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E-book169 páginas2 horas

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Sobre este e-book

Depois de desconfiar de seu 'fiel escudeiro', o policial Élcio Takawada, o inspetor Benício Valcarengue do DEIC, procura as falhas nas suas cifras ocultas, crimes que passaram despercebidos da Lei e da Ordem. Ele espera que a Dra. Catrina Rey, psiquiatra que trabalha como sua consultora, enxergue a mesma luz que acendeu dentro dele depois do último erro de seu policial mais estimado, no sequestro não resolvido de um sitiante. É quando esbarram em mortos que nunca foram reclamados, sem identidade, com órgãos que a evolução já não trazia no DNA da maioria da população, mas que foram retirados causando suas mortes; incluídos assim nas cifras ocultas, cifras negras, ou zona obscura, se referindo à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos, onde Catrina encontra um intrincado caso de eugenia.

IdiomaPortuguês
EditoraC. Ribeiro
Data de lançamento28 de abr. de 2020
ISBN9780463289426
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Autor

C. Ribeiro

Escrevendo romances policiais para um público infanto-juvenil, YA, e também adulto, a autora C. Ribeiro tem esse lado virtual impresso em alguns de seus livros, numa realidade que se passa dentro e fora dos computadores. C. Ribeiro escreve policiais da década de 50 e atuais, escreve suspense e terror, escreve ficção científica e fantasia além do nosso tempo e realidade.Ação e aventura adoráveis, que permeiam temas polêmicos, teorias de conspiração e mentes doentias.C. Ribeiro é uma autora que gosta de escrever personagens diversos, multiculturais, em todos os tipos de gêneros literários, permitindo que o leitor viaje pelas suas muitas histórias, conhecendo a maravilha que a literatura pode proporcionar.***********************Writing detective novels for children, YA and adults, C. Ribeiro has a virtual side imprinted in some of her books, a reality that takes place inside and outside computers.C. Ribeiro novels that takes place in the 50's and nowadays. Writes suspense, horror, science fiction and fantasy beyond our time.Also adorable action and adventure that permeate hot topics, conspiracy theories and sick minds.C. Ribeiro is an author who likes to write diverse, multicultural characters in all types of literary genres, allowing the reader to travel through her many stories, knowing the wonder that literature can provide.

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    Cifra oculta - C. Ribeiro

    Sítio do Paiolzinho.

    Ferraz de Vasconcelos, São Paulo.

    10 de novembro; 04h50min.

    Advânio de Souza se considerava um homem simples, que atingira a chamada ‘boa idade’ depois de muita labuta na roça.

    Com 80 anos era um homem ágil ainda, alto, que colocava muitos jovens no bolso, como seu bisneto Bruno de Souza, com 13 anos, que ficara no sítio para ajudá-lo com o cultivo da couve, depois que pai e mãe, Joaquim e Neusa Maria de Souza, sua neta, se separaram e cada um seguiu seu caminho.

    Coube a Advânio criar o bisneto já que era viúvo de Inês de Souza, mãe da avó de Bruno, Alícia de Souza, sua filha única, que morreu no parto.

    Era uma história triste de perdas, mas Advânio não se abatia. Levantava cedo e dormia cedo também, roçava a terra, plantava e colhia couve-manteiga, rica em nutrientes essenciais que afastam doenças graves como anemia e câncer, vendendo as hortaliças todas as segundas-feiras na praça de Ferraz de Vasconcelos, São Paulo.

    Ferraz de Vasconcelos era um dos 39 municípios da Grande São Paulo, pertencente a região do alto Tietê que contemplava dez municípios, contando com uma densidade demográfica elevada e com alto Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH, com sua altitude em relação ao mar, situando-se entre 759 e 760 metros.

    Era um lugar tranquilo, de vidinha tranquila, interrompida por um estampido.

    — Bruno? — chamou Advânio de repente.

    Levantou ainda zonzo mesmo próximo a hora de acordar.

    Era um homem madrugador, daqueles do ‘Deus ajuda quem cedo madruga’; era seu lema. Nem se preocupou em voltar a chamar o bisneto já que dois dias antes, a Guarda Civil Municipal, GCM, de Ferraz de Vasconcelos havia apreendido um veículo e multado o proprietário por descarte irregular de resíduos na frente do portão de madeira trançada do seu sítio, quando um homem despejava madeiras usadas, caracterizando infração ambiental e atentado a propriedade privada.

    Por isso Advânio também não se preocupou em pegar seu rifle.

    O que se arrependeu amargamente quando um revólver .32 foi colocado na sua cabeça ao chegar na sala.

    — Quieto... — sussurraram baixinho.

    — Não tenho dinheiro em casa moço — Advânio ergueu os braços como que por impulso.

    — Nô quero seu dinheiro old man — falou uma voz masculina com sotaque estrangeiro, abafada pela máscara de lã que usava.

    Advânio voltou a ficar momentaneamente sob alerta.

    — Então...

    — Quero a chave do celeiro.

    Celeiro?

    — Vamô old man. Nô me irrite.

    — Longe de querer irritá-lo moço, mas não tenho... Ahhh — foi ao chão pela coronhada recebida na cabeça.

    Mas o ‘moço’ de voz estrangeira o ergueu do chão com força e o arrastou para fora da casa.

    Advânio viu numa imagem borrada que o Sol estava saindo por detrás das montanhas, que estava vermelho, demonstrando o calor que traria.

    Os cachorros latiram ao vê-lo, galo e demais animais ali do sítio, tudo alvoroçado pelo homem velho sendo carregado ao longo do terreno, com a cabeça tomada pelo sangue que escorria vendo algo que não conseguia entender.

    Porque Advânio havia realmente sido arrastado por um longo caminho, para ser colocado no que parecia ser uma caminhonete grande, no que suas vistas tomadas de sangue permitiram que ele visse.

    Ele até tentou entender se aquilo era real, até onde estava dormindo na sua cama tendo pesadelos, frequentes até ultimamente quando seu corpo foi jogado na caçamba.

    E aquilo era real, tinha que ser, porque sua cabeça latejava de dor no sobe e desce da caminhonete no terreno.

    A caminhonete então cantou pneu na areia seca e levantou um pó avermelhado.

    — Eu... — Advânio foi arrancado da caçamba e jogado no chão.

    — Nada de ‘eu’ old man. Quero a chave.

    — Mas que chave?

    — A chave!!! — berrou realmente descontrolado.

    — Mas eu não tenho chave! Não tenho celeiro! Não sei... — e sua boca encostou no chão seco de barro no que uma nova coronhada o derrubou.

    Advânio ainda viu os pés do homem de voz abafada andando para um lado e outro, falando uma língua que não conseguia entender, ou traduzir. Abrindo a porta do carro caminhonete, entrando e fechando a porta, e abrindo logo em seguida, saindo do carro, chegando até ele e o chutando no estômago.

    A dor na cabeça já era tão estonteante que o chute no estômago não foi nada comparado.

    Advânio estava em choque, catatônico, caído no chão onde os pés do agressor de voz abafada ainda falava algo, ele não sabia se com alguém ali, no celular, ou até se falava sozinho, nervoso e irritado por não ter conseguido a chave do celeiro que ele não tinha.

    Enfim a porta do carro voltou a bater e os pneus arrancaram o deixando ali caído.

    Ia se passar bem umas dez horas até seu bisneto Bruno chamar a polícia avisando do desaparecimento do bisavô, que não costumava ir longe de seu sítio, e que não conseguia localizar.

    A polícia fez uma varredura no entorno abrindo mais a distância até o encontrar caído, ferido e desidratado, ainda achando que tudo não passava de um pesadelo.

    Em nossas loucas tentativas, renunciamos ao que somos pelo que esperamos ser.

    William Shakespeare.

    Capítulo 2

    Hospital Psiquiátrico Démission.

    Bairro do Belenzinho, São Paulo.

    18 de novembro; 11h59min.

    Catrina Rey deu um longo bocejo, a troca de turno que agora fazia de madrugada a deixava sonolenta. Mas acreditava ser uma boa ideia fazer suas sessões de diagnósticos madrugada a dentro, quando os efeitos dos remédios psicotrópicos dos pacientes do hospital psiquiátrico Démission começavam.

    No fundo Catrina andava recosa com seus pacientes, com monstros levados até ali porque haviam cometido crimes horrendos, dos quais a sociedade já não tinha mais expectativas de que eles voltassem a ela.

    Em nenhum momento Catrina pensou que seus dias no Démission em plena madrugada estavam ligadas ao belo enfermeiro noturno Mansur Challita; rapaz alto, bonito, estudante do quarto anos de Medicina, formado em enfermaria psiquiátrica. Cabelos negros, sorriso largo, nariz adunco, um tanto árabe libanês que chegou no Brasil ainda bebê, vindo de Zahle, terceira mais cidade do Líbano.

    Mesmo porque Catrina ainda estava envolvida, mesmo que superficialmente, com o tão belo quanto Benício Valcarengue, inspetor do DEIC, a quem seu coração batia uníssono com ele.

    — Mansur? — ela o chamou ao interfone quando já era duas da manhã.

    Mansur na farmácia psiquiatria a atendeu prontamente.

    — Boa noite Doutora.

    — Prepare o paciente número 19, José Pedro Noboo. Na sala de diagnóstico número 1.

    — Está bem — e Mansur desligou.

    Catrina levantou-se colocou uma cápsula na cafeteira elétrica, ficou ali pensando enquanto esperava seu café ficar pronto, o quanto gostava da sua profissão.

    Apesar do protesto do pai Dr. Juan Carlos Rey, legista chefe do IML.

    La Calavera Garbancera era como os mais íntimos a chamavam, os que conheciam a verdadeira La Catrina de los toletes, uma personagem de ficção criada pelo ilustrador mexicano Juan Posada e popularizada pelo ilustre pintor mexicano, Diego Rivera, simbolizando o esqueleto de uma dama da alta sociedade; uma das figuras mais populares da Festa do dia dos mortos no México.

    O café ficou pronto e ela pegou a pasta vazia se dirigindo para sala de diagnóstico número 1. Se antes acreditava ter cometido um ato certeiro destruindo todo o material de diagnósticos do Démission, feito por seu antecessor e ex-professor Cláudio Tokie, o qual acreditava errôneo, hoje Catrina sabia que apagara também coisas que só Cláudio sabia, tinha conhecimento.

    Por vezes irritava-se por sua maneira impulsiva.

    Mas arrumou o cabelo negro dentro da toca rendada, que não permita que seus pacientes vissem seus cabelos, o que ela considerava um ato sexual para alguns.

    Catrina era bonita em toda sua essência.

    Mexicana de nascimento, nascida no Día de los muertos, data comemorativa celebrada no México no dia 2 de novembro, chegou ainda bebê com a família, com seu pai vindo ao Brasil para uma viagem de estudos e daqui não saindo mais.

    Com grandes e expressivos olhos verdes, e grossos lábios, Catrina tinha a pele branca, avermelhada quando sob emoção.

    Era uma mulher encantadora, de estatura alta, com 1,78m, que conhecia seus dons femininos, que nunca passavam despercebidos. E apesar de todos darem certo de que Catrina seguiria carreira de modelo ou coisa parecida, pelas horas de moda que curtia vestir, comprar, desenhar, nada a fez mudar sua ideia de estudar medicina, de ser uma médica da mente.

    De família tradicionalmente legista, bisavô, avô e pai, Catrina inovou pela escolha da psicopatologia descritiva, um ramo da psiquiatria usada como ferramenta diagnóstica exclusiva do psiquiatra. Uma área que seu pai relutou a aceitar já que sua única irmã Guadalupe, também seguiu a medicina legal.

    Porque Catrina sabia que podia sim inovar, penetrar a mente humana além dos limites impostos pela própria medicina e farmacêutica. Considerava-se nova, cheia de entusiasmo, e com ideias próprias do que acreditava ser um atalho para o mais profundo conhecimento do ‘eu’.

    Era uma desbravadora de mentes e ali estava para aquilo, vendo Mansur entrar pela porta aberta trazendo Noboo, como ela escolhera chamá-lo, algemados pelas mãos e pés, inclinando o corpo para conseguir andar, sendo levado até cadeira depois de Mansur ver o quanto ela estava bonita aquela noite, para então empurrar o corpo pequeno de Noboo, 1.50 de altura, que fez uma careta incomodado; e só.

    Mansur como ensinado, inclinou a cabeça vendo que que não havia mais uma rodem a ser cumprida e saiu.

    E saiu sabendo que não podia interrompê-la se não fosse um incêndio ou seu pai a procurando.

    — Boa noite Noboo — a voz de Catrina era firme, compassada, sem demonstrar um único tom acima daquele. — O que o trouxe aqui?

    — Por que me chama pelo sobrenome? — disse José Pedro Noboo, asiático, de cabelos ralos, mas que tinha um rabo der cavalo que não permita cortar.

    Seu sexo de nascença era o masculino, mas José Pedro Noboo não se enquadrava em nenhum deles. Com várias tatuagens de borboleta pelo corpo, ele se considerava uma.

    Era um sujeito de QI limítrofe, com deficiência mental

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