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Meu Anjo: Old-Quarter (POR), #1
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Meu Anjo: Old-Quarter (POR), #1
E-book443 páginas5 horas

Meu Anjo: Old-Quarter (POR), #1

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Sobre este e-book

Thomas Sanders e Virginia Wallace se uniram no passado por uma aposta, mas cada um seguiu seu caminho imaginando que o que aconteceu não mudaria suas vidas.
No entanto, cinco anos depois, se encontram novamente em uma cidade remota perto do Texas. Durante esse tempo, Thomas tentou se recuperar das consequências de seu colapso conjugal que o levou à destruição. Virginia, por sua vez, observa como seu mundo do trabalho é truncado e ela é afastada, sem poder remediar, para um lugar cuja existência não conhece e onde encontrará o homem que a deixou marcada para sempre.


Com o passar dos dias, as experiências entre eles se tornam mais intensas, fortes e íntimas. Todos acreditam que foram feitos um para os outro, menos a Virgínia...


Podemos culpar o destino por tudo o que nos acontece na vida ou somos nós que inconscientemente agimos em prol desse futuro que buscamos?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de dez. de 2023
ISBN9798223242314
Meu Anjo: Old-Quarter (POR), #1

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    Meu Anjo - Dama Beltrán

    Prólogo

    Ogallah (Nebraska), junho de 2014

    Como estava se tornando habitual, acabou na frente de um bar, bebendo seu quarto ou quinto whisky...

    Tudo o que ganhou, desapareceu e, em vez de se esforçar para recuperá-lo, dedicou-se a afundar-se em sua própria miséria, enquanto chorava pelo que sonhava e não conseguia alcançar. Abaixou a cabeça, de modo que a aba do chapéu ocultou seu rosto e tomou o gole restante do que tinha no copo. Odiava ver-se refletido nos espelhos. Retirou todos os que encontrou nos quartos dos hotéis onde ficara. Mas esse era grande demais para pedir à garçonete que o virasse de lado e tampouco queria quebra-lo, por receio de que tivesse mais sete anos de má-sorte. Sem levantar os olhos, deslizou o copo para que a garçonete voltasse a enchê-lo. De repente, a porta da frente se abriu, facilitando a entrada de ar fresco e fazendo desaparecer a fumaça do cigarro que outro cliente fumava. Thomas ficou olhando o copo, calculando quanto tempo levaria para toma-lo dessa vez, quando o barulho de várias pessoas, que entravam no bar, chamou sua atenção. Lentamente, levantou a cabeça até que seus olhos se refletissem no espelho que mostrava a maldita realidade. Desviou o olhar de sua própria imagem e se concentrou no pequeno grupo de garotas que interrompeu suas dolorosas divagações. Seis moças riam por algum motivo que não lhe importava. Franziu o cenho, zangado com o escândalo que faziam. Imaginou que esse bar fosse quieto, desprovido de uma excitação infantil absurda, mas não era. Outra decisão errada... seu olhar voltou ao copo. Tentou se concentrar no pensamento que havia iniciado antes tivessem chegado, mas a risada irritante o impediu. Apertou o punho esquerdo com força, lembrando que Amanda, a mulher com quem pensou que viveria o resto de sua vida, costumava rir como aquelas garotas.

    Feliz, sorridente, engraçada... uma jovem excepcional. «Excepcionalmente filha da puta», pensou Thomas apertando o punho. Se não estivesse enganado, enquanto se matava pouco a pouco, ela estaria rindo, como aquelas jovens impertinentes, confirmando que alcançou seu objetivo: destruí-lo.

    Engoliu em seco e seu pomo de adão desceu pela garganta. Estava ferido. Sua situação era bastante dolorosa. Havia perdido tudo o que um dia foi importante, por amar a pessoa errada. Apesar de todos os avisos recebidos daqueles a quem considerou amigos, os ignorou. Caiu nas redes de Amanda e se deixou esmagar. Silenciou um grito furioso e concentrou o olhar na fila de garrafas diante do espelho. Qual seria a próxima?

