Preso a París: Série Família Hellmoore
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Sobre este e-book
Para Henry Somerset todas as mulheres eram frias e frívolas como sua falecida esposa. Ao encontrar-se com París Hellmoore a dúvida instalou-se nele. Esta mulher não se parecia com nenhuma outra que ele tinha conhecido até agora, mas mesmo assim se recusava a entregar seu coração.
París desiludida depois da sua primeira temporada sentia que nada interessante poderia acontecer com ela e que os homens que conheceu eram igualmente irrelevantes. Suas amigas tinham se casado e ela estava sozinha. Era o momento exato para abandonar tudo e desfrutar da solidão.
Grande foi a sua surpresa quando apenas algumas semanas depois se viu casada com um desconhecido a quem temia.
Poderiam ambos encontrar a felicidade?
Poderiam confiar um no outro o suficiente para tentar ser uma família? A vida não é fácil e para um casamento de completos desconhecidos, menos ainda.
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Preso a París - Marisa Citeroni
Conteúdo
História
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Um olhar furtivo...
Sobre a autora
Dedicatória
Este romance é dedicado as minhas net@s. Em especial àquela que quer seguir meus passos: Danna, a mais velha, por ser minha admiradora e porque tenho muita certeza que conseguirá se perpetuar sozinha.
Agradecimentos
Meu agradecimento eterno para Bea Sylva e Grace Lloper. Como sempre digo, sem minhas amigas, nem a autora nem meus romances existiriam. E, é claro, meus sinceros agradecimentos para as minhas leitoras, para elas é minha inspiração e meu estímulo para continuar.
História
Para Henry Somerset todas as mulheres eram frias e frívolas como sua falecida esposa. Ao encontrar-se com París Hellmoore a dúvida instalou-se nele. Esta mulher não se parecia com nenhuma outra que ele tinha conhecido até agora, mas mesmo assim se recusava a entregar seu coração.
París desiludida depois da sua primeira temporada sentia que nada interessante poderia acontecer com ela e que os homens que conheceu eram igualmente irrelevantes. Suas amigas tinham se casado e ela estava sozinha. Era o momento exato para abandonar tudo e desfrutar da solidão.
Grande foi a sua surpresa quando apenas algumas semanas depois se viu casada com um desconhecido a quem temia.
Poderiam ambos encontrar a felicidade?
Poderiam confiar um no outro o suficiente para tentar ser uma família?
A vida não é fácil e para um casamento de completos desconhecidos, menos ainda.
Capítulo 01
Depois da morte do Duque de Albans, Víctor Hellmoore, a família tinha ficado devastada. Brian, seu herdeiro, refugiou-se na Europa e só retornou quando se sentiu preparado para cuidar da sua família, do ducado e da futura esposa que o aguardava. Poucos meses após o seu retorno, era um homem casado igual ao seu amigo Baltasar Hill, conde de Northamptonshire. Ambos assumiram suas responsabilidades como herdeiros e tinham encontrado o amor onde menos esperavam.
París Hellmoore frequentava os salões de baile sem suas amigas, acompanhada pelo seu irmão Gabriel, mas não era a mesma coisa. A temporada tinha se prolongado até o começo de dezembro. Por causa das sessões parlamentares, todo mundo permanecia em Londres, motivo pelo qual os diferentes bailes aconteciam um após o outro.
París fez sua apresentação à sociedade junto com sua amiga de toda vida, Serena Blake e com sua cunhada, Olivia Mcgintys. Seu irmão, Brian, acabou casando-se com Olivia e Serena com o melhor amigo dele, Baltasar.
O evento, com os dois casais, foi realizado há dois meses em Levington, no Castelo de Olivia.
Participar dos bailes e das noitadas musicais não era a mesma coisa para París. Ela aceitou mais dois convites: um no Almack e outro na casa de Lady Cowper, por serem damas influentes. Havia decidido dizer a sua mãe que daria por encerrada sua temporada naquele ano. Não se sentia à vontade, estava acostumada a ir de um lugar a outro sempre na companhia de Serena. Os eventos não a atraiam e nem os cavalheiros que normalmente participavam deles. Não havia encontrado o homem perfeito como suas amigas ou por causa do seu estado de espírito, não via ninguém com bons olhos.
