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Inverno de sangue
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E-book158 páginas1 hora

Inverno de sangue

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Sobre este e-book

Poderia uma criança nascer má? Ou seria influência de uma família desestruturada? Comunidade de crimes? Ou ainda um código genético maligno correndo nas veias de uma criança fria e totalmente conhecedora de seus atos.
A Dra. Catrina Rey desconfia de que haja algo suspeito por trás de acontecimentos sinistros envolvendo crianças e adolescentes matando crianças. Seus pressentimentos são confirmados quando os casos de violência se mostram assustadoramente com um mesmo Modus operandi, e suas incansáveis avaliações psiquiátricas mostram que não é a primeira vez que tais surtos acontecem.
Catrina terá um longo caminho a percorrer para compreender porque aquele inverno se tomou de sangue.

IdiomaPortuguês
EditoraC. Ribeiro
Data de lançamento15 de jan. de 2019
ISBN9780463221051
Inverno de sangue
Autor

C. Ribeiro

Escrevendo romances policiais para um público infanto-juvenil, YA, e também adulto, a autora C. Ribeiro tem esse lado virtual impresso em alguns de seus livros, numa realidade que se passa dentro e fora dos computadores. C. Ribeiro escreve policiais da década de 50 e atuais, escreve suspense e terror, escreve ficção científica e fantasia além do nosso tempo e realidade.Ação e aventura adoráveis, que permeiam temas polêmicos, teorias de conspiração e mentes doentias.C. Ribeiro é uma autora que gosta de escrever personagens diversos, multiculturais, em todos os tipos de gêneros literários, permitindo que o leitor viaje pelas suas muitas histórias, conhecendo a maravilha que a literatura pode proporcionar.***********************Writing detective novels for children, YA and adults, C. Ribeiro has a virtual side imprinted in some of her books, a reality that takes place inside and outside computers.C. Ribeiro novels that takes place in the 50's and nowadays. Writes suspense, horror, science fiction and fantasy beyond our time.Also adorable action and adventure that permeate hot topics, conspiracy theories and sick minds.C. Ribeiro is an author who likes to write diverse, multicultural characters in all types of literary genres, allowing the reader to travel through her many stories, knowing the wonder that literature can provide.

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    Inverno de sangue - C. Ribeiro

    Hospital Psiquiátrico Démission.

    Bairro do Belenzinho, São Paulo.

    21 de junho; 10h50min.

    A hora parecia não passar, havia algo no ar, um cheiro de sangue. A psiquiatra Catrina Rey estava ali diante daquela pasta sem um único papel dentro a bem uma hora, e ainda não sabia o porquê dela a ter escolhido na gaveta agora quase vazia, porque ainda não tivera tempo para enchê-la, porque destruiu tudo no fogo da incoerência.

    Catrina era bonita em toda sua essência. Mexicana de nascimento chegou ainda bebê com a família no Brasil, com seu pai vindo primeiramente para uma viagem de estudos e daqui não saindo mais. De família tradicionalmente legista, bisavô, avô e pai, Catrina inovou pela escolha da psicopatologia descritiva, um ramo da psiquiatria usada como ferramenta diagnóstica exclusiva do psiquiatra.

    Morena, com grandes e expressivos olhos verdes, e grossos lábios, Catrina tinha a pele branca, avermelhada quando sob emoção. Era uma mulher encantadora, que conhecia seus dons femininos, que nunca passavam despercebidos. E apesar de todos darem certo de que Catrina seguiria carreira de modelo ou coisa parecida, pelas horas de moda que curtia vestir, comprar, desenhar, nada a fez mudar sua ideia de estudar medicina, de ser uma médica da mente no Démission, o que significava remissão, renúncia.