    A garçonete, que entendeu suas necessidades desde que chegara, colocou um novo copo com gelo ao seu lado e removeu o outro, porque os pequenos blocos haviam derretido. Por alguns segundos, esperou que ele rejeitasse, mas Thomas não o fez. Observando-a segurando a garrafa, Thomas ouvia atordoado como o líquido caía sobre os cubos e como rachavam após o impacto. No entanto, esse som angelical foi interrompido pelo surgimento de outro menos divino. Para seu pesar, alguém arrastou a banqueta à sua direita.

    ―Olá! Pode me servir seis tequilas? ―Disse uma das meninas escandalosas.

    «Porra!» Thomas exclamou para si mesmo, quando notou a presença da garota ao seu lado.

    Tinha o bar inteiro livre e poderia estar no outro extremo. Mas não, aquela criadora de problemas decidiu se colocar a um metro da única pessoa que não desejava ter ninguém ao seu redor. Sem tirar os olhos da bebida e se escondendo debaixo do chapéu, Thomas tentou passar despercebido, mas falhou. Quem seria capaz de não perceber a presença de um homem que tem cerca de dois metros, está vestido com uma camisa xadrez cor de sangue e usando um chapéu grande o suficiente para esconder seu rosto?

    Depois de fazer seu pedido, virou-se para ele, olhou-o, apoiou o cotovelo direito na barra de metal e, enquanto mostrava o sorriso mais sensual que tinha em seu repertório, chamou a atenção de quem não parecia interessado em sua companhia.

    ―Está bebendo sozinho?

    ―Melhor sozinho que mal acompanhado, não acha? ―Ele rosnou, ainda contemplando seu copo.

    Não desejava iniciar uma conversa que não gostaria que durasse. Tudo o que queria era passar despercebido e beber até que seus pés não pudessem suportar seu peso.

    ―Não me considero uma má companhia ―disse a jovem, ainda observando-o. ―Além disso, acho que sou a pessoa que você estava esperando ―acrescentou sem apagar o sorriso de triunfo.

    Não poderiam pedir que saltasse de bungee jumping? Não. Claro que não! Isso teria sido fácil demais. Por esse motivo, aquelas a quem chamava amigas propuseram um desafio que não pudesse superar. E lá estava, a quilômetros de sua amada cidade, tentando conversar com o cara mais desagradável do planeta, suportando seu temperamento e seu olhar feroz. Mas teria de conseguir... ela nunca desistia sem antes lutar!

    ―Você é uma prostituta procurando seu próximo cliente? ―Thomas soltou, sem olhá-la.

    «Se não for embora depois dessa, vou ficar surpreso», pensou, erguendo o lábio superior para a direita.

    ―Não. Sou recém-formada no Kansas e estou à procura de diversão ―ela respondeu, indiferente.

    Se imaginou que aquele Thomas desagradável e a pergunta nojenta fossem suficientes para assustá-la, se enganou. Estava em questão o orgulho que a caracterizava, que a ajudava a continuar vivendo e que permaneceria intacto quando vencesse a aposta. Por esse motivo, nada a impediria, nem mesmo ser comparada a uma prostituta.

    ―Ah. E acha divertido foder a tranquilidade de um homem que só quer um pouco de paz? ―Ele gentilmente levantou a aba do chapéu e a deixou descobrir o que estava escondido sob aquele pedaço sólido de couro escuro.

    ―Será divertido, se você acabar me convidando para beber algo ―respondeu sem apagar o sorriso. Aquilo estava começando a incomodá-la, porque era bastante difícil permanecer gentil depois de ouvi-lo.

    No entanto, quando esse cara mostrou o rosto, Virginia olhou-o diretamente nos olhos. A barba espessa e descuidada, o brilho opaco, as olheiras e as enormes bolsas embaixo delas indicavam que não descansava havia muito tempo. Talvez o suficiente para não lembrar o que a palavra educação significava. Mas isso não a desmotivou. Pelo contrário, seu ego, que havia lhe causado mais de um problema no passado, surgiu com uma intensidade improvável. O quanto se importava com o que aquele homem pensava dela? O principal era vencer a aposta e sair de lá com a cabeça erguida, mostrando que nada, nem ninguém, poderia derrota-la.

    Thomas a observou por um momento, em silêncio. Não devia ter mais de vinte e cinco anos e admitia que era um bombom delicioso. O jeans se encaixava perfeitamente nas curvas de suas pernas e a camisa, amarrada no umbigo, pressionava seus seios generosos. O que diabos estava fazendo lá? Por que se aproximou? Olhou para o copo, estendeu a mão, pegou-o e bebeu.

