Por amar-te
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Sobre este e-book
Beth transformou-se numa mulher deslumbrante, segura de si mesma. Dominic ficou surpreendido, mas decidiu seguir-lhe o jogo e tratá-la como uma mulher sofisticada. Foi então que ela se perguntou quem é que Dominic realmente amava, a nova ou a antiga Beth.
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Por amar-te - Flora Sinclair
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 1997 Flora Sinclair
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Por amar-te, n.º 374 - setembro 2018
Título original: Doctor Delicious
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9188-751-5
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
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Capítulo 1
– Não está a ver que não está bem, doutora?
A doutora Beth Anderson podia ver claramente que o paciente não estava bem. Na realidade, bastava-lhe olhar para reparar que não estava nada bem.
– Barry, vem cá e senta-te, gostaria de conversar contigo.
«Teria Barry hesitado um momento durante os seus movimentos repetitivos?» Beth não tinha a certeza, de qualquer maneira, tinha sido muito breve.
– Barry.
Mas o jovem não respondeu, continuou no canto do quarto, de costas viradas para ela, dando pontapés ao rodapé sem parar. Ainda era capaz de rachar a madeira.
Beth decidiu deixá-lo pelo momento e virou-se para a senhora Miller.
– Pode explicar-me o que está a acontecer com Barry?
A senhora Miller apontou com a cabeça na direcção do corredor, indicando que queria falar a sós com a doutora e não na presença do filho. Beth, ao contrário, não queria ceder à vontade da senhora Miller. Não sabia se Barry estava ou não a prestar-lhes atenção, mas não se queria arriscar a provocar-lhe uma paranóia desnecessária, falando nas suas costas.
– Barry, vou falar com a tua mãe, se não te importas.
Os pontapés reduziram-se ligeiramente, indicando a Beth que agira correctamente. Barry estava doente, mas não estava tão desligado da realidade como pensara no início.
Beth sentou-se de maneira a poder ver Barry e a senhora Miller fez o mesmo. Depois de olhar rapidamente para o filho, a mulher virou-se para Beth.
– O que é que quer saber, doutora?
– Se não se importasse, queria que começasse pelo princípio. Barry saiu do hospital há seis meses, não é verdade?
– Sim, é verdade. Saiu após ter passado uns meses no hospital, estava a ser vigiado pelo médico. Se me estou a fazer compreender… Barry não é um mau rapaz, mas quando fica doente, perde um pouco a cabeça e… e pode tornar-se violento.
– O seu comportamento era violento quando saiu do hospital?
– Não, estava bem, na realidade estava normal. Deram-lhe um tratamento para seguir em casa, que lhe estava a fazer muito bem. Não é que estivesse completamente bem, mas estava muito melhor do que quando ficou doente.
– E ia ao hospital para que lhe dessem as injecções?
– É isso mesmo, doutora. Ia cada duas semanas. Às vezes, eu acompanhava-o, embora não fosse necessário. Barry gostava muito da enfermeira Michael. Ela era muito boa para ele, firme, mas simpática. E ele confiava nela.
– E o que é que aconteceu?
– A enfermeira Michael tirou licença de parto. Barry ficou muito desgostoso. Não gosta de mudanças. E não gosta da nova enfermeira. Então, começou a pensar na enfermeira Michael e no seu filho.
A senhora Miller fez uma pausa antes de continuar:
– Inclusive, foi comprar um ursinho de peluche para a criança. Mas isso fê-lo pensar que ele nem sequer tinha namorada. Começou a ficar com a obsessão de que queria casar e ter filhos, mas que ninguém o queria naquelas condições. Dizia: «Quem vai querer um maluco, sem emprego, sem casa própria e sem futuro?». Enfim, está a perceber, não está, doutora? E desde então, tem vindo de mal a pior.
– Em que sentido?
– Começou a não querer sair de casa, nem sequer para comprar tabaco, e a passar o dia colado à televisão.
– Quanto tempo esteve assim?
– Uns quinze dias. Foi então que reparei que não ia ao hospital para tomar a injecção.
Aquilo chamou imediatamente a atenção de Beth.
– Há quanto tempo aconteceu isso?
– Há dois meses – replicou a senhora Miller, e fez rapidamente uns cálculos. – Sim, deve ter sido há uns dois meses atrás.
– E o que é que a senhora fez?
– Bom… tentei convencê-lo a ir. Mas quando Barry fica naquele estado, não se lhe pode dizer nada. O pai falou com ele, mas só conseguiu piorar a situação. Acabaram por ter uma discussão.
– E, depois?
– Depois, telefonei ao hospital e atendeu-me uma enfermeira nova. Não me lembro do seu nome, mas era muito antipática. Disse-me que não podia fazer nada, que Barry é que tinha de decidir se tomava ou não a injecção.
– Desde aquela altura tem tomado algum medicamento? – Beth supunha o que acontecera desde aquela altura e queria ir directamente ao assunto.
A mãe de Barry abanou a cabeça com tristeza.
– Não, e ficou cada vez pior. Voltei a telefonar para o hospital e responderam-me o mesmo que da primeira vez. Então, decidi telefonar para o médico dele, o doutor Hughes. Não consegui falar com ele, mas deixei o recado com a secretária.
– E ninguém entrou em contacto consigo?
A senhora Miller negou outra vez com a cabeça.
– Não. Estava a pensar ir ao hospital, para falar seriamente com eles, quando chegou a sua carta.
