Peco & Teres
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Sobre este e-book
A história tem um ritmo em que a expectativa assume o papel da desilusão. Idade, peso do tempo, sonhos perdidos e reencontro com o passado que se materializa. A espera do filho, a volta sobre suas personalidades agarradas em uma memória que atua.
Falam com alegria com riso de dor. Falam como quisessem dar sentidos limpos e delicados ao sarcasmo.
Amor, desejos, paixões que retomam como culpa e solidariedade.
Neles o tempo retoma a cada volume rítmico, como uma máquina que se opõem às mudanças de velocidade, como que desejassem saltar para fora do comum e se tornarem folhas pacíficas que caem da árvore da vida.
Almas cansadas do corpo.
Seres monstruosos aterradores. Gente teimosa, turrona, estúpida e cruel consigo mesmos, o que nos causa riso, um rir que dispensa a alegria.
Dois atores, música suave em seis quadros. Começa assim.
PMNT
Pedro Moreira Nt
Who I amPedro Moreira NtI have been a writer since infancy; my father influenced me with reasonable asks to do that the best possible, and my mother, too, read to me, I have been a writer since infancy; my father influenced me with reasonable asks to do that the best possible, and my mother, too, read to me, and at both comes a song walking my mind, sweetness and lovely goodness. I am critical of that; I desire to create a mist of essay, but my preference for poem structure and sensibility do not long of art. So, I seek romanticizing concepts and developing a new sense of literature that happens in its movement. I leave it to the reader to do part of that; they create a truthful text and can do a good book. It is the interpretation, the way, a leap beyond what a word says, transforming our lives when they share.My first writings, chronic stories, participated in my soul. It was extremely critical and sarcastic about what I saw from reality.I am talking of a fifties age period behind. In a position about what I developed, my evolution was more toward apparent expressionism and realism with wave poetical intermain. I do not know, and I am a writer by chance by life.I wait to create something more dense and fragile so that a reader can discover more insight and make the story.I write all day. I threw out many texts, books, and theatre, left at home friends, gave up on other works, abandoned along the path, and presented in different ways when it was impossible.I have not had a time in which I did not have difficulties showing my art, or I was, for some reason, prohibited from showing, or people made oyster faces and bodies, seeing down shoes, putting me out because, beyond writing, I talk. And when I speak, I create conflict with conceptualistic people. I am intervenient into the academy and ideological corpus, into radicalism free. I am more definitive when I believe in what I say and highly flexible when people do not know what I am saying.My themes are variant, and many circumstances bring me a gift, a motive to write. I wrote in Portuguese two books that I like, "Lirio" - Lille, and "O Peixinho do Pantanal" - The Little Fish from Pantanal (Wetlands), and both meant creation, jump to beyond, overcome, transformation social and personal release.From that, I wrote other books seeking to show different meanings throughout of phantasy necessary, and it to parents and children a fantastic universe of possibilities for a personal construction, making life an adventure.I create a pedagogical process to write and design tangled images where it is possible to seek the theme of a short story. "Lippi and Semma Friendship" talks about that, and I wrote that short story through it. They led me to social problems, injuries, differences, the orthodoxy of community rules, cultural values, the barriers around democracy and its meaning, and the gratitude for a true friendship."Letter to the Moon" is a short love story, but love yourself, and send a letter to the Moon through a pebble launched for.Books about freedom, encountering people, loss, and gains, and becoming someone.Book for radicality of right in that it does not see your bottom."Bakery," for example, talks about that.I finished a short story made of challenges and adventures: "Memories of the Air." - from you start reading until the end, the thing is in action, in movement, an eternal fugue or secrets, and does not reveal its net. The reader will discover.
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Peco & Teres - Pedro Moreira Nt
Cinco Peças
Peco & Teres
Antes de Deitar
Elas
Ameixas Monetárias
Aprenda Manipular
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Copyright, 2017 by Pedro Moreira Nt.
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Produzido por Pedro Moreira Nt, através do smashwords
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Cinco Peças
Peco & Teres
Antes de Deitar
Elas
Ameixas Monetárias
Aprenda Manipular
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PECO E TERES
(Dois atores, música suave em seis quadros)
À Darlene Glória que gostou dessa peça.
CINCO QUADROS EM ATO ÚNICO
1º Quadro: CHÁ
Apartamento de refúgio. Mesa e três cadeiras. Cama com resguardo. Poucos utensílios. Armário estreito para objetos insignificantes.
Ele surge detrás do armário. Lento, equilibra a chávena até o resguardo.
Ela está na cama. Finge cantar. A melodia enfadonha o perturba. Enfim irrita-se.
PECO – Cale a boca. Eu já disse para você calar essa boca. (Teres continua) Por que é assim?
TERES – Tudo tem sentido. Isto é certo; aquilo errado.
PECO – Tome o chá.
TERES – Não. (ele se aproxima) Você fazia isso melhor.