    ―Até onde irá, pequenina? ―Ele perguntou sem olhá-la depois de depositar o copo vazio no balcão e estalar a língua.

    ―Até conseguir que me pague uma bebida ―disse ela.

    ―E se eu propuser outra vitória mais suculenta do que tomar uma mera bebida grátis? ―Thomas se ofereceu enquanto acariciava o copo com as pontas dos dedos.

    ―Qual? ―Virginia respondeu, tirando o cotovelo do balcão.

    ―Quer esquecer este dia ou pretende se lembrar dele para sempre? ―Disse, virando-se para ela.

    ―Diga-me o que propõe, cowboy ―insistiu Virginia, desafiando-o com os olhos.

    ―Foder ―ele disse à queima-roupa. Observando como aqueles olhos desafiadores se arregalavam, sua felicidade aumentou.

    ―Sem primeiro me convidar para uma bebida? ―Protestou depois de se recuperar daquele golpe contundente.

    ―Se eu fizer isso, a única vencedora será você, porque conseguirá o desafio que lhe impuseram, disse, apontando o queixo para as amigas. Mas se fodermos primeiro, não apenas terá seu objetivo, mas eu também o meu.

    ―Que é…? ―Disse Virginia erguendo as sobrancelhas.

    ―Fazê-la gritar de prazer ―Thomas sussurrou depois de se inclinar na direção dela lentamente.

    ―Já chega! Esta conversa absurda acabou! ―A garota não demorou a se virar e sair de perto de Thomas. Conseguiu ler nos olhos e na pele dela, que começava a exalar o cheiro característico do medo. Embora tivesse que se concentrar muito em capturar essa essência especial, porque seu perfume, macio, doce e intoxicante, excedia em muito o outro.

    ―Por que tem tanta certeza de que vai me fazer gritar de prazer? ―Virginia estalou, uma vez que notou como a aceleração de seu pulso diminuía.

    ―Por que não escolheu aquele? ―Ele retornou a pergunta, encarando o jovem que estava sentado em uma das mesas e bebia calmamente.

    ―Ele não faz meu tipo ―disse com um encolher de ombros.

    ―Entendo... ―Ele comentou, colocando as solas dos pés no chão.

    Quando se levantou, Virginia ficou impressionada com sua grande aparência. Deduziu, pelas costas largas, que era grande, mas não achava que seria duas cabeças mais alto que ela. Para voltar a olhá-lo nos olhos, teve que jogar tanto a cabeça para trás, que a faixa que usava nos cabelos tocou suas costas. Como tinha sido tão tola em escolher o irmão gêmeo de Golias¹?

    ―O quê? ―Thomas exclamou, ao vê-la tão espantada. ―Decidiu fugir e correr para os braços de sua outra alternativa?

    O sorriso que exibiu a deixou atordoada. Como podia ser tão rude e tão extremamente atraente? Estava ficando louca por não correr sem olhar para trás? Por que seu sangue fervia? Era por causa da emoção ou do medo?

    ―Pensa ficar aí todo o tempo? ―Respondeu depois de assumir que estava prestes a cometer o maior erro da sua vida.

    ―Olha, garotinha ―Thomas começou diminuindo a distância entre eles. Está brincando com a sorte e, se eu estivesse no seu lugar, repensaria a situação que está causando.

    ―Que situação? ―Estacou, olhando-o sem pestanejar.

    ―Acabar no fundo deste bar com um estranho ―disse Thomas.

    ―Que vai me convidar para uma bebida... ―Ela começou.

    ―Depois de aceitar minha condição ―ele terminou, sussurrando em seu ouvido antes de sorrir e dar-lhe as costas.

    Virginia permaneceu calada, vendo aquele ato tão rude. Era improvável que lhe pedisse uma coisa dessas e que, antes que pudesse responder, a ignorasse. Era louco? Estava ao lado de um gigante louco? Com os lábios apertados, pegou as doses que a garçonete havia servido antes de começar a conversa horrível e caminhou em direção às amigas. Estas, vendo-a voltar com o rosto de poucos amigos, começaram a zombar.

    ―Deve assumir sua derrota! ―Exclamou uma, antes de beber de um só trago o líquido amargo.

