Ana uma valente
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Sobre este e-book
Uma mulher resiliente em uma era patriarcal, enfrentou a exclusão feminina e a perda brutal de familiares na "Chacina dos Nove".
Apesar das adversidades, transformou sua dor em energia para ajudar os outros, dedicando-se à caridade e ao amor pelos mais necessitados, tornando-se a "protetora dos pobres", um símbolo de força e compaixão.
Sua história é um exemplo de superação e sublimação, onde o sofrimento se converte em ações positivas.
Ana mostrou somo traumas podem fortalecer o caráter e unir a família, deixando um legado duradouro de resiliência, compaixão e amor.
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Ana uma valente - Cidney Rodrigues Valente
1.1 Felicidade
No curso do século XVIII discutiu-se muito a definição e as condições da felicidade. Chegou-se, em geral, a um acordo sobre uma teoria da felicidade razoável, que seria constituída por: um corpo saudável, uma consciência tranquila e uma condição satisfatória; eis o que o homem prudente pode esperar. Mas, a felicidade é possível neste mundo? Nesse sentido, o filósofo Voltaire escreve: o grande interesse, o único que devemos ter, é viver feliz.
O que conta agora, não é tanto a preparação da vida futura da alma, mas a organização mais suave possível da vida terrestre. Filosofar não é mais aprender a morrer, mas a viver aqui e agora. Todo o século XVIII retomará sem cessar esse tema, que se transforma em obsessão
. Partindo do postulado de que o homem é feito para ser feliz, não restava aos pensadores das Luzes senão encontrar as condições para isso.
A religião, também, proporciona ao homem a verdadeira felicidade. Ela não é mais colocada na dependência, como outrora, da salvação eterna das provações terrestres, mas afirma-se que a natureza nos impôs a todos a lei de nossa própria felicidade
. Deus não pôs o homem no mundo senão para lhe oferecer, enquanto espera a beatitude eterna, uma felicidade compatível com sua natureza decaída. Dor e infelicidade deixam de ser os dados necessários e imediatos da existência.
A felicidade não é deste mundo, já dizia o Cristo. Com efeito, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor é condição essencial à felicidade. Passamos, às vezes, períodos felizes e logo depois tudo desmorona ou acaba, deixando sempre um rastro de tristeza e melancolia. Pois o homem liga a felicidade à posse dos bens terrenos que passam de mão em mão. Não carregamos esses bens terrenos para o outro lado da vida, nem os prazeres materiais. Por isto, a vida é cheia de perigos e armadilhas que envolvem a humanidade, levando-a muitas vezes à infelicidade. Esta é, porém, a dura realidade da vida de provas e expiações aqui na Terra. Só quando plantarmos alegria e a felicidade nos corações dos que nos cercam é que a tal felicidade nos buscará, onde estivermos, aqui ou do outro lado da vida, implantando em definitivo a nossa suprema ventura da felicidade.
Embora desconhecendo esse mistério da vida, buscamos incessantemente a felicidade, o bem-estar próprio e da família. O ser humano corre atrás de seus sonhos, desejos, ideais e ambições, mesmo sabendo, muitas vezes, que a felicidade se apresenta efêmera e, dificilmente, estará onde a procuramos. Pois a felicidade é espiritual. É um estado d’alma. O cultivo das coisas do espírito, envolvendo a espiritualidade, a bondade, a humildade, a empatia e a compaixão com o outro, são antídotos maravilhosos para se conseguir a felicidade.
Muitos desejam a felicidade sem nenhum esforço. Apelam para a gratuidade, o automatismo e até mesmo pelo milagre, com se isso fosse possível, num mundo em que o trabalho é a mola de impulso do espírito na direção desse objetivo. Muitos cultivam a convicção de que a felicidade é ter uma vida tranquila e sem problemas. Mas o que seria da nossa existência sem os desafios? São eles que nos movem, são eles que nos fazem levantar pela manhã e sair em busca do pão de cada dia. As dificuldades têm função educativa e, se bem aproveitadas, tornam-se lições de valor incalculável. A expectativa de uma vida tranquila e sem problemas nos levaria a uma vida aborrecida e sem valor.
Se consultarmos o Novo Testamento veremos o Sermão do Monte, verdadeira obra prima de Jesus nos seus ensinamentos morais. Ele nos mostra a ventura dos aflitos, que serão consolados, numa clara alusão de que as aflições por nós sentidas são passageiras e que a forma que passamos por elas tem imenso valor para o nosso aprimoramento moral e ser feliz. Enquanto estivermos evoluindo neste Planeta de provas e expiações, vivemos uma mescla de momentos de alegria e tristeza, de felicidade e amargura, de bem-estar e sofrimento, típicos do aprendizado que devemos obter para seguirmos adiante em nossa jornada evolutiva.
Podemos pensar que se estamos em um planeta onde a felicidade se resume a momentos felizes, não temos aqui pessoas felizes? Apesar das dificuldades que naturalmente encontramos em nossa existência terrestre, vemos em nosso dia a dia pessoas comuns, no sentido social da palavra, que experimentam algum estado ou momento de felicidade que, muitas vezes, julgamos não ser possível na situação em que se encontram.
Afinal, onde será que encontraremos a felicidade? Com certeza não são os bens materiais que nos trazem a felicidade. Em síntese, para encontrarmos a felicidade dentro de nós mesmos, basta olharmos para o nosso interior e não para fora, como costumamos fazer. É no nosso interior que encontraremos a semente da verdadeira felicidade, o amor verdadeiro, o amor que transcende a matéria e nos coloca em comunhão com o Divino. Todos nós temos a felicidade verdadeira dentro de nós, basta cultivá-la e ela crescerá, atrofiando os sentimentos que nos deixam infelizes. Se dermos prioridade ao perdão, à compreensão e à caridade, ao invés de ao orgulho, vaidade, ambição e melindres, não haverá espaço dentro de nós para a tristeza. Toda imperfeição é, por sua vez, causa de sofrimento e de privação de gozo, do mesmo modo que toda perfeição adquirida é fonte de gozo e atenuante de sofrimentos. Isso significa que a nossa rota para a felicidade plena passa pela nossa evolução moral, pela prática da caridade e do amor fraternal ao nosso semelhante.
A felicidade não é mais, apenas, uma questão individual. É a dois que se espera, em primeiro lugar, realizá-la, enquanto se aguarda a possibilidade de vivê-la com a coletividade. Para que as relações entre pais e os filhos sejam felizes, é preciso que sejam fundadas no amor. Não o amor-desejo passional e caprichoso, feito de altos e baixos, de dores e prazeres, mas esse amor-amizade que chamamos de ternura.
O amor de mãe se compara muito com o amor de Deus – amor incondicional. Seu amor não está ligado somente por laços de sangue, é Divino. O filho ainda no ventre, a mãe com todo o seu amor, o protege, o embala, o alimenta. Garante sua vida antes mesmo de dar à luz. Amar um filho está acima de atitudes de demonstração de carinho. Amar um filho é prepará-lo para a vida.
1.2 O bebê como centro de amor
É importante ressaltar que, antes mesmo de o vivente vir ao mundo propriamente dito, há uma pré-história da ancestralidade, que o antecede e que nele produzirá marcas constituintes de seu lugar na cultura, numa geração, numa família e, em outras palavras, no simbólico. Para Lacan¹ no que se refere à preexistência do simbólico, em relação aos registros do real e do imaginário, implica o lugar que os pais destinam ao futuro bebê e que está intimamente relacionado com a maternagem e paternagem exercida sobre o