Sempre juntos
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Sobre este e-book
Mas quando Ross convidou inesperadamente Ursula para a festa de aniversário da sua filha, apercebeu-se que o casamento dele era uma farsa.
E quando Jane o deixou para se ir embora com outro homem, Ross recorreu a Ursula à procura de ajuda para criar a sua filha.
Como ela adorava a menina, não se importou, mas… que mais poderia Ross querer dela?
Sharon Kendrick
Sharon Kendrick started story-telling at the age of eleven and has never stopped. She likes to write fast-paced, feel-good romances with heroes who are so sexy they’ll make your toes curl! She lives in the beautiful city of Winchester – where she can see the cathedral from her window (when standing on tip-toe!). She has two children, Celia and Patrick and her passions include music, books, cooking and eating – and drifting into daydreams while working out new plots.
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Sempre juntos - Sharon Kendrick
Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 1999 Sharon Kendrick
© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.
Sempre juntos, n.º 772 - Novembro 2014
Título original: One Husband Required!
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2004
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-5929-6
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Volta
Capítulo 1
Julho
– Úrsula?
– Diz, Ross.
– É que… Fazes alguma coisa no sábado que vem?
Úrsula O’Neil era uma mulher prática que, normalmente, funcionava quase com o piloto automático até ao meio-dia, mas aquela pergunta bastou para fazer com que a sua mão se detivesse sobre o telefone. Olhou para o chefe, surpreendida.
Aquele «é que…» e a pergunta fizeram-na erguer-se e prestar atenção. Trabalhar com um homem durante seis anos fazia com que o conhecesse bem. Ross Sheridan podia parecer ausente quando se concentrava no seu trabalho, mostrar-se irritável quando um prazo se apertava e ser brando com a filha, mas… hesitar, ele? Isso nunca.
As palavras eram o seu negócio. O que Ross não podia conseguir com palavras não merecia a pena. Conseguia fazer qualquer um chorar, rir ou sair a correr para comprar alguma marca de comida para cães… Até mesmo quem não tivesse cão!
Já tinha chegado a director da agência, mas, no fundo do seu coração, era um redactor de publicidade.
E um homem que jamais hesitava.
Úrsula esqueceu-se da chamada que ia fazer.
– Importas-te de repetir isso que acabaste de dizer, Ross?
Ross observou com atenção o lápis que tinha entre os dedos. Ergueu o olhar e sorriu. Úrsula viu-se assaltada por uns olhos tão escuros que pareciam negros. Negros como a tinta, brilhantes e inesquecíveis.
Mas o seu olhar estava ensombrado pelas sobrancelhas franzidas.
– Perguntei se ias fazer alguma coisa no sábado que vem.
Uma coisa era certa: não estava a convidá-la para sair. Ainda assim, Úrsula concedeu a si própria, por um instante, o direito a essa fantasia, antes de dizer:
– Não, a verdade é que não. Porquê?
– Porque damos uma festa.
– Dão uma festa? – repetiu ela lentamente.
– É isso.
– Onde?
– Onde é que as pessoas fazem as festas normalmente? Em casa, claro.
– Ah, já estou a perceber.
Mas não estava. Ross e a mulher já tinham organizado inúmeras festas antes e nunca se tinham incomodado em mandar-lhe um convite. A que é que se devia aquela súbita mudança de atitude?
– E perguntávamo-nos se gostarias de vir.
Úrsula continuou a olhar para Ross como se procurasse uma pista naquela cara que era demasiado interessante para a descrever como meramente bela. Embora não estivesse longe de o ser…
– Eu?! – exclamou ela.
– Sim, tu – confirmou ele, franzindo ainda mais as sobrancelhas. – Por Deus, Úrsula, nunca te vi tão atónita! O que é que achas que vai acontecer? Que te vou dar com um taco na cabeça e vender-te pelo melhor preço?
Interessante fantasia, pensou Úrsula.
Ele recostou-se mais na cadeira.
– Chocou-te assim tanto convidar-te?
– Não, não me chocou. Era preciso algo mais para isso, Ross… Surpreender-me seria uma palavra mais adequada. Quero dizer, durante todos os anos que tenho trabalhado contigo…
– Por favor, não me lembres de quantos foram!
– Não, não vou fazê-lo.
Anos que se tinham esfumado. A constância de quantos eram deveria desassossegar Úrsula, mais do que Ross, mas ela nunca se permitia parar para pensar nisso. Se o fizesse, talvez chegasse à conclusão de que a sua vida era uma rotina e que já era hora de mudar.
