O seu sedutor amigo
De Alison Kelly
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Sobre este e-book
Jye sentia muito carinho por Steff, embora criticasse com frequência a sua maneira desastrosa de cozinhar e a sua ainda mais desastrosa vida amorosa. Era uma mulher impossível, mas no momento em que precisou de uma esposa falsa para garantir um negócio, não pôde pensar em alguém melhor. No entanto, fingir serem casados significava partilhar um quarto... e descobrir uma atracção sexual que não era nada fingida!
Alison Kelly
Alison Kelly resides with her husband and children in Australia's beautiful Hunter Valley, two hours north of Sydney. Born and bred in Sydney, she admits that while she relishes the energy and vitality of the Harbour city, she could never consider abandoning her now, semi-rural lifestyle on a permanent basis. First published with Harlequin Mills & Boon in 1994, Alison knows and delivers what romance readers want. Her writing engages interest from the very first paragraph via strong, well defined characters, a unique blend of wit, charm and warmth with sharp snappy dialogue; all in a cocktail of sensuality, romance and a liberal splash of humour. While Alison claims to still have to pinch herself to believe her publishing success is real, the extent of her talent was tangibly recognized when she won the 1999 Romantic Book of the Year Award from the Romance Writers of Australia for her work Boots in the Bedroom. In addition to her passion for writing, Alison loves sports (particularly netball and basketball) and takes an active part in coaching/managing whenever possible. An avid reader of various fiction genres and biographies, she enjoys R&B music and backyard barbeques with family and friends. Indeed she credits most of her ongoing success to the support she receives from her husband and children confessing her culinary and domestic skills leave much to be desired, but that mercifully she has found the kind of husband most women can only dream (or read) about - he cooks, cleans and is an endless source of encouragement, strength and sanity. Meanwhile, her kids have long since given up hoping she'll stop embarrassing them by conversing aloud to her characters when they have friends over - apparently, having a crazy mother is now kewl!
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O seu sedutor amigo - Alison Kelly
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 1998 Alison Kelly
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O seu sedutor amigo, n.º 508 - maio 2019
Título original: The Marriage Assignment
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1328-079-0
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
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Capítulo 1
A porta do gabinete de Jye abriu-se com tanta violência que ele pensou que na sala ia entrar uma equipa de bombeiros. Mas quem entrou foi uma loura platinada de um metro e sessenta de altura metida num fato amarelo canário.
– Bom dia, Steff – cumprimentou, deixando o relatório que tinha estado a ler. – Duncan disse-me que tinhas voltado.
– Ele sabia! – respondeu em jeito de cumprimento.
«Oh, oh!», pensou Jye, que teria preferido os bombeiros. Stephanie Worthington furiosa não era algo que um homem devesse enfrentar sem pelo menos um uísque no estômago e outro na mão. O modo como podia oscilar a vulnerabilidade era capaz de deixar uma pessoa num desequilíbrio emocional.
– Podes acreditar? – disse ela. – Sabia desde o princípio que era casado! Quero dizer, sabia e não disse nem uma só palavra! Oh, meu Deus! Estou tão zangada que podia arrancar-lhe o coração! Não estava preparada para que me largasse daquela maneira. Até agora ainda me custa a acreditar…
– Stephanie – interrompeu, sabendo que se não cortasse a conversa naquele instante podia divagar durante uma hora sem que ele percebesse nada. – De que é que estás a falar? Quem é que sabia?
– O padrinho, claro – foi para um dos lados sem deixar de passar a mão pelo seu cabelo curto. – Soube desde o princípio que era casado e eu nem sequer soube de nada até ontem à noite! Assim… – estalou os dedos. – Levanta-se e casa-se sem dizer uma palavra!
Qualquer um que não conhecesse Duncan Porter teria pensado que a evidente irritação da sua afilhada ao descobrir que ela era a última a saber do seu casamento era compreensível. Mas Jye conhecia Duncan Porter. Também era o seu tutor e tinha-o criado desde os dez anos. O que teria sido um desafio mais do que suficiente para qualquer solteiro, sem os quebra-cabeças adicionais de educar a alheada e gesticulante loura que não parava de se mexer no gabinete de Jye.
– Quero dizer, podes acreditar? – repetiu.
Jye não podia. A ideia de que Duncan, de setenta e dois anos, tivesse casado sem mencionar nada a nenhum deles era incompreensível. Não, impossível, incompreensível era Stephanie.
– Maldito sejas, Jye! – bufou. – Será que não vais dizer nada? Não seria mau um pouco de simpatia.
– Lamento – murmurou, lutando por conter um sorriso. – Prometo-te que te vou brindar com toda a minha simpatia se te acalmares e me contares que raio é que se passa.
– Falo de Brad Carey! – o seu tom e o seu olhar impaciente indicaram que o nome devia significar alguma coisa para ele.
– Carey… Carey… – o nome era vagamente familiar, mas… – Ah! Referes-te ao tipo que Duncan promoveu a Director de Desenho há mais ou menos uma semana?