PECO – Tome o chá.
TERES – Não quero ajuda. (volta a cantar)
PECO – Como consegue se divertir... Andamos na direção incerta...
TERES – (rindo) As pessoas riem, desejam. A rua não é choro. (volta a cantar)
PECO – Sente ausência?
TERES – (medindo-o) Não o tempo todo.
PECO – É porque não quer viver o outono.
TERES – Caíram as folhas da árvore. (ri)
PECO – Temos vida. Devia agradecer.
TERES – Quem se importa com o outono se o inverno é todo dia.
PECO – Não seja cruel.
TERES – Não seja imbecil. Você cheira a éter.
PECO – (pausa) Não uso loção. (ela ri, caminha. Volta a cantar)
TERES – Se você não quer; tem quem quer.
PECO – Não é possível. Cale a boca.
TERES – Você sempre foi um fraco. Um egoísta.
PECO – Não é verdade. Cale a boca.
TERES – Incapaz de sentir as coisas mais simples. Não sente.
PECO – Eu sinto; e muito. Acredite.
TERES – Alguém bate à porta e alguém passa pela porta.
PECO – E vai embora sem olhar para trás. Liberdade. Bata a porta, pronto.
TERES – Eu não quero fechar. Escancarar o mundo à minha frente.
PECO – Está louca.
TERES – Ai, tadinho... O mártir! O homem sofrido, incompreendido. Lutou tanto. Ninguém fez nada por ele. Agora é hora de se deixar morrer. E ninguém o ama, ninguém o compreende. Pobre coração de pedra, pobre tristeza. Tenha tanta pena! Uma pena de galinha na canja.. Tadinho.
PECO – Tudo continua igual. O passado é um presente revoltante. Esqueça.
TERES – De jeito nenhum. Um ignorante não sabe mesmo; um canalha pensa que sabe. Os bandidos acreditam no bem quando fazem o mal. Pro inferno! Vão beija o cu do capeta. Cães!
PECO – Quer que venham aqui outra vez?
TERES – Que venham. Estou esperando, entrem, entrem, andem logo! Sujos!
PECO – Costumam trazer a roupa limpa.
TERES – Isso é uma metáfora ou é uma piada. Presos em si mesmos e lotados de si, Cheios de suas razões maravilhosas!
PECO – Mas nós temos que continuar a navegar.
TERES – Sei muito bem o que é um barco furado. Sei muito bem.
PECO – Sabe nada. Abra a porta, coloque o mundo pra fora e depois chore as mágoas.
TERES – Eu não expulsei ninguém de meu interior.
PECO – Você é realmente arrogante. Acredita realmente que sempre foi flácida? Sente-se culpada por ter procriado. Você abriu a sua porta, sua egoísta, apenas para ter consolo, proteção animal. Covarde.
TERES – Eu não sou covarde.
PECO – Não mesmo?
TERES – (pausa) Não.
PECO – Deixa o tempo passar como sempre fez.
TERES – Não há tempo. (batem à porta) (Ela corre até Peco e o abraça)
PECO – (pausa) Ainda não entraram.
TERES – Não puderam.
PECO – A vida prostitui o prostituto. Devemos esta liberdade contígua. Estamos juntos.
TERES – Eu sempre paguei os meus impostos. E você sempre pagou também. Agora é nossa vez de sonegar.
PECO – Como é que é? Sonegar o quê?
TERES – A vida meu caro. A gente ganha mais guardando a vida, não distribuindo felicidades como na juventude, a gente é sonegador de amizades.
PECO – A vida prostitui o prostituto. Antes de ser miserável, já se é desgraçado.
TERES – Duvida? Vá ao espelho.
PECO – Tudo e o meu sangue. (vai ao espelho)
TERES – Não seja idiota. No espelho a tua cara apodrecida sabe mais do que eu.
PECO – Esta é a máscara do homem pequeno que apodrece todos os dias em todos os lugares, não posso tirar.
TERES – Mente suja, repleta de ideologias, banal, medíocre.
PECO – (estica a cara frente ao espelho) Veja, ela está grudada aqui.
TERES – (senta-se ao lado) É o que somos, querido. Grito rouco, inaudível, bestial.
PECO – Patetas.
TERES – (penteia os cabelos) Os integralistas, os cientistas, capitalistas, comunistas, anarquistas. Qualquer coisa e governinho e igrejinha.
PECO – E o povinho amor? (viram-se lentamente para a platéia)
TERES – Eles batem a porta todos os dias.
PECO – Um dia eles vão querer sair.
TERES – (Batem à porta) Queremos sair daqui.
PECO – Só quando disser que ama.
TERES – Mesmo que odeie.
PECO – (ele coloca colírio nos olhos para fingir melhor) Um líquido nojento.
TERES – Chorar é uma maneira de espremer as vísceras. Faz bem aos olhos.
PECO – Estamos cegos.