Só que ela não queria mudar… Quem é que no seu juízo perfeito ia renunciar ao trabalho perfeito com o chefe perfeito?
– Desde o meu primeiro dia neste louco mundo da publicidade – sorriu ela. – E desde que me tiraste da escuridão do escritório central para me nomeares tua ajudante pessoal…
– O quê? – interrompeu ele com impaciência, como fazia sempre que algo lhe parecia pouco pertinente. – O que é que isso tudo tem a ver com o convite para a festa?
– Nunca me convidaste para nenhuma festa em tua casa.
– Isso é porque uma vez me disseste, com bastante convicção, que não gostavas de misturar os assuntos de negócios com o teu tempo livre!
Úrsula pensou um instante.
– É verdade… – admitiu.
Era verdade que o tinha dito, mas não pensava realmente isso, claro. Não no fundo. Tinha sido um truque para sobreviver ao desproporcionado encanto do seu chefe. Para dizer a verdade, desejava passar cada tarde na companhia do chefe. E cada almoço, e cada pequeno-almoço… Para ser brutalmente sincera, cada hora do dia.
E só uma coisa a detinha.
Ele era casado.
E mesmo que não fosse, nunca teria olhado duas vezes para ela. Os homens como Ross Sheridan nunca se sentiam atraídos por mulheres com muitas curvas. Com ancas delineadas e seios como dois melões maduros. Gostavam de mulheres magras, lisas até. Mulheres ossudas como os cavalos de corrida, mulheres com classe.
Como Jane, a esposa de Ross.
Jane, que era alta, muito criativa e tinha as qualidades a que aspiravam todas as leitoras de revistas para adolescentes. Jane podia vestir um vestido em segunda mão e continuar a parecer uma modelo.
Úrsula obrigou-se a dissimular aquela estúpida emoção, qualquer que ela fosse, que lhe oprimia a garganta, e olhou para o chefe.
– E essa festa… é para celebrar o quê?
– Prometemos à Katy que teria uma festa de aniversário – disse ele lentamente. – E a Jane pensou que devíamos aumentá-la um pouco e convidar alguns adultos. Eu pensei em ti imediatamente.
– Ah! – sorriu Úrsula, agradecida. – Estou a ver.
Katy era a filha de Ross e Úrsula gostava imenso dela.
Ele levava-a algumas vezes para o escritório, quando a menina estava de férias e Jane estava ocupada. Katy gostava de seguir Úrsula por todo o lado como um cãozinho e, por sua vez, Úrsula gostava muito da sua companhia.
– Não posso acreditar que já seja o aniversário dela outra vez – disse ela. – Faz onze anos, não?
Ele negou com a cabeça.
– Dez – disse, ao mesmo tempo que brincava com um lápis tal como fazia sempre que estava concentrado. – Embora pareça mais velha.
– Além disso, comporta-se como se fosse – observou Úrsula, pensativa, ao lembrar a notável serenidade de Katy. – É uma mulherzinha muito adulta e já sabe mais de números do que eu algum dia saberei.
– Bem, isso não é muito – respondeu Ross, com um brilho travesso nos olhos, – já que tu és a pessoa menos dotada para as matemáticas que eu conheço…
– Se isso quer dizer que não gosto de nada que tenha a ver com números, é verdade!
Úrsula continuou a observar os dedos de Ross.
– Há algum problema, Ross?
Os dedos dele detiveram-se e os olhares deles cruzaram-se.
– Problema? – repetiu ele. – Porque é que dizes isso?
– Dá-me a impressão de que estás um pouco preocupado esta manhã – respondeu ela com sinceridade. – E ao longo desta semana, para ser sincera.
Na realidade, tivera essa impressão durante todo o mês, para ser brutalmente sincera.
– Conheces-me muito bem, Úrsula – disse ele lentamente, embora tenha soado mais a uma acusação do que a um elogio.
– Bem – disse ela, sem fazer caso do olhar de alerta nos olhos dele, – o que é que se está a passar?
– Vários prazos se aproximam…
– Então delega trabalho! – disse ela severamente. – Por Deus, és o director da agência…
– Mas os clientes querem-me a mim.
Esse era o problema. Os clientes queriam-no sempre a ele.
– Pode ser que o cliente não possa ter-te – indignou-se ela. – Pode ser que tenha de trabalhar com o Oliver ou com um desses meninos-prodígio a que a publicidade paga estupendos salários.
– Depois veremos – disse ele, encolhendo os ombros para voltar a mostrar um sorriso indolente. – Então, vens, Úrsula? A Katy adoraria ver-te lá.
