ONDE VOU COM ESTE POEMA: Poesias Escolhidas
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Sobre este e-book
"A prosa e a poesia de Wendy Lee Hermance são feitasde surpreendentes e comovedoras memórias de infânciade maçãs mirradas, velhas almofadas, ramos de árvorecaídos, estações de rádio imaginárias, e coisas tão difíceisde pôr em palavras que não conseguimos mais do queentrevê-las por entre as linhas deste livro extremamentefascinante." - Richard Zimler, autor de O Último Cabalista de Lisboa, e de outros best-sellers em vários países
Wendy Lee Hermance tornou-se uma voz conhecida nas estacões americanas da Rádio Pública Nacional (NPR na década de 1980 com asua série de programas
Missouri Folklore. Ao seu primeiro livro, What's That Stuff? A Natural Foods Refrence Guide (atualmente esgotado) seguir-se-á Weird Foods of Portugal, aser publicado em 2020. Foi publicada na edição de dezembro de 2020 da DiVersos, www.sempreempe.pt.
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Pré-visualização do livro
ONDE VOU COM ESTE POEMA - Wendy Hermance
Índice
Folha de rosto
Página de Direitos Autorais
A Dedicatória
Quando Eu Era Pequena
POEMAS
Sem preço
Beduíno
A minha cebola mulata
Ocasião
Onde vou com este poema
Na cabana de suar
Aqui jaz Ginger, cheia de graça
Um Dia
As últimas maçãs que compro
Viagem para Telavive
Mercearia
As mulheres são a água
O meu alpendre em Mount Pleasant
Zeus
Passeio de bicicleta
Às 11h15 no supermercado
de East Bay Street
Alegoria
Este vestido
Como descobrir se um novo conhecido é um homem, ou um qualquer híbrido bizarro
Passos em falso
No torneio de pesca com Paula
Zen de um homem do sul
Penumbra
Muitos mundos, um único Sol
Nó
Breve Poema sobre o Texas
Caindo da borda do mundo
Há dias em que é possível fazer uma data de coisas
Mulher no aeroporto de Filadélfia com a família à espera
Física: Todas as coisas neste mundo
Somos aqueles que vocês não querem
A cabeça, o coração, e o corpo
Marvella de West Baltimore, Diz Ela
Ainda
Achar algumas coisas para amar
Sobre a autora
Contracapa
Copyright © 2019 Wendy Lee Hermance
Reservados todos os direitos.
ISBN 978-1-7346044-0-5
Tradução: José Lima
Paginação: Rachel Bostwick
Reservados todos os direitos. Este livro não pode ser reproduzido nem transmitido sob nenhuma forma, no todo ou em parte, sem prévia autorização da autora, exceto para curtas citações incluídas em ensaios, artigos ou recensões críticas. Estes artigos e/ou recenções devem referir o título correto e o nome das pessoas que contribuíram para este livro.
Fotografias da autora, exceto se outra autoria lhes for atribuída, ou se se tratar de fotógrafo desconhecido.
A prosa e a poesia de Wendy Lee Hermance são feitas de surpreendentes e comovedoras memórias de infância de maçãs mirradas, velhas almofadas, ramos de árvore caídos, estações de rádio imaginárias, e coisas tão difíceis de pôr em palavras que não conseguimos mais do que entrevê-las por entre as linhas deste livro extremamente fascinante.
Richard Zimler, autor
de O Último Cabalista de Lisboa,
e de outros best-sellers em vários países
A prosa e a poesia na narrativa pessoal de Wendy Lee Hermance inclui uma memória singular que começa com a descrição de vivências de infância rica de pormenores, que se prolonga através da adolescência, e por último se manifesta na idade adulta. Onde vou com este poema é um hino a
esta adorável confusão humana que é a vida da autora, mas trata-se de uma vida preenchida com uma miríade de experiências, todas descritas com uma empatia de poeta e atenção aos pormenores, recordando-nos a todos, como Hermance fez no último poema do livro, a nossa capacidade para achar algumas coisas para amar.
Marjory Wentworth,
Poetisa laureada da Carolina do Sul
Em memória da minha mãe, Nancy Lee Hermance.
Para os jornalistas, soldados, ativistas, crianças, e todos os que dizem a verdade, mesmo não sendo reconhecida.
Nunca deixamos realmente um lugar de que gostamos.
Parte dele levámo-lo connosco, deixando atrás uma parte de nós. – Toda a gente
A minha avó, Dot, e o irmão dela, Roland
Quando Eu Era Pequena
2019
As minhas primeiras memórias são de quando vivia com o meu pai, a minha mãe e o meu irmão em Florham Park, em New Jersey, numa minúscula casa de madeira do século XVIII num extenso logradouro que descia em declive até um bosque. O terreno devia ter sido cultivado em tempos, apesar de o solo ser seco e arenoso. Tínhamos um velho escorrega enferrujado que acabava num pequeno monte de areia, e mais nada.
No interior, a casa nunca fora concluída. O meu pai arrancou as paredes e nós vivíamos com buracos abertos. Era uma coisa interessante pelo que descobria e me mostrava; uma minúscula boneca de porcelana daquelas conhecidas como Frozen Charlotte, e um sapato de criança, de couro preto, mirrado. O meu quarto no primeiro andar dava para uma rua movimentada, mas estava bem protegido por um enorme lilás perfumado. Ainda hoje adoro as suas flores e a cor lilás é da minha especial predileção.
Do outro lado da rua vivia uma família japonesa numa casa de três níveis. A minha mãe ia lá tomar chá, levando-nos com ela. Penso que tinham um rapaz e uma rapariga bem comportados mais velhos do que nós, que não nos prestavam nenhuma atenção. A mãe deles dava-nos ameixas viajantes
, salgadas, doces, aromatizadas com alcaçuz. Algumas eram secas e duras e tínhamos de as chupar e trincar até o fruto delicado se separar do caroço. Outras eram moles e peganhentas, como polpa de tâmaras moles. Estavam embrulhadas numa dupla embalagem, a mostrar a sua especial qualidade.
Fora isso, comia cenouras, muitíssimas cenouras! Não havia nenhum momento em que não tivesse uma apertada na mão nesse tempo, de tal modo que houve um visitante – um homem desagradável e arrogante, que se calhar era um agente imobiliário que vinha avaliar a nossa casa para uma execução hipotecária, porque ficámos sem ela pouco depois – que me disse que eu havia de apanhar uma intoxicação de cenouras
e que a minha pele ia ficar cor de laranja. Mesmo tendo apenas quatro anos, percebi que o homem era um idiota. Tinha uma pele descorada e fumava ao mesmo tempo que criticava a minha alimentação. O que ele sabia não era nada que valesse a pena.
Tínhamos também um cão chamado Percival, ou Percy. Era um Terrier pêlo de arame do canil. Uma criaturinha com um aspeto perfeito se