Iluminação Anciã

De Elaina J. Davidson

O fogo vomita e o gelo segue-se. O mundo de Drakonis está à beira da morte e toda a vida desapareceu. Excepto Brennan, uma ladra que ouve no vento direções misteriosas para o Castelo Drakon, e os irmãos Bastian e Cole, que escolheram segui-la. Depois há Halley, uma dançarina exótica das cidades queimadas, e Audri, que se recusa a falar.

Esses cinco são os últimos e a sua missão é assegurar-se que pelo menos a memória se mantém viva, ou Drakonis será eternamente esquecida. Para conseguir isto, eles têm que encontrar o Castelo Drakon.

Numa gruta debaixo do gelo descobrem três outros sobreviventes e por entre o calor de uma fogueira ouvem uma mítica lenda. Desvendar os seus mistérios poderá liderar o caminho de um mundo a morrer. Uma luz antica que iluminará o seu caminho.

• Idioma: Português
• Editora: Elaina J. Davidson
• Data de lançamento: 13 de out. de 2021
• ISBN: 9781547532988

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Nota de Autor

Onze de nós aceitaram o desafio de escrever um conto para uma antologia e tudo o que tínhamos era uma imagem de um hall de arcos azuis, com uma estrela no tecto abobadado ... e um nome, Os Segredos do Castelo Drakon.

Infelizmente, a antologia não existe mais, porque o editor fechou suas portas, mas as histórias continuam, e se olhar com atenção para, os segredos deste misterioso castelo serão seus.

Esta é a minha contribuição.

Boa leitura!

Elaina

2015

Para a minha família Thorstruck

Prólogo

Restam apenas cinco de nós. Somos os últimos da nossa espécie.

Esta é a narrativa final de Drakonis. Se este relato for perdido, se estivermos perdidos, Drakonis deixará de existir mesmo na memória.

Temos uma última oportunidade para garantir que pelo menos a memória sobreviva, e depende inteiramente de uma antiga lenda. A nossa fuga, (ou a passagem da memória), reside na crença de que uma história do passado é um conceito tangível, que a lenda foi uma vez baseada de alguma forma na realidade.

Nós procuramos o Castelo Drakon.

É a nossa única esperança. É nosso acto final.

Se falharmos, se não encontrarmos nada, imploramo-vos, por favor, recordem-nos.

Capítulo 1

Fogo na gruta

––––––––

As chamas são brilhantes, porque aqui é seguro; aqui nenhuma luz é capaz de escapar para nos revelar.

O fogo é quente e estamos contentes com isso; a maioria de nós tem estado frio há demasiado tempo, a maioria de nós naõ se lembra sequer de estar aquecido.

Nós fugimos do fogo, sim, para o gelo, mas parece que o calor foi numa vida anterior. Nós não nos conseguimos lembrar de ter o estômago cheio ou a última vez que bebemos água fresca.

Aproximo as minhas mãos das chamas e por um momento acredito que as consigo segurar e acender dentro de mim. Estou cansada do frio. E estou terrivelmente cansada de correr.

É por isto que estou aqui.

Eu espero, agora, com o final a aproximar-se, que possa deixar de correr. Embora possa ser que apenas nos enganemos com a experança que nos resta, não estou sozinha neste desejo.

Do outro lado da fogueira está Bastian; a sua cabeça está abaixada, o seu cabelo escuro imundo, obscura a sua cara. Nós agora corremos juntos, mas encontrámo-nos antes, uma vez, nas nossas antigas vidas.

A seguir a ele está Cole, também de cabelo escuro, quase a dormir por causa do desabitual sentido de libertação e conforto. Eles são irmãos, mas muito diferentes acho eu, apesar da aparência semelhante. Eu conheço o Cole melhor; nós corremos telhados juntos naquela outra vida. Eu sei que ele sente tanta falta disso como eu.

Agachada longe de nós, com os dedos brancos em volta de tufos de palha velha - que é onde estamos sentados - está Halley, uma dançarina de uma cidade distante ... pelo menos, isso é o que ela afirma. Nenhum de nós a viu dançar. Ela parece a mais assustada da nossa reunião; ela não confia facilmente. Vai levar anos até curar essa desconfiança natural.

Verdade seja dita, algum de nós mantém confiança nestes tempos? Halley, particularmente, está sempre esquisita. O seu passado pesa sobre ela. Ela é a mais exotica de todos nós, com pele cor de caramelo, e os olhos são os mais escuros que alguma vez vi. Eu gosto dela e penso que o Cole também, embora seja uma maneira diferente de gostar.

E depois há a Audri. Pálida, justa e graciosa; ela parece a dançarina entre nós. Nunca ninguém ouviu a Audri falar. Nós não sabemos se ela não consegue ou se o silêncio é uma escolha que ela fez ou foi forçada algures no passado. Ela olha destemida para o fogo. Como sempre, está auto-possuída. Eu acho que ela me sente a olhar, pois ela ergue o olhar verde para mim e sorri. Quero a abraçar, pois aquele sorriso me diz que fizemos a escolha certa.

Nós corremos de longe, do fogo e da morte para este terrível frio, mantendo apenas a esperança, e aqui, mesmo que por um breve tempo, podemo-nos sentar e experimentar o calor de um fogo reconfortante. Este pequeno incêndio não tem o poder de destruir.

Um instante depois eu penso o quão longe iríamos para manter este descanso inviolável. É apenas um descanço, o que quer que seja que escolhemos para nos enganar. Bastian mataria por isso, eu sei; ele é o mais velho e o que correu mais ... e procura proteger o seu irmão mais novo, Cole.

Eu? Eu apoiá-lo-ia e empunharia qualquer arma que estivesse à mão.

Nisto sou sem dúvida uma idiota, mas estou cansada de correr.

––––––––

Esta gruta está bem abaixo destas terras geladas.

Bastian encontrou a entrada nos destroços por baixo das colinas que marcam o início das terras altas. Já à beira da morte há meses, nós deixámos as reservas que vêm apenas com desespero, e nos arrastamos atrás dele. Arrastámo-nos durante horas, um atrás do outro, na escuridão absoluta, até que flashes de luz ambar mostraram que não imaginámos os chamamentos ou direcções, que a confiança não estava posta em causa.

Todos nós estamos adornados com joelhos e canelas esfarrapadas, palmas torcidas e unhas partidas, mas estamos tão sujos e desgastados que não conseguimos distinguir as feridas frescas das antigas.

Depois de uma hora de repouso, uma hora de calor, pensamos se foi a confiança que nos levou pelo caminho certo. Nada mexe a não ser as chamas, e não há sons de ocupação ... mas mesmo assim alguem acendeu este fogo.

Bastian olha para mim, uma pergunta nos seus olhos azuis. Eu desejava que tivéssemos vivido noutra altura, pois quero por as minhas mãos nas suas bochechas e dizer-lhe para não se preocupar. Eu, apesar de tudo, levei-o através do plano. As minhas palavras trouxeram-nos aqui.

Ah, vejo que vocês descongelaram um pouco.

Um homem entra vindo das sombras atrás de Bastian e Cole – os irmãos empurram-no – os seus movimentos são