O Amado Da Luzz
De Mayke Arrais
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O Amado Da Luzz - Mayke Arrais
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"Para Dyl an, o verdadeiro mago de meu coração. Que os caminhos que escolher, iluminados ou sombrios, sejam tão mágicos e misteriosos quanto as jornadas de Arion. Que cada amanhecer te convide a novas sagas e que os crepúsculos narrem feitos de coragem e sonhos. Em cada palavra deste livro, espero que descubra sussurros de aventuras que ainda virão.
Com todo o amor, de um pai que vê infinitas possibilidades no seu céu estrelado."
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1. Mercenário Desprezível
A vastidão de Ellyndor se estendia diante dos olhos de quem ousasse observar. O sol agonizava no horizonte, despejando tonalidades de laranja, vermelho e dourado, como o sangue de guerreiros caídos. A cada anoitecer, a grande planície se transformava em um mar de tendas, abrigando mercadores, viajantes e todos os tipos de almas que buscavam a fortuna ou o esquecimento.
Em meio a essa tapeçaria de cores e sons, uma figura se destacava: Arion. Seu manto esmeralda esvoaçava com o vento crepuscular, fazendo-o parecer quase fantasmagórico. Seu rosto, de feições finas típicas dos elfos, escondia segredos e dores do passado.
Dois aventureiros que bebiam sentados em um tronco próximo o encaravam. Ei, você sabe quem é aquele?
Disse o primeiro.
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Você não sabe? Esse é o famoso Mercenário Desprezível
afirmou imediatamente o segundo.
Mercenário Desprezível? Porque o chamam assim?
O homem riu, um som seco e quebradiço.
Dizem que ele tem a habilidade de dez homens, mas que ele traiu seu próprio povo. Permitiu a entrada de um rei inimigo de seus pais no palácio em troca de ouro, e logo depois fugiu deixando a todos para morrerem.
Arion, até então um espectador silencioso, perdido nas sombras de seus pensamentos, teve sua atenção arrebatada por um grito estridente que rasgou o silêncio com a violência de um raio. Seus olhos acompanharam o som até a cena que se desenrolava adiante: na curva sinuosa da estrada, um viajante solitário, cuja infortuna o guiara para o coração de uma emboscada, agora se via prisioneiro de um círculo de lâminas e olhares gananciosos. Os bandidos, como abutres à espreita, cercaram sua 8
presa com uma fome predatória, tingindo o ar com uma tensão palpável, prenunciando o furor da tempestade iminente.
O que você tem aí, velho?
, zombou o líder dos bandidos, ele era um homem cuja estatura colossal que era apenas ofuscada pela brutalidade da cicatriz que lhe riscava a face — uma linha sinuosa e terrível, um relicário de contendas passadas, que se estendia do osso de sua sobrancelha retorcida até o queixo mal barbeado, passando por um olho que, mesmo escurecido pela marca de antigas batalhas, ardia com a chama de uma crueldade indomável.
Seu sorriso, largo e sardônico, expunha dentes irregulares e ameaçadores, e quando ele se movia, era com a confiança de um predador que conhece bem o seu domínio — cada gesto seu exalava a selvageria de um lobo vestindo pele de homem.
Por favor, é tudo o que tenho
, suplicou o viajante, mostrando uma bolsa de couro que balançava com o peso das moedas.
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Os olhos de Arion se estreitaram. Ele não podia ignorar. Com passos deliberados, ele avançou, a lâmina de sua espada refletindo a última luz do dia. Pode ser que queiram reconsiderar esta escolha
, sugeriu calmamente.
Os bandidos caíram na gargalhada. Quem você pensa que é?
, rosnou o líder, girando a adaga com destreza.
Arion, com a palavra na boca e o aço na mão, dispensou o diálogo e mergulhou no vórtice da batalha. As lâminas desenharam arcos prateados sob o céu cinzento enquanto ele dançava entre seus adversários, um balé de morte ao ritmo do aço cantante. Cada passo seu era a personificação da precisão; a cada giro, sua espada era extensão de sua vontade, cortando o espaço entre ele e seus inimigos com uma destreza que fazia o tempo parecer lerdo.