    ―Às vezes se ganha... e às vezes se perde, comentou outra, dando uma palmadinha nas suas costas.

    ―Acostume-se, Virgi ―interveio, aquela a quem sempre definiu como sua alma gêmea. ―A vida acabou de lhe ensinar que não se pode alcançar tudo o que se deseja. ―Depois disso, levou o copo aos lábios e o virou sem respirar.

    Enquanto isso, olhou de soslaio para o cowboy bruto. Conversava com a garçonete e ela assentia para aquilo que falavam. Ele também pediu que o acompanhasse até os fundos do bar? Por que seu interior ardeu? Seu nervosismo era devido à derrota ou tinha algo a ver com a decisão daquele tolo de terminar a noite com uma mulher? Então, toda essa raiva desapareceu. Ele se virou gentilmente em sua direção, piscou o olho e caminhou lentamente em direção ao pequeno armazém do bar.

    ―Ainda não terminou ―declarou Virginia depois de tomar a dose. ―Portanto, não celebrem minha derrota tão cedo.

    E sem dizer mais nada, se levantou e foi em direção ao lugar por onde o rude cowboy havia saído.

    Tinha certeza de que ela não apareceria, mas não se importou. Só queria mostrar que com um cara como ele, não se podia brincar sem se machucar. Encostou-se na parede, jogou a cabeça para trás, fazendo o chapéu subir um pouco mais e colocou a sola da bota esquerda na parede. O tempo passou e a garota não apareceu. Como tinha previsto, tudo não havia passado de algumas palavras.... Estava prestes a colocar o pé no chão quando uma música começou a tocar através dos alto-falantes embutidos no teto. Enrugou a testa e tentou não pensar nas memórias que Tim McGraw lhe trouxe com I need You². Num passado muito distante, havia gritado essas palavras de amor do pico mais alto de uma montanha. No entanto, agora pareciam estúpidas e sem sentido. Amor? Necessidade? De quem ou para quem? Era melhor viver sozinho e proteger o coração. Emoções, felicidade e aquilo que todos os cantores enalteciam depois de se apaixonarem eram sentimentos superestimados. A melhor opção era cantar à solidão, à maldade das pessoas e a esses sofrimentos que apareciam depois da perda da felicidade. Mas, é claro, nenhum cantor ou compositor faria sucesso referindo-se à parte mais dolorosa da vida. Com um sorriso contundente, Thomas acabou descendo o pé para o chão. Decidiu sair quando um som fraco o deixou paralisado.

    ―Olá, cowboy... ―A voz doce da jovem soou no ritmo da melodia que ouvia longe, muito longe para lembrar-se do ressentimento que causava.

    ―Você já pensou melhor? ―tentou que ela não percebesse o espanto que lhe causava sua presença. Mas tinha muito medo de que o timbre de sua voz o tivesse traído. Respirou fundo, virou-se para ela, procurou algum sentido e acrescentou: ―veio atrás do seu troféu?

    Virginia esboçou um sorriso tão quente que Thomas notou como seu coração parou de bater naquele momento. Sem desviar o olhar, observou-a se aproximar de uma maneira sensual, calma e segura. Agora era ele quem se perguntava se estaria disposto a cumprir sua proposta.

    ―Ainda dá tempo de fugir... ―avisou com voz embargada. Suas mãos tremiam? Tinha bebido tanto a ponto de não as controlar ou estavam apenas lutando para alcançar aquele corpo delicioso?

    ―Digo o mesmo…

    Virginia parou à sua frente, ficou na ponta dos pés, levou os lábios aos dele e acariciou-os lentamente.

    ―Qual o seu nome? ―Thomas perguntou atordoado ao sentir aquela carícia suave. Não estava com uma mulher há tanto tempo, que parecia flutuar no céu.

    ―Sem nomes, cowboy ―disse depois de colocar as mãos em seus ombros largos e musculosos. ―Quero que me faça gritar de prazer, assim como me prometeu lá fora ―continuou com uma voz tão sensual que os cabelos de Sanders se arrepiaram.

    ―Você quem quis...

