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Pedagogia do êxito
Pedagogia do êxito
Pedagogia do êxito
E-book156 páginas1 hora

Pedagogia do êxito

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Sobre este e-book

Neste livro, a autora defende os projetos de resultado na formação universitária como modo de garantir o êxito na formação de cidadãos plenos. Os projetos de resultado são atividades conjuntas, em que se aliam ações de ensino, pesquisa e de extensão, garantindo ao estudante não apenas a vivência da pesquisa, como também o diálogo com a comunidade de que faz parte, detectando e solucionando (ou pelo menos diminuindo) os problemas existentes. Os projetos de resultado conferem, portanto, um sentido social ao Ensino, formando profissionais mais bem preparados para os desafios que irá enfrentar nas suas profissões.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de out. de 2017
ISBN9781370389681
Pedagogia do êxito
Autor

Hilda Magalhães

Hilda Magalhães é uma pesquisadora brasileira.Doutora em Teoria da Literatura pela UFRJ, com pós-doutoramento na Université de Paris III e na EHESS(França), é autora de dezenas de obras na área de Literatura.

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    Pedagogia do êxito - Hilda Magalhães

    Introdução

    A estrutura da universidade brasileira é exatamente a mesma de trinta anos atrás, a mesma da época da Ditadura, reproduzindo, na sua forma organizacional, uma concepção fragmentada do conhecimento e do ser. De fato, tomando como exemplos as pró- reitorias de pesquisa, ensino e extensão, podemos observar que são instâncias administrativas distintas, localizadas muitas vezes em locais também diferentes e com características bastante definidas. Cada um tem um modo operandi próprio, com seu regimento, seu calendário, suas prioridades, havendo mesmo uma gradação de valor entre elas. A pesquisa é a elite da universidade. É aquela que, em geral, recebe mais verbas, a que trabalha com os melhores e mais capacitados professores e alunos; a Pró-reitoria de Ensino é a que faz o trabalho pesado, isto é, diploma centenas e centenas de alunos ano após ano, e a Pró-reitoria de Extensão é a prima pobre da história: raramente dispõe de recursos, trabalha com um contingente flutuante de alunos e docentes, muitas vezes os que, por insuficiência de rendimento escolar ou por inexistência de vagas, não puderam ser absorvidos pela pesquisa.

    Esta Pró-reitoria acaba, em alguns casos, funcionando também como um balcão social, já que algumas das bolsas que oferece têm como critério de seleção, além do desempenho acadêmico, o nível de carência financeira do aluno.

    Invariavelmente, estas três pró-reitorias desempenham atividades de natureza diversas, sem nenhuma ou quase nenhuma interação entre si e, na maioria dos casos, sem qualquer relação com os problemas comunitários. Dessa forma, a organização das pró-reitorias que materializam o tripé ensino, pesquisa e extensão não poderia ser mais equivocada, pois isola a universidade da comunidade e oferece uma formação truncada ao aluno. Este, na melhor das hipóteses, ou faz pesquisa ou faz extensão, embora a maioria fique restrita às atividades de sala de aula, de modo que extensão e pesquisa acabam sendo um privilégio de um número insignificante de alunos.

    Esta fragmentação é reforçada também pela estrutura departamental, que reproduz a divisão e o isolamento acima referidos, tornando o aluno refém de seu curso, de um currículo engessado e distante da realidade.

    Entretanto, experiências pedagógicas inovadoras, realizadas principalmente na Espanha e difundidas no Brasil na última década, nos apresentam novos subsídios para se repensar o tripé ensino/pesquisa/extensão. Uma dessas experiências é a pedagogia por projetos, metodologia que inclui no cotidiano da sala de aula tanto a pesquisa quanto a extensão.

    Consiste o método em escolher uma temática e desenvolvê-lo, incluindo momentos de pesquisa e de socialização do conhecimento, podendo se concretizar, no caso da universidade, em atividades típicas de pesquisa e de extensão. Neste tipo de atividade, o próprio aluno determina o que fará, desenvolvendo suas aptidões em conformidade com seu próprio ritmo. Como esse tipo de pesquisa valoriza a realidade do aluno, é possível realizar ações que resolvam ou amenizem problemas comunitários, o que, por consequência, aproxima a universidade da comunidade.

    Se considerarmos que no Brasil, a cidadania não é algo dado, mas algo que precisa ser construído, o maior dos desafios da universidade é formar o aluno cidadão e por isso não pode se dar o luxo de ficar alheia aos problemas da comunidade a que pertence. Ao contrário, deve levar o seu aluno a interferir de forma direta nessas questões, buscando resultados concretos para os problemas da comunidade em que vive.

    O cidadão que sai da universidade hoje é, via de regra, incapaz da ação, seja no nível individual, seja no nível coletivo. Não exercitou na escola sua capacidade de transformação (mesmo que fosse transformar a própria escola), não conhece a realidade em que vive e não consegue articular em grupo. A universidade, como se vê, cria pseudo cidadãos, pessoas angustiadas diante de uma realidade que percebe injusta, mas que não consegue modificar. Acaba se transformando, assim, numa espécie de rebelde sem causa, e, impotente, acaba se isolando na inércia que alimenta o ciclo de injustiças e diferenças sociais.

    Para que se possa modificar essa situação, a universidade deve compreender que não constrói o cidadão numa sala de aula. O cidadão deve ser construído na cidade, que é o verdadeiro laboratório da cidadania. Deve ser construído não na teoria, mas na prática, pois é o fazer e argamassa para construção do cidadão.