TERES – Quero sair daqui. É que perdi meu cão e...(ela procura com os olhos algo do passado)
PECO – (pausa) Deixa o passado onde está.
TERES – Ele está aqui?
PECO – (pausa) O chá esfriou. (som distante aproxima-se veloz de descer correndo a escada e gritos de crianças)
2º Quadro: JORNAL
TERES – As notícias estão manchadas com tinta.
PECO – É.
TERES – Elas não caem mesmo, estão penduradas.
PECO – Certo.
TERES – Eu fazia coisas engraçadas com notícia velhas.
PECO – Sim.
TERES – As dores antigas são engraçadas.
PECO – Muito.
TERES – O jornal é trágico.
PECO – Ó.
TERES – Enrolamos os mortos com jornal.
PECO – Isso.
TERES – É para estancar o sangue.
PECO – Deveras.
TERES – Eu vi um atropelado embaixo do jornal.
PECO – A notícia da morte bateu nele e o derrubou ali mesmo.
TERES – Estava lá estancando sangue dos últimos acontecimentos, mas impedido de estancar o seu.
PECO – Que trágico. Quer pudim de vinho.
TERES – Parece sangue coagulado no leite. Nojo. Não quero isso.PECO – Era brincadeira, nós não temos pudim de sangue, digo de vinho.
TERES – Eu não consigo rir das minhas dores antigas.
PECO – O reumatismo é novo
TERES – Não seja rabugento.
PECO – O que posso ser então?
TERES – Simpático, atraente, atrevido...
PECO – Debaixo do jornal?
TERES – Tolinho, nunca será atropelado, você é como eu, não corre riscos.
(Ele pega o jornal e vai sentar-se)
PECO – Com o jornal nos braços?
TERES – Você ainda não é notícia e nem está embrulhado.
PECO – Isso é trágico.
TERES – É. (Ela se aproxima dele com gestos delicados)
PECO – Que foi?
TERES – Nada.
PECO – Está falando de mim, eu sou nada.
TERES – Querido, você é medíocre, um buraco, digamos que você é quase nada.
PECO – Ainda tenho as bordas para me segurar, ainda me seguro.
TERES – Vou me sentar a seu lado.
PECO – O jornal! Não vê que não cabe!
TERES – (Ela fica de costas olhando para ele) Você sabe.
PECO – Quero que me explique.
TERES – Não tenho nada a explicar.
PECO – Por que está desse jeito?
TERES – Porque eu sei tudo.
PECO – Sabe?
TERES – Sei.
PECO – Caducou.
TERES – Há uma música aqui dentro que vêm e que vai embora.
PECO – E isso é mal?
TERES – Estou tentando lembrar...
PECO – Quando vier me dê o prazer...
TERES – Veio. (entra música Bolero)
PECO – E agora?
TERES – Ao ataque machão.
PECO – Pensei que fosse feminista.
TERES – Eu sou. É outro machão que quero, não o comum.
PECO – Posso levar o jornal?
TERES – Como nos velhos tempos: amarrado no cotidiano.
(Eles dançam, movem-se suavemente e bruscamente. A luz muda para o vermelho sangue. Tudo escorre. Fazem o jogo sensual. Depois se acalmam ao tempo em que a música foge. Peco dorme, Teres o sacode.)
PECO – (Acordando) Não disse nada; não fiz nada.
TERES – Não é preciso. Eu te conheço muito bem.
PECO – Tudo é incoerência.
TERES – Pensa que sou cobertor?
PECO – Eu tentei, levei até o jornal.
TERES – Deixou cair o jornal.
PECO – Pois é. Aconteceu.
TERES – (Batem à porta. Teres fica muito perto de Peco) As notícias meu querido, as notícias.
PECO – Sim, eu sei, as notícias são importantes.
TERES – Você as deixou cair.
PECO – Foi sem querer.
TERES – A vida escorre de suas mãos meu querido, e você não percebe. Apanhe o jornal antes que seja tarde.
PECO – São eles outra vez. Daqui a pouco entrarão. Molecada.
(Teres parece perdida, corre até Peco)
TERES – Uma porta trancada possui chave.
(Batem à porta)
PECO – Arrebentem. Destruam tudo, miseráveis. Venham. Esta vida é um sinal fechado.
TERES – Não atravesse o sinal. Fique seguro. Fique comigo, fica aqui Peco
PECO – Quem estiver do outro lado que espere. Eu não vou correr, não preciso. A minha vida chegou a beira do mar. Um passo e estarei seguro. A primeira embarcação me levará por ondas nunca vistas. Estarei só, minha querida, só, mesmo que todos os faróis anunciem a sua presença. Todas as velas estarão erguidas. Posso tomar o vento da noite sem me resfriar. O grito das águas, não ouço. Não ouço. Na noite, quem grita é o silêncio. Eu o conheço bem.
TERES – Você não se gosta.
PECO – Eu sei.