    Thomas, ardente, desesperado, pegou a garota pela cintura, virou-a e a fez recuar até ficar presa contra parede, exatamente no mesmo lugar em que ele havia permanecido antes de ela chegar. Olhou-a nos olhos e pressionou seu corpo contra o dela enquanto a beijava violentamente. Desejou que esse ato tão desprovido de doçura fizesse com que o afastasse e começasse a correr. Mas estava errado de novo. Em vez de reprovação, uma negação, um gemido de arrependimento, obteve o oposto: aceitação e convite para continuar.

    Com determinação, pegou suas duas mãos pelo pulso, com a mão esquerda e as colocou sobre a cabeça. Se ela não pusesse fim àquela loucura, ele o faria, deixando-a com medo. Mas novamente estava errado. Esse ato de dominação fez com que a jovem arqueasse as costas, trazendo descaradamente seus quadris para junto dos dele.

    ―Fuja menina ―sussurrou quando os lábios dela começaram a roçar seu pescoço, respirando aquele cheiro divino, enquanto a mão esquerda descansava em seu ventre nu. ―Fuja antes que seja tarde demais...

    Ela não se afastou. A garota, quando sentiu a mão grande acariciar sua barriga e subir lentamente até os seios, suspirou entrecortada, ansiosa por sentir mais carícias. Thomas percebeu como sua respiração ficou mais e mais densa. Lentamente distanciou a boca de seu pescoço, onde seus lábios haviam sentido as batidas do coração, e olhou-a extasiado. Aqueles cílios pretos e densos tentaram se unir pelo peso do prazer e suas bochechas, macias como as de uma jovem inocente, começaram a mostrar uma cor vermelha intensa, como a de seus lábios. Embasbacado por sua beleza, abriu a palma da mão que tocava um seio, cobrindo toda a sua magnitude. Para triplicar o erotismo do momento, Sanders descobriu que ela usava um daqueles sutiãs de renda sem o bojo horrível. Tocou o pequeno mamilo, fazendo círculos com os dedos indicador e médio. Aquele ato rude fez com que ela acabasse fechando os olhos, gemendo e erguendo os quadris ainda mais.

    ―Puta merda ―gritou antes mesmo que sua boca tomasse a dela de assalto, devorando-a, aprisionando-a, dominando-a, saboreando cada canto delicioso.

    Quando as duas línguas se encontraram, o tremor de Sanders disparou. As respirações soaram agitadas. Os suspiros, aqueles que se chamaria de gemidos apaixonados, mas ele os descreveria como barulhos sexuais absurdos, foram ouvidos mais alto do que a segunda ou terceira música que os alto-falantes ofereciam.

    ―Pequena... ―Thomas murmurou no momento em que afastou sua boca da dela.

    Cowboy... ―Virginia respondeu.

    Ao observar as dúvidas que seu rosto mostrava, como se não pudesse enfrentar a fuga que tanto pedia, ela relaxou. Aquele cowboy não era tão feroz quanto queria aparentar ser. Talvez tenha agido assim por algum motivo... A aposta, as provocações de suas amigas e os propósitos que a levaram a ele desapareceram de sua mente. Aquele estranho, que a olhou como se fosse a primeira mulher que vira em sua vida, fez com que qualquer objetivo absurdo desaparecesse de sua mente, transformando-o em uma paixão presente.

    Determinada e surpresa com a nova versão do momento, soltou as mãos, abaixou-as no cinto do cowboy, desatou-o e sorriu quando viu que ele jogava a cabeça para trás, rendendo-se aos seus desejos. Sem desviar o olhar do rosto que emitia tanto frenesi quanto o seu devia estar mostrando, colocou a mão direita sob a roupa e tocou aquilo que estava procurando...

    Grande, forte, duro.

    Percebeu isso quando os dois quadris se uniram. Não havia dúvida de que o tamanho do que ele escondia debaixo das calças era proporcional às dimensões do seu corpo. Ao tocar a pele macia de seu púbis com as unhas, ficou parado e apertou os lábios. Selando-os para que ela não ouvisse as palavras que desejava dizer. Muito lentamente, Virginia o observou atentamente e sorriu, maliciosa, por estar ciente do poder que exercia. Nunca havia visto uma atração tão forte por um homem e vice-versa. Tudo isso, desde aquele cheiro masculino até a pele física, a deixou em êxtase. Depois de inspecionar e apreciar aquilo que tinha diante de si, fixou os olhos nos dele. Negros. Tão negros quanto carvão ou como uma noite sem lua. Concentrou-se naquela escuridão tentando decifrar o que queriam transmitir-lhe, pois tinha certeza de que expressariam tudo o que sua boca não poderia dizer.