Beth suspirou. Deveriam ter enviado a carta há pelo menos dez dias e Barry parecia piorar a olhos vistos.
– Está bem. Sabe porque é que eu vim, não sabe? – Beth percebeu que não se explicara.
Realmente, não explicara nada à senhora Miller nem a Barry e tentou emendar a situação.
– Sim. A doutora pertence à Comissão Mental e veio ver Barry.
– Exactamente. Como sabe, apesar de Barry ter tido alta do hospital, continua de acordo com uma secção da Acta de Saúde Mental, na qual se estabelece que pode voltar a ser internado se se considerar necessário. Para explicar melhor, é como se estivesse em liberdade condicional. Barry está há seis meses em casa e, segundo o regime ao qual pertence, alguém da Comissão tem que vê-lo para ver se está tudo bem para que a licença seja prolongada.
Simplificara um bocado a situação, mas Beth achou que aquela explicação bastava.
– Vai ter de interná-lo outra vez, doutora? – A voz da senhora Miller tremeu.
– Ainda não tenho a certeza, senhora Miller, faremos o melhor para Barry.
Beth virou-se para o jovem, que pontapeava o rodapé e perguntou-se se teria prestado atenção à conversa.
– Barry, Barry, ouviste o que a tua mãe esteve a dizer?
Barry não respondeu à pergunta, mas os pontapés tornaram-se mais violentos.
– Barry, porque é que não vens falar comigo, por favor?
Muito devagar, Beth levantou-se e aproximou-se dele com o cuidado de não fazer movimentos bruscos.
– Barry, queres sentar-te aqui comigo para conversar? – perguntou Beth, com voz tranquilizante.
Ao aproximar-se, viu que as mãos de Barry estavam apertadas em dois punhos e que os braços estavam muito rígidos. Prudentemente, deu um passo atrás, ficando fora do alcance daqueles punhos.
Beth tentou mais uma vez.
– Barry?
Desta vez, o jovem reagiu, mas não como Beth gostaria. Barry virou-se, o seu rosto era uma máscara de frustração.
– Cadela! – berrou-lhe.
Barry continuou com uma quantidade de insultos que Beth suportou, aparentemente com frieza.
Embora soubesse racionalmente que Barry responderia daquela maneira a qualquer pessoa na sua situação e que não era nada de pessoal, era algo a que Beth ainda não se habituara. O chorrilho de insultos tiraram-lhe confiança em si própria, apesar de não o mostrar. Perguntou-se se isso aconteceria também a outros psiquiatras e, durante uns segundos, a sua mente conjurou a imagem do seu patrão. Não conseguiu imaginar nada, nem ninguém, que lhe fizesse perder a confiança em si próprio.
– Malvada, porque é que não te vais embora e nos deixas em paz? – Barry estava a esgotar os insultos e Beth estava a ficar cansada da situação.
No entanto, parecia que estava quase a acalmar-se e talvez conseguisse falar com ele. Beth descontraiu-se ligeiramente e Barry avançou um passo em frente.
Beth ficou de boca aberta e a senhora Miller proferiu um grito.
Com um movimento rápido da mão, Barry atirou ao chão todos os enfeites de porcelana da sua mãe, que ficaram desfeitos. Depois, durante uns instantes, os três ficaram em silêncio, olhando para os destroços… até que Barry, com um grito quase infantil, avançou para a montra com os braços rígidos e estendidos. Beth viu os braços a atravessar o vidro das portas com uma explosão de vidro e sangue.
A senhora Miller voltou a gritar, mas desta vez, Beth não ficou parada. Agarrou Barry pelos ombros, para evitar que se voltasse a magoar e conseguiu baixar-lhe os braços. Felizmente, um dos braços estava relativamente intacto, no entanto, cortara o pulso do outro braço e o sangue jorrava de uma artéria.
Beth apertou-lhe o pulso para conter a hemorragia e virou a cabeça na direcção da senhora Miller. A senhora tinha o rosto quase tão pálido como o do filho.
– Telefone já para uma ambulância – indicou Beth.
A senhora Miller saiu a correr do quarto e Beth prestou atenção a Barry. Estava muito pálido e com uma expressão horrorizada nos olhos, pelo menos, naquele instante, a frustração que dera lugar àquele arranque violento dissipara-se.
– Como é que te sentes? – inquiriu Beth.
– Muito mal – replicou ele.
Beth olhou para o sangue que escorria pela sua saia de cor creme e sorriu ironicamente.
– O que é que vai acontecer agora?
– A primeira coisa, é ires à urgência, para que te tratem do corte no pulso. Depois… vais ter que voltar para o hospital, não achas?
A senhora Miller voltou.
– A ambulância já vem a caminho.
A mulher estava atordoada.
– Senhora Miller, era melhor que agarrasse na sua mala e no seu casaco – proferiu Beth, – e no casaco do Barry. Assim, estarão prontos para quando a ambulância chegar.
– A doutora não vem connosco? – perguntou a senhora Miller, quase a entrar em pânico.
– Sim, com certeza que vou acompanhá-los. Quero falar com o psiquiatra da urgência para tratar do internamento de Barry no hospital.
O doutor Dominic Farquhar acomodou o seu comprido corpo na cadeira, esticou as pernas, com cuidado para não deitar a papeleira ao chão, e massajou a nuca. Estava há muito tempo à frente do ecrã do computador e não conseguia habituar-se. Esticou os braços e depois