    É necessário mudar a ênfase: ao invés de se visar a finalidade, é preciso que se priorizem os meios e, mais do que resultados tecnológicos, urge que se dê importância ao desenvolvimento de competências humanas nos alunos. É essa, aliás, uma das bandeiras dos paradigmas educacionais emergentes. Há, nos dias de hoje, de fato, uma demanda por um tipo de educação que contemple o indivíduo em sua totalidade. Nesse sentindo, todas as reflexões que se faz hoje sobre a educação passa necessariamente por essa discussão, redimensionando os conceitos de aluno, professor, realidade, comunidade, meio ambiente, de modo a resgatar a integração do indivíduo consigo mesmo, com o outro e com a natureza, visando a construção de um mundo mais justo, mais humano e solidário.

    É dentro desses limites que a realizaremos nossas reflexões, procurando encontrar novas formas de relações da universidade com o seu aluno, o conhecimento e a comunidade, inspirados no que se propõem Hernandez e Ventura, Paulo Freire, Maria Cândida Moraes e a Carte de Ecopedagogia.

    Para atender a necessidade didática, desenvolveremos nossas reflexões em três partes. Na primeira, discutiremos os princípios do novo paradigma educacional emergente, a partir das ideias de Maria Cândida Moraes, expostas no seu livro O paradigma educacional emergente (1997) e de Danah Zohar (Sociedade quântica, 2000), tomando como suporte ainda a educação posposta por Paulo Freire em Pedagogia do oprimido (1981).

    Após tais reflexões, explicaremos os fundamentos da metodologia de ensino por projetos de trabalho, exposta por Fernando Hernandez e Montserrat Ventura, em A organização do currículo por projeto de trabalho (1998), de grande importância em nossa proposta.

    O ensino por meio de projetos consiste num aprendizado significativo, em que o aprendiz torna-se autônomo de processo ensino-aprendizagem. Isso significa que ele decide, juntamente com a turma, o que, como e onde aprender, de modo a que essa aprendizagem tenha lastro na realidade desse aluno.

    Com isso espera-se do aluno atitudes mais participativas, mais responsáveis, diminuindo a barreira que separa a comunidade da escola, barreira essa simbolizada pela lacuna existente entre teoria e prática nos currículos escolares e que atende pelo nome de aulismo, o que é colocado em xeque pela metodologia de ensino por projetos de trabalho.

    Talvez a melhor forma de iniciarmos a experiência de projetos integrados seja a partir dos temas transversais, que, pela sua atualidade e importância, interessam a todos, independente do curso ou da área específica, além de se construírem de grande interesse para o cidadão em geral. É necessário reconhecer, entretanto, que há uma grande dificuldade de se trabalhar os temas transversais da universidade hoje. Isso ocorre, em parte, porque os docentes ainda não têm ideia clara de como conduzir essa transversalidade em sala de aula, e também por causados entraves curriculares, essa espécie de medusa que petrifica alunos, professores, diretores e quem mais se atrever a se aproximar desse grande monstro mítico que é a universidade.

    Qualquer um dos temas transversais interessam ao nosso estudo, posto que é, por sua atualidade, um chamariz imediato para se tratar da realidade do aluno em sala de aula. Entretanto, interessa-nos, aqui, tratar da questão ambiental, evidentemente não apenas porque se trata de um dos temas transversais, mas, sobretudo, porque a noção de Ecopedagogia nos interessa no que ela nos revela em termos de originalidade e de convergência os parâmetros educacionais emergentes. A Ecopedagogia se afirma como um pensamento contemporâneo voltado para a educação global do indivíduo, visto como habitante da Terra, como todas as consequências filosóficas, psicológicas e sociais daí advindas, considerando que a amplitude conceitual que tem sido atribuída ao meio ambiente nas últimas décadas ultrapassa os aspectos meramente ecológicos para alcançar as esferas econômica, social e humana.

    Na segunda parte de nosso trabalho, portanto, estaremos expondo os princípios da Ecopedagógica e também as linhas gerais que regem as discussões ecológicas nos nossos dias, nos planos teórico e jurídico. Compreendendo por meio ambiente tudo o que nos cerca, incluindo nele gênero humano e suas necessidades vitais, discorremos, neste momento, sobre os movimentos ecológicos liderados por ONGs e por instituições governamentais, dando ênfase aos documentos e tratados mais importantes como a Agenda 21 e a Carta da Terra.

    Não há como falar de bem-estar social, de democracia e de qualidade de vida, hoje, sem que se leve em consideração a questão ecológica, ou seja, a forma como encaremos a natureza e como nos relacionamos com ela. Para compreendermos isso, basta lembrar que, a cada dia, somos chamados mais de perto para nos preocuparmos com a questão ambiental. Catástrofes há muito anunciadas já estão ocorrendo em várias partes do globo, devido ao mau uso dos recursos naturais, com enormes prejuízos para a integridade física e mental do ser humano. Cada vez mais frequentes, elas nos fazem compreender que a natureza começa a cobrar o seu preço pelos anos e anos a frio de uso arbitrário e muitas vezes criminoso que dela fazemos.

    Os últimos fóruns realizados sobre o tema têm insistido num desenvolvimento autossustentável e na erradicação da pobreza, pois quando quase um terço da população mundial passa fome, a harmonia ecológica está sob forte ameaça: não há como pensar em preservar se tem fome. Do mesmo modo, começa-se a pensar em ecologia, nos dias

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