Poesia Dispersa, V. III
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Sobre este e-book
“Poesia Dispersa, V. III” reúne quarenta poemas, escritos ao longo de pouco mais de um ano. Uma poesia de sentidos e emoções, de introspecção e crítica, mas que apela também à Natureza, e a que o leitor observe e sinta os seus meandros.
"E se as cores sangrassem?
Se fosse mar e dilúvio
A paleta que é vida além
Tela tisnada a pincel
Com guache de ninguém?
E se a chuva fosse tinta?
Se cada gota pintasse,
Ao toque molhado
Dos seus dedos sem fim,
Viçosos verdes de prado?
Seria guache, seria tinta, seria cor,
Seria dilúvio, mar, chuva e gota,
Seria pincel, seria dedos,
Seria vida de além e mundo
D’eternos segredos."
Carina Portugal
Carina Portugal nasceu em Cascais, a 19 de Junho de 1989, e vive actualmente na Amadora. Licenciou-se em Biologia (ramo de Biologia Molecular e Genética), pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.Apaixonada pelo género Fantástico, publicou contos em várias antologias, entre as quais: Vollüspa, com “O Acorde das Almas” (HM Editora, 2012); A Fantástica Literatura Queer, com “Duas Gotas de Sangue e um Corpo para a Eternidade” (Tarja Editorial, 2012); Trëma, com o conto “O Cais do Poeta” (2012); Dragões, com o conto “A Alma dos Mil Nomes” (Editora Draco, 2012); recentemente participou na Antologia Fénix de Ficção Científica e Fantasia, V. II e III, com os contos “Já Sinto” e “Frio, cada vez mais Frio”, respectivamente (2013).Participou em algumas webzines, como a Revista Abismo Humano (2010) e a Nanozine (2012). Para além disso, publicou os e-books “Os Passos dos Destino”, em co-autoria com a escritora Carla Ribeiro (2009), “O Retrato da Biblioteca” (2012), “Poesia Dispersa” (2013), “Duas Gotas de Sangue e um Corpo para a Eternidade” (re-edição, 2013) e “Coração de Corda” (2013).Actualmente colabora no projecto Fantasy & Co., dedicado à publicação e divulgação de contos de jovens escritores portugueses.
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Poesia Dispersa, V. III - Carina Portugal
– Só assim irá Florir –
Do correcto, o descontente
Revolve a terra.
Insinua que é demente
O dito que se quer escrever,
Insiste e grita, desmente
A verdade que rente
Desponta ao amanhecer.
A voz é tão alta que cega
Os ouvidos e ensurdece
A mente que se agrega,
Sem consciência, sem ser,
Néscia, tanto que renega
Apego ao que era
Opinar e saber.
E di-la daninha, a verdade,
Que daninha seja se persistir.
Que nomeie a raiz de profundidade,
E as folhas de perseverança.
O caule que persista à vontade
De vergar à sagacidade
De quem mata a esperança.
Só assim irá florir.
(Setembro, 2014)
– Sorri –
Sorri, antes que te caiam,
Uma a uma, as pérolas de marfim;
Esboça esgar, pinta nos lábios,
Sem carvão, sorriso para mim.
Livra-te da ironia, quero pois
Erguer singelo, não o decair;
Trejeito meigo, senão efémero,
Aquele que é teu sorrir.
Só, ele é candeia e luz, alumia,
Só, é brilho de tesouro, epifania,
De ser e não ser, estar e não estar.
Sorri, que é bússola de conceito
Esse tão teu trejeito,
Que me guia e quer tomar.
(Setembro, 2014)
– Ledo o Sorriso que é Sol –
Ledo o sorriso que é Sol,
Sob a sombra que o quer cegar,
Ledo o gesto que é flor
Ao vento agreste, tempestade,
Cujo intento é arrancar
Raiz, florir, sua vontade.
Ledo o toque que é sonho,
Sob o lento decair do Tempo,
Leda a palavra que aconchega
Ante a censura que a rasga,
Tão cruel, que é tormento,
E contudo não se apaga.
Leda a lágrima que é mar,
Sob as vagas do Mundo,
Leda porque é d'alento e mágoa,
Fruto que a vida deu,
Reflexo do que é fecundo
E do que faleceu.
(Setembro, 2014)
– Hoje, Embala-me em Ti –
Hoje, embala-me em ti,
Gota de espírito de