, como também se ama de forma intensa e sincera sem necessariamente enamorar, senão com a vida e o que se quer dela. Somos três enamorados com a vida e o somos há muito tempo, cúmplices, próximos o tempo todo, muito próximos há mais de quarenta anos e na luta sempre. Três que estiveram desde sempre à margem, cada um a seu modo, mas três que conseguiram, até então, fazer tudo que desse na telha. E fazer bem feito, ser referência. Agora, nessa empreitada vem mais uma como cúmplice, minha filha. Como adendo, lembro, eu e Enaldo temos a sorte, o prazer e a honra de podermos dizer que somos remanescentes de Canudos.

    Nossa vida de literatos, artistas, marginais começa na aventura de publicar um tal de Papagaio do Futuro, jornaleco que, em plena ditadura (1979-1980), ousou dar parabéns à Frente Sandinista pela sua vitória, um jornaleco que tratava de temas hoje tão em voga (homossexualidade, drogas e etc.), que combatia a politicagem de forma direta. Jornaleco por onde passaram dois Governadores de Estado (Belivaldo Chagas e Marcelo Déda, que para ele escreveram algumas vezes), lideranças de movimentos sociais (Flamarion) e outros tantos jovens, alguns inclusive foram proibidos de andar com os meninos do Papagaio. Éramos uma ameaça, sim. Eles sabiam e continuamos sendo até hoje, não nos curvamos, chegamos aonde quisemos com nossos próprios esforços, com altivez, com ousadia e sabedoria.

    De lá para cá muitas coisas aconteceram, muitas caminhadas, mas de uma forma ou de outra terminávamos por nos encontrarmos, na luta política e na Festa de Santana. Não nos desviamos de princípios, não nos distanciamos no carinho de irmãos nem na cumplicidade de companheiros de luta.

    Assim, ao resolver escrever o livro, decidi que o prefácio faria Humberto e a capa faria Enaldo e Juliana, mantendo o perfil natural. Enaldo, artista de mão cheia com prêmios de fotografias e um exímio desenhista, sabia eu, daria ele à capa a cara do livro junto com Juliana, técnica em comunicação, atenta e, também, excelente fotógrafa. Humberto, notável analista e observador, leitor inveterado e estudioso, faria um relato cuidadoso da caminhada política e pessoal para chegar aonde eu desejava que esse livro alcançasse. E eu? Eu na estrada a dar-lhes trabalho, a reclamar e a provocá-los a vir para estrada, a se juntarem no caminhar. De vez em quando, a gente se junta mais de pertinho, como agora, para fazer coisas mais sérias, outras vezes, para rir de nós e deles que nunca souberam de verdade quem nós somos.

    Mas, para além dessas coisas como motivadoras da escolha, está a capacidade crítica que sempre tivemos, a clareza de como tratar certos temas aparentemente tão difíceis, sempre, nós três, tivemos uma certa capacidade de análise e formulação, de olharmos a conjuntura e nela atuarmos cada um no seu mundo específico, mas com eficiência e convicção ideológica. Dinheiro e cargos não conseguiram mudar a nossa essência, nisso também somos cúmplices, ousamos desafiar a expectativa até mesmo das nossas famílias, para, no final, sermos reconhecidos como livres.

    Coloco isso aqui até para encorajar jovens, de agora e ou de épocas seguintes. Dá para querer, dá para ser, dá para crer, dá para ousar, dá para lutar, dá para vencer.

    Uma geração que deu certo. Sei que as outras também darão, no seu tempo e do seu jeito.

    Não fizemos, não fazemos e, creio, não faremos para sempre, mas para simplesmente.

    Delso Oliveira Andrade

    Setembro de 2023.

    PREFÁCIO

    Um livro pessoal e profundo

    Esse é um livro que vem do eu profundo, das entranhas do pensamento próprio, livre, ousado, libertário, apesar do autor advertir que é nosso. Tão pessoal que só poderia ser escrito por quem o escreveu. No início parece confuso, quando na apresentação se diz que o livro não quer ser um livro e o autor não é só quem o produziu, argumentando que sendo fruto de sua práxis revolucionária (e não tenhamos dúvidas), o livro ou o que ele insiste ser um instrumento político-pedagógico (e outra vez não tenhamos dúvidas) é também o resultado do encontro de saberes de todos/as/es que interagimos com ele em suas andanças em muitos chãos percorridos nesse imenso e diverso país, gente em sua mais ampla diversidade étnica, cultural e social, de diferentes concepções de vida, de pensamentos semelhantes ou opostos ao seu, de distintas percepções da realidade, companheiros/as/ies ou adversários/as/ies, em longos e permanentes diálogos provocativos e as vezes deliberadamente insistentes e nem sempre voluntários.