– Sim, obrigada. Adorarei ir.
– Estupendo.
– A que horas é que tenho de ir?
– Às seis, pode ser? Prometemos à Katy que a festa poderia ser até um pouco mais tarde.
Outra vez aquele plural que recordava a Úrsula, como se ela se pudesse esquecer, que Ross já partilhava a sua vida com alguém.
– Então, não vai haver gelatina nem gelado? – perguntou ela num tom jovial.
– Eu não diria isso. E mais, se te portares bem, pode ser que te toque uma fatia de bolo de chocolate – sorriu ele enquanto começava a fazer rabiscos numa folha de papel, sinal que dava por terminada a conversa.
– Apetece-te um café? – perguntou Úrsula, pondo-se de pé.
– Boa ideia.
Ela já estava à porta quando ele disse:
– Úrsula…
Ela voltou-se e então apercebeu-se das olheiras que ele tinha e percebeu que precisava de dormir uma noite inteira.
– Diz, Ross.
– Poderias trazer-me umas aspirinas com o café?
Quando ele punha aqueles olhos de cachorrinho abandonado, Úrsula sentia-se capaz de fazer ela própria as aspirinas.
– Estás de ressaca? – perguntou ela docemente. – Ou é alguma doença crónica de que eu devia ter notícia?
Ele enrugou a testa.
– Só te pedi umas aspirinas, não esperava que me fizesses um exame médico completo!
– Sim, chefe – disse, bem-disposta. – Fique aqui a descansar enquanto eu vou por aí fazer os seus recados.
– Obrigado – respondeu ele distraidamente, enquanto escrevia algo sem reparar no sarcasmo daquela resposta.
Úrsula foi até à cozinha antiga, moeu o café e ligou a cafeteira. Depois ficou a olhar pela janela, a contemplar os telhados de Londres, enquanto esperava que a água fervesse. Reflectiu sobre a sorte que tinha por trabalhar mesmo no centro, naquele edifício tão bonito.
Não era nada mau para uma rapariga que tinha apenas alguns certificados de dactilografia!
Tal como o resto do edifício, a cozinha tinha sido desenhada com sumo bom gosto, como se podia esperar de uma agência de publicidade. Como Ross lhe dissera no dia em que chegara a Wickens, «a imagem é tudo neste negócio». Úrsula lembrou-se que ele o dissera num tom irónico, como se estivesse um tanto farto daquilo tudo, e perguntou-se se ele seria feliz ou não.
Relembrou também o dia em que ficara a saber que ele era casado e que tinha já uma filha. Doeu-lhe como uma decepção, o que lhe pareceu ridículo quando voltou a pensar nisso mais tarde. Como é que lhe podia ter passado pela cabeça que um homem que tinha tudo, como ele, pudesse mostrar interesse por uma órfã irlandesa como ela?
– O que é que se passou com o café? – ouviu alguém dizer. – Foste à Colômbia apanhá-lo?
Úrsula sorriu enquanto tirava duas aspirinas de uma caixa e enchia um copo de água.
Ross estava muito pálido, pensou ela ao dar-lhe o copo e os comprimidos.
– Obrigado.
– Ross, estás doente?
Ele negou com a cabeça.
– É só falta de sono.
– Bem, então não enrugues tanto a testa – disse ela com ternura, – vais ficar com rugas.
Voltou-se depois para a cafeteira, onde o café já fumegava, antes que ele tivesse tempo de arranjar alguma resposta engenhosa.
Levou-lhe uma bandeja com o café e algumas bolachas de que ele gostava. Serviu-se também de uma chávena e, quando se sentou à sua mesa, a voz profunda de Ross rompeu o silêncio.
– Úrsula…
– Sim, Ross.
– Ouve… Quantos anos tens?
Úrsula pestanejou, surpreendida. De novo sentira uma certa hesitação na voz dele.
– Mas tu já sabes!
A boca dele curvou-se num gesto que lembrava um menino obstinado.
– Não, não sei. Não exactamente – insistiu ele.
– E qual é a exactidão que queres? Queres que te diga ao minuto? Vais fazer-me uma carta astral?
– Que engraçada…
– Será que não sabes que não se deve perguntar a uma dama a sua idade?
– É que eu não vejo damas aqui – brincou ele. – Só mulheres.
A suavidade aveludada com que disse aquelas palavras teve o efeito de a fazer corar.
– Úrsula – riu ele, – estás a corar.
– Culpa tua! – respondeu ela.
– Só disse isto por te estares a mostrar