Um bandido avançou, espada em riste, mas Arion, como um rio desviando das pedras, fluiu para o lado, deixando o homem embater no vácuo 10
e desequilibrar-se. Num sussurro metálico, a espada de Arion conversou com o ar, e o oponente encontrou-se desarmado, sua arma lançada para longe pela destreza impecável do golpe. Outro atacante, feroz e selvagem, abriu-se para um golpe lateral, mas Arion já não estava lá, e o homem se viu abraçando apenas o vento, antes de ser brutalmente arremessado contra um cúmplice, os dois caindo num emaranhado de membros e maldições.
Contudo, o líder dos bandidos emergiu das sombras de seus subordinados, uma força bruta talhada nas entranhas da violência. Ele avançava como uma tempestade de carne e fúria, sua adaga uma extensão de sua selvageria indomável. Espada encontrou adaga, o choque metálico soando como um trovão de ferro. Seus olhares se trancaram, dois cosmos em guerra, e por um instante Arion sentiu o peso da mortalidade.
Mas a luta é mãe de todas as oportunidades.
Quando o líder hesitou, traído por um único 11
batimento de coração incerto, Arion, com a graça de um predador e a precisão de um mestre artesão, desviou-se de um golpe mortal e respondeu com um contra-ataque cirúrgico. A espada de Arion cantou uma nota alta e terminante, e a mão que brandia a adaga do líder voou, liberta do corpo, um grito selvagem de dor e surpresa rasgando a garganta do bandido, que recuou, a raiva agora substituída pelo choque e pelo medo diante da fatalidade de sua derrota.
Leve seus homens e saia daqui
, ordenou Arion, sua voz fria e inabalável.
O viajante, visivelmente abalado, aproximou-se e ofereceu a bolsa a Arion. Por sua bravura
, disse.
Arion apenas balançou a cabeça. A justiça não tem preço
, respondeu, olhando para o horizonte. Mas enquanto se afastava, uma figura espreitava nas sombras, segurando uma joia que 12
pulsava com uma luz misteriosa. A verdadeira jornada de Arion estava prestes a começar.
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2. Encontro Na Estalagem
À medida que a noite se aprofundava em Ellyndor, as tendas começaram a se recolher e o mercado a se aquietar. Fogueiras pontilhavam a paisagem, e histórias antigas eram contadas ao redor delas.
O aroma de pinho e especiarias encheu as narinas de Arion assim que ele entrou na Estalagem da Árvore Adormecida
. Era um local conhecido apenas pelos habitantes mais antigos de Ellyndor, escondido nas vielas tortuosas da cidade. O
estabelecimento estava banhado em uma luz suave, com velas ardendo suavemente em nichos esculpidos e uma lareira que ronronava com um calor acolhedor.
Arion escolheu uma mesa no canto mais distante, de onde poderia observar a entrada sem ser facilmente notado. Enquanto bebia lentamente seu vinho, cada gole trazia memórias de uma época 14
mais simples, antes de ser rotulado de
Desprezível
. Até que uma figura se aproximou de sua mesa.
Principe Arion,
começou a figura, sua voz era suave, quase melódica, Ou deveria chamá-lo agora de Mercenário Desprezível?
Arion levantou uma sobrancelha, a mão se movendo instintivamente em direção à sua espada.
Quem é você e o que quer?
A figura revelou uma mão esguia, abrindo-a para mostrar uma joia antiga, incrustada com uma esmeralda que pulsava em um ritmo que Arion reconheceu de imediato. Era semelhante ao ritmo de seu próprio coração.
Reconhece isto?
a figura perguntou.
Arion engoliu em seco. Ele lembrava-se daquela joia, um amuleto que sua mãe lhe mostrara quando era criança, antes de seu reino cair.