    Mas, se o livro em parte tem nosso conhecimento, apreendido pelo autor, não nos enganemos, o mérito é exclusivamente dele. De alguém que dedica sua vida a aprender, a dialogar, a instigar, a retirar do conforto os/as/ies dogmáticos/as/ies, os/as/ies que estão presos/as/es aos seus métodos, normas e conteúdo, aos/as/ies que estão convencidos/as/ies da suficiência de seus saberes e experiências, aos/as/ies ativistas que não conseguem relacionar ação e reflexão e julgam estar transformando o mundo. De alguém que teve o privilégio de ser formado, quando muito jovem, por um experiente militante e teórico do anarquismo (Aquilino Macena) e que nunca deixou de estudar seriamente e com respeito consagrados autores/as/es comunistas, socialistas e de outras matizes políticas sem o compromisso de concordar totalmente com suas teorias, e não sem antes contextualizar e elaborar seu próprio pensamento, objeto da sua reflexão, da sua capacidade de observação e do aprendizado com outros saberes igualmente importantes de pessoas simples do povo, que conheceu na sua trajetória de vida e de luta por um mundo melhor.

    Assim, libertários e propositadamente ousados, intrigantes, reflexivos e desafiantes, o livro e o autor nos convidam a um mergulho teórico sobre um tema que está muito presente no cotidiano dos/as/ies que militam na economia de base familiar, popular e solidaria, mas também tem um alcance geral, uma vez que fornece elementos para um reposicionamento político para todas as pessoas que, estando inconformes com o destino da humanidade e do planeta, buscam uma trincheira de luta para provocar uma mudança radical nesse destino que se avizinha como uma tragédia mais que anunciada.

    E a primeira mensagem de esperança é de que todos somos capazes de pressupor, sonhar, pensar, agir e sentir. E por isso somos capazes de definir o projeto de sociedade que queremos e o modelo de desenvolvimento que almejamos, afinal a sociedade é um projeto humano. Porém, é preciso se aprofundar no conhecimento, sair da superficialidade, ir até a raiz para ser radical na formulação estratégica e ser capaz de ir além das ações táticas. E argumenta com profundidade, que não é verdadeiro que já não existe luta de classes e que a contradição entre capital e trabalho sempre foi, ainda é e continuará sendo o centro da disputa do modelo de sociedade. Mas, é preciso analisar teoricamente com as lentes da atualidade, das mudanças das relações sociais e do trabalho, ocorridas no último século e que, todavia, estão em marcha.

    Algo que chama a atenção e alerto para que não passe despercebido ao/as/ies leitor/as/ies é a forma didática com que explica a relação entre poder, estado e governo para introduzir uma visão e uma defesa do pensar estratégico e da necessidade de entender o lugar em que estão situados os sujeitos da ação política. Muita gente de boa-fé se perde por aí, sem entender que estar no governo é apenas gerenciar um aparelho de Estado cujo domínio está nas mãos dos que realmente detém o poder. O livro, no entanto, tem o seu ponto forte em colocar um novo ponto de vista sobre o mercado como um espaço de disputa na luta de classes. A afirmação de que o mercado não é necessariamente capitalista, é uma quebra de paradigma fundamental na visão política. O capitalismo o domina, mas também é possível que nele se estabeleça uma dominação pelo trabalho. Essa sim seria a grande mudança radical na história da humanidade. Também aqui muita gente militante, de boa formação teórica e prática torce a cara quando se fala no mercado como um espaço da disputa política.

    E sem se importar com isso o autor vai capítulo a capítulo argumentando e colocando pulgas atrás da orelha de todos/as/ies nós trazendo elementos teóricos e exemplos práticos para reflexão. E com suas elaborações bem fundamentadas sobre o que é, em sua concepção mais ampla, o mercado, que sistemas o integram, onde está atualmente o principal processo de acumulação e como realizar uma leitura atual sobre a mais-valia, considerando que o processo de acumulação desloca o seu eixo e se fortalece nos sistemas de intermediação e de distribuição, vai deixando as pulgas: por que, os/as/ies que sempre estiveram do lado do trabalho devem se entrincheirar para disputar esses sistemas de intermediação e distribuição? Que papel jogam os/as/ies consumidores/as/ies como determinantes das necessidades e demandas dos demais sistemas (produção, intermediação e distribuição)? Que compromissos verdadeiramente possuem os/as/ies consumidores/as/ies de qualquer matiz político com o uso dos recursos físicos e naturais do planeta e o quanto defendem verdadeiramente e de forma coerente um mundo dominado pelos interesses do trabalho em detrimento dos interesses do capital?

    Finalmente, o livro se encaminha para mostrar uma nova dimensão pensada para a economia familiar, popular e solidária e afirmar categoricamente que a essa corresponde um papel muito mais relevante que aquele atribuído recentemente e contemplado nas políticas de governos e nas pautas reivindicativas dos movimentos sociais. O autor encaminha para um outro patamar de importância, que se relaciona com a função de conduzir a essa mudança hegemônica do mercado para o mundo do trabalho e da vida. Para isso afirma ainda, que é preciso sair da elaboração meramente tática, organizativa apenas, para as de caráter estratégico e transformador.

    É um livro de uma ousadia só comparável a do próprio autor, esse companheiro, professor, irmão e amigo de vida que é Delso Oliveira Andrade. Você pode não concordar com todo sua argumentação, mas tenho certeza que não ficará indiferente a essa provocação intelectual e a esse convite para uma reflexão sobre quanto das energias que você dispensa a lutar por um mundo melhor, com toda firmeza, honestidade

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1