    No momento em que Sanders sentiu as mãos da estranha acariciando seu sexo, perdeu toda sua força de vontade e começou a respirar de maneira irregular. Poderia parar o tempo? Poderia se deter para que ela pudesse continuar tocando-o sem mostrar repulsa? Por que queria isso? O que havia de especial nela? O que havia de especial entre os dois? Por que diabos o destino o fez parar naquele maldito bar se pretendia continuar sua jornada? Apertou os lábios. Não queria quebrar esse momento idílico, perguntando-lhe por que diabos não a conhecera há alguns anos atrás, exatamente no momento em que se ajoelhou no chão e chorou sem conforto. Era melhor ficar em silêncio e se deleitar com o toque dos seus dedos. Mil perguntas, zero respostas, uma garota e uma situação que nunca sonhou. O resto... o que importava? Lentamente levou as mãos ao rosto da garota e o segurou com ternura. Aquela mulher estranha o fazia sentir-se muito especial, quase único.

    Com muito cuidado, levou os lábios aos dela e os beijou com tanta ternura que quase chorou de emoção.

    Cowboy... ―a jovem murmurou.

    ―O quê? ―Ele perguntou duvidoso, pois achou que o último beijo tinha sido muito terno e íntimo.

    ―Me foda!

    Thomas olhou para ela por um momento. Surpreendido por esse arranque passional. Se pensava que ela fugiria, deixando-o com uma ereção que não abaixaria nem a cobrindo com gelo, estava errado... de novo. Nem Amanda, com quem manteve um casamento de cinco anos, mostrava um rosto incrivelmente bonito, sedutor e erótico, como o apresentado pela desconhecida. Sem hesitar, levou os dedos às calças da menina, desabotoou o botão, abaixou-a até os joelhos, girou-a e inclinou a cintura na direção dele. Como não havia escapatória, tirou uma camisinha do bolso, comprada antes de sair do banheiro e ir para o armazém, colocou-a e, sem lhe dar tempo para mudar de ideia, investiu sobre ela, impetuosamente. Foi a primeira vez que enlouqueceu por estar dentro de uma mulher. Foi a primeira vez que precisou se sentir abrigado por alguém. Foi a primeira vez que seu coração bateu tão forte que poderia disparar para fora do peito...

    Mostrando a excitação que vivia naquele momento, agarrou seus cabelos com força e colocou seu sexo tão profundo que aquela redonda nádega feminina tocou sua pelve peluda.

    ―Está bom assim, pequena? ―Sussurrou-lhe no ouvido.

    ―Certamente pode fazer melhor... ―Ela desafiou.

    Puxou seus cabelos com tanta força que pôde ver sua garganta se mover para engolir um pouco de saliva. A mão livre agarrou-se à cintura carnuda e apertou-a com força. Se ela queria paixão, ele queria ainda mais. Com ímpeto, a penetrou de novo e de novo. Cada golpe no quadril causava um gemido lento e longo entre eles. Ele tentou. Realmente tentou prolongar esse momento, mas quando ouviu perto de seu ouvido que ela atingira o orgasmo e seu sexo era banhado pelos sucos sexuais que emanavam de dentro dela, ele convulsionou. Seu corpo enorme começou a tremer incontrolavelmente, produzindo durante esses movimentos repentinos leves choques elétricos. Ambos acabariam carbonizados... mortos por terem tocado o inferno junto.

    Respirando um pouco mais devagar, abriu os olhos lentamente para se certificar de que não estava vivendo uma alucinação.

    Exausto, levou a palma da mão às costas da mulher e acariciou seu pescoço lentamente, enquanto sussurrava as palavras da tatuagem. Armazenou em seu cérebro a suavidade daquela pele delicada e reteve em suas pupilas aquela pequena expressão que significava tanto. Depois de um longo suspiro, saiu de dentro dela, retirou a camisinha e jogou-a em algum lugar do armazém. Subiu as calças e, antes que ela estendesse as mãos para fazer o mesmo, ajudou-a a se vestir.