Enquanto caminhava pelo parque, vigiada pela sua criada e um lacaio, París observava o ambiente romântico que se formava em alguns casais. Caminhavam e se entreolhavam com carinho verdadeiro, sob o olhar atento das suas damas de companhia. Nenhum dos pretendentes que se aproximou de París até este momento a interessou. Não tinham nada em comum.
Foi um acerto abandonar a temporada.
Sentada à sombra de uma árvore enquanto observava os apaixonados certas lembranças voltaram à sua mente: o dia em que seu pai morreu e a fuga do seu irmão mais velho por causa da dor. Ele foi embora para a Europa para fugir das suas responsabilidades como herdeiro. Brian não estava preparado para a morte do Duque e muito menos para ocupar seu lugar. Ninguém na sua família estava preparado.
A partir deste momento nunca mais voltou a ser a mesma. Nunca conseguiu tirar do seu coração a tristeza e um sentimento de solidão que nem através dos anos conseguiu mitigar. Brian e ela eram os mais unidos ao seu pai. Seu irmão tentou fechar suas feridas fugindo e ela ficou ali, com sua dor, a da sua mãe e dos seus irmãos mais novos. Sim, continuaram com suas vidas, e embora amasse muito sua família, nunca conseguiu fechar esse círculo que se rompeu com a partida do seu pai.
A dor não era tão aguda, embora nunca a abandonasse. E a solidão muito enraizada no seu coração seria difícil de combater, se algum dia conseguisse lutar contra ela.
––––––––
Havia chegado ao baile, último evento que pensava participar acompanhada do seu irmão Gabriel que parecia estar se divertindo muito. Muito diferente dela que estava sozinha e entediada em um canto do salão. Ultimamente, o tédio tomava conta dela em qualquer reunião. A única coisa que lhe restava fazer para se entreter era ouvir as fofocas das damas mais ilustres da sociedade.
—Você está bem, París? —seu irmão Gabriel perguntou.
—Estou bem apenas um pouco contrariada.
—Divertindo-se? —disse, apontando com a cabeça para as damas reunidas em um círculo.
—Sim, é impossível não ouvi-las —París respondeu.
—Não a vi dançar muito nem se divertir.
—Eu sei, é que sozinha não é a mesma coisa.
—Sozinha? Por acaso não sabe apreciar a minha companhia? —perguntou Gabriel fingindo dor.
—Não é isso, é só que sinto saudades das minhas amigas, mas estou muito agradecida que você me acompanhe —assegurou París.
—Muito bem... vai passar —ele se retirou, deixando um beijo carinhoso na sua testa.
Enquanto observava seu irmão se afastar, ouviu as damas que haviam subido o tom de voz, evidenciando seu grande mal-estar e irritação.
—É uma barbaridade! —disse uma.
—Uma verdadeira vergonha —apontou a outra.
E as mães continuaram avaliando como era inconcebível que se permitisse que semelhante pessoa convivesse com pessoas decentes.
Não conseguiu deixar de ouvir, em diferentes relatos, que se destinasse ao Marquês de Worcestershire, fatos terríveis cometidos contra sua esposa. Todas falavam ao mesmo tempo o que dificultava que París compreendesse realmente o que diziam. Mas aos poucos foi ordenando as diferentes fofocas e assim começou a montar a história que tanto incomodava as ilustres damas.
A primeira coisa que compreendeu era que o Marquês Henry Somerset era viúvo e com uma menina de só três anos. Até aí era um comentário bastante normal. Mas que ele fosse acusado de ter assassinado sua esposa era terrível e não poderia ser verdade, se fosse assim estaria preso e não em um baile de temporada.
Algumas fofocas asseguravam que ele havia assassinado sua mulher com as próprias mãos. Outras, que ele a deixou amarrada ao cavalo para arrastá-la até a morte. Todos esses comentários somados ao fato que Somerset encontrou sua Marquesa com um amante na sua própria cama o condenavam e de acordo com a sociedade, ele era culpado. O que as damas não compreendiam era por que o Rei o protegia e obrigava a sociedade a aceitá-lo. Antes de cada evento uma carta de Sua Majestade era recebida, deixando claro a importância da participação do Marquês em tal evento.