    O Hospital psiquiátrico Démission era o que se podia chamar de uma franquia hospitalar bem sucedida, com hospitais franqueados pelo mundo todo. Uma ideia de construir hospitais psiquiátricos nos moldes do Démission francês, com concepções de autarquias, onde o paciente participava das decisões sobre como governar sua vida, o que trazia uma avalanche de reclamações da área médica, com milhares de processos contra indivíduos considerados fora do sistema comportamental e legal, sem quaisquer condições de tomar as rédeas de sua vida ou qualquer processo de ressocialização funcional, já que o Démission de São Paulo, capital, era um hospital psiquiátrico que também recebia indivíduos do sistema prisional, condenados por assassinatos, e sem totais condições de voltar a viver em sociedade.

    Quando o Dr. Cláudio Tokie, antigo médico chefe do Démission chamou Catrina para lá trabalhar, ambos não sabiam o que o destino reservara a eles. E a maneira errônea como Cláudio gerenciava o Démission, a diminuição de medicamentos, implementação de sala lúdica misturando psicopatias altamente voláteis, e o posterior suicídio dele como forma de pagar seus erros do passado, obrigaram Catrina a assumir a direção do hospital psiquiátrico.

    E mais, Catrina destruiu todas as anotações e avaliações de Cláudio com medo que elas contaminassem sua visão daqueles pacientes, que a sociedade considerou como monstros.

    Agora então, ela só tinha pastas vazias, porque estava entrevistando ela mesma cada paciente, criando sua própria visão dos fatos, dos acontecimentos que levaram aqueles trinta pacientes ao Démission.

    A pasta em suas mãos foi uma escolha bizarra, pela inclinação da letra, da sua mão que escrevera ‘paciente número 23’, Gustavo Jacomel, dezoito anos, que antigamente se chamaria GJ, mas que ela não admitia mais o uso de iniciais, como Cláudio Tokie usava ou como o Démission exigia, e que agora ela comandava.

    Um comando firme mesmo, com ela lidando com agora vinte e oito pacientes, já que dois haviam sido elevados a uma prisão comum após diagnóstico psiquiátrico outra vez errôneo por Cláudio Tokie. O que não demorou a chegar a ouvidos da promotoria, porque advogados de vítimas de monstros conseguiam que seus clientes fossem tirados da prisão e levados ao conforto do Démission, como Gustavo Jacomel, ali levado no completar dezoito primaveras. Se bem que Catrina tinha uma ideia diferente sobre estar confortável no Démission, que não permitia banhos de Sol, mas que antigamente deixava que pintassem em salas lúdicas.

    Por isso era tão importante que Catrina avaliasse um a um, outra e outra vez, exaustivamente, para reconhecer falsas máscaras.

    Era o que pretendia, naquela manhã gelada, porque desde a morte da sua mãe Rúbia Rey, aos quatro anos, que Catrina odiava o inverno, as manhãs geladas, de céu fechado. Um aperto no peito e lá vinha a tristeza. E mesmo passados vinte e dois anos de sua fatídica morte, da desgraça que caiu sobre a família Rey, que Catrina, vinte e seis anos, não gostava do frio, da sensação de perda que aquilo acarretava.

    Mas tudo teve que ser adiado no toque em usa porta, com seu abrir, com o encontro de Catrina com uma mulher de rosto inchado, carregando uma criança que ela julgou não ter mais que sete anos.

    E atrás dela, a Enfermeira psiquiátrica, agora Enfermeira chefe, Thaís Takawada; uma mulher mignon e jovem, asiática, de cabelos compridos e tingidos de ruivo.

    — Ela estava na calçada chorando — falou Thaís de supetão olhando a sobrancelha de Catrina arqueada, como numa pergunta.

    Catrina também arqueou a sobrancelha para a mulher que voltou a derramar lágrimas pelo rosto inchado, provável de chorar. Ela jurava que não sabia por que fizera aquilo, mas apontou para a sala como num gesto de convite.

    — Traga água com açúcar e algumas bolachas Thaís — foi só o que Catrina disse e Thaís saiu.

    Catrina Rey viu a criança do sexo masculino de mãos que se retorciam num gesto que ela não decifrou naquele momento, na criança de cabelos loiros e lisos caindo nos olhos, sem muito enxergá-los. E não gostou do que não viu nos olhos, porque eles diziam muito, quase tudo.