    «Esperança, libertação, sobrevivência, ela, meu anjo» ―foram essas as palavras que apareceram repetidas vezes na mente de Sanders enquanto a observava arrumando o cabelo e abotoando a calça. Estava na hora de pedir seu número de telefone?

    ―Eu... bem... ―Virginia começou quando viu que ele não estava se movendo do lado dela. ―Conseguiu, cowboy. Me fez gritar de prazer.

    E se isso era verdade, por que sua boca falava de maneira tão absurda? Por que sentiu que sua alma havia acabado de descer ao inferno e retornar ao seu corpo para queimá-lo? O que ela queria? Pedir o seu número de celular para terem mais um encontro? Verem-se como amigos com direitos?

    ―E você conseguiu seu troféu. ―Thomas procurou com os olhos o chapéu, que voou em algum momento. Caminhou devagar até ele, o pegou, ajustou na cabeça e dirigiu-se para a porta de saída. Deveria sair dali, tinha de sair o mais rápido possível. No entanto, algo dentro de si o fez se virar para ela. Quando olhou para os lábios inchados dos seus beijos, aquelas bochechas ainda coradas com a paixão e o brilho dos seus olhos, não se conteve e voltou para o seu lado. Muito lentamente, colocou as duas mãos nas maçãs do rosto coradas e macias, acariciou-as com os polegares e levantou o rosto até que seus olhos se encontraram. Mas lhe diria semelhante tolice? Não era melhor encerrar o encontro? Quais eram suas chances de fazê-la feliz? Ele era um alcoólatra, um fracassado, um homem que havia perdido a vontade de viver. O que poderia oferecer a ela? Apenas arrastá-la para a merda em que estava... a melhor coisa para os dois era esquecer o que aconteceu e manter a maior distância possível entre eles. Uma mulher como ela não poderia estar com um homem como ele. ―Obrigado, garotinha... ―Disse depois de tudo o que pensara. Em seguida, deu-lhe um beijo terno na boca e saiu sem olhar para trás.

    Enquanto ela procurava uma resposta sensata a esse agradecimento absurdo, o gêmeo de Golias se afastou do seu lado. Virginia o viu partir. Moveu os lábios um pouco, tentando dizer algo para contê-lo, mas foi a primeira vez que ficou sem palavras. Ficou surpresa, pasma e... espantada. Nenhum homem lhe ofereceu tanto prazer, nem a fez querer tocar o céu segurando sua mão.

    Confusa, acabou de ajeitar o cabelo e tentou manter a imagem que tinha antes do encontro. Não conseguiu. Embora fisicamente fosse a mesma, seu interior havia se transformado. Não havia mais nada da mulher que entrou no bar rindo com seu grupo de amigas e tampouco buscava outro desafio a cumprir.

    Esqueceria isso? Sua mente manteria o que foi vivido em algum lugar do seu cérebro? Esperava que sim, caso contrário, acabara de dar um passo em direção à destruição daquilo tudo.

    ―O quê? ―Uma de suas amigas comentou quando a viu aparecer.

    ―Ganharam. Não há troféu... ―Virginia respondeu com relutância.

    ―Brindemos pela derrota ―exclamou uma delas.

    Enquanto bebia a cerveja, pedida pelas amigas, olhou para a garçonete. Ela serviu uma bebida e a deixou sobre o balcão. Ela venceu a aposta, mas não se importava mais. Seus olhos se voltaram para a porta do armazém. Ele voltaria? O cowboy voltaria para leva-la pela mão a algum lugar fora do mundo onde pudessem repetir esse encontro por toda a vida?

    Mas não, o cowboy não voltou...

    Capítulo 1

    O diabo nunca estará do seu lado…

    Columbus (Ohio), agosto de 2019, hospital Dallisa.

    Foi a quinta vez que ela ouviu o telefone. Como nas vezes anteriores, ia deixa-lo tocar. Sabia quem estaria do outro lado da linha e não estava com vontade de falar sobre algo que deixou para trás na semana passada. Não queria perder tempo conversando sobre algo que não tinha solução. Tudo acabou. Tudo! Pegou os papéis que acumulou na mesa, olhou-os e se levantou. Deveria se concentrar apenas na reunião que seria realizada quando fosse à sala da diretoria, porque discutiria o projeto em que havia trabalhado por dois longos anos. Nada nem ninguém poderia incomodá-la em um momento tão importante da sua carreira e, muito menos, ele. Abriu a gaveta e tirou os óculos. Só os usava quando queria ter uma aparência formal e séria. Não entendia a razão pela qual uma coisa tão boba poderia ajuda-la tanto. Sua aparência era mais importante que seu cérebro? Naquele lugar, não. Relutantemente, sacudiu as calças, certificando-se de que não estivesse amarrotada e, depois de respirar fundo, saiu do escritório com a firme ideia de voltar vitoriosa.