París definitivamente entretida, acabou ouvindo todas as histórias pois não encontrou nada melhor para passar o tempo até voltar para casa. Passeou pelos salões, aceitou alguma dança sem importância e depois, mais interessada do que deveria, voltou à sua posição perto das fofoqueiras.
Naquela mesma noite, enquanto ouvia mais sobre as fofocas cada vez mais ácidas sobre o Marquês, começou a percorrer com o olhar o salão lotado. Não encontrou ninguém interessante ou novo. Sempre os mesmos homens e as mesmas mulheres, nada mudava. Em um canto perto das janelas com vista para o jardim, seu olhar se deparou com um homem que não conhecia. Imediatamente, ele devolveu seu olhar. Finalmente alguém chamava sua atenção. Parecia ser mais alto, passava mais de uma cabeça dos demais convidados e por este motivo, París conseguia vê-lo de onde estava.
O que mais o atraiu em París foi o mau humor que o homem demonstrava e aparentemente não tinha intenções de disfarçar. De repente sua identidade foi revelada. Só teve de pegar a voz de uma mulher do famoso círculo de fofocas que apontou para ele sem nenhum recato, deixando muito claro quem era essa pessoa.
É claro!
Portanto aquele era o famoso Marquês de Worcestershire. O homem tinha motivos para estar irritado. As pessoas não paravam de murmurar ao seu redor. Só mudou seu semblante quando dirigiu seu olhar a ela. Uma sensação de medo e perigo tomou conta dela. Seu coração começou a galopar em uma corrida louca e de repente sentiu um arrepio frio percorrer suas costas que se espalhou por toda sua pele.
Incomodada, ergueu os olhos da sua posição até o outro lado do salão para se deparar, ao longe, com os olhos do Marquês que pareciam querer perfurá-la. Por alguns segundos foi impossível se mover, estava presa por um olhar que refletia ódio.
Mas por que ele me odeia se nem me conhece? Ela se questionou. Apesar de sentir frio por todo o corpo, suas mãos começaram a suar, o ar a abandonou e começou a sentir que suas pernas não a sustentavam. Caminhou alguns passos até se apoiar na mesa dos refrescos.
Henry Somerset se sentia entediado, não suportava as pessoas que murmuravam idiotices ao seu redor. Estava ali porque chegou a ordem do Rei que deveria participar em seu lugar do evento. Por mais que tentasse parecer confortável, sua raiva e mal-estar não passaram despercebidas. Olhava ao seu redor, todos os rostos de pessoas conhecidas, pessoas que em outra época haviam sido seus amigos. Na verdade, todas estas pessoas de aparência decente haviam sido amigas de Emily, todas iguais a ela. Ele levantou o olhar acima dos convidados e por alguns instantes ficou petrificado no lugar. Uma loira linda, de elegância requintada e porte de grande dama se encontrava diante dele, no outro lado do salão.
A beleza de Emily sempre se destacou em contraste com as outras damas.
Não! Mas o que você está pensando? Por acaso está enlouquecendo?
Ele se questionou, Emily estava morta.
Seu olhar ficou fixo nos frios olhos azul celeste da mulher, com todo o ódio que ainda carregava consigo apesar dos anos. Balançou a cabeça, expulsando o passado e as lembranças ruins. Ao voltar a olhar a dama estava sendo conduzida por um homem para a saída. Sem saber o que fazia, ele os seguiu através da multidão à distância para não ser visto.
Perto das portas pesadas que conduziam para o exterior Henry observou o casal até que chegou sua carruagem com o brasão familiar. Eram os Hellmoore. Ele tinha ouvido dizer que o Duque havia se casado, por simples dedução lembrou-se que estes dois deveriam ser París e Gabriel. Lembrava muito bem da família que outrora havia considerado como sua.
Perturbada París desviou o olhar procurando por Gabriel que dançava no salão não muito longe dela. Seu irmão percebeu que algo não estava certo pois o rosto de París havia perdido a cor e ela parecia prestes a desmaiar. A música terminou e depois de acompanhar a jovem com quem dançava até sua acompanhante, aproximou-se da sua irmã preocupado.