Um suspiro sonoro e um gesto dela confirmaram que tinha identificado o homem. Jye mal ia ao departamento de desenho e, nas raras ocasiões em que tinha tido que trabalhar com ele, fazia-o através do director, mas Carey e ele ainda não tinham precisado de contactar um com o outro.
– E? – perguntou quando Steff não acrescentou mais nada. – O que é que se passa com ele?
– Acabo de te dizer – gritou. – Casou-se.
– Então é ele que precisa da minha simpatia e não tu – esse comentário teria provocado um dos habituais discursos de Steff a favor do casamento, mas a única coisa que conseguiu foi que franzisse os lábios e pestanejasse com veemência. – Steff? O que é que se passa?
– Casou com Karrie Dent!
– Hum… a sua secretária? – Jye teve que voltar a esforçar-se para dar uma cara ao nome.
– Sim! – exclamou antes de abanar a cabeça novamente. – É tudo uma loucura. Quero dizer, podes acreditar que se tenha casado mesmo com ela?
– Bom, ela sempre me deu a impressão de ser mais o tipo de pessoa orientada para a profissão do que para ser amante de um executivo – disse, já que era evidente que Steff queria a sua opinião. – Mas é atraente, assim…
– Jye! – lançou-lhe um olhar de «és um completo idiota?!» – Só se casaram para que Brad pudesse ser promovido! – o tom raiava a desaprovação e indignação. – É o que se conhece por casamento de conveniência.
– Um casamento de conveniência… – Jye riu-se. – Isso é que é uma parvoíce,
– O único parvo és tu! – replicou, antes de murmurar o que podia ter sido uma desculpa e respirar fundo para se acalmar. – No caso de não teres reparado, este assunto não me parece engraçado.
– É evidente. Mas do meu ponto de vista, desde que não seja o meu casamento, não me parece que seja o fim do mundo.
– Não percebes! – nessa ocasião passou as mãos pelo cabelo, despenteando-se por completo. – Jye, não se amam! A situação é um completo desastre!
Stephanie era uma romântica incurável e as suas emoções e reacções eram sempre mais extremas do que razoáveis, embora Jye se tenha surpreendido com a paixão com que reagia diante do casamento de dois empregados da empresa.
– Não sabia que tu e essa tal Karrie eram amigas.
– Bom, éramos. Somos. Oh, não sei! – respirou fundo e suspirou. – Só chegámos a conhecer-nos quando quis que alguém traçasse alguns planos para melhorar a minha cozinha…
Fez falta toda a vontade de Jye para que não estalasse numa gargalhada. A única melhoria útil que Steff podia fazer na sua cozinha era forrá-la com chumbo e doá-la ao governo como contentor para resíduos nucleares. Só o facto de se lembrar da sua recente tentativa de fazer um bolo de anos a Duncan bastava para que o estômago se encolhesse.
– Descobrimos que tínhamos muito em comum e por isso, às vezes, saíamos juntos. Nada de especial, ir ao cinema, jantar ou dar um passeio pela praia, já sabes. Mas uma noite fomos para minha casa e… bom, surpreendeu-nos descobrir que nos sentimos atraídos mutuamente, mas uma coisa levou à outra e acabámos por nos beijar e…
– O quê? Stephanie! – ela sobressaltou-se ao ouvir o tom da sua voz. Jye não tinha querido gritar, mas… Raios, não era um puritano, embora…
– Não me olhes assim! Beijar-se é algo perfeitamente normal. Tenho vinte e seis anos e estou apaixonada por ele.
– Por ele? Referes-te a Carey?
– Sim – olhou-o com uma expressão cansada. – Brad Carey, do departamento de desenho. Bom, como eu ia dizendo…
Jye sentiu um profundo alívio. Tinha misturado Karrie com Carey e durante uns segundos a sua atitude aberta de viver e deixar viver tinha-se visto abalada.
– Oh, Jye… sinto-me confusa.
– Conta-me tudo – murmurou; uma escolha desgraçada de palavras, já que Steff as tomou ao pé da letra e começou uma exaustiva narração do que sentia por Carey. Numa crise de negócios, Steff podia ser o Penhasco de Gibraltar, mas quando se tratava da sua vida pessoal vinha-se abaixo imediatamente, pelo menos à sua frente. Com Duncan conseguia manter sempre um ar de estoicismo em deferência ao credo de reserva do homem mais velho.
– Não sei se me sinto mais desgraçada ou furiosa – disse com suavidade. – Foi uma surpresa tal! O padrinho disse-me no momento em que saí do avião e…
Como Steff raras eram as vezes que chorava, o frágil tremor dos lábios pintados e o rápido pestanejar indicaram a Jye que estava na altura de intervir e distraí-la.
– Querida, tenho a certeza de que tudo isto te parece devastador agora, mas correndo o risco de soar cínico e pouco sensível… bom, apaixonaste-te mais vezes do que as que eu durmo.
