Auto da Índia de Gil Vicente
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Sobre este e-book
"Vieram dizer a uma mulher de nome Constança que, estando o seu marido embarcado para a Índia, já não partia. Ela então começou a chorar de desconsolo. A criada, surpreendida com a choradeira, exclama:
– Credo, minha senhora! Daqui a pouco inunda a casa. Tudo isso é porque se parte a armada e com ela o seu marido?
– És mesmo parva! Então eu iria chorar por isso?
– Por minha alma que imaginei que choráveis pelo patrão.
– Ó minha tonta, eu choro porque dizem que já não vai."
José Leon Machado
José Leon Machado nasceu em Braga no dia 25 de Novembro de 1965. Estudou na Escola Secundária Sá de Miranda e licenciou-se em Humanidades pela Faculdade de Filosofia de Braga. Frequentou o mestrado na Universidade do Minho, tendo-o concluído com uma dissertação sobre literatura comparada. Actualmente, é Professor Auxiliar do Departamento de Letras da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde se doutorou em Linguística Portuguesa. Tem colaborado em vários jornais e revistas com crónicas, contos e artigos de crítica literária. A par do seu trabalho de investigação e ensino, tem-se dedicado à escrita literária, especialmente à ficção. Influenciado pelos autores clássicos greco-latinos e pelos autores anglo-saxónicos, a sua escrita é simples e concisa, afastando-se em larga medida da escrita de grande parte dos autores portugueses actuais, que considera, segundo uma entrevista recente, «na sua maioria ou barrocamente ilegíveis com um público constituído por meia dúzia de iluminados, ou bacocamente amorfos com um público mal formado por um analfabetismo de séculos.»
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Auto da Índia de Gil Vicente - José Leon Machado
ADAPTAÇÃO EM PROSA
Damas há cá que, ainda que não sejam tão formosas como Helena, são altivas, como são umas beatas de São Domingos e outras que conversam os Apóstolos. Estas se geraram de viúvas honestas e de casadas que têm os maridos no Cabo Verde; assim que, umas por casar e outras por lhes Deus trazer os maridos, de cuja vinda elas fogem, nunca lhes escapam as quartas-feiras em Santa Bárbara, as sextas em Nossa Senhora do Monte, os sábados em Nossa Senhora da Graça, dias do Espírito Santo.
Umas dizem que jejuam a pão e água, outras que não comem cousa que padeça morte, e destas há algumas de estofo que fazem ir uma nau à Índia em três dias. Grandes capelos e hábitos de sarja, contas na mão e o olho ladrão; e haja eu perdão, porque debaixo lhe achareis mantéus debruados, gravins lavrados, jubões de holanda, alvos e justos.
Luís de Camões, Cartas
Vieram dizer a uma mulher de nome Constança que, estando o seu marido embarcado para a Índia, já não partia. Ela então começou a chorar de desconsolo. A criada, surpreendida com a choradeira, exclama:
– Credo, minha senhora! Daqui a pouco inunda a casa. Tudo isso é porque se parte a armada e com ela o seu marido?
– És mesmo parva! Então eu iria chorar por isso?
– Por minha alma que imaginei que choráveis pelo patrão.
– Ó minha tonta, eu choro porque dizem que já não vai.
– E quem disse tal disparate?
– Disse-me o Vasconcelos que é certo que a nau já não parte para a Índia.
– Mas se as naus já estão a levantar âncora, como pode ele dizer uma coisa dessas? É mais fácil ver eu Jesus Cristo em pessoa do que a nau voltar para trás. Por isso, não tenha receio.
– É certo que são bem poucos os meus desejos de que ele fique.
– A armada está prestes a largar. Quando hoje fui à baixa, vi que começavam a desfraldar as velas.
– Deus te oiça. Andei até agora a fazer tudo por