    A mulher se sentou comedida, com os joelhos juntos, aparecendo na saia que se ergueu ao se sentar, e que puxava sem muito conseguir. Catrina estudou todo aquele comportamento; a timidez, o desconforto, mas o intuito de estar ali, dentro do Démission com uma criança pequena.

    Porque foi nele que a Dra. Catrina se viu observando outra vez; porque ele não parecia tímido, desconfortável por estar num hospital psiquiátrico, na sala de uma mulher desconhecida, mesmo mantendo a cabeça baixa, mesmo retorcendo as mãos que suavam.

    Por quê? Catrina se perguntou.

    — Em que posso ajudar? — Catrina falou enfim.

    — Não sei.

    — Não é uma resposta.

    — Eu sei — a mulher voltou a puxar a saia no silêncio que se seguiu.

    Catrina tentou mais uma vez avaliá-la, porque era aquilo que sabia fazer; sua mágica. Mas não havia nada ali, só uma mulher incomodada e uma criança gostando do que via, das caveiras coloridas nas estantes, na mesa de trabalho, na mesa lateral, mexendo nas que podia alcançar, mudando de lugar, num ato quase metódico, as colocando em fila, por cores.

    — Catrina! — a voz dela foi forte.

    A mulher e o garoto se olharam.

    A mulher então a encarou e o garoto voltou a abaixar a cabeça, escondendo seus olhos.

    — Eu sei seu nome — foi o que a mulher disse.

    — Não! Catrina é como são chamadas as caveiras — apontou para uma delas. — La Catrina de los toletes significa a morte no México, e vem do termo Catrín, que significa ‘bem vestido’ e, que por isso, as caveiras são vestidas com roupas de gala.

    E a mulher demorou um pouco até assimilar tudo aquilo.

    — Meu nome é Débora Assentini, sou Arquiteta — e viu Catrina esperando mais que aquilo. —Preciso saber se a polícia vai saber?

    — Saber o que?

    — Saber...

    E Catrina teve medo de preencher lacunas.

    — Pode ser mais elucidativa, Sra. Débora?

    — Acho que não...

    — Disse que me conhece, então sabe que isso aqui é um hospital psiquiátrico. E entrou aqui trazendo uma criança que...

    — Ele sabe quem a matou — falou Débora num toque só.

    E Catrina encarou o garoto de olhos escondidos, mexendo e remexendo nas caveiras, mas sempre em ordem de cor, e tamanho, e algo mais que não soube identificar.

    — Quem matou quem, Sra. Débora?

    — Minha filhinha Ana Carolina... — e as lágrimas voltaram a cair.

    Catrina sentiu todo seu corpo gelar, estava realmente preenchendo lacunas ou aquela mulher tímida estava ali revelando um assassinato.

    E voltou a encarar o garoto.

    — Já foi à polícia Sra. Débora? — Catrina não tirava os olhos dele.

    — Não.

    — E por que não? — Catrina ainda o olhava.

    — Porque eles vão saber...

    E Catrina não sabia mais como continuar aquilo. Em todo seu tempo de estudos e trabalho em avaliações psiquiátricas sabia que não estava entendendo algo, que faltava algo ou alguém, ou ainda alguma coisa que lhe desse uma orientação, porque nunca ficou sem uma.

    — A avaliação psicológica é um processo de investigação e análise dos conteúdos da mente e do comportamento humano — Catrina tentou se situar. — Então é importante ressaltarmos que o laudo e o relatório não contêm dados específicos coletados nas entrevistas e testes, mantendo o sigilo.

    E a mulher a encarou.

    — Sigilo?

    — Vai querer sigilo, não Sra. Débora?

    — Não! Não! Ele não pode ser envolvido — Débora abraçou o menino que foi afastado das caveiras coloridas.

    — Quem não pode ser envolvido?

    — Meu filho Antônio.

    Catrina voltou a olhar a criança que lhe dava uma sensação ruim. E era uma sensação tão pesada que Catrina se levantou e abriu a porta vendo que Thaís estava parada lá, com dois copos de água, um açucareiro e bolachas

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