—O que está acontecendo? Você ficou pálida.
—Não sei, creio que... não, não é nada. Bobagens minhas —París realmente não sabia o que responder.
—Tem certeza? Alguém te incomodou? —insistiu Gabriel.
—É claro que ninguém me incomodou. Se conhecemos todos aqui, ninguém se atreveria a me incomodar —respondeu París sem querer contar nada sobre o homem estranho.
—Alguma coisa você tem. Será melhor voltarmos para casa —Gabriel decidiu.
—Muito bem, vamos então —disse París com grande alívio.
No dia seguinte de manhã bem cedo encontrou-se com sua mãe na sala de jantar. Aproveitando que estavam sozinhas, París decidiu explicar por que queria dar por encerrada sua temporada naquele ano. Adela não tinha tanta certeza de que retirar-se fosse o melhor, mas as explicações da sua filha a convenceram. Suas amigas se casaram e por mais que París estivesse feliz por elas, ela se sentia sozinha para continuar participando dos eventos. E ela queria o melhor para sua filha.
—Você tem certeza, filha? —sua mãe insistiu.
—Sim, tenho certeza. E creio que é mais importante irmos para Hertfordshire para começar com os preparativos para o Natal. Esta temporada se prolongou demais.
Ali, na tranquilidade do seu lar, nos arredores de Londres ela poderia se acalmar. Seus nervos estavam a flor da pele e somente uma atividade a acalmava e somente em Hertfordshire poderia realizá-la. Era para ela incompreensível que devesse manter em segredo sua paixão por tratar-se de algo indecoroso para os aristocratas. Ainda era criança quando sua mãe a encontrou fazendo e a proibiu. Mas ao vê-la tão triste depois da morte do seu pai, permitiu que continuasse, mas no mais absoluto segredo. Só elas duas sabiam.
—Bom, se você decidiu, vamos assim que deixarmos tudo pronto aqui —disse Adela.
—Obrigada, mãe.
—Não me agradeça. Você sabe que sua felicidade e tranquilidade são as coisas mais importantes para mim.
Naquele mesmo dia París escreveu para suas amigas contando que estava indo para Albans Abbey com sua mãe e sua irmã Ángela. Estaria esperando por elas para contar tudo e passarem as festas próximas juntas. Com tudo arrumado em Londres e com seu tio Josep cuidando dos assuntos do Duque como sempre, elas estavam prontas para sua viagem. Gabriel as alcançaria em alguns dias pois primeiro passaria por Oxfordshire onde tinha suas propriedades.
Para a família não foi uma surpresa que Gabriel, sendo um Hellmoore, se afastasse dos negócios do ducado e saísse à procura dos seus próprios interesses. Sempre demonstrou um espírito independente, trabalhador e com capacidade para bons negócios. Em pouco menos de três anos retirou suas terras recém-adquiridas de estarem prestes a serem perdidas pelas dívidas para transformá-las em campos em plena produção agrícola.
Com tudo arrumado em Londres, as malas prontas e tudo carregado nas carruagens, elas se despediram do pessoal que não as acompanhava. Adela se despediu do seu irmão Josep e sua família até o Natal. Eles viajariam para passar as festas com os Hellmoore como era costume.
Na viagem, París se entretia conversando ou jogando cartas com sua mãe. A única coisa que interessava Ángela eram seus romances. Que lia às escondidas, é claro ou por baixo das capas de outros livros. Ela não costumava participar muito em nada que não fosse ler ou escrever seus diários. Desde que começou com a leitura e a demonstrar interesse pelos romances todo mundo a presenteava com livros. Gabriel sempre voltava de algumas de suas viagens com um livro para ela. Brian mandou vários romances da Europa para ela. Mas ela sempre dava um jeito para ficar com os romances proibidos. Assim foi cultivando uma imensa biblioteca pessoal que naquele momento tinha tantos exemplares que poderia competir com as melhores livrarias do país.
As horas se tornaram eternas, mas aproveitaram para colocarem em dia todos os sentimentos que ambas tinham guardados em seus corações. Conversando com sua filha foi que Adela ficou sabendo da dor que a ausência do seu pai ainda lhe causava.