– Não é verdade! – a expressão de indignação ferida tinha-a dominado. Ele tinha-a visto usá-la inúmeras vezes na sua juventude para convencer Duncan de que era inocente de qualquer travessura em que a tivessem descoberto. Mas Jye era menos ingénuo. Olhou-a fixamente até que ela não pôde deixar de esboçar um sorriso tímido. – Está bem – murmurou. – Corrige isso para «mais vezes do que dormes na tua cama» e eu aceito. Mas desta vez é diferente.
– Hum.
– Falo a sério, Jye – afirmou com convicção. – O que sinto por Brad era… é – corrigiu, – realmente especial. Ele é… bem, único.
– Único? Imagino – disse admirado. – Quem é que teria pensado que Brad teria tanto em comum com todos os rapazes pelos quais te apaixonaste nos últimos dez anos?
– Mas é precisamente isso! Brad não é como os rapazes pelos quais me apaixonei antes – um sorriso extasiado apareceu na sua cara. – É inteligente, considerado, compassivo, divertido e… e… – abanou os braços. – E maravilhoso.
– E é casado! – lembrou-lhe. – Palavra que não só faz soar os sinos, como também evoca imagens de anéis e sinos – o rosto dela ficou consumido por uma expressão de absoluta desolação, fazendo com que Jye desejasse não ter sido tão directo. Raios, talvez esse Carey fosse mesmo especial. Deu a volta à secretária e passou-lhe um braço pelos ombros abatidos. – Lamento, querida. Não foi justo. A última coisa que precisas é que eu te lembre isso. Mas podes arranjar algo melhor do que um tipo que é estúpido o suficiente para te deixar. Neste caso ele é o perdedor.
– Obrigada, Jye, mas, infelizmente, nesta ocasião isso não me faz sentir melhor.
– Funcionou quando te separaste de Tom – adoptou uma expressão comicamente admirada. – E com Dick e com Harry. Para não falar no Senhor Risos, Dorminhoco e todos os outros…
– Sim – diante da sua tentativa de humor, ela fez uma careta, – imagino que depois de mil repetições tudo perde impacto.
– Muito bem, mas não deixa de ser menos certo. Então, o que é que achas de deixares de ser vítima e começares a olhar pelo lado bom?
– Céus, Jye, a tua simpatia e compaixão são esmagadoras – fez uma careta.
– Tal como vejo as coisas, Steff, tu já sentes bastante pena de ti mesma. Alimentar a tua desgraça com uma falsa compaixão só te vai animar a pensar mais nesse idiota – puxou um caracol prateado. – E penso que és mais divertida quando estás disposta a conquistar o mundo, Stephanie Worthington – sorriu, abraçou-a fugazmente e deu-lhe um beijo na cabeça.
A suavidade sedosa do seu cabelo era-lhe familiar, mas a leve fragrância do seu champô não. Concentrou-se no aroma, mas distraiu-o o modo como os seus dedos brincaram com o punho da sua camisa e o formigueiro no seu pulso.
– Jye…
– Hum – que perfume era aquele? Não era o do costume. Era mais almiscareiro.
– Jye! – a sua mão deixou de ser gentil ao puxar pelo pulso. – Estás a ouvir-me?
– Ah? Desculpa, o que é que disseste?
– Que tinhas razão…
– Podes dar-me isso por escrito?
Ela pôs a língua de fora e bateu-lhe num ombro.
– Decidi que estar abatida não faz bem nenhum à minha situação, razão pela qual estou aqui. Preciso da tua ajuda, Jye.
– Da minha ajuda?
– Sim, porque nesta ocasião não penso andar a arrastar-me como uma criatura patética e rejeitada para desperdiçar meses a curar as feridas num exílio social auto-imposto.
A ideia de que alguma vez perdesse uma semana num exílio social auto-imposto, para não mencionar meses, era fantástica. Durante os últimos dez anos da sua vida, Stephanie tinha saltado de um amor para o outro levando apenas um ou dois dias para se recuperar.
– Vais lutar? É um bom sintoma. Deixa-me adivinhar. Pensas puxar o tapete ao oportunista do Carey dizendo a Duncan que o seu casamento é uma artimanha para ser promovido e…
– Não sejas ridículo! – exclamou perplexa. – O padrinho iria despedi-lo imediatamente se soubesse isso.
– E? Que melhor maneira para te vingares?
– Mas eu não me quero vingar, Jye, só quero recuperá-lo.
– Estás louca? O tipo é casado.
– Na verdade, não – abanou a cabeça. – Não é um casamento a sério. Não casaram pela igreja e não dormem juntos.
– Foi Carey quem te contou isso? – a expressão dela fez com que a pergunta fosse retórica. – E tu acreditaste?
– Claro, Brad não me mentiria.
– Claro. Já pensaste que o velho e sincero Brad pode estar a tentar ter o bolo e comê-lo também?
– Não – disse. – Não conheces Brad como eu.
– Conheço-te a ti, Steff, e não estás feita para o papel de amante. Pelo amor de Deus, sempre comparaste a infidelidade com o assassínio; lembro-me de quando saí com duas