Africanidades e Brasilidades: Literaturas e Linguística
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Africanidades e Brasilidades - Jurema Oliveira
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO LINGUAGEM E LITERATURA
AGRADECIMENTOS
À Fundação de apoio à pesquisa e inovação do Espírito Santo/Fapes, à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Espírito Santo/Proex (Ufes) e ao Núcleo de Estudos e Pesquisas Africanidades e Brasilidades/Nafricab (Ufes).
APRESENTAÇÃO
Este livro reúne os textos apresentados no I Congresso Internacional e III Congresso Nacional Africanidades e Brasilidades: Literaturas e Linguística, promovido de 29 de novembro a 1 de dezembro de 2016, pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas Africanidades e Brasilidades (Nafricab), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), sob a coordenação da Profª Drª Jurema Oliveira, que teve como subtema as discussões em torno de Literaturas e Linguística
. A obra oferece ao seu leitor um quadro contemporâneo de questões que pululam no cenário de estudos e pesquisas acerca das Literaturas e da Linguística, bem como das africanidades e brasilidades nas áreas de Educação, Direitos Humanos e Políticas Públicas. O I Cinab e o III Cnab mantêm a filosofia das edições anteriores, que é discutir, pensar e apresentar caminhos para a implementação da Lei 10.639/03, que inclui no currículo oficial da escola básica a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-brasileira
, a ser ministrada nas diferentes disciplinas com ênfase à Literatura e História Brasileiras, à Sociologia e à Educação Artística.
Os conteúdos referentes à História da África e dos Africanos, à cultura negra brasileira, às suas lutas e resistências, à contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política para a realização do projeto-nação foram até então subestimados na educação formal dos brasileiros, tornando-se, na atualidade, pedras angulares na constituição da cultura média das crianças e dos jovens. Essa conquista, entretanto, desafia os professores a buscarem domínio de novas informações para o desenvolvimento de atitudes inovadoras. Importa, pois, qualificar o corpo docente para a nova atuação. No estado do Espírito Santo, a Ufes tem inegável papel no salutar diálogo entre o nível superior e a escola básica, razão de ser do esforço de organização do Congresso.
Jurema Oliveira
Professora doutora da Universidade Federal do Espírito Santo
PREFÁCIO
Fluxo das ideias mantém as esperanças do aprendizado e melhoria de vida em razão das experiências absorvidas nos atos de aprender. Todos os seminários, congressos ou reuniões de trocas de ideias são parte dos fluxos pelos quais mantemos as correntes do fazer um mundo melhor, mais justo, menos árido para a vida humana. O I Congresso Internacional e III Congresso Nacional Africanidades e Brasilidades: Literaturas e Linguística, realizado em 2016 na cidade de Vitória, é resultado dessas trocas de conhecimentos e ideias; parte do nosso exercício de viver aprendendo e transformando as nossas vidas pelo aprendizado.
Afroideias, afrocondições, afroperspectivas, afrocriações, afroimaginações são parte da africanidade, que se transforma em afrodescendência e irriga a vida brasileira com significativas experiências a serem absorvidas nos nossos aprendizados para melhor vivermos. Expressões que a cada dia explicitam com mais força o que não estava ou não era visível nas universidades brasileiras. A presença da população negra no país e nas universidades brasileiras como produtores de conhecimento e como processadores de trocas desses conhecimentos não era evidente.
Existe um mundo populacional negro construído por meio dos afrossímbolos, das afrorreferências e as suas inscrições nas áreas universitárias, águas novas irrigando os campos dos campi onde se processam as pesquisas acadêmicas e as transmissões de conhecimentos valorizados por um valor acadêmico muito em voga na nossa sociedade. Foram ultrapassadas as fases em que as frases apresentavam dúvidas sobre a existência do racismo antinegro. Problema resolvido, embora uma parcela da população ainda não quisesse tomar conhecimento das soluções, muito menos das decisões do estado brasileiro em reparar, por meio das políticas de ações afirmativas, os danos causados pelo racismo imposto à população negra. Foram os tempos dos ultrapassados modelos de dominação, que ainda dominam, mas não são mais tratados com dúvidas, e sim como aprendizados de superação. Na superação, o reconhecimento das expressões afro na sociedade brasileira. Dessa ótica que os artigos, produzidos pelos participantes do I Congresso Internacional e II Congresso Nacional Africanidades e Brasilidades: Literaturas e Linguística de Vitória, contidos neste livro buscam discutir.
Dos conhecimentos temos as novas ideias, as renovações de ideias, os debates, as informações, as formações, os protestos, as denúncias, os ensinamentos e os aprendizados, tudo que ocorreu nos dias 29, 30 de novembro e 1 de dezembro na Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes, no campus Goiabeiras/Vitória. Agora impresso possibilita que a comunidade de leitores tome conhecimento. Sendo assim, como participante do Congresso, e agora como leitor, apresento este livro e recomento a leitura como uma contribuição importante para o nosso aprendizado sobre a africanidade e a brasilidade tão pertinente e atual na sociedade brasileira. A todos, boas leituras e grandes aprendizados.
Henrique Cunha Junior
Professor titular da Universidade Federal do Ceará
SUMÁRIO
Capítulo 1
FALARES, FAZERES E SABERES CRIOULOS DE CABO VERDE,
GUINÉ-BISSAU, GUINÉ EQUATORIAL E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
INTRODUÇÃO
CABO VERDE
GUINÉ-BISSAU
GUINÉ EQUATORIAL
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Capítulo 2
VOZES NEGRAS
NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO
REFERÊNCIAS
Capítulo 3
O ESTADO DE DIREITOS IMPLICA POLÍTICAS PÚBLICAS
AS POLÍTICAS PÚBLICAS URBANAS
OS NEABS COMO CENTROS DE REFERÊNCIA
AS CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Capítulo 4
TEORIA CRÍTICA DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E A LUTA
CONTRA O RACISMO
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Capítulo 5
AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA: ESPAÇOS DE CONHECIMENTOS
E ATUAÇÃO POLÍTICA
INTRODUÇÃO
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA E SUAS BASES CIVILIZATÓRIAS
ESPAÇO PÚBLICO E RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA EM MARABÁ
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO CEARÁ: PESQUISAS E PRÁTICAS POLÍTICAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Capítulo 6
O PREEXISTENTE E SUA AUSÊNSIA EM NARRATIVAS CONTEMPORÂNEAS DE MOÇAMBIQUE, ANGOLA E BRASIL
A PALAVRA ANCESTRAL
OS SINAIS DOS ANCESTRAIS E DO CONTADOR NAS NARRATIVAS DE
MOÇAMBIQUE E ANGOLA
OS SACRIFÍCIOS, OS MALEFÍCIOS DO NÃO CUMPRIMENTO DOS RITUAIS
E O APAGAMENTO DE RITOS DE PASSAGEM
CONCLUSÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Capítulo 7
SABERES DOCENTES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA DE QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS E SUAS AVALIAÇÕES INSTITUCIONAIS
INTRODUÇÃO
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E CURRICULARES SOBRE QUESTÕES RACIAIS E ÉTNICAS
A RELEVÂNCIA DOS SABERES DOCENTES NECESSÁRIOS AO TRATO DAS QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS
A AVALIAÇÃO DE CURSOS E OS TEMAS RACIAIS E ÉTNICOS NO CURRÍCULO DAS LICENCIATURAS
REFERÊNCIAS
Capítulo 8
AFRICANIAS: ACOLHENDO AS LÍNGUAS AFRICANAS
OUTROS ESTUDOS
CRIOULISMO X DERIVACIONISMO
A REDESCOBERTA DO BANTO
O PORTUGUÊS DO BRASIL
REFERÊNCIAS
BREVE CURRÍCULO DOS AUTORES
Capítulo 1
FALARES, FAZERES E SABERES CRIOULOS DE CABO VERDE, GUINÉ-BISSAU, GUINÉ EQUATORIAL E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Prof. Dr. Amarino Oliveira de Queiroz¹
INTRODUÇÃO
As expressões crioulo
e idiomas crioulos
costumam aparecer identificadas como alternativa de nomeação para alguns registros linguísticos formatados a partir do contato entre as línguas vernáculas e a do colonizador. No que diz respeito aos crioulos que tiveram por base a língua portuguesa, o linguista brasileiro Hildo Honório do Couto (1996, p. 53-70) destaca, entre outros aspectos, sua inserção em comunidades multilíngues, como é o caso da Guiné-Bissau ou, pelo menos, em áreas bilíngues, situação em que se enquadra o arquipélago de Cabo Verde. Diferentemente do que ocorre em Angola e Moçambique, espaços onde, segundo Yeda Pessoa de Castro (2011, p. 6), não se registram falares crioulos do português, ao contrário do que se observa em Cabo Verde e na Guiné-Bissau
, ou ainda no arquipélago de São Tomé e Príncipe, os crioulos constituem, como veremos mais adiante, importante veículo de expressão no contexto cultural desses três últimos Estados.
A perspectiva analítica poderá ampliar-se um pouco mais se pensarmos na atual República da Guiné Equatorial, território cultural bantu de língua oficial espanhola que mantém ligações históricas com o mundo ibérico. É na Guiné Equatorial que ocorre o anobonês, ou fa d´ambô, crioulo de base portuguesa falado na ilha de Ano Bom cuja estrutura é bastante assemelhada ao forro de São Tomé e Príncipe. Privilegiando as relações entre oralidade, performance, escrita, música e poesia que permeiam esse conjunto cultural, focaremos alguns saberes e fazeres em kabuverdianu, kriol guineense e forro santomense, línguas constituídas a partir da presença colonial lusitana naquele continente, bem como em fa d’ambô da Guiné Equatorial, país que em 2010 incluiu o português entre as suas línguas oficiais.
CABO VERDE
Virtualmente bilíngue, Cabo Verde é, como se sabe, uma nação que tem como língua oficial o português, constituída de 10 ilhas banhadas pelo Oceano Atlântico. Os registros históricos oficiais dão conta de que o arquipélago foi ocupado a partir de 1460 por Diogo Gomes, navegador a serviço da Coroa