    ―Bom dia, Virginia, como vai? ―Estela perguntou se juntando a ela no corredor.

    ―Bom dia, bem, como sempre ―disse, confiante.

    ―Nervosa? ―o interrogatório continuou.

    ―Não. Sei que o projeto é bom e vou lutar por ele até ficar sem unhas ―admitiu com firmeza.

    ―A invejo, de verdade. Se eu estivesse no seu lugar, minhas pernas não poderiam nem se mover.

    ―Mas tenho fé em mim, Estela. Este trabalho levou dois anos da minha vida e controlei até os mínimos detalhes. Se não aceitarem, não terei outra alternativa a não ser oferece-lo a outro hospital ―disse, esboçando um meio sorriso.

    ―Seria capaz de nos deixar? ―Estela estalou espantada.

    ―Sim ―disse Virginia sem hesitar por um único segundo.

    Juntas, caminharam silenciosamente pelo longo corredor branco até chegarem a uma porta onde letras maiúsculas informavam que era o escritório do diretor. Depois de abri-lo, descobriram que cinco homens, todos de terno, estavam sentados ao redor de uma mesa. Quando apareceram, seus olhos focaram nas duas.

    ―Senhores, elas são Virginia Wallace, nossa enfermeira chefe, e Estela Katson, presidente do conselho de empresa ―explicou o diretor com um sorriso enorme e falso, enquanto apontava para as duas convidadas o lugar que deveriam ocupar.

    ―Estamos ansiosos para ver o plano ideal que fez para aumentar e reestruturar o hospital ―disse o homem mais velho.

    A carranca, o lábio superior ligeiramente levantado para a esquerda e o olhar hesitante disse a Virginia que seu interesse era falso. Porque? Leram o projeto e não gostaram? Então... por que organizaram a reunião?

    ―Bom dia e obrigada por me oferecer esta oportunidade ―começou seu discurso depois de se sentar. ―Se fizerem a gentileza de abrir o dossiê que têm sobre a mesa, explicarei como podemos alcançar nossos objetivos com apenas um décimo do orçamento que imaginaram.

    Os homens abriram as pastas e deram uma rápida olhada no que estava exposto ali. Virginia suspirou e continuou a exposição.

    ―Nos últimos tempos, a entrada de pacientes com doenças crônicas aumentou quase setenta por cento. O hospital não tem meios suficientes para pagar tratamentos que, em algumas ocasiões, levam a um fracasso inevitável. Por esse motivo, o projeto que têm em suas mãos é a melhor alternativa para essa demanda.

    ―Sim, mas o que recomenda é a criação de outra ala dentro do mesmo hospital para continuar com esses tratamentos caros. Como viu, não podemos arcar com o custo da nova infraestrutura, se quisermos manter os tratamentos que, no momento, estamos oferecendo ―disse um dos assistentes.

    ―Nós não começaríamos do zero ―disse Virginia. O edifício anexo pertence à prefeitura e eles poderiam doa-lo para nós.

    ―Sabe algo que não sabemos? Porque imagino que, se já conta com essa propriedade, deve ter um bom motivo ―disse o velho, que mal olhou para a primeira folha do dossiê.

    ―Claro ―disse com um sorriso. Na semana passada, me encontrei com o prefeito e expliquei todas as nossas necessidades. Ele em nenhum momento rejeitou a ideia. Quer nos ajudar e está disposto a ceder o anexo sem condições. Pelo que entendi, é um edifício que não traz benefícios e o prefeito quer se livrar dele o mais rápido possível.

    ―Bingo ―respondeu outro dos participantes.

    ―São ótimas notícias ―disse o diretor, surpreso e confuso. ―Mas essa contribuição resolveria apenas a primeira despesa. Então, seria

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