Pedagogia do êxito
()
Sobre este e-book
Neste livro, a autora defende os projetos de resultado na formação universitária como modo de garantir o êxito na formação de cidadãos plenos. Os projetos de resultado são atividades conjuntas, em que se aliam ações de ensino, pesquisa e de extensão, garantindo ao estudante não apenas a vivência da pesquisa, como também o diálogo com a comunidade de que faz parte, detectando e solucionando (ou pelo menos diminuindo) os problemas existentes. Os projetos de resultado conferem, portanto, um sentido social ao Ensino, formando profissionais mais bem preparados para os desafios que irá enfrentar nas suas profissões.
Hilda Magalhães
Hilda Magalhães é uma pesquisadora brasileira.Doutora em Teoria da Literatura pela UFRJ, com pós-doutoramento na Université de Paris III e na EHESS(França), é autora de dezenas de obras na área de Literatura.
Leia mais títulos de Hilda Magalhães
Literatura e Teoria da Complexidade: revendo conceitos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos para passar o tempo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória da Literatura de Mato Grosso: Século XX Nota: 5 de 5 estrelas5/5O último verão em Paris Nota: 0 de 5 estrelas0 notasRelações de Poder na Literatura da Amazônia Legal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Fantástico e o Maravilhoso na obra de José de Mesquita e Tereza Albués Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCorina Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a Pedagogia do êxito
Ebooks relacionados
Pedagogia De Projetos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReflexões e práticas em pedagogia universitária Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTemas transversais, pedagogia de projetos e mudanças na educação: Práticas e reflexões Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Escola Pública de que Precisamos: Novas Perspectivas Para Estudantes e Professores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFormação docente e profissional: Formar-se para a mudança e a incerteza Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVozes da pedagogia: da formação docente às tecnologias Nota: 5 de 5 estrelas5/5Os Professores, Seu Saber e o Seu Fazer Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPedagogia e Formação de Pedagogos no Distrito Federal: Reflexões Curriculares Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAplicações de Vygotsky à educação matemática Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFormação permanente do professorado: Novas tendências Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPráticas Pedagógicas Significativas em Educação Não Formal: Caminhos da Gestão Participativa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ser Bom Professor: Desafios Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTrilhas abertas na universidade: Inovação curricular, práticas pedagógicas e formação de professores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasConvergências metodológicas na educação básica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Articulando saberes: Na formação de professores Nota: 5 de 5 estrelas5/5Currículo e Formação Docente: Múltiplos Diálogos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFacebook: Um Ambiente de Formação Aberta de Professores-Pesquisadores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasReflexões e Desafios para Ensinar em Tempos Modernos:: Compartilhando Conhecimentos e Despertando Aprendizagens Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducomunicação: Imagens do professor na mídia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMetodologias ativas são inovações? Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação, conhecimento e formação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação infantil e registro de práticas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação de Qualidade para EJA: Metodologias e Currículos Inovadores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA mistificação pedagógica: Realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEducação nova As bases Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPanorama da didática: Ensino, prática e pesquisa Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCoordenação Pedagógica:: Formação de Professores e a Gestão dos Sentimentos em Processos de Inovação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasProfessor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Métodos e Materiais de Ensino para você
Jogos e Brincadeiras para o Desenvolvimento Infantil Nota: 3 de 5 estrelas3/5Sexo Sem Limites - O Prazer Da Arte Sexual Nota: 4 de 5 estrelas4/5Raciocínio lógico e matemática para concursos: Manual completo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mulheres Que Correm Com Os Lobos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAprender Inglês - Textos Paralelos - Histórias Simples (Inglês - Português) Blíngüe Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Bíblia e a Gestão de Pessoas: Trabalhando Mentes e Corações Nota: 5 de 5 estrelas5/5Massagem Erótica Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pedagogia do oprimido Nota: 4 de 5 estrelas4/5Piaget, Vigotski, Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão Nota: 4 de 5 estrelas4/54000 Palavras Mais Usadas Em Inglês Com Tradução E Pronúncia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Técnicas de Invasão: Aprenda as técnicas usadas por hackers em invasões reais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Jogos e brincadeiras na educação infantil Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ludicidade: jogos e brincadeiras de matemática para a educação infantil Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sou péssimo em inglês: Tudo que você precisa saber para alavancar de vez o seu aprendizado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manual Da Psicopedagogia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como Escrever Bem: Projeto de Pesquisa e Artigo Científico Nota: 5 de 5 estrelas5/5A arte de convencer: Tenha uma comunicação eficaz e crie mais oportunidades na vida Nota: 4 de 5 estrelas4/5BLOQUEIOS & VÍCIOS EMOCIONAIS: COMO VENCÊ-LOS? Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cérebro Turbinado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ensine a criança a pensar: e pratique ações positivas com ela! Nota: 5 de 5 estrelas5/5Aprender Francês - Textos Paralelos (Português - Francês) Histórias Simples Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pense Como Um Gênio: Os Sete Passos Para Encontrar Soluções Brilhantes Para Problemas Comuns Nota: 4 de 5 estrelas4/5Guia Prático Mindfulness Na Terapia Cognitivo Comportamental Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurso Básico De Violão Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Avaliações de Pedagogia do êxito
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Pedagogia do êxito - Hilda Magalhães
Introdução
A estrutura da universidade brasileira é exatamente a mesma de trinta anos atrás, a mesma da época da Ditadura, reproduzindo, na sua forma organizacional, uma concepção fragmentada do conhecimento e do ser. De fato, tomando como exemplos as pró- reitorias de pesquisa, ensino e extensão, podemos observar que são instâncias administrativas distintas, localizadas muitas vezes em locais também diferentes e com características bastante definidas. Cada um tem um modo operandi próprio, com seu regimento, seu calendário, suas prioridades, havendo mesmo uma gradação de valor entre elas. A pesquisa é a elite da universidade. É aquela que, em geral, recebe mais verbas, a que trabalha com os melhores e mais capacitados professores e alunos; a Pró-reitoria de Ensino é a que faz o trabalho pesado
, isto é, diploma centenas e centenas de alunos ano após ano, e a Pró-reitoria de Extensão é a prima pobre da história: raramente dispõe de recursos, trabalha com um contingente flutuante de alunos e docentes, muitas vezes os que, por insuficiência de rendimento escolar ou por inexistência de vagas, não puderam ser absorvidos pela pesquisa.
Esta Pró-reitoria acaba, em alguns casos, funcionando também como um balcão social, já que algumas das bolsas que oferece têm como critério de seleção, além do desempenho acadêmico, o nível de carência financeira do aluno.
Invariavelmente, estas três pró-reitorias desempenham atividades de natureza diversas, sem nenhuma ou quase nenhuma interação entre si e, na maioria dos casos, sem qualquer relação com os problemas comunitários. Dessa forma, a organização das pró-reitorias que materializam o tripé ensino, pesquisa e extensão não poderia ser mais equivocada, pois isola a universidade da comunidade e oferece uma formação truncada ao aluno. Este, na melhor das hipóteses, ou faz pesquisa ou faz extensão, embora a maioria fique restrita às atividades de sala de aula, de modo que extensão e pesquisa acabam sendo um privilégio de um número insignificante de alunos.
Esta fragmentação é reforçada também pela estrutura departamental, que reproduz a divisão e o isolamento acima referidos, tornando o aluno refém
de seu curso, de um currículo engessado e distante da realidade.
Entretanto, experiências pedagógicas inovadoras, realizadas principalmente na Espanha e difundidas no Brasil na última década, nos apresentam novos subsídios para se repensar o tripé ensino/pesquisa/extensão. Uma dessas experiências é a pedagogia por projetos, metodologia que inclui no cotidiano da sala de aula tanto a pesquisa quanto a extensão.
Consiste o método em escolher uma temática e desenvolvê-lo, incluindo momentos de pesquisa e de socialização do conhecimento, podendo se concretizar, no caso da universidade, em atividades típicas de pesquisa e de extensão. Neste tipo de atividade, o próprio aluno determina o que fará, desenvolvendo suas aptidões em conformidade com seu próprio ritmo. Como esse tipo de pesquisa valoriza a realidade do aluno, é possível realizar ações que resolvam ou amenizem problemas comunitários, o que, por consequência, aproxima a universidade da comunidade.
Se considerarmos que no Brasil, a cidadania não é algo dado, mas algo que precisa ser construído, o maior dos desafios da universidade é formar o aluno cidadão e por isso não pode se dar o luxo de ficar alheia aos problemas da comunidade a que pertence. Ao contrário, deve levar o seu aluno a interferir de forma direta nessas questões, buscando resultados concretos para os problemas da comunidade em que vive.
O cidadão que sai da universidade hoje é, via de regra, incapaz da ação, seja no nível individual, seja no nível coletivo. Não exercitou na escola sua capacidade de transformação (mesmo que fosse transformar a própria escola), não conhece a realidade em que vive e não consegue articular em grupo. A universidade, como se vê, cria pseudo cidadãos, pessoas angustiadas diante de uma realidade que percebe injusta, mas que não consegue modificar. Acaba se transformando, assim, numa espécie de rebelde sem causa, e, impotente, acaba se isolando na inércia que alimenta o ciclo de injustiças e diferenças sociais.
Para que se possa modificar essa situação, a universidade deve compreender que não constrói o cidadão numa sala de aula. O cidadão deve ser construído na cidade, que é o verdadeiro laboratório da cidadania. Deve ser construído não na teoria, mas na prática, pois é o fazer
e argamassa para construção do cidadão.
É necessário mudar a ênfase: ao invés de se visar a finalidade, é preciso que se priorizem os meios e, mais do que resultados tecnológicos, urge que se dê importância ao desenvolvimento de competências humanas nos alunos. É essa, aliás, uma das bandeiras dos paradigmas educacionais emergentes. Há, nos dias de hoje, de fato, uma demanda por um tipo de educação que contemple o indivíduo em sua totalidade. Nesse sentindo, todas as reflexões que se faz hoje sobre a educação passa necessariamente por essa discussão, redimensionando os conceitos de aluno, professor, realidade, comunidade, meio ambiente, de modo a resgatar a integração do indivíduo consigo mesmo, com o outro e com a natureza, visando a construção de um mundo mais justo, mais humano e solidário.
É dentro desses limites que a realizaremos nossas reflexões, procurando encontrar novas formas de relações da universidade com o seu aluno, o conhecimento e a comunidade, inspirados no que se propõem Hernandez e Ventura, Paulo Freire, Maria Cândida Moraes e a Carte de Ecopedagogia.
Para atender a necessidade didática, desenvolveremos nossas reflexões em três partes. Na primeira, discutiremos os princípios do novo paradigma educacional emergente, a partir das ideias de Maria Cândida Moraes, expostas no seu livro O paradigma educacional emergente (1997) e de Danah Zohar (Sociedade quântica, 2000), tomando como suporte ainda a educação posposta por Paulo Freire em Pedagogia do oprimido (1981).
Após tais reflexões, explicaremos os fundamentos da metodologia de ensino por projetos de trabalho, exposta por Fernando Hernandez e Montserrat Ventura, em A organização do currículo por projeto de trabalho (1998), de grande importância em nossa proposta.
O ensino por meio de projetos consiste num aprendizado significativo, em que o aprendiz torna-se autônomo de processo ensino-aprendizagem. Isso significa que ele decide, juntamente com a turma, o que, como e onde aprender, de modo a que essa aprendizagem tenha lastro na realidade desse aluno.
Com isso espera-se do aluno atitudes mais participativas, mais responsáveis, diminuindo a barreira que separa a comunidade da escola, barreira essa simbolizada pela lacuna existente entre teoria e prática nos currículos escolares e que atende pelo nome de aulismo
, o que é colocado em xeque pela metodologia de ensino por projetos de trabalho.
Talvez a melhor forma de iniciarmos a experiência de projetos integrados seja a partir dos temas transversais, que, pela sua atualidade e importância, interessam a todos, independente do curso ou da área específica, além de se construírem de grande interesse para o cidadão em geral. É necessário reconhecer, entretanto, que há uma grande dificuldade de se trabalhar os temas transversais da universidade hoje. Isso ocorre, em parte, porque os docentes ainda não têm ideia clara de como conduzir essa transversalidade em sala de aula, e também por causados entraves curriculares, essa espécie de medusa que petrifica alunos, professores, diretores e quem mais se atrever a se aproximar desse grande monstro mítico que é a universidade.
Qualquer um dos temas transversais interessam ao nosso estudo, posto que é, por sua atualidade, um chamariz imediato para se tratar da realidade do aluno em sala de aula. Entretanto, interessa-nos, aqui, tratar da questão ambiental, evidentemente não apenas porque se trata de um dos temas transversais, mas, sobretudo, porque a noção de Ecopedagogia nos interessa no que ela nos revela em termos de originalidade e de convergência os parâmetros educacionais emergentes. A Ecopedagogia se afirma como um pensamento contemporâneo voltado para a educação global do indivíduo, visto como habitante da Terra
, como todas as consequências filosóficas, psicológicas e sociais daí advindas, considerando que a amplitude conceitual que tem sido atribuída ao meio ambiente nas últimas décadas ultrapassa os aspectos meramente ecológicos para alcançar as esferas econômica, social e humana.
Na segunda parte de nosso trabalho, portanto, estaremos expondo os princípios da Ecopedagógica e também as linhas gerais que regem as discussões ecológicas nos nossos dias, nos planos teórico e jurídico. Compreendendo por meio ambiente tudo o que nos cerca, incluindo nele gênero humano e suas necessidades vitais, discorremos, neste momento, sobre os movimentos ecológicos liderados por ONGs e por instituições governamentais, dando ênfase aos documentos e tratados mais importantes como a Agenda 21 e a Carta da Terra.
Não há como falar de bem-estar social, de democracia e de qualidade de vida, hoje, sem que se leve em consideração a questão ecológica, ou seja, a forma como encaremos a natureza e como nos relacionamos com ela. Para compreendermos isso, basta lembrar que, a cada dia, somos chamados mais de perto para nos preocuparmos com a questão ambiental. Catástrofes há muito anunciadas já estão ocorrendo em várias partes do globo, devido ao mau uso dos recursos naturais, com enormes prejuízos para a integridade física e mental do ser humano. Cada vez mais frequentes, elas nos fazem compreender que a natureza começa a cobrar o seu preço pelos anos e anos a frio de uso arbitrário e muitas vezes criminoso que dela fazemos.
Os últimos fóruns realizados sobre o tema têm insistido num desenvolvimento autossustentável e na erradicação da pobreza, pois quando quase um terço da população mundial passa fome, a harmonia ecológica está sob forte ameaça: não há como pensar em preservar
se tem fome. Do mesmo modo, começa-se a pensar em ecologia, nos dias