Mobilizando o grupo na instrução
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Sobre este e-book
Desde meados do século passado, começaram-se experiências de instrução, as quais deslocavam o fulcro do professor para o grupo. Tem-se assim a instrução centrada no grupo (ICG). A despeito de estar presente em salas de aula desde o ensino fundamental até a capacitação profissional de nível de pós-graduação, a ICG tem sido prejudicada por duas contingências: carência de pesquisas sobre sua prática e efeitos e prática dissociada da sua teoria e de seus fundamentos.
Mobilizando o grupo na instrução intenta suprir essas duas deficiências. Ele reúne dados de pesquisa sobre a ICG e fornece ao instrutor de diferentes níveis de ensino elementos para orientar sua prática ao utilizar a metodologia.
Como se caracteriza a instrução centrada no grupo (ICG)? Existe fundamentação teórica que a subsidie ou é uma prática baseada primariamente na intuição e no senso comum? Há, por outro lado, dados de pesquisa capazes de orientar o instrutor na sua ação docente? Essas perguntas constituem o foco deste livro.
Nele o profissional de ensino encontra adequada fundamentação teórica para orientar a instrução quando se pretende tornar o grupo o motor da instrução. Veem-se nele, também, exemplos de formas de instrução, tanto as centradas em grupos numerosos como aquelas centradas em grupos pequenos.
Estando o trabalho com meu setor finalizado, peço que aguarde o contato de nosso pessoal de produção gráfica, que lhe comunicará em até 30 dias, a entrega dos seus exemplares.
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Mobilizando o grupo na instrução - JOSÉ FLORENCIO RODRIGUES JUNIOR
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Este livro é dedicado aos meus filhos e netos, aqui citados por
ordem cronológica, estando os cônjuges entre parênteses e os
netos citados em seguida ao casal: Ana Heloísa (Paulo): Luisa e Laura;
Silviane (Martin): Kellie Elisabeth, Luke Joseph e Anna Katherine;
José Neto (Marjorie): Manuela e Thomas; João Adson (Mariana):
João Paulo, André Luis e Mateus; Júlio Carlyle (Adriana): Isabella.
Prefácio
Mobilizando o grupo na instrução: a pedagogia do encontro
Emocionado, aceitei o desafio de escrever o prefácio deste livro, cujo texto é fruto maduro, semeado e cultivado na sala de aula, nos últimos 30 anos de exercício do magistério de Rodrigues Junior. Desse tempo, compartilho uma década de saberes e trocas de experiências educacionais. Nosso primeiro encontro remonta ao segundo semestre do ano de 2005 na disciplina Metodologia de Ensino Superior – Instrução Centrada no Aluno (ICA). Na sua preleção sobre o formato a ser desenvolvido durante o semestre, apresentou-nos a proposta do trabalho de conclusão de um artigo sobre um tema de ICA. Nessa ocasião buscava padrinhos para três filhotes enjeitados, um deles era o fórum sobre cidadania universitária (capítulo 12), que se transformou numa pesquisa e no artigo publicado nos anais do II Simpósio Pedagógico e Pesquisas em Educação (Simped) em 2007, escrito por mim e pela mestre Roseli Melo e Silva.
O mister de formar professores e instrutores eficientes e eficazes é o ato de professar de Rodrigues Junior, que vislumbrou a experiência de uma metodologia de ensino superior sob três enfoques: a Instrução Centrada no Professor, ou ICP (já publicado); a Instrução Centrada no Grupo (ICG), objeto deste livro; e a ICA, ainda não publicado.
A pedagogia de Rodrigues Junior, que também podemos intitular de pedagogia do encontro, é a práxis calcada no acolhimento da diversidade, no diálogo professor-aluno-aluno-professor no continuum das interações grupais e das vivências psicodinâmicas experimentadas por professores e aprendizes no afã de aprender: a conhecer, a fazer, a viver juntos e a conviver com os outros, [por fim transformar-se em] ser [humano] (DELORS, 2012) para a vida no século XXI. Para mobilizar e ensinar em grupo, neste texto, destacam-se os pilares: aprender a viver junto e a conviver com os outros nos processos grupais na sala de aula (capítulo 1); aprender a fazer, presente nas orientações sobre um sistema de classificação de técnicas de grupo (capítulo 2); e a apresentação autoexplicativa e autoexecutável das técnicas pra grandes e pequenos grupos: seminário, debate, painel, desempenho de papéis, tempestade cerebral, Phillips 66, jogos educativos (capítulo 3 ao 11).
Notamos a ênfase nas interações vivenciadas por professores e aprendizes, nos tradicionais ambientes – classes escolares, salas de treinamento de empresas – e nos novos ambientes virtuais e campi das universidades corporativas. Isto é, a metodologia de ensino e aprendizagem baseia-se numa vasta literatura behaviorista e sociológica, com a aplicação de suas técnicas no ensino e na aprendizagem de grupos (ICG) desde meados do século XX. Experimentei a emoção do contato com a teoria e sua aplicação nas incursões acadêmicas e corporativas dos últimos anos, seja na elaboração de objetivos educacionais, seja na escolha da metodologia e das técnicas a serem utilizadas, sempre observando o público e o tema a ser abordado.
A pertinência deste livro é traduzida pelo autor ao avaliar a crítica de Carnoy (2009) sobre a necessidade de professores qualificados para novos desafios e tecnologias da educação no Brasil. Essa afirmativa é defendida por mim, que influenciado pelos saberes da ICG e sob olhar zeloso do mestre produzi e apresentei cinco artigos científicos, entre 2006 e 2008, do qual destaco Aprendizagem em fórum eletrônico: a construção da afetividade em ambientes colaborativos virtuais por meio de moderação compartilhada
, escrita em conjunto com Rodrigues Junior, além de autores que trabalham com educação e desenvolvimento de habilidades e competências na área da educação formal e corporativa, como Perrenoud (2000) em Dez novas competências para ensinar; Abbad, Mourão e colaboradores (2006) na coletânea TDE em Organizações e Trabalho, no qual Rodrigues Junior colabora com um texto sobre Taxonomia de Objetivos Educacionais; Ruas, Antonello, Boff e colaboradores (2005) em Os novos horizontes da gestão: aprendizagem organizacional e competências; e Eboli (2004) em Educação corporativa no Brasil: mitos e verdades, especialmente no contexto de expansão dos campi virtuais das instituições de ensino superior (IES) e do boom das universidades corporativas do Brasil vivenciados a partir dos anos 2000.
A leitura e a aplicação dos saberes aqui descritos criam as condições ao leitor/instrutor propor objetivos de aprendizagem e avaliação, bem como fomentar questões para reflexão e buscar novas referências mais adequadas à sua realidade educacional, seja em ambientes acadêmicos, seja corporativos. O texto possui linguagem clara e de fácil compreensão. Seu formato didático e a explicitação dos objetivos educacionais, notadamente os afetivos, auxiliam muito a gestão e a administração de grupos de aprendizagem, em ambientes presenciais ou virtuais.
Há uma lacuna evidente no desenvolvimento desses comportamentos, especialmente na realidade de ambientes competitivos e exigentes de comportamentos voltados para a administração de grupos. Nesse contexto, a gestão por competências visa capacitar para identificar, desenvolver, mensurar e avaliar comportamentos afetivos, transformando sujeitos em grupos e grupos em equipes, por meio da educação. Vivemos o momento da gestão por competências, no qual o trabalho em equipe (grupo) é uma competência requerida tanto de comandantes quanto de comandados. O desenvolvimento dessa competência exige instrutores e professores capazes de dominar com maestria o componente afetivo inerente às relações interpessoais.
O manual permite ser consultado com frequência, em muitas ocasiões, inclusive fora do contexto educacional. Estando à mão, auxilia na formação de mobilizadores de grupos no intuito de transformá-los em equipes eficientes e eficazes, com o desafio de aprender no encontro com o outro, seja presencialmente, seja virtualmente, propiciando um aprendizado alquímico no qual mistura atração, colaboração, emoção e significado, mobilizando e educando sujeitos em grupos para transformá-los em equipes, com objetivos educacionais e empresariais claros e mensuráveis. De outro lado se presta como orientador na formatação de seminários, debates, tempestades cerebrais de ambientes acadêmicos e corporativos.
Percebe-se na escrita o reflexo do brilho do olhar do autor sobre o aprender e o ensinar; trata-se do brilho do professor entusiasmado que se prepara com amor e dedicação para o encontro com seus alunos e estudantes, impecavelmente trajado, intelectualmente preparado, com forte base histórica profissional e pessoal, mas muito atento às novidades do cotidiano do ensinar e aprender contemporâneos.
A filosofia de ensino-aprendizagem demonstrada neste texto é o resultado da práxis cotidiana, não de abstrações herméticas da filosofia que permeiam muitos textos da área educacional. Mobilizar grupos na aprendizagem é praticar o diálogo com o rigor metodológico necessário. Caberá ao leitor, futuro instrutor, praticar o diálogo na busca da aprendizagem do ser autônomo refletindo o ensinar, com base na existência de elementos como
[...] rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes dos educandos, criticidade, estética e ética, corporificação das palavras pelo exemplo, risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, reflexão crítica sobre a prática e uma atividade especificamente humana, pois ensinar em grupos, por outro lado, não é transferir conhecimentos (FREIRE, 2011).
Mobilizar é colocar em movimento a emoção numa direção, tradução pedagógica do encontro vivenciado e descrito no texto, marcado por palavras de acolhimento, de humildade e da compaixão do mestre entusiasmado em sua apresentação e na sua despedida. A cuidadosa escolha dos textos, dos autores e da forma de ordená-los dará ao leitor, futuro instrutor, uma ideia do potencial deste livro, que foi produzido em muitos anos de magistério, colaborado, discutido, testado e aprovado por muitos aprendizes, hoje instrutores, mestres e doutores. Materializam-se no texto os pilares da educação do século XXI, mesmo antes de seu enunciado e sua conexão: o essencial e o contemporâneo do tema o aprender em grupo.
Observando mais atentamente a dedicatória deste livro, ele descreveu o seu pequeno time, de filhos e filhas, em que muitas das práticas de grupo foram testadas pelo instrutor, assim como ele como filho de uma família numerosa foi o sujeito de iguais situações de aprendizagem em grupo. O grupo é algo naturalmente essencial na sua vivência. Talvez isso explique de onde brota a maestria de Rodrigues Junior para tratar da mobilização de grupos.
Ressalto que o texto não revela todo o seu arsenal de mobilizador de pequenos e grandes grupos. Senti a falta do nosso Café com Diálogo, técnica que utilizo com frequência no meu trabalho. Quem sabe em outro momento ele releve mais sobre essa metodologia e outras de sua lavra.
Agradeço a oportunidade e desejo a todos uma leitura instigante e promissora.
Recife, 8 de dezembro de 2015
Fernando César Magalhães Louzada
Mestre em Educação – educador corporativo
Gerente administrativo S. E. da Superintendência
Regional do Recife da Caixa Econômica Federal
Membro da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed)
e da Associação Brasileira de Tecnologia em Educação (ABTe)
Referências
BORGES-ANDRADE, Jairo E. et al. Treinamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho: fundamentos para a gestão de pessoas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
DELORS, Jacques (Org.). Educação um tesouro a descobrir: relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
EBOLI, Marisa. Educação corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Gente, 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
RUAS, Roberto L. et al. Os novos horizontes da gestão: aprendizagem organizacional e competências. Porto Alegre: Bookman, 2005.
Apresentação
Neste livro trataremos do grupo como uma entidade situada num contexto definido: escola e organizações. Para ser mais específico, escola aqui designa particularmente o contexto